TSE adia — muito — julgamento de Temer e Dilma

Foi adiado — e foi adiado bastante — o início do julgamento que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer. Desde o início da sessão no TSE, nos debates às vezes tensos, o ministro relator Herman Benjamin se viu isolado perante seus outros seis pares. O conjunto dos juízes decidiu que devem ser ouvidas mais algumas testemunhas: o ex-ministro Guido Mantega, o marqueteiro da campanha, João Santana, sua mulher, Mônica Moura, e André Santana, funcionário de João. Após ouvir seus depoimentos, Benjamin apresentará novo relatório e, só então, deverá abrir mais um prazo — de cinco dias — para que as defesas de Dilma e Temer se pronunciem. O processo já dura dois anos e meio. “Não podemos transformar isso num universo sem fim”, protestou o relator. “Não podemos ouvir Adão e Eva para que se intime a serpente”, continuou, sugerindo que os pedidos da defesa para ouvir mais e mais testemunhas são, no fundo, uma tática de procrastinação. (Estadão)

João Domingos: “Quem entende como as coisas funcionam no TSE já acredita que uma nova sessão para tratar da cassação da chapa só ocorrerá no início de maio. Há até os que falam que antes do final do ano o TSE não toma qualquer decisão.” (Estadão)

Pedro Dias Leite: “Benjamin preferiu concordar com o adiamento por uma questão estratégica. A avaliação é que, se o julgamento fosse adiante com o prazo menor para a defesa, os advogados poderiam entrar com um recurso lá na frente, daqui a meses, argumentando que seu direito foi desrespeitado.” (Globo)

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Enquanto isso... No Supremo, o ministro Edson Fachin homologou a delação premiada do casal João Santana e Mônica Moura, além de seu funcionário, André Santana. (Globo)

O presidente Michel Temer incumbiu os senadores Romero Jucá e Aécio Neves de buscar aproximação com o aliado feito rebelde, Renan Calheiros. A mensagem é que as portas continuam abertas. (Folha)

Pode ser difícil. “Com esse governo eu já rompi”, disse ele à senadora Kátia Abreu, informa Jorge Bastos Moreno, do Globo. E, num jantar ontem à noite, segundo Josias de Souza, declarou ver falta de rumo na administração. “A diferença é que a Dilma não sabia para onde ir e o Michel não tem para onde ir.”

Um ataque com armas químicas à cidade de Khan Sheikhoun, na Síria, matou dezenas de pessoas na manhã de terça. A denúncia é do Observatório Sírio de Direitos Humanos, a ONG de monitoração melhor estruturada do país. Em suas contas, são 58 mortos por asfixia, dentre eles 11 crianças. Outra ONG, a União das Organizações de Atendimento Médico e Resgate, afirma que já passam de cem os mortos. Suspeita-se do uso de sarin. O crime é atribuído ao governo sírio ou a seus aliados russos.

Viver

“Mexeu com uma, mexeu com todas.” A frase estampava camisetas de atrizes da Globo, ontem, em gesto de apoio à figurinista Su Tonani, que acusou o ator José Mayer de assédio sexual, em depoimento à Folha, na semana passada. De veteranas como Gloria Pires a jovens como Bruna Marquezine, as atrizes vestiram a camisa desde cedo e postaram fotos nas redes sociais, com a hashtag Chega de assédio. Em seguida, a Globo lançou nota oficial sobre o assunto. Um trecho: “Temos conhecimento dessa iniciativa e ela é bem recebida, pois está absolutamente alinhada com as crenças e os valores da empresa.” José Mayer, segundo a emissora, foi suspenso por tempo indeterminado. (Globo)

O ator, por sua vez, lançou também sua carta, endereçada “aos meus colegas e a todos, mas principalmente aos que agem e pensam como eu agi e pensava”. Reconheceu que errou, pediu desculpas e disse que não tinha a “intenção de ofender, agredir ou desrespeitar”. “Admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas.” Também afirmou que aprendeu, nesses dias, o que não havia aprendido nos últimos 60 anos: que “atitudes machistas, invasivas e abusivas” não “podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas”. (Globo)

De posts e tweets a caixas de comentários, o assédio só faz crescer na internet. Se os pioneiros da web, defensores da liberdade, acreditavam que a rede poderia ser gerida pelos próprios usuários, estavam enganados, avalia reportagem do New York Times. A internet serve de palco para comportamentos atrozes. Em 2014, por exemplo, 40% dos usuários adultos de internet lidaram com assédio online. O jornal apresenta o debate e propõe a pergunta: por que o Vale do Silício não consegue resolver esse problema?

Os temas de assédio e estupro também rondam a vida do cineasta Roman Polanski. O diretor acaba de perder mais uma batalha jurídica para driblar a prisão pelo estupro de uma garota de 13 anos de idade. O caso remonta aos anos 1970, nos Estados Unidos. À época, Polanski assumiu o que lhe pareceu menos grave - que teve relações com a menor de idade -, passou pouco mais de 40 dias preso e, antes de ouvir a sentença final, temendo uma condenação longa, fugiu para a Europa. Desde então, é considerado foragido, não pode entrar nos EUA e tenta (em vão) resolver-se com a Justiça americana. Pede permissão para voltar ao país, mas com a condição de não ser preso de imediato. Ontem, um juiz de Los Angeles lhe negou a possibilidade. Outra vez.

No Acre, ontem, nasceu um enigma. Mais precisamente no quarto de Bruno Borges, um estudante de 24 anos. À mão, ele escreveu 14 livros e cobriu todas as paredes do cômodo onde dormia, com textos, símbolos e números. Depois desapareceu (já se vão dez dias). Trabalhou com esmero, de modo que a escrita se acomodou à parede como a uma página de livro. No centro do quarto, instalou uma estátua de Giordano Bruno, filósofo de sua estima. A família não sabe como a escultura entrou na casa, tampouco conhecia os escritos do quarto. Diz a mãe que estavam lá os móveis de sempre até 1º de março, quando ela viajou de férias. Supõe-se que, naquele mesmo dia, Bruno se lançou à escritura. Em menos de um mês, deu por finda a tarefa. E sumiu.

Saiba quem foi Giordano Bruno, na animação da série Cosmos, idealizada por Carl Sagan e apresentada por Neil de Grasse Tyson.

Galeria: Um milhão de chineses vivem sob a terra, em bunkers dos tempos da Guerra Fria. Feitos para suportar explosões nucleares, hoje são moradia barata na inflada Pequim. O fotógrafo Antonio Faccilongo registrou 30 deles. Existem 10 mil.

Cultura

A SP-Arte começa hoje com o maior número de galerias de sua história (são 159). Mas é preciso reconhecer, como faz Fernanda Feitosa, que “há uma crise instalada” no mundo todo. Fundadora da maior feira de arte do país, ela diz à Folha que, ao menos, não precisou encolher a feira neste ano. Ainda assim, a crise intimida os galeristas brasileiros, que tendem a seleções menos arriscadas, sem grandes ousadias e com poucos artistas emergentes. Devem apostar mesmo nos consagrados, os medalhões da arte, ou seja, aqueles que, quase sempre, têm saída garantida.

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Principal festival de documentários do país, o É Tudo Verdade vai lembrar o centenário da Revolução Russa, com uma retrospectiva de cinema soviético. No Rio, o filme de abertura será Eu, Meu Pai e os Cariocas — 70 Anos de Música no Brasil, estreia da atriz Lúcia Veríssimo como diretora. Já em São Paulo, o evento será aberto com Cidade de Fantasmas, de Matthew Heineman. (Folha)

Confira a programação completa do festival, que vai de 19 a 30 de abril.

Laerte-se promete ser uma “jornada introspectiva pela mente de uma das personalidades mais criativas” do país, ou seja, a cartunista Laerte. Primeiro documentário nacional produzido pela Netflix, o filme estreia em 19 de maio.

O Prêmio Hugo anunciou ontem os indicados deste ano — entre livros, filmes e séries. Stranger Things, Doctor Who e Deadpool estão na disputa. Maior reconhecimento em ficção científica, ou o equivalente ao Oscar do gênero, o Hugo deste ano tem número recorde de finalistas — 108 candidatos. Os vencedores só serão anunciados em agosto. Veja a lista completa de indicados.

Como pode uma série de 54 anos estrear sua 10ª temporada com um piloto? Foi a pergunta dos fãs de Doctor Who, após saberem que o episódio da volta da série, marcada para o próximo dia 15, vai se chamar The Pilottítulo causou surpresa, mas explica-se: o “piloto” foi assim batizado justamente por remeter ao primeiro episódio da atração, que foi ao ar em 1963.

Tido como promessa de sua geração, o ator Heath Ledger teve a carreira interrompida de forma abrupta em 2008 — morreu após uma overdose de medicamentos. O documentário I Am Heath Ledger promete reunir depoimentos, cenas íntimas e até vídeos caseiros feitos por ele. Veja o trailer divulgado ontem, quando Ledger faria 38 anos. O longa estreia no Festival de Tribeca, em 23 de abril.

Foi-se o tempo dos monitores (e dos audioguias) nos museus. A Pinacoteca de São Paulo vai entregar a seus visitantes um dispositivo de inteligência artificial, a ser usado em mostra com inauguração hoje. Eventuais perguntas sobre as pinturas ou as esculturas da exposição devem ser dirigidas ao aparelhinho. Quanto às respostas, promete a empresa que desenvolveu a tecnologia, estas virão no ato, ora acrescidas de curiosidades, ora com informações de contexto.

Cotidiano Digital

Um conflito na Câmara dos Deputados, ontem à noite, terminou por produzir uma lei de regulamentação do Uber que pode inviabilizar o serviço e seus concorrentes, como o Cabify. O texto inicialmente aprovado deixava a cargo dos municípios definir as regras de funcionamento, exigindo apenas dos motoristas habilitação categoria B e seguro que proteja os passageiros. Mas uma emenda, aprovada na sequência, exige que os veículos sejam “carros de aluguel” — ou seja, de placa vermelha — e transforma a atividade em “pública”, ao invés de privada. Neste caso, exige-se a criação de um sistema de concessão ou licenciamento por parte das prefeituras. Em essência, transforma o sistema em táxis. A lei ainda tem de passar pelo Senado.

Ainda assim... a Cabify anunciou que tem planos de investir US$ 200 milhões no Brasil. A empresa afirma que quer crescer onde já é popular — cidades como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba — e ainda ampliar sua presença para outras regiões. Brasília é o próximo alvo e, em seguida, cidades do nordeste.

O WhatsApp planeja sua incursão no mercado de pagamentos digitais. Vai começar pela Índia, onde concentra o maior número de usuários (200 milhões). Lá, a empresa busca um profissional para desenvolver o sistema. A ideia é que o usuário pague o que quiser sem precisar sair do app.

O mercado de pagamentos digitais, aliás, cresce de forma acelerada. É impossível não se perguntar quanto tempo falta para o dinheiro de papel deixar de existir. Por enquanto, o Facebook, que é dono do WhatsApp, não entrou nessa disputa. Já Apple, Google e Samsung, por outro lado, estão trabalhando para isso.

Quem usa a versão gratuita do Spotify terá de esperar duas semanas por alguns lançamentos. A (má) notícia veio ontem, junto do anúncio de um acordo de licenciamento “global e duradouro” com a Universal Music. A princípio, portanto, a espera para quem não paga seria aplicada apenas aos artistas da gravadora — nomes como Adele, Coldplay, Lady Gaga, Caetano Veloso, entre muitos outros. Mas, segundo apuração do Financial Times, acordos parecidos parecidos estão sendo costurados com outras duas grandes, Sony e Warner.

Startups africanas começam a se espalhar. Infográfico mostra o surgimento de um ecossistema de startups no continente.

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