News do Meio

Nova mutação do coronavírus chega a São Paulo

Apontada como uma das causas pela calamidade em Manaus, a variante amazonense do coronavírus chegou ao Sudeste. A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou os primeiros três casos provocados pela nova cepa no estado. A confirmação veio do sequenciamento genético feito no Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz. Estudos indicam que ela é mais transmissível, embora não necessariamente mais letal, que o coronavírus original. Segundo estudo, a nova variante está presente em 85% das amostras analisadas em Manaus. (Estadão)

STF abre inquérito contra Pazuello por crise no Amazonas

O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, é oficialmente alvo de um inquérito para investigar possível omissão diante da calamidade no Amazonas. A autorização foi dada nesta segunda-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, a pedido da Procuradoria-Geral da República — uma tática para não investigar o presidente da República pelo mesmo descaso. Até o momento, nem Pazuello nem o ministério ou o governo se manifestaram.

Impeachment de Bolsonaro entra na pauta

O Estadão já havia se posicionado com um editorial sisudo, na última sexta-feira. “A maioria das denúncias contra o presidente por crime de responsabilidade ocorreu em função de sua conduta no enfrentamento da crise sanitária”, publicaram os editorialistas. “Jair Bolsonaro deu mostras mais que suficientes de que não vai mudar. O Direito e a Política dispõem de instrumentos para sanar essas situações. Que o presidente da Câmara não tenha receio de usá-los.” No domingo, foi a vez da Folha de S. Paulo. “O impeachment é recurso extremo, vagaroso e sempre traumático. Infelizmente não há como ignorar a conduta indigna de Bolsonaro, nem os quase 60 pedidos de abertura de processo que aguardam decisão já tardia.” Nenhum teve, porém, a verve da coluna de Míriam Leitão, publicada também no domingo, pelo Globo. “Muitos dizem não ser estratégica a defesa do impeachment agora, porque ele seria barrado pela anomia das instituições. Isso não é argumento para não defender o impeachment do presidente Bolsonaro” escreveu. “Ele cometeu inúmeros crimes e precisa responder por eles. Se a democracia brasileira não tiver forças para tanto, ela mudará o passado. Serão injustos os impeachments anteriores. O mais grave, contudo, não é a mudança do passado, mas a do futuro. Brasileiros estão morrendo hoje pela gestão criminosa da pandemia. Em nome dos sem futuro a democracia brasileira precisa encarar o seu maior desafio.”

Índia finalmente libera vacinas para o Brasil

Terminou o drama da importação de dois milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca da Índia. O governo local autorizou a transação, e o avião trazendo o imunizante deve decolar para o Brasil ainda hoje. Como a vacina já teve o uso emergencial autorizado pela Anvisa, sua distribuição deve ser imediata.

EUA fazem as pazes com a ciência

Foi com uma canetada — sua assinatura posta em um documento já previamente escrito — e isto bastou para que o presidente americano Joseph Robinette Biden Jr trouxesse de volta os EUA para o Acordo de Paris e todos seus compromissos de reduzir emissões de carbono para segurar o aquecimento global. Ele estava há poucas horas no cargo e foi a primeiríssima ordem que deu. “Bem-vindo de volta ao Acordo”, tuitou o presidente francês Emmanuel Macron. De presto, Biden também revogou a permissão para construir um oleoduto entre Canadá e o Golfo do México. Foram duas entre 17 ordens. Em todas áreas e edifícios do governo federal, distanciamento social e uso de máscaras passa a ser obrigatório. A política que retirava de imigrantes ilegais seus filhos foi cancelada. Aquela que proibia a entrada de muçulmanos no país, idem. Assim como foram suspensas “imediatamente” quaisquer obras em muros ou cercas que separam os EUA do México. (New York Times)

Acabou a Era Trump

A última vez em que um presidente americano se recusou a passar o cargo a seu sucessor, o ano era 1865. Vice de Abraham Lincoln, que terminou assassinado, Andrew Johnson só não foi posto para fora no meio do mandato por um único voto que faltou no julgamento do primeiro impeachment da história. E não passou o cargo ao general vitorioso da Guerra Civil, Ulysses Grant. Tendo incitado as tensões raciais americanas o quanto pôde, exatamente como Johnson em seu tempo, Donald Trump deixará de ser presidente dos EUA hoje, ao meio-dia em Washington, 14h no Brasil. Pediu para o bota-fora uma cerimônia militar — raro num país que celebra o comando civil —, que ocorrerá nos instantes anteriores à posse de Joe Biden. (CNN)

Vacinação começa e Bolsonaro tenta mudar o assunto

Após São Paulo fazer no domingo a primeira imunização contra a Covid-19, 15 outros estados começaram suas campanhas nesta segunda-feira, mesmo que de forma simbólica: AM, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PE, PI, PR, RJ, RS, SC e TO. Precisaram, para isso, pressionar o ministério da Saúde. Sem o mesmo senso de urgência, o governo federal desejava fazer um início simultâneo apenas quando as vacinas já estivessem distribuídas em todo o país. No Rio, uma cerimônia aos pés do Cristo Redentor marcou o início da campanha, com a vacinação de uma idosa e uma técnica de enfermagem.

Doria dribla Bolsonaro e começa vacinação

Como o país inteiro esperava, a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou por unanimidade o uso emergencial da CoronaVac, representada no Brasil pelo Instituto Butantan, e da vacina de Oxford/AstraZenenca, da Fiocruz. O que talvez não fosse esperado foi o rápido movimento do governador João Doria (PSDB).

O horror, o horror

“Orem pelo Amazonas.” O apelo desesperado de uma técnica de enfermagem dá a exata medida da tragédia humanitária que se abateu sobre o estado, em especial em Manaus. Sem oxigênio nos hospitais, profissionais de saúde tentam evitar que pacientes com Covid-19 morram asfixiados fazendo ventilação manual. Diante do caos, 750 doentes começaram a ser transferidos em aviões da FAB para hospitais em outros cinco estados (Goiás, Piauí, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte) e no Distrito Federal.

Um presidente, dois impeachments

Pela quarta vez na história, a Câmara dos EUA aprovou a abertura de um processo de impeachment contra um presidente. Passaram antes pelo mesmo rito o corrupto sucessor de Abraham Lincoln, Andrew Johnson, e Bill Clinton, por ter cometido perjúrio ao negar seu caso sexual com uma estagiária. Este é o segundo impeachment de Donald Trump. Foram 232 votos a favor, incluindo dez republicanos. Nunca a abertura de um processo destes incluiu tantos votos do partido do mandatário da nação. 197 parlamentares votaram em defesa de Trump, mas o líder republicano na Câmara não o defendeu. Ele votou em seu favor mas o atacou: “O presidente tem responsabilidade no ataque ao Congresso por uma turba”, afirmou em seu discurso Kevin McCarthy. “Alguns afirmam que os ataques foram feitos por antifa. Não há qualquer prova disto e deveríamos ser os primeiros a dizê-lo.” Seu argumento para votar contra foi de que o mandato está no fim e é hora de promover conciliação nacional, não acirrar o conflito. (NPR)