Afinal… Em que o 5G muda tudo?

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A invenção da agricultura transformou o mundo. O homem deixou sua vida de coletor-caçador para plantar e criar animais, possibilitando o surgimento de cidades, do comércio e do vale-refeição. Dez mil anos depois, a primeira revolução industrial mudou tudo novamente, colocando máquinas para fazer tecidos, utensílios domésticos, barcos e outras máquinas. Mais um par de séculos e outra revolução, a dos computadores, mudou tudo novamente, colocando a informação como mola propulsora do desenvolvimento. Poucas décadas adiante, uma nova mudança de paradigma, a Internet, conectou a todos e criou um novo universo digital onde entramos todos os dias para conversar, trabalhar e se divertir.

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A partir daí, as revoluções ‘que mudam tudo’ passaram a ser contadas em anos, não em décadas ou séculos. A Era do Smartphone começou com o iPhone e mudou a maneira como as pessoas se comunicam, trabalham e consomem em menos tempo do que um coqueiro leva para dar seu primeiro coco. Quando já estávamos nos acostumando a um mundo onde as pessoas olham mais para telas que para o rosto de outras pessoas, surge o 5G. Sim, ele vai mudar tudo de novo.

Mais que uma rede veloz

O 5G não é apenas uma rede celular mais rápida para você poder ver filmes em HD enquanto passeia de carro autônomo (se bem que se fosse só isso, já seria muito legal). Além de maior largura de banda e menor latência – a informação sai de um aparelho e chega ao outro quase imediatamente —, o 5G traz uma série de vantagens que farão deslanchar várias tecnologias que até hoje estão represadas por falta de uma rede robusta, barata e pervasiva. A Internet das Coisas (IoT, ou Internet of Things, em inglês) é a principal delas.

“O 5G é um enabler. Ele capacita negócios”, diz Ailton Santos, head da Nokia Brasil. “Ele é disruptivo porque fomenta novos modelos de negócio inovadores. O 4G foi marcado por serviços voltados para o consumidor. O 5G vai trazer outros paradigmas, trazendo para os negócios da internet o reforço das empresas por meio da Internet das Coisas.”

IoT é a capacidade de dar inteligência e conectividade a literalmente qualquer coisa, de uma máquina de injeção de plástico ao crachá de um funcionário. O exemplo chavão do IoT é a lendária geladeira conectada que avisa o supermercado que acabou a manteiga e ele envia um tablete por drone até a sua porta. Tudo muito lindo, tudo muito Jetsons©, mas não é por aí. A IoT é uma revolução na logística, na integração entre indústria e comércio, que vai proporcionar gigantescos ganhos de produtividade. De um lado teremos sensores, ligados a máquinas, prateleiras ou — no caso da agricultura — monitorando plantações. Na outra ponta, estará um software poderoso, utilizando aquelas tecnologias hypadas que você certamente já ouviu falar — big data, inteligência artificial, machine learning — tomando decisões como aumentar a produção de uma fábrica ou alertar que uma máquina precisa de manutenção. Unindo essas duas pontas vai estar o 5G.

Cidades Inteligentes

A ‘smartização’ do mundo vai permitir coisas muito mais interessantes que fábricas mais lucrativas. Cidades terão sua iluminação, tráfego, níveis de poluição, vagas de estacionamento, sistema de água e esgoto e outros itens conectados em uma malha inteligente. Isso proporcionará não somente ganhos de eficiência, mas também maior sustentabilidade. Bombeiros poderão ser acionados automaticamente quando um sensor detectar um prédio em chamas. Sensores de vibração permitirão análise preditiva de pontes ou edifícios com fadiga de materiais. A comunicação entre carros vai melhorar também a eficiência dos carros autônomos que finalmente poderão ganhar as ruas. Aplicações de missão crítica, como cirurgias a distância ou uso de robôs em ações onde há risco de vida, poderão ser realizadas graças à maior confiabilidade da rede 5G.

Pessoas Inteligentes

Não só as coisas estarão conectadas no Maravilhoso Mundo 5G. Seu corpo e sua mente também estarão online, em uma rede que alguns tentam chamar de Internet of Me (Internet do Eu? MimNet? Melhor não traduzir). Tecnologias já conhecidas hoje como computadores vestíveis (wearables), Realidade Aumentada e Realidade Virtual nos farão dar mais um passinho Matrix adentro. Seu smartwatch vai captar seu batimento cardíaco, pressão e nível de oxigênio no sangue e compartilhar com seu médico. Você vai poder conversar com amigos e assistir vídeos utilizando óculos inteligentes. Experiências imersivas substituirão as atuais teleconferências e aulas a distância em vídeo. Interfaces neurais poderão finalmente sair do reino das provas de conceito e brinquedos eletrônicos para se tornarem aplicações práticas.

Trabalho em Andamento

O 5G não será implementado de uma hora para outra. Além das questões legais, normativas e econômicas, a tecnologia se divide em duas. O 5G NSA (Not Stand Alone) utiliza a rede de antenas atual do 4G e traz apenas uma velocidade maior. Já o 5G SA (Stand Alone) depende de uma rede com muito mais antenas e investimentos muito mais altos, mas embute uma nova plataforma de hardware e software que vai permitir as inovações descritas acima. Obviamente, entraremos no mundo 5G pela porta mais barata e de implementação mais rápida. O 5G ‘de verdade’ deve chegar por aqui lá por 2025.

O 5G SA vai trazer novidades como o fatiamento de rede (network slicing), que cria uma camada virtual em cima da rede física permitindo uma flexibilidade muito maior de seu uso. Outro avanço será a popularização do Edge Computing, a descentralização da nuvem, com a utilização de servidores mais próximos do usuário em vez de um gigantesco datacenter no Texas ou em Bangladesh. O Edge Computing é um curioso caso de simbiose tecnológica. É uma tecnologia que precisa do 5G para dar certo e ao mesmo tempo vai permitir ao 5G atingir a baixa latência prometida em suas especificações técnicas.

Muito complicado? Não se preocupe. Nas próximas semanas, nós iremos detalhar melhor esses avanços e possibilidades em entrevistas com especialistas em tecnologia. Bem-vindos ao mundo transformado pelo 5G.

Aliás… Você sabe por que se chama 5G?

Acompanhe a evolução das redes celulares:

1G: Tecnologia embarcada nos primeiros telefones celulares, na década de 80.

2G: Os anos 90 trouxeram o início das mensagens de texto (SMS).

3G: Na virada do século, já era possível enviar pequenos arquivos e instalar aplicativos nos aparelhos celulares.

4G: A tecnologia que dominou a primeira década do século 21 trouxe banda larga e velocidade e deflagrou a era do Smartphone.

5G: Os anos 20 vão dar início à era do Smart Everything.

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