Sai Janot, entra Dodge, o clima é tenso no MPF

Raquel Dodge tomará posse hoje como procuradora-geral da República às 10h30, no auditório do Ministério Público Federal, com presença do presidente Michel Temer. Há imensa especulação, mas nada de concreto a respeito de como conduzirá os procuradores federais a partir desta semana. Ela não foi a mais votada pelo colégio de seus pares, mas era a número dois da lista tríplice quando foi escolhida por Temer. Pertence a um grupo rival ao do atual ocupante do cargo, Rodrigo Janot.

Janot não irá. Segundo apurou Jailton de Carvalho, ele considerou uma descortesia ter sido convidado por email assinado impessoalmente pelo ‘Ministério Público Federal’. (Globo)

O foco da tensão está nos responsáveis pelo núcleo da Lava Jato em Brasília — que não é o mesmo de Curitiba. Dois dos principais nomes, que haviam manifestado vontade de permanecer — Rodrigo Telles e Fernando Antonio de Alencar — já foram avisados que deixarão seus cargos. (Estadão)

Vários dos nomes escolhidos por Dodge têm histórico no combate à corrupção. Ela criou uma secretaria especial que se dedicará aos casos que rodam no Supremo. A titular é Raquel Branquinho, que trabalhou no Mensalão. Alexandre Espinosa e José Alfredo de Paula, que serão responsáveis pela Lava Jato, trabalharam nos mensalões petista e mineiro, além da Operação Zelotes. (Globo)

No Supremo, a expectativa é de que seja uma relação com muito menos atrito. (Estadão)

Não é trivial avaliar a gestão Janot. Trabalhou sob imensa pressão. Denunciou um presidente da República não uma, mas duas vezes — inédito na história. Pediu o afastamento e a prisão de um presidente da Câmara (Eduardo Cunha), do líder do governo no Senado (Delcídio do Amaral), tentou prender o presidente do Senado (Renan Calheiros), um ex-presidente (José Sarney) e o presidente do PSDB (Aécio Neves). Ao todo, 242 inquéritos foram abertos contra autoridades com foro privilegiado que geraram 65 denúncias no Supremo. Entrou em conflito com a Polícia Federal em busca de protagonismo nas investigações, tentando impedir que a entidade pudesse fechar acordos de delação premiada. Ainda não está claro o quanto sabia sobre os problemas na delação da JBS que podem, no futuro, se mostrar sérios. (Folha)

Aliás... O procurador Ângelo Goulart Villela afirma que Janot tinha certeza de que conseguiria derrubar Temer. E queria fazê-lo rápido para evitar que Dodge fosse indicada para sucedê-lo. Villela esteve preso por 76 dias, acusado por Joesley Batista de receber dinheiro para vazar informação da Lava Jato para a JBS. (Folha)

Vera Magalhães: “Procurador-geral se perdeu no afã de deixar uma ‘marca’.” (Estadão)

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Enquanto isso... O procurador argentino Alberto Nisman, encontrado morto em sua casa em janeiro de 2015, foi assassinado. É o resultado da perícia oficial, enfim publicada. Nisman havia denunciado a ex-presidente Cristina Kirchner por traição no acordo com o governo do Irã para encobrir o atentado contra a Associação Israelita, em 1994. Sua morte ocorreu na véspera da apresentação que faria ao Congresso. O governo Kirchner defendia a tese do suicídio.

Carlos Marun, presidente da CPI da JBS: “Nós vamos investigar quem sempre nos investigou. Vamos interrogar quem sempre nos interrogou. Esse é um paradigma que será quebrado. Esta CPI é uma CPI para corajosos. Eu tenho meus defeitos, mas não sou uma pessoa desleal. Vamos ter que fazer porque vamos ter que encontrar um jeito de enfrentar uma situação dessa.” (Globo)

José Batista Sobrinho, pai de Wesley e Joesley, pretende assumir a presidência da JBS com a prisão dos filhos. Teve, inclusive, o voto da conselheira indicada pelo BNDES. Mas há uma briga interna. O banco, acionista, é contra e deseja uma administração profissional. (Folha)

O general do Exército Antonio Hamilton Mourão, posto faz dois anos em um cargo burocrático após pedir o “despertar de uma luta patriótica”, voltou. Em palestra a uma loja maçônica. “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então teremos que impor isso.” A Folha traz a íntegra do discurso, em texto e em vídeo.

General Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, em resposta: “Desde 1985 não somos responsáveis por turbulência na vida nacional e assim vamos prosseguir. ” (Estadão)

Cultura

E o Emmy foi para… Donald Trump. O presidente foi mote de piadas, anedotas e afins ao longo de toda a noite de ontem, durante a entrega do principal prêmio da teledramaturgia americana. Mas Trump não rendeu apenas chacota — Alec Baldwin, que o interpreta no Saturday Night Live, venceu e dedicou a estatueta ao presidente. O programa de comédia, aliás, saiu consagrado, embora tenha perdido  em número de prêmios para Big Little LiesThe Handmaid's Tale, ambas de viés feminista. Stranger Things e Westworld, tidas como favoritas, saíram de mãos abanando. Foi um Emmy politizado. (Folha)

Uma imagem do Rock in Rio deste ano é forte candidata a entrar para a história do festival. É o beijo na boca entre os artistas Liniker e Johnny Hooker, que levantaram no palco a bandeira contra a LGBTfobia. Os telões do show estampavam frases como “Amar sem temer" ou "O Brasil é o país que mais mata LGBT do mundo”. (Globo)

Outro momento quiçá histórico deste RiR se deu fora dos palcos, na área de alimentação da Cidade do Rock. A Vigilância Sanitária fechou o espaço da chef Roberta Sudbrack e também visitou o estrelado Laguiole. No primeiro, jogou no lixo 160kg de queijos e linguiças artesanais, sob a alegação de que lhes faltava um selo do Ministério da Agricultura. A renomada chef disse à Veja que seu prejuízo foi de R$ 200 mil e defendeu seus ingredientes. “Trabalho com pequenos produtores e sei que nem todos têm absolutamente todos os selos. É quase impossível um produto artesanal ter todos os certificados. Isso demanda uma imensa burocracia.”

Já no Laguiole, os fiscais descartaram 10kg de temperos porque não traziam o CPNJ do fornecedor nas embalagens, além de 40kg de sanduíches pois não tinham etiquetas com o prazo de validade. Estavam ainda em montagem, segundo o restaurante, e seriam etiquetados em seguida.

Em tempo: o festival também foi marcado por gritos de “Fora, Temer” entoados por artistas no palco e pela plateia dos shows.

Estreou ontem, nos EUA, The Vietnam War, de Ken Burns. A série terá dez episódios e um total de 18 horas. Para quem tem acesso às lojas virtuais americanas, é possível baixar via iTunes (Apple), Play Store (Google) e Amazon. Como documentarista, Burns não é para todo mundo. Suas séries tratam de história, e os temas vão de conflitos — fez a Guerra Civil e a Segunda Guerra — à cultura — Jazz e Baseball são longos tributos —, além de tiros curtos sobre episódios específicos. Está sempre lá a costura entre os grandes fatos e as vidas de gente comum, registros sempre tocantes, profundos. Suas grandes séries são muito longas, repetitivas e até monótonas. Mas, como observa o crítico do Vox, também hipnotizantes e, por isso, reveladoras. A rede PBS pôs uma série de filmetes em seu canal do YouTube. via Pioneiros

Uma peça cuja sinopse prometia contar a história de “Jesus na pele de um travesti” foi cancelada por uma liminar, acusada de “crime contra o sentimento religioso”. O monólogo Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu seria apresentado no Sesc Jundiaí, em São Paulo. Segundo a produção, congregações religiosas, políticos e a organização Tradição, Família e Propriedade se articularam e fizeram o pedido, acolhido pela Justiça. Na liminar, obtida pela Bravo!, o juiz escreve que a peça é “atentatória à dignidade da fé cristã, na qual JESUS CRISTO não é uma imagem e muito menos um objetivo de adoração apenas, mas sim O FILHO DE DEUS”. As maiúsculas são do texto original.

A cinebiografia sobre Roberto Carlos vai reproduzir o acidente que levou o rei a amputar uma perna, informa Lauro Jardim. O atropelamento, vivido aos seis anos de idade, é um tema tabu para o cantor, sobre o qual ele pouco ou nada fala. No filme, por outro lado, a história será mostrada em detalhes.

Drama baseado na história do palhaço Bozo, Bingo — O Rei das Manhãs será o concorrente brasileiro a uma vaga entre os candidatos ao Oscar de filme estrangeiro.

Viver

Gilles Lipovetsky, filósofo: “A boa educação é aquela que permite à pessoa distinguir e hierarquizar a informação. A escola deve oferecer ferramentas que permitam fazer a distinção entre o valor do conteúdo de um blog e de um texto de Platão, entre a notícia de um jornal sério e a daquele em que não se pode confiar. O conteúdo está disponível facilmente, mas e depois? O conhecimento do fato é importante, mas não tanto quanto o do quadro conceitual, que permite entender o que pesquisar e estudar. Quando se tem repertório intelectual, a desorientação frente à oferta de informações é menor. Deve-se ensinar a ser inteligente, pois a memória hoje está no computador, mas o pensamento, não. E, sem o pensamento, estamos perdidos”. (Globo)

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Celene da Silva, 29 anos, vai de porta em porta, em Fortaleza, vendendo biscoitos, chocolates e outras guloseimas. São da Nestlé, o maior conglomerado de alimentos industrializados do mundo, que tem milhares de vendedores como Celene pelas cidades. O New York Times conta como a indústria viciou o brasileiro em junk food e afirma: "De muitas formas, o Brasil é um microcosmo de como rendimentos crescentes e políticas governamentais fizeram com que a população vivesse mais tempo e com mais qualidade e também serviram para erradicar amplamente a fome. Mas agora o Brasil enfrenta novo e difícil desafio de nutrição: na última década, a taxa de obesidade do país quase dobrou para 20%, e a de pessoas com sobrepeso praticamente triplicou, indo para 58%”. 

Morreu no sábado o jornalista Marcelo Rezende, aos 65 anos. Ele começou a carreira em jornal impresso como repórter esportivo nos anos 1970 e migrou para a TV Globo no final dos anos 1980. Recentemente, comandava o policialesco Cidade Alerta, da Record.

Um novo estudo revela: até ratos podem ter pesadelos. Pois é.

Cotidiano Digital

Pela primeira vez, um cérebro humano mandou sinais pela internet. Os sinais de um eletroencefalograma conectado à cabeça de uma pessoa foram enviados em tempo real pela internet — como se o cérebro fizesse parte da internet das coisas. E nada mais. Os cientistas deixaram para depois a questão de dar alguma utilidade à técnica.

O Guardian celebra os 30 anos do GIF mapeando sua história. Começa a se estabelecer a pronuncia com o ‘g’ duro que em português vem acompanhado do ‘u’ como em guepardo. Guif. Mas seu criador fala com o ‘g’ suave de girava. Há clássicos na lista, como o bebê que dança, e Michael Jackson comendo pipocas enquanto assiste a um bom debate online.

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