A estratégia de Temer

Um quê sem jeito, com o formalismo que lhe é particular, o presidente Michel Temer foi ao Facebook falar com quem se informa pelas mídias sociais. “O Brasil não parou, e não vai parar”, disse em vídeo. “As manifestações ocorreram com exageros, mas deputados e senadores continuaram a trabalhar em favor do Brasil.” O público-alvo, porém, não são os usuários da rede. Ao compartilhar os sucessos do governo com o Legislativo, Temer busca apoio entre parlamentares. E, nos bastidores, abriu duas frentes. A primeira, na direção do TSE. O julgamento que pode levar à cassação começa no dia 6. O plano é protelar uma decisão final o quanto der, com questões de ordem e tantos recursos jurídicos quanto possível. A segunda tem por foco sabotar as articulações para decidir um nome para sucessão. A busca de consenso entre PSDB, PMDB e PT tem se mostrado difícil. Quanto mais tempo demora, melhor para o Planalto. (Globo, Folha)

Miguel Reale Júnior, um dos três autores do pedido de impeachment de Dilma, afirma que há motivos claros para o impeachment de Temer. Mas argumenta que o processo mobiliza a pauta de Câmara e Senado e, assim, paralisa o país. Pelo TSE, tampouco há caminho fácil. “Leva uns seis meses para ser julgado”, afirma, caso o presidente esteja disposto a lutar. Reale vai além, e prevê a possibilidade de duas eleições presidenciais no mesmo ano. Uma, indireta, no início de 2018. Seguida de outra, direta. (Estadão)

O presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, bateu ponto ontem em São Paulo, onde foi recebido em casa por Fernando Henrique. Também estavam Geraldo Alckmin e João Doria. Ao sair, falou sobre as conversas a respeito de um novo presidente. “O consenso é que qualquer movimentação seja em conjunto com Temer”, disse. Afirmou, também, que as negociações não incluem o PT. (Valor)

Decano entre os juristas, professor aposentado da tradicionalíssima Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), o advogado Modesto Carvalhosa foi lançado candidato à presidência no caso de pleito indireto. É especialista em combate à corrupção. Tem o apoio de vários outros decanos: Hélio Bicudo, outros dos autores do impeachment de Dilma, o ex-ministro José Carlos Dias, que presidiu a Comissão da Verdade, e o ex-ministro do STM, Flávio Bierrenbach. Caso o Supremo vete o nome de um não-político, Carvalhosa tocará uma anticandidatura. O mote da campanha: a refundação do Estado e uma nova assembleia constituinte. (Estadão)

E por falar nisso... o Estadão elaborou um ranking baseado nas apurações de bastidores. Atualizado diariamente, mostra os nomes mais citados como sucessores de Temer. Encabeçam Tasso Jereissati e Nelson Jobim, com Rodrigo Maia chegando junto em terceiro.

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De acordo com as contas preliminares, os prejuízos causados pela depredação de prédios seguida de furtos, na Esplanada dos Ministérios, devem sair por R$ 1,4 milhão. Destes, R$ 1,1 milhão só no Ministério da Agricultura. (Globo)

Veja as imagens capturadas pelo circuito interno do ministério do momento em que militantes mascarados iniciam, propositalmente, um incêndio durante os protestos de quarta-feira. A turma da Coluna do Estadão as conseguiu.

Enquanto isso... Os dois PMs flagrados atirando contra os manifestantes já foram interrogados e um inquérito foi aberto. “É inaceitável o que ocorreu”, disse o secretário de Segurança do DF. O fotojornalista Joedson Alves, da EFE, registrou quando um terceiro PM partiu ameaçador contra André Coelho, do Globo, que havia feito o registro original do flagrante. (Globo)

Aliás... pressionado por todos os lados, o presidente Michel Temer revogou a decisão de usar militares para a proteção dos palácios. (Globo)

Cláudia Cruz, a mulher do deputado Eduardo Cunha, foi absolvida pelo juiz Sérgio Moro das acusações de lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas. Segundo o magistrado, não há prova suficiente de que ela tenha agido com dolo. Cláudia ainda é ré em outra ação, acusada de improbidade administrativa. Nesta, não corre o risco de ser presa. Pode, no entanto, perder os R$ 4,4 milhões encontrados em sua conta bancária e ser condenada a pagar multa que chega a três vezes este valor.

Editorial da Economist: “É cedo demais para exigir a renúncia de Mr. Temer. Ele insiste que a gravação foi adulterada. Com todos seus defeitos, Mr. Temer estava progredindo nas reformas das quais o Brasil precisa desesperadamente. A economia começa a mostrar sinais de recuperação após a pior recessão já registrada. Inflação e juros estão caindo.”

Marcelo Coelho, colunista da Folha, fez uma dura crítica à cobertura que TV Globo e GloboNews vêm fazendo da crise política. “Os ataques a Temer e Aécio foram piores do que qualquer coisa já feita pela Globo.” Ali Kamel, diretor de jornalismo da emissora, responde em artigo no mesmo jornal: “Um leigo em jornalismo pode escrever isso sem que se possa falar em má-fé; um jornalista, nunca.” (Folha)

Juca Kfouri: “Enquanto empresários e políticos vão para a cadeia, o esporte se safa. Cabe perguntar por que Ricardo Teixeira e o Marco Polo que não viaja seguem gozando de tamanho privilégio se não restam dúvidas sobre seus malfeitos? Por que Carlos Nuzman não é incomodado pela Justiça brasileira? O que eles têm que outros não têm?” (Folha)

Frase pinçada de uma análise do governo Trump na conservadora revista National Review: “Parabéns, Estados Unidos: finalmente, depois de todos estes anos, vocês ficaram iguais ao Brasil.”

Cultura

O filme Real: O Plano por Trás da História gerou polêmica antes mesmo de estrear. Apenas sua seleção para o Cine PE provocou a debandada de sete diretores da mostra — para eles, a escalação de Real revelou o “discurso partidário alinhado à direita” adotado pelo festival. Este, por sua vez, foi adiado — e segue sem data definida. Real, por outro lado, cumpre seu plano de voo e estreia agora nos cinemas do país. O filme se propõe um “thriller político” sobre a implantação do Plano Real, em 1994. (Folha)

Mas… resulta “bem frustrante”, na avaliação do crítico Inácio Araújo, da Folha. Segundo ele, o longa não entrega o que promete no título, “uma aventura intelectual com ares de epopeia nacional”. “Nada disso. Nem questões elementares são devidamente respondidas.”

Enquanto isso... o filme nacional Gabriel e a Montanha ganhou dois prêmios na Semana da Crítica, em Cannes. (Globo)

Também chegam às telas neste fim de semana, entre outros, a megaprodução Piratas do Caribe — A Vingança de Salazar (trailer) e o brasileiro Comeback (trailer) — este, aliás, foi a última atuação no cinema do ator Nelson Xavier, que morreu no início do mês. Confira outras estreias do final de semana.

O Prêmio da Música Brasileira não conseguiu patrocínio para a edição deste ano. É a primeira vez que o evento, criado em 1988, está sem patrocinador Seu produtor, o empresário Zé Maurício Machline, porém, afirma que o prêmio vai acontecer, sim, e já tem data (19 de julho). A seu favor, ele tem o apoio de importantes artistas, como Gilberto Gil e Fernanda Montenegro, que, nesta semana, gravaram vídeos para a campanha #VaiTerPrêmioDaMúsica. (Globo)

“Rihanna parece uma golpista que ataca homens brancos e Lupita [Nyong’o] é a amiga especialista em tecnologias que ajuda nos planos.” A frase foi postada há dois anos no Tumblr, junto de uma foto da cantora ao lado da atriz. O post viralizou, chegou ao Twitter, as duas estrelas compartilharam-no e, então, veio a ideia de fazer um filme a partir da piada da internet. É aí que entra a Netflix, que decidiu comprar e realizar o projeto.

Vídeo: conheça Alice Guy-Blaché, pioneira do cinema, que, apesar de ter feito cerca de mil filmes no final do século XIX, é quase desconhecida no próprio meio.

Lucía Zárate foi a menor vedete do mundo: media tão somente 51 centímetros de altura. Foi levada do México por um negociante sem escrúpulos, segundo o El País, e acabou por percorrer o mundo, como vedete em trupes de tipos então vistos como bizarros, anões, “gigantes”, mulheres barbadas e afins. Sua história, agora, virou livro.

Cotidiano Digital

Para ler com calma: Em 1991, Walt Mossberg era o veterano repórter de política internacional do Wall Street Journal, habituado às agruras de Washington, quando, após uma estafa, quis mudar. Radicalmente. Passou ao posto de colunista de tecnologia. Seu primeiro texto dizia: “Computadores são difíceis de usar”. Desde então, tornou-se um dos mais influentes jornalistas do Vale do Silício. Ontem, 26 anos depois, escreveu sua última análise e anunciou a aposentadoria. “Tecnologia ficou muito fácil”, diz. Para ele, vivemos um hiato, no qual a próxima geração digital está ainda em desenvolvimento: inteligência artificial, realidade aumentada, robótica. De difícil, tecnologia ficou fácil. Brevemente, se tornará invisível. Estará por todo lado e simplesmente funcionará.

Para ler com calma 2: A Fast Company conta a história do Projeto Magenta, parte do Google Brain, laboratório em que uma equipe tenta ensinar música a uma inteligência artificial. O trabalho ainda dá seus primeiros passos, mas um dos experimentos já está online. Ao final, o plano é ter uma ferramenta para a criação de novos sons e música.

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O Facebook quer virar TV. A empresa está negociando com Buzzfeed, Vox Media e outros parceiros, que fariam programas para o novo serviço de vídeo que a empresa planeja lançar. O Facebook financia os projetos e, em troca, adquire os direitos dos episódios de 20 a 30 minutos que serão produzidos. O modelo será baseado em publicidade. O objetivo da rede social é expandir seu domínio para além da tela do celular e conquistar o aparelho de TV, brigando de frente com Netflix, YouTube e Amazon.

Viver

Noventa e um presos fugiram de presídio na região metropolitana de Natal. Para a maior fuga já registrada pela Penitenciária Estadual de Parnamirim, os detentos cavaram um túnel até um matagal vizinho. A mata e a escuridão no entorno da penitenciária dificultaram a busca da polícia, que, até a tarde de ontem, havia recapturado nove dos fugitivos. Eles são ligados ao chamado Sindicato do Crime, facção rival do PCC.  (Estadão)   

Os usos medicinais da maconha continuam a ser explorados por cientistas. Numa nova pesquisa, o canabidiol, derivado da planta, foi testado em pacientes que sofrem de uma forma rara e grave de epilepsia. A substância se mostrou capaz de reduzir a frequência das convulsões em 39%. (Globo)

Galeria: como seria o mundo sem pessoas? A Atlantic tenta responder à questão com 35 fotos de lugares abandonados pelo homem mundo afora. São construções interrompidas ou vilarejos vazios invadidos pela natureza, áreas evacuadas depois de tragédias e até shoppings e aeroportos fantasmas.   

As baleias, gigantes do mar, já foram pequenas. Se hoje quase todas as espécies delas têm entre 10 e 30 metros, há 27 milhões de anos, eram "miúdas" - mediam entre 3 e 10 metros. (Estadão) 

Bactérias fazem arte. Para isso, foram, é claro, alteradas geneticamente com o objetivo de responder à luz com pigmentos coloridos, em tons de vermelho, verde e azul. Elas terão, asseguram os cientistas, outra serventia para além da “pintura”.

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