O homem da mala de Temer pode delatar
O jogo traçado pelo presidente Michel Temer durante o fim de semana está sob risco. Ao colocar Torquato Jardim no ministério da Justiça, Temer transferiu para a pasta da Transparência Osmar Serraglio. Mas Serraglio não aceitou, ainda, o novo cargo. É um ponto de atenção para o governo: o deputado Rodrigo Rocha Loures, flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS, está na Câmara como suplente. Acaso Serraglio não aceite o convite, Rocha Loures deixará o Parlamento e perderá o foro privilegiado. A situação piora por conta da história contada, hoje, pelo repórter Jailton de Carvalho, do Globo. A defesa de Rocha Loures já está conversando sobre uma possível delação premiada. E já ouviu, também, uma resposta. A negociação é possível, mas será preciso que o deputado paranaense entregue todos os cúmplices. Na lista, esperam os membros da força-tarefa, estará Temer. E o deputado tem um incentivo particular para evitar a prisão. Sua mulher está grávida de oito meses. (Globo)
Enquanto isso, Temer segue o jogo para se manter na presidência. Com a saída de Maria Silvia do BNDES, terá menos resistência para distribuir empréstimos. Vai baixar medida provisória do Refis, que permitirá a empresas que refinanciem com parcelas entre 150 e 200 meses suas dívidas com a Receita. Outra MP, do Funrural, facilitará aos produtores rurais o pagamento de pendências com a Previdência. Todas as iniciativas seduzem deputados. No mesmo passo, os nomes indicados por parlamentares que se rebelam começarão a ser demitidos do governo.
José Roberto de Toledo: “Quanto mais o presidente fica em suspensão, maior o custo. Mais emendas parlamentares são liberadas, mais cargos públicos são loteados. A dívida pública voltou a bater recorde no mês passado, e, segundo o BC, vai continuar batendo até dezembro.” (Estadão)
O ministro Gilmar Mendes, que em geral se mostra alinhado com o governo, desafinou. Reclamou de fontes do palácio que insinuam a possibilidade de um ministro do TSE pedir vistas do processo que pode terminar na cassação de Temer. “Isso me irrita profundamente”, disse o presidente da corte a Mônica Bergamo. “Eles não sabem absolutamente nada do que ocorre no tribunal. Não cuidam nem sequer de seu ofício. Se fizessem isso, não estariam metidos nessa imensa crise.” Gilmar afirma que o TSE não é um departamento do governo e que sua função não é resolver crises políticas. “As fontes do Planalto são outro ramo das Organizações Tabajara, que é no que se transformou o Brasil.” (Folha)
Aliás... O humorista Helio de la Peña atacou via Twitter. “As Organizações Tabajara protestam contra comparações chulas e fantasiosas.” E Gilmar respondeu. “Me desculpem as Organizações Tabajara, não queria ofender.”
Editorial do Financial Times: “Tirar dois presidentes em dois anos é algo que salta aos olhos. Mas o mercado está segurando firme. Após uma torrente de vendas inicial, a calma foi restabelecida. Tanto o mercado de ações quanto a moeda se estabilizaram. O cálculo dos investidores é de que, não importa quem substitua Mr. Temer, ‘não haverá escolha’ que não continuar as reformas. Quanto mais cedo ele deixar o cargo, melhor.”
Piada que circula no Congresso: “Os bombeiros entraram num prédio incendiado, para verificar os destroços. Encontraram um português morto. Estava de cabeça para baixo, com o dedo indicador apontando para um dos cantos do cômodo. Ao lado da vítima, um extintor e e uma placa com a seguinte instrução: ‘Em caso de incêndio, vire para baixo e aponte para a chama’. Atordoado com as labaredas que consomem a gestão Temer, o PSDB imita o português. O partido já virou de ponta-cabeça. Só falta decidir para que lado vai apontar o bico.”
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega reconheceu ter uma conta não declarada na Suíça com saldo de US$ 600 mil. Segundo seus advogados, o dinheiro foi obtido com a venda de um imóvel.
O Brasil formalizou o pedido de adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As conversas com o clube dos países ricos vêm desde 2007. Esta é a última etapa antes da afiliação. Temer quer usar a iniciativa como trunfo perante empresários. (Globo)
Carta aos leitores assinada por Klaus Brinkbäumer, editor da principal revista alemã, Der Spiegel: “Donald Trump não tem a estatura para ocupar a presidência dos Estados Unidos. Não tem o intelecto necessário e não compreende o significado do cargo, muito menos as funções associadas a ele. Ele não lê. Não se dá ao trabalho de conferir documentos importantes ou relatórios de inteligência e conhece pouco das questões que escolheu como prioridades. Toma decisões por capricho. É um homem sem moral e demonstrou centenas de vezes que mente, que é racista, que trapaceia.”
O ex-ditador panamenho Manuel Noriega morreu na capital do país, ontem à noite. Tinha 83 anos e estava preso desde 1989 por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Cumpriu 20 anos de pena nos EUA e, depois, foi transferido para o Panamá. Desde janeiro, por conta da saúde precária, Noriega estava em prisão domiciliar.
Cultura
De Kevin Spacey sobre seu papel em House of Cards: “Você pode rotular o Frank Underwood de herói ou anti-herói, mas eu sirvo apenas ao roteiro. Minha opinião, geralmente, não importa, porque não deveria importar.” O ator falou ao Globo, em entrevista cercada de restrições. Estavam proibidas, por exemplo, perguntas sobre Donald Trump, sobre a política americana e até mesmo sobre os novos episódios. A quinta temporada da série já pode ser assistida na Netflix.
Pedro Doria: “Por trás das portas, na vida como ela é, nenhum dos políticos brasileiros se porta com a autoridade dos Underwoods. Ninguém é capaz de fitar o interlocutor com austeridade e dar uma ordem inequívoca como Frank, assim como nenhum tem o porte ereto e elegante que ressalta o olhar frio de Claire. Não inspiram autoridade. São, pelo contrário, inseguros”. (Globo)
Galeria: Nove momentos em que House of Cards lembrou mesmo a política como ela é. (Estadão)
Já chamada de ‘não convencional’, esta edição do Festival de Cannes teve momentos históricos — em especial para as mulheres. Além de ter feito, no domingo, um apelo por mais mulheres no cinema, o júri deu o prêmio de melhor direção a Sofia Coppola. É a segunda mulher na história de Cannes a vencer a categoria. Seu filme é estrelado por Nicole Kidman que, por sua vez, foi homenageada pelo festival com um prêmio especial, fora do previsto. E também uma mulher venceu a categoria de melhor roteiro, a escocesa Lynne Ramsay. (UOL e Estadão)
“Você é do ramo. Sabe tão bem quanto eu que existem mulheres com uma direção mais viril que a maioria dos homens.” Assim falou Sofia Coppola, em entrevista ao crítico Luiz Carlos Merten, do Estadão.
Falando em divas do cinema… Leandra Leal dirige o premiado documentário Divinas Damas, cujo trailer foi divulgado ontem. O filme tem estreia prevista para 22 de junho.
A Ancine quer que serviços de streaming tenham uma cota de produções brasileiras. Pede que Spotify, Netflix e Amazon tenham 20% de conteúdo nacional. O órgão, porém, reconhece que seu pedido é um tanto complicado — afinal, como fixar um percentual se as plataformas de streaming, livres de barreiras físicas, podem ter catálogos ilimitados? (Folha)
A Bienal de Veneza, num estupendo especial multimídia do New York Times.
Viver
Madri vai enxugar o espaço dos carros em uma das principais avenidas da cidade para privilegiar bicicletas e pedestres. A prefeitura anunciou que vai aumentar as calçadas e as faixas para ciclistas. O projeto, prometido já para 2018, deixará parte da Gran Vía com cinco pistas (uma só para bicicletas), e outra parte com quatro — duas para transporte público e duas a serem compartilhadas por ciclistas e carros.
Kabwe, no Zâmbia, é a cidade mais tóxica do mundo. Contaminada por chumbo, usado por mais de um século na extração de minérios, tem milhares de habitantes envenenados, inclusive gerações de crianças, numa escala “sem precedentes”, nas palavras do pesquisador Jack Caravanos, da Universidade de Nova York. Um teste recente com crianças atestou que, em média, elas têm 45 microgramas de chumbo por decilitro de sangue. O limite é de 5 microgramas.
A cracolândia de Bogotá, na Colômbia, foi desmantelada há um ano. Em maio de 2016, dois mil policiais removeram da região conhecida por Bronx cerca de três mil usuários de drogas que, então, se espalharam por ruas próximas. O bairro foi em parte demolido e, segundo a prefeitura, vai sediar indústrias da economia criativa (design, cinema, moda, entre outros) já no ano que vem. Ainda não há política pública clara para o tratamento dos dependentes.
Uma pessoa “comum” tem, em média, 13 segredos. Quase metade (47%) deles envolvem, como não?, quebra de confiança. A New Yorker apresenta esta nova pesquisa, da Columbia Business School, e retoma outros estudos, sobre os efeitos psicológicos de guardar confidências para si. Ter segredos é, dizem cientistas, uma condição da existência. E o que os torna nocivos nem é tanto seu conteúdo, mas, sim, o fato de a mente estar sempre a revisitar aquilo que não queremos confessar.
Cotidiano Digital
O Japão pretende autorizar o transporte de encomendas via drones em 2020. O governo quer melhorar a logística de entregas no país com o objetivo de aquecer a economia. Faz parte do pacote, também, o início da comercialização de caminhões autômatos em 2022.
A CBF fará uma experiência com os dois próximos amistosos da seleção brasileira. As partidas contra Argentina e Austrália, nos dias 9 e 13 de junho, não foram vendidas para a TV Globo, sua tradicional parceira. Vão passar na TV Brasil e, pela primeira vez, serão transmitidas ao vivo na internet.
Para ler com calma: “A internet está quebrada.” A frase é de Ev Williams, criador do Blogger, fundador do Twitter e CEO do Medium. O empreendedor, em sua longa carreira no desenvolvimento de plataformas de publicação digital, foi perfilado pelo New York Times. Segundo Williams, a tecnologia da rede premia os extremos e, portanto, o tipo de conteúdo que aparece mais é o pior possível. O cerne do problema, em sua avaliação, está na “arquitetura de criação de conteúdo, sua distribuição e monetização”. E é este problema que ele pretende resolver.”
