Ultradireita e centro se encontram no 2º turno francês

Emmanuel Macron, do partido centrista Em Marcha!, e Marine Le Pen, da extrema-direita representada pela Frente Nacional, disputarão o segundo turno francês no dia 7 de maio. É a primeira vez desde o fim da Segunda Guerra que a França não será governada por um dos dois principais partidos do país. Nem os gaullistas de centro-direita de Os Republicanos, nem a esquerda do Partido Socialista, chegaram lá. A crise das forças tradicionais é apenas um detalhe no resultado, que aponta para um país rachado. Macron, que se fez rico trabalhando para o banco Rothschild, tem uma visão europeísta, é liberal na economia e defensor de uma França multiétnica e tolerante. Le Pen, por sua vez, defende que o país deixe a União Europeia, quer fechar as fronteiras para imigrantes, ao passo que defende mais benefícios sociais para os franceses — incluindo-se, aí, baixar a idade mínima para aposentadoria. Ela encontra seus principais eleitores no interior rural, e ele, nos centros urbanos. Ela se encaixa no perfil do novo populismo antiliberal de direita, que tem entre seus principais representantes os britânicos do Ukip, responsáveis pelo movimento Brexit, e, nos EUA, Donald Trump. As pesquisas apontam uma vitória com folga de Macron — 62% contra 38%, de acordo com o Ipsos. Ainda assim, na União Europeia, não falta gente apreensiva. Se uma improvável vitória de Le Pen levar ao Frexit, à saída do país da UE, pode ser o fim do bloco.

Sérgio Abranches explica os conflitos que levaram à ruína eleitoral dos partidos tradicionais franceses.

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Três repórteres do USA Today mergulharam nos negócios imobiliários do presidente Donald Trump para descobrir que ele é proprietário de 422 apartamentos de luxo, 12 terrenos para mansões, entre outros. Em valor de mercado, somam no mínimo US$ 250 milhões — e seu negócio é comprar e vender imóveis. Muitas das compras são feitas por empresas anônimas. É a primeira vez na história americana que há um caminho fácil para beneficiar com dinheiro um presidente da República, para atrair seus favores — ou, ao menos, boa vontade. Um lobista do governo chinês, recentemente, comprou uma cobertura.

Aliás... Bruce Springsteen lançou a primeira música pró-imigrantes e anti-Trump. Chama-se That's What Makes Us Great.

O noticiário político vem sendo dominado pelo depoimento do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, prestado ao juiz Sérgio Moro na última quinta-feira. Além de afirmar que o tríplex no Guarujá pertence a Lula, o executivo disse ter recebido do ex-presidente ordens para destruir quaisquer documentos (vídeo) que deixassem rastros de seus pagamentos ao PT. Por meio de seu instituto, Lula nega as acusações. Segundo O Globo de sábado, Pinheiro apresentará sua agenda e o registro de telefonemas feitos para provar que os encontros ocorreram. Seus advogados dizem que os dados poderão ser cruzados com o roteiro de viagens feitas por veículos registrados em nome do Instituto Lula. E-mails que o Ministério Público já tem em mãos trazem outros detalhes das trocas entre Pinheiro e o ex-presidente. Prova-se, assim, que os encontros ocorreram. Mas não o conteúdo das conversas.

Elio Gaspari: “Lula nega que seja o proprietário do apartamento, cuja reforma acompanhou. Até bem pouco tempo Léo Pinheiro negava que a OAS distribuísse capilés e operasse políticos pelo caixa dois. É difícil saber quando qualquer um dos dois diz a verdade.” (Globo ou Folha)

Pouco antes de ser preso, Eduardo Cunha revelou a Paulo Tadeu, dono da editora Matrix, que foi alvo de um “cabo de guerra” entre Lula e Michel Temer, durante o debate a respeito do impeachment. O ex-deputado prometeu detalhar as ofertas de ambos no livro que estava negociando com a editora. Agora, Cunha diz que não conseguirá terminar a obra na prisão. (Folha)

Eduardo Giannetti da Fonseca: “A Lava Jato é um exemplo da deformação patrimonialista do Estado brasileiro. Governos que comandam junto com segmentos do setor privado o uso dos recursos na economia. Por dois motivos basicamente: o setor privado buscando um atalho de crescimento por meio de acesso privilegiado; e os governantes buscando a perpetuação no poder por meio da cooptação do setor privado. É uma via de mão dupla. Fazem um conluio para se beneficiar — uns com lucro e outros no poder. Isso não envolve todo o empresariado nem todos os políticos. E, de fato, estão faltando dois elos ainda da cadeia da corrupção brasileira: o setor financeiro e o judiciário, que devem ser apurados.” (Estadão)

Do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em entrevista à Veja: “Nós temos uma assessoria parlamentar no Congresso que defende nossos interesses, nossos projetos. Esse nosso pessoal foi sondado por políticos de esquerda sobre como receberíamos uma decretação do estado de defesa. Não vou discriminar o partido. Mas isso nos alarmou. Percebemos que se poderia abrir a perspectiva de sermos empregados para conter as manifestações que ocorriam contra o governo. Procurei o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, o senador Ronaldo Caiado e o senador Aloysio Nunes. Isso de imediato provocou desmentidos, e o tema nunca mais foi tratado.” Ao lembrar o episódio, pouco anterior ao impeachment, o general diz não saber se o pedido partiu do Planalto.

O teólogo Leonardo Boff é mais um ícone da esquerda a se afastar do PT por conta da corrupção revelada pelas delações da Odebrecht.

José Roberto de Toledo: “A maior parte dos eleitores potenciais dos três presidenciáveis tucanos não sabe quem é João Doria (PSDB). De 49% a 52% daqueles que votariam com certeza ou poderiam votar em José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin disseram ao Ibope que não conhecem suficientemente o prefeito de São Paulo para opinar sobre ele.” O prefeito paulistano tem o potencial de dobrar rapidamente seus 16% de intenção de votos, caso tenha apoio dos outros três presidenciáveis do PSDB. (Estadão)

Viver

A Marcha pela Ciência se espalhou por cerca de 600 cidades pelo mundo, no último sábado. Cientistas e simpatizantes defendem a valorização do conhecimento científico, debate que ganhou ênfase e encorajou marchas principalmente depois da posse de Donald Trump — ele vem tratando com preocupante desdém causas como o aquecimento global. A Casa Branca não comentou as marchas. Só a de sábado, em Washington, reuniu 2 mil pessoas. (Globo)

Vídeo: Neil deGrasse Tyson, o astrofísico pop, fala sobre os riscos de ignorar ciência no debate político.

Em São Paulo, a marcha contou com 300 cientistas. O Estadão ouviu alguns deles, como o bioquímico Walter Colli, professor aposentado do Instituto de Química da USP. “Durante muito tempo ficamos encerrados em nossos laboratórios achando que o respeito pela ciência seria óbvio. Ledo engano. Temos que recuperar o tempo perdido”, disse.

Galeria: veja fotos da marcha nos Estados Unidos.

Em 21 de abril de 2017, pela primeira vez desde 1880, o Reino Unido não precisou de carvão para se alimentar de energia elétrica por 24 horas. Fontes alternativas foram utilizadas.

O Papa Francisco comparou os campos de detenção de refugiados aos campos de concentração. Pediu, no último sábado, que governos retirem imigrantes de tais áreas e lamentou o fato de que acordos internacionais tenham mais força do que os direitos humanos.

Jornalista especializado em ciência, Carlos Orsi debate o papel da imprensa no caso da “baleia azul”, o suposto jogo que, também supostamente, levaria adolescentes ao suicídio. É notícia falsa, defende ele, que também conta a aparente origem da história e o motivo de sua propagação — leia-se: falta de checagem por parte dos jornalistas.

Novo presidente da Funai, o dentista e pastor batista Antônio Costa já afirmou que os índios brasileiros são “parados” e que precisam ser mais produtivos. Reinaldo José Lopes, colunista da Folha que finaliza livro justamente sobre os feitos dos indígenas antes da chegada de Cabral, rebate a afirmação. Com detalhes sobre diversas etnias, defende que, ao contrário, nossos índios produziram e muito. Segundo ele, os antigos xinguanos, por exemplo, “construíram aldeias gigantescas (ao menos dez vezes maiores que as atuais), estradas com quilômetros de extensão e até 50 metros de largura”, entre outras obras. “Parados no tempo? Não mesmo.”

Carros elétricos dominam o Salão do Automóvel de Xangai, que vai até sexta-feira. O evento chinês se tornou importante plataforma de lançamentos dos novos veículos — até mesmo grandes montadoras apresentaram modelos conceituais deste tipo. Dias antes, no Salão de Nova York, o tom foi outro: destacaram-se os carros grandes e poluidores. Se os Estados Unidos trabalham pelas regulamentações contra o aumento das emissões de carbono, a China faz outro movimento e oferece subsídios para veículos não poluentes. Assim, vê o surgimento de novos pequenos fabricantes, cujas vendas sobem de forma acelerada, rumo, inclusive, às exportações.

Galeria: os sete carros mais interessantes do Salão do Automóvel de Xangai.

Enquanto isso, na Alemanha, uma startup fez o primeiro teste de um carro voador. Movido a eletricidade, claro.

Os campeonatos estaduais começam a se definir a partir do próximo domingo, quando a maioria vai a campo no primeiro de dois jogos entre os clubes finalistas. Rio, Minas e Bahia celebrarão seus principais clássicos: Fla x Flu, Atlético x Cruzeiro e Bahia x Vitória. Em São Paulo, brigam pelo título Corinthians e Ponte Preta. No Rio Grande do Sul, Internacional contra Novo Hamburgo.

Cultura

À moda John Oliver, o famoso apresentador americano que ironiza o noticiário dos Estados Unidos, Gregorio Duvivier vai estrear seu Greg Show, na HBO — sem entrevistas. O programa não será um talk show, antecipa a coluna Outro Canal, da Folha. Temas políticos, como a reforma da Previdência, devem pautar a atração, tanto que o time de roteiristas inclui, entre outros, jornalistas especializados em política. Previsto para maio, Greg Show irá ao ar às sextas-feiras.

Por outro lado...programa de Pedro Bial deve trilhar rumo diferente. Será um talk show, e não apenas com um, mas muitos entrevistados ao mesmo tempo, reunidos num sofá. Em entrevista ao Globo, Bial promete mesclar política, cultura, ciência e humor — para isso, aliás, incluiu entre seus roteiristas o jornalista Renato Terra, que, antes, assinava os textos humorísticos da revista piauí. Conversa com Bial estreia em 2 de maio, ao estilo late show, e será diário, sempre depois do Jornal da Globo.

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Um livro promete ser “a única autobiografia de um negro escravizado no Brasil no século XIX”. Chega às livrarias 167 anos depois de ter sido escrita, no dia 13 de maio. Intitula-se Autobiografia de Mahommah Baquaqua e está em pré-venda no site da editora Uirapuru. Uma versão em inglês já está disponível online.

Nos Estados Unidos, mais um crime de racismo chocou o país, há cerca de um mês. Um homem branco assassinou — com uma espada — morador de rua negro, na zona central de Manhattan. Não longe dali, o tema do racismo penetrava o circuito das artes visuais, pela prestigiada Bienal do Whitney. Lá, uma tela tratava justamente do assunto, ao expor o rosto dilacerado de um negro deitado em caixão aberto, após ser morto por supremacistas brancos, em 1955. A obra, de Dana Schutz, fez barulho. Na Ilustríssima, Lucrecia Zappi trata dos episódios de racismo — e conta que a tela, enfim, “sumiu” da mostra.

Duas damas do teatro juntas pela primeira vez no palco. Eva Wilma e Nathalia Timberg reúnem-se agora para estrelar O que terá acontecido a Baby Jane?, em cartaz no Rio. A peça é inspirada no clássico filme de 1962, que teve Bette Davis e Joan Crawford como protagonistas. Mas, ao contrário das duas atrizes americanas — inflamadas rivais —, as divas brasileiras contam ao Globo que, há tempos, sonhavam em trabalhar juntas no teatro.

Aliás… Chegou ao fim ontem a badalada série Feud: Bette and Joan, com Susan Sarandon e Jessica Lange, cujo mote era o mesmo da peça em cartaz no Rio: os bastidores de O que terá acontecido a Baby Jane?. Na próxima temporada, segundo o diretor da série Ryan Murphy, o foco será outra relação problemática — entre a princesa Diana e o príncipe Charles.

Um dos ícones da Jovem Guarda, Jerry Adriani morreu ontem, aos 70 anos, no Rio, vítima de câncer. Segundo a Folha, o cantor deixou uma autobiografia pronta para ser lançada ainda neste ano.

Cotidiano Digital

A Claro deixará de cobrar por ligações de novos clientes de pós-pago. Na conta, a operadora vai considerar apenas o volume de dados usados para conexão à internet. Ou seja, as chamadas telefônicas serão ilimitadas. Estratégia semelhante foi adotada pela Oi, que lançou um app para que o cliente reduza o volume de minutos e aumente o de dados, ou vice-versa, conforme sua necessidade. (Globo) 

Mais de 200 milhões de pessoas já usam o Instagram Stories — cerca de 50 milhões a mais do que os usuários do rival Snapchat. O TecMundo fez um tutorial para ensinar a publicar com a ferramenta.

Já é sabido que Elon Musk quer tornar o cérebro humano tão potente quanto o que se imagina que será a inteligência artificial. Ontem, mais detalhes de seu projeto vieram a público. O bilionário dono da Tesla comprou recentemente a Neuralink, que se dedica a desenvolver uma interface cérebro-computador. A empresa pretende lançar no mercado, em quatro anos, micro-dispositivos capazes de tratar algumas lesões cerebrais, como as provocadas por derrame. Em oito ou dez anos, Musk estima que os dispositivos poderão ser adotados em pessoas sem deficiências ou danos cerebrais, acaso seja aprovado pelas agências reguladoras.

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