Lula em pé de guerra com ‘o mercado’

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De Brasília

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No café da manhã desta terça-feira com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais de não estar nem um pouco disposto a baixar o tom de crítica em relação à política monetária, apesar das repercussões negativas. Lula cobrou “responsabilidade” do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, se os juros não baixarem, será impossível implantar políticas que façam o país crescer e cobrou “sensibilidade” do mercado. Em determinado momento, Lula bateu com as mãos na mesa, falando de seu compromisso em acabar com a fome e melhorar a vida dos mais pobres.

Lula comparou a repercussão de suas cobranças com o impacto da crise enfrentada pelas Lojas Americanas. Ele disse que não viu nenhuma reação do mercado diante da revelação de possíveis fraudes na contabilidade da empresa.

“O mercado ficou nervoso porque o Lemann quebrou as Americanas e deu um desfalque de R$ 40 bilhões? Eu não vi. Agora quando se fala em aumentar o salário-mínimo, o mercado fica nervoso?”, disse Lula, referindo-se ao economista e empresário suíço-brasileiro, Jorge Paulo Lemann, um dos principais acionistas da empresa.

O presidente disse ser a favor da responsabilidade fiscal, lembrando momentos de seu governo anterior. Ainda criticou a classe empresarial brasileira que, na sua opinião, não dará um passo para melhorar a vida no país. Para Lula, todo desenvolvimento sempre dependeu do Estado e agora não será diferente.

“Quem é que ajudou o mercado produtivo?”, questionou o presidente lembrando da crise de 2008, quando houve os efeitos da quebra do Lehman Brothers. Resposta: “O Estado. Se o Estado não tivesse ajudado, a gente tinha afundado naquela crise. Se o mercado não tem a mesma sensibilidade que eu, paciência. Eu não estou nem pedindo para eles concordarem comigo, mas não me peça para concordar com eles também”, disse o presidente.

A irritação de Lula com o mercado é grande. Ele também tentou afastar de si a imagem de que não está preocupado com a elevação dos gastos e um possível desequilíbrio fiscal.

“Quando eu falo de responsabilidade fiscal, eu estou chamando a responsabilidade do mercado para que eles compreendam que esse país não pode continuar com as pessoas passando fome”, disse. “Esse país não tem direito de permitir que isso aconteça. Esse país precisa ter sensibilidade que tem que ganhar dinheiro, mas que as pessoas possam ganhar alguma coisa”.

Além disso, Lula apontou que não está preocupado com a percepção que o mercado tem de seu governo. “O mercado as vezes fica esperando que a gente as vezes se faça confiar, muitas vezes parece que a gente tem que pedir ao mercado: goste de mim. Me deixe governar, me deixe fazer as coisas para as quais eu fui eleito. Eu acho que a gente não tem que pedir, a gente tem que fazer”, disse.

“Eu fui eleito para tentar melhorar a vida desse povo trabalhador. Fui eleito para tentar criar mais empregos. Eu não quero que ninguém diga que isso seja gasto, isso é investimento”.

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