Origem do Dia Internacional da Mulher

Atualmente, o Dia Internacional da Mulher em 8 de março é amplamente conhecido e comemorado em mais de 100 países pelo mundo. A sua origem, porém, carrega controvérsias, principalmente por ter conexão com o movimento socialista. Não foi à toa que, até a década de 1970, a data fosse celebrada principalmente nos países comunistas, até a ONU institui-la, oficialmente, em 1975.

A versão mais comum é que a data teria sido estabelecida em 1907, para celebrar o 50º aniversário de um protesto brutalmente reprimido de trabalhadoras da cidade de Nova York. Mas não há indícios de que isso tenha ocorrido. Pelo contrário. Pesquisas mostram que esse “fato histórico” foi inventado na década de 1950, como parte de um esforço da era da Guerra Fria para tornar a comemoração da data como o Dia das Mães, sem qualquer associação à luta feminina.

A data, pelo contrário, começou a ganhar forma em 1908 nos EUA, na considerada primeira onda do feminismo. Entre meados do século 19 às primeiras décadas do século 20, enquanto as sufragistas, normalmente mulheres mais instruídas e pertencentes às classes mais altas, lutavam pelo direito ao voto e educação igualitária, operárias se organizavam em sindicatos e associações separadas dos homens por melhores condições de trabalho. Em 1908, 15 mil mulheres marcharam em Nova York por jornadas de trabalho mais curtas, pagamentos mais justos e, também, o direito ao voto. No ano seguinte, o Partido Socialista da América fez o dia 28 de fevereiro o primeiro Dia Nacional da Mulher.

Março começou a ser associado aos diretos das mulheres um ano depois. Ainda se imagina que foi devido ao incêndio que aconteceu na fábrica da Triangle Shirtwaist em Nova York. Em 25 de março de 1911, matou 146 trabalhadores, sendo 125 mulheres. Porém, um ano antes o mês já tinha se tornado referência no mundo. Ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagen, Clara Zetkin, membro do Partido Comunista Alemão, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher, o que foi aprovado por mais de 100 representantes de 17 países. Inicialmente não havia data definida, mas Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça foram os primeiros países do mundo a comemorarem no mesmo dia: 19 de março.

Os protestos por condições melhores de trabalho continuaram e se intensificaram mundialmente com a Primeira Guerra Mundial. Mas foi só em 1917 que o 8 de março foi primeiramente associado ao Dia Internacional da Mulher. No dia, operárias iniciaram uma greve na Rússia contra as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra. O movimento teve adesão de cerca de 50 mil trabalhadores e marcou o início da chamada Revolução Russa de 1917, que forçou o tzar a abdicar. Com o movimento, as russas conquistaram o direito ao voto, tornando a Rússia a primeira grande potência a criar uma legislação de sufrágio para mulheres. E Vladimir Lenin, fundador do Partido Comunista da Rússia, declarou o Dia da Mulher um feriado oficial soviético em 1917. Os comunistas na Espanha e na China mais tarde também adotaram.

Mas, exatamente por estar ligada ao socialismo, após a década de 1920, a data caiu no esquecimento, e suas origens foram deturpadas. Só começou a ser recuperada pelo movimento feminista já na década de 1960. Aliás, foi nesse período que ganhou força no Brasil. A data serviu para unir o movimento das brasileiras contra a ditadura militar implantada em 1964.

Imagens de mulheres protestando pelo mundo. Veja.

Uma programação de eventos para celebrar (em casa) o Dia Internacional da Mulher. Confira.

Documentários que serão exibidos ao longo do dia. Vão de Frida Kahlo a Clementina de Jesus. Assista.

E no dia 15 de março será lançado o This is Personal: A Marcha das Mulheres (Netflix), documentário sobre a mobilização ocorrida logo após a posse de Donald Trump em 2017.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.

Se você já é assinante faça o login aqui.

Fake news são um problema

O Meio é a solução.

R$15

Mensal

R$150

Anual(economize dois meses)

Mas espere, tem mais!

Edições exclusivas para assinantes

Todo sábado você recebe uma newsletter com artigos apurados cuidadosamente durante a semana. Política, tecnologia, cultura, comportamento, entre outros temas importantes do momento.


R$15

Mensal

R$150

Anual
(economize 2 meses)
Edição de Sábado: A ideologia de Elon Musk
Edição de Sábado: Eu, tu, eles
Edição de Sábado: Condenados a repetir
Edição de Sábado: Nísia na mira
Edição de Sábado: A mão forte de Lula

Meio Político

Toda quarta, um artigo que tenta explicar o inexplicável: a política brasileira e mundial.


R$15

Mensal

R$150

Anual
(economize 2 meses)

‘Mapa de apoios está desfavorável ao Irã e sua visão de futuro’, diz Abbas Milani

17/04/24 • 11:00

O professor Abbas Milani nasceu no Irã. Foi preso pelo regime do xá Reza Pahlavi. Depois, perseguido pelo regime islâmico do aiatolá Khomeini. Buscou abrigo nos Estados Unidos na década de 1980, de onde nunca deixou de lutar por uma democracia em seu país de origem. Chegou a prestar consultoria a George W. Bush e Barack Obama, numa louvável disposição de colaboração bipartidária. Seu conselho sempre foi o mesmo: o Irã deve se reencontrar com um regime democrático, secular, por sua própria conta. Sem interferências externas.

Sala secreta do #MesaDoMeio

Participe via chat dos nossos debates ao vivo.


R$15

Mensal

R$150

Anual
(economize 2 meses)

Outras vantagens!

  • Entrega prioritária – sua newsletter chega nos primeiros minutos da manhã.
  • Descontos nos cursos e na Loja do Meio

R$15

Mensal

R$150

Anual
(economize 2 meses)