Os acontecimentos desta sexta-feira e do fim de semana virão sucessivamente e com rapidez. Num clima assim volátil, o cenário muda a toda hora. Previsões não são confiáveis. Por conta disso, excepcionalmente, o Meio circulará também no sábado à tarde, numa edição extra, com o resumo dos fatos e apontando para as melhores análises — Os editores.

O Brasil segura o fôlego

Michel Temer não renunciou. Queria esperar a divulgação, pelo Supremo, da gravação de sua conversa com o empresário Joesley Batista. Ele próprio não conseguia lembrar dos detalhes do que ouviu e do que disse. Mas, conforme a tarde de ontem avançava, começou a circular fortemente primeiro nas redações, e depois pelas redes, a versão de que deixaria o poder. Aí o presidente decidiu se manifestar. Fez um discurso enfático: “não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do país”, disse, para emendar, o dedo em riste, “não renunciarei; repito: não renunciarei” — e aí deixou o púlpito, no Planalto, sem responder a jornalistas. Não demorou muito, depois, para que o ministro Edson Fachin decidisse tornar pública a delação dos executivos da JBS e, assim, Temer e o Brasil pudessem ouvir o registro daquela conversa. A passagem na qual o presidente endossa o pagamento de uma mesada a Eduardo Cunha em troca do silêncio não é de todo clara. Mas o tom geral da conversa é grave. Joesley conta ter um informante dentre os procuradores da Lava Jato, a quem paga R$ 50 mil por mês, e fala de suas manobras para trocar outro, que o investigava. É a confissão de um crime. Temer não o repreende, mantém o tom de parceria, não o denuncia. É difícil encontrar, na imprensa, um único analista que enxergue condição de sobrevivência política. No Congresso, discute-se abertamente a sucessão. Ainda assim, no Planalto, por enquanto a ordem é clara: partir para o enfrentamento da crise.

Ouça: a íntegra da conversa de Temer e Joesley.

João Bosco Rabello: “Pelo que se sabe, a pressão pela permanência de Temer, que o teria feito rever a possibilidade de renúncia, partiu da parcela de sua base parlamentar já citada nas delações da Odebrecht. Embora possa representar um abraço de afogados, o apelo talvez tenha sido o apoio que faltara ao presidente, até então, para que reagisse às denúncias.”

De Temer ao repórter Gerson Camarotti, em conversa ontem à noite: “Ninguém chega aqui para me pedir renúncia. Pelo contrário, todos estão pedindo para eu resistir. Vou resistir. Se precisar, vou fazer outro pronunciamento amanhã. Vou sair dessa crise mais rápido do que se pensa.”

Paulo Celso Pereira: “A fala de Temer deixa uma brecha para a compreensão de qual deve ser sua estratégia. O presidente destacou os dados econômicos positivos que o país apresentou na última semana para destacar que todo o esforço feito para sair da pior crise econômica está prestes a ser jogado por água abaixo. A ameaça é explícita: ruim comigo, pior sem mim.” (Globo)

O quadro do pleito de 2018 parecia apontar para uma disputa entre Lula (ou seu representante) e um nome novo, provavelmente do PSDB. Agora, na avaliação de Alon Feuerwerker da FSB, ficou tudo em suspenso. Em Temer deixando o poder, é preciso ver quem vai sucedê-lo. Numa eleição indireta, possivelmente virá um liberal com o plano de passar as reformas. Haverá resistência popular. Caso consiga, torna-se um nome forte. Se vierem as diretas ainda em 2017, a campanha será marcada pelo cansaço provocado pela recessão e intermináveis casos de corrupção. É um cenário que favorece extremistas de ambos os lados.

A Lei Complementar nº 64 estabelece quem é inelegível. Entre os critérios, especifica que ministros, juízes, prefeitos e governadores, precisam estar afastados de seus cargos há pelo menos seis meses para disputar um pleito. Há quem argumente que a lei só vale no caso de eleições diretas. Mas parece se consolidar, em Brasília, a visão de que ela também trata do caso de pleito indireto. Desta forma, os ministros do STF Gilmar Mendes e Cármen Lúcia, assim como o prefeito paulistano João Doria Jr, não podem ser escolhidos pelo Congresso.

Luís Costa Pinto: “Desde ontem o Brasil se pergunta quem pode suceder a Michel Temer já nos próximos dias. Ou horas. ‘Rodrigo Maia’ tem sido o nome e o sobrenome das apostas mais bem informadas, e também das mais ansiosas.”

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O senador Aécio Neves foi afastado das funções parlamentares por ordem do ministro Edson Fachin após a gravação da conversa na qual pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. Deixou também, por decisão de seus colegas de partido, a presidência do PSDB, substituído pelo também senador Tasso Jereissati. A Procuradoria Geral da República pediu sua prisão, mas Fachin não a concedeu. O pleno do STF tomará esta decisão. Mas sua irmã, Andrea Neves, foi presa. Seu primo, Frederico Pacheco de Medeiros, também. (Estadão)

Julia Duailibi: “Com a derrocada de Aécio, Geraldo Alckmin e o prefeito paulistano João Doria Jr passam a representar o novo eixo da disputa pelo Palácio do Planalto no PSDB. O mineiro ainda tem o controle da cúpula partidária, mas isso é uma questão de tempo.”

Jorge Bastos Moreno: “Hoje não trago notícia. Trago meu desalento. Fiz várias coberturas de porta no edifício 2016 da Avenida Atlântica, onde moravam três ilustres mineiros: Tancredo Neves, Magalhães Pinto e Walter Moreira Salles. Jamais imaginei que um dia viria o apartamento de Tancredo Neves arrombado pela polícia, em busca de provas contra atos de corrupção de seus netos. Aécio e Andrea desonraram a memória do avô. Traíram um homem que escondeu a doença para servir à pátria e morreu por isso.” (Globo)

Eliane Cantanhêde: Não são apenas Temer e Aécio que sairão abalados da delação feita pela JBS. A expectativa, hoje, é de que novos dados atinjam os nomes de Lula, Dilma, Renan Calheiros e José Serra. (Estadão)

Ao comprar dólares no fim da tarde de quarta-feira, pouco antes de se tornar pública sua delação, a JBS pode ter faturado pela brusca oscilação do câmbio até US$ 170 milhões. É mais que o suficiente para pagar a multa de R$ 250 milhões imposta pelo acordo de delação. (Estadão)

A Bolsa de Valores perdeu R$ 219 bilhões, ontem. (Estadão)

Uma grande manifestação pelo ‘Fora, Temer’ e pedindo ‘Diretas Já’ ocupou as ruas do centro do Rio de Janeiro ontem, a partir do final da tarde. Houve momentos nos quais a PM agiu com agressividade. Menor, o protesto em São Paulo ocorreu mesmo com chuva e chegou a fechar uma pista da avenida Paulista, em frente ao Masp. Ao menos por enquanto, foram marcadas pela presença de militantes de esquerda com as bandeiras de seus partidos e sindicatos. (Globo)

A acusação de estupro, na Suécia, que levou à ordem de prisão de Julian Assange, foi revogada. Faz sete anos que o fundador do Wikileaks vive na embaixada equatoriana em Londres, onde se refugiou. Os EUA ainda querem que seja deportado do Reino Unido.

Joesley, o homem bomba da República da Mesóclise

Tony de Marco

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Cultura

O efeito Joesley, como não?, se fez sentir na audiência do Jornal Nacional de quarta-feira. O noticiário repetiu seu recorde em 2016, com 33 pontos - três acima de sua média do ano no Rio, e cinco, em São Paulo, informa Patrícia Kogut, no Globo.

Nas redes sociais, é claro, também repercutiu, gerando infinitos memes com Aécio, Temer, ACM e até, quem diria, Rubens Barrichello. O Meio apresenta uma pequena amostra do que se viu no Facebook e no Twitter.

“Capitaneando o Soundgarden, banda que criou em meados dos anos 1980, Chris Cornell ajudou a moldar a cena que sairia de Seattle e redefiniria o rock na primeira metade dos anos 1990, misturando heavy metal com punk.” Na Folha, Marco Aurélio Canônico narra a trajetória de Cornell, também fundador do Audioslave e, principalmente, a melhor voz do grunge. Ele morreu nesta quarta, aos 52 anos. Polícia e médicos apontam para a hipótese de suicídio.

Um Chris Cornell novinho já mostrava seu talento neste raro vídeo, ainda em VHS, de um show do Soundgarden de 1989.

Nos cinemas brasileiros, estreiam a megaprodução Rei Arthur - A Lenda da Espada (trailer), de Guy Ritchie, e o drama nacional  Estamos Vivos (trailer), de Filipe Codeço. Veja mais lançamentos deste fim de semana.

Viver

O mar vai subir dez centímetros entre 2030 e 2050, segundo cientistas americanos. Com isso, cresce o risco de inundações em regiões costeiras, inclusive no Brasil. O Estadão apresenta o mapa do estudo. Nele, é possível ver que, na área litorânea que vai do Amapá até a Paraíba, a elevação do mar será de 2,5 centímetros, aumento que já pode dobrar os eventos de inundações na costa.

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As estatísticas sobre a vida de um americano já existiam. Mas Nathan Yau queria enxergá-las de outra forma. A partir da American Time Use Survey, que em 2014 perguntou a americanos o que faziam em 24 horas, criou gráficos em que os sujeitos (mil deles) foram transformados em pontos que circulam, de acordo com as estatísticas. Os pontos transitam entre trabalho e casa, viajam, vão a restaurantes - e, assim, o gráfico está em movimento constante.

Galeria: a Fórmula 1 fotografada com uma câmera de 104 anos de idade.

E agora para algo completamente diferente: gatos gigantes. Omar, 1,20m e 14kg, disputa o título de, digamos, o mais comprido gato do mundo. Foi encontrado pelo Guinness World Records em fotos na internet. Se suas medidas forem confirmadas, desbancará o inglês Ludo, de 1,18m, atual dono de tão nobre título.

Cotidiano Digital

Duas tendências já estão claras no segundo dia da conferência para desenvolvedores do Google. A primeira é que, se em anos anteriores o principal foco era incentivar programadores a desenvolverem aplicativos para o Android e para o Chrome, neste ano as atenções estão voltadas para o Tensorflow. A empresa acredita que a plataforma tem potencial para facilitar o uso de inteligência artificial em qualquer aplicação. O Tensorflow é distribuído gratuitamente e tem melhor aproveitamento quando usado em servidores ou serviços vendidos pela Google. A aposta é, desde já, fidelizar a indústria de AI à plataforma.

Realidade virtual é a outra tendência que aparece na conferência. O Google, porém, não está projetando, por exemplo, um óculos de VR, como o Facebook e a Snap. Está, sim, criando as fundações em que diversos óculos e interfaces poderão ser desenvolvidos. A estratégia é similar à adotada pela empresa do Android, que apostou em software e deixou o hardware para seus parceiros.

Empresas de tecnologia contratam: Google, Apple, Netflix e Nubank estão com uma série de vagas abertas para o Brasil.

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