Governo acena com mais impostos; pode ser truque

Como num repente, o governo federal apareceu ontem com uma lista de tributos que planeja aumentar. Focam na parcela com mais dinheiro da população. Inclui tributos sobre heranças e doações, distribuição de lucros e dividendos em empresas, alguns tipos de investimento e, o mais polêmico, o Planalto quer interferir no Imposto de Renda. Quem ganha acima de R$ 20 mil passaria a devolver para o Leão 35% de seus vencimentos. Hoje, a alíquota é de 27,5%. No total, se todos fossem ampliados, os cofres públicos receberiam R$ 35,5 bilhões a mais. Mas a grita foi imediata. O presidente da Câmara, que não havia sido alertado previamente sobre os planos, barrou a ideia. Líderes dos partidos — incluindo o PMDB — o acompanharam de presto. Perante a falta de apoio, o governo recuou no fim da tarde. (Estadão)

José Paulo Kupfer: “Não era preciso que líderes da base aliada no Congresso e lideranças empresariais manifestassem aberta e imediata resistência aos anúncios de que estão em estudos medidas para elevar a tributação sobre a renda dos extratos mais ricos da população. É intuitivo que não seria nada fácil passar um pacote com essas características. Considerando o perfil dos parlamentares e as forças no Congresso, uma hipótese plausível é que não se trata de um pacote de medidas para valer, mas lançado ao ar para facilitar a aceitação de uma revisão para cima da meta fiscal do ano — hoje fixada em um déficit de R$ 139 bilhões — e, quase em consequência natural, da meta de 2018 — déficit de R$ 129 bilhões. Revisar a meta fiscal é quase um imperativo.” (Globo)

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A defesa de Michel Temer foi ao Supremo pedir que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seja impedido de atuar em qualquer investigação que envolva o presidente. “A atuação vem extrapolando em muito os seus limites”, questiona o advogado Antonio Mariz. “A motivação, tudo indica, é pessoal.” A decisão está a cargo do relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, que não tem prazo. Sob ataque cerrado — na segunda, de Gilmar Mendes, na terça do próprio presidente — Janot foi homenageado numa cerimônia pelos seus pares procuradores. “Temos orgulho de conviver com Vossa Excelência”, disse um dos conselheiros do MP em discurso, “um homem público que tem feito a diferença neste país.” (Globo)

A oposição, por sua vez, prepara estratégia para receber na Câmara a segunda denúncia de Janot contra Temer. O objetivo é se organizar para trazer a população às ruas, gerando a pressão necessária para mover os deputados.

Porém... A análise é de Cesar Maia, pai do presidente da Câmara. “As mobilizações populares têm características que se repetem. A dialética das mobilizações observa um polo sobre o qual são direcionados os protestos. E outro polo são as alternativas. Se há que eliminar um polo, simultaneamente, a mobilização deve se dirigir a impulsionar o outro. O polo alternativo é automático. Essa é sempre a marca das revoluções. O Fora Collor tinha os dois polos. O Fora Dilma tinha os 2 polos. O Fora Temer tinha apenas um polo, até porque a alternativa de Diretas Já, proposta, por ser inexequível, era apenas um slogan de auto-agitação.” Para ele, sem alternativa clara a Temer, simplesmente não houve motivação para levar a população à rua.

Enquanto parte para a briga com Janot, Temer recebeu, ontem à noite, a futura procuradora-geral Raquel Dodge. Não havia qualquer menção a esta conversa na agenda e o tema discutido não foi divulgado.

Segundo Vera Magalhães, Dodge planeja fazer o recall de algumas delações que incluem a de Sérgio Machado, Delcídio Amaral e alguns dos executivos da Odebrecht. Eles serão chamados a responder sobre inconsistências no que contaram. (Estadão)

Vera Magalhães: “Dentro de sua estratégia de se apresentar ao Brasil como o ‘anti-Lula’, forma pela qual foi retratado na capa de uma revista nesta semana, é conveniente a João Doria Jr. atribuir a ovada certeira com que foi recebido em Salvador a petistas intolerantes, mas que o prefeito tucano e os demais postulantes à Presidência não se enganem: a campanha de 2018 será daí para pior, nas ruas, nas redes sociais, nos palanques e nos debates. O mau humor com a política e os políticos, mesmo os que teimam em se negar como tais, é generalizado.” (Estadão)

Aliás... Doria tem viagens programadas para sete estados este mês. E não é só o prefeito paulistano que está iniciando rodadas pelo Brasil para consolidar uma candidatura ao Planalto. Seu principal adversário no partido, o governador Geraldo Alckmin, vai a Porto Alegre na sexta-feira e Florianópolis, no sábado.

A Coreia do Norte ameaçou atacar Guam, uma ilha no Pacífico que é território dos EUA. Pelo menos uma das agências de inteligência americanas afirma acreditar que Kim Jong-un já tem a tecnologia necessária para miniaturizar um artefato nuclear para encaixe em ogiva de míssil. O presidente Donald Trump ameaçou o país com “fogo e fúria como o mundo nunca viu”. (Globo)

Cultura

David Letterman, o histórico apresentador do programa da TV americana Late Show, aposentou-se em 2015, depois de 30 anos. Desde então, dizia-se, em entrevistas, um aposentado convicto. Mas parece ter mudado de ideia, pois anunciou que terá um programa na Netflix, previsto para 2018. Fará entrevistas e também reportagens, fora do estúdio, nas ruas. via Pioneiros

Falando em Netflix… Um dos executivos da empresa defende que a elaboração dos catálogos, customizados país a país, não é fruto apenas dos famosos algoritmos, que cruzam dados para otimizar o serviço (ou melhor, fazê-lo atrair mais assinantes e, assim, gerar mais lucros). Segundo a Folha, o americano Todd Yellin afirma que “algoritmo não é bola de cristal”: “Há intuição sobre o que é melhor em cada gênero ou região. Mas dados ajudam a criar diversidade”.

O artista chinês Ai Weiwei desembarcou em São Paulo nesta semana. Fumou um baseado com Zé Celso, diretor do grupo Oficina, no Centro, jantou na casa do presidente do Masp, entre convidados da elite paulistana, no Morumbi, e foi até a um jogo do Palmeiras, conta na Folha o repórter Silas Martí, na cola do mais famoso artista contemporâneo da China.

Na semana em que Caetano completa 75 anos, vale relembrar uma preciosidade: a Rádio Batuta, do IMS, tem longo programa com 54 músicas dele intercaladas por comentários, numa conversa das boas entre o cantor e o poeta Eucanaã  Ferraz.

Curador de fotografia do MAM de São Paulo, Eder Chiodeto indica cinco livros, a convite do Nexo, “para transcender o fotográfico”. A lista foge dos clichês. Inclui, por exemplo, título do poeta Manoel de Barros.

Viver

Um dos casos emblemáticos das jornadas de junho de 2013, Rafael Braga, morador de rua, foi preso por carregar um ‘artefado explosivo’. Era uma garrafa de Pinho Sol. Solto em condicional em janeiro de 2016, terminou preso novamente. Tinha, segundo a polícia do Rio, 0,6g de maconha e 9,3g de cocaína. Braga diz que o flagrante foi forjado. Na primeira instância, o juiz o condenou por tráfico. Pena: 11 anos e três meses de prisão. O TJ do Rio confirmou em segunda instância a condenação por dois votos a um. Sua defesa segue para o STJ. via Pioneiros

Não custa lembrar... Breno Borges, filho da desembargadora matogrossense Tania Borges, foi detido com 129 kg de maconha e armas. Não pegou cadeia. Foi levado pela Justiça para uma clínica.

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Julian Assange ofereceu emprego ao engenheiro do Google que foi demitido após redigir e divulgar um manifesto sexista, em que defende, entre outros, que homens são melhor preparados que mulheres para a indústria da tecnologia. “Mulheres e homens merecem respeito. Isso inclui não demiti-los por expressarem suas ideias educadamente, mas, sim, contra-argumentar”, escreveu Assange no Twitter. (Globo)

Boa parte dos primeiros programadores eram programadoras. Há algumas décadas, a ideia de que o campo da tecnologia era mais masculino do que feminino pareceria irreal. De acordo com os números americanos, até 1984 havia mais graduandas em ciência da computação do que em medicina, por exemplo. O que mudou tudo foram os computadores pessoais e sua publicidade, dirigida para o público masculino. Um estudo detectou que, a partir dos anos 1980, famílias compravam PCs para meninos — não tanto para meninas. E é aí que se deu a virada.

Um bem-te-vi (isso, o pássaro) cumpria a função de zelar pela saúde dos frequentadores de um bar no bairro do Catete, no Rio. Dava voos rasantes e sacava da mão do freguês o cigarro que estivesse fumando. Depois, destruía-o a bicadas. Como não é de ferro, também caçava um petisco aqui outro ali, das porções servidas pelo bar. Há dias, conta o Globo, o bicho desapareceu.

Cotidiano Digital

O governo Temer pegou quem cuida da internet no Brasil desprevenido e abriu uma consulta pública para mexer em como funciona o Comitê Gestor da Internet brasileira. O CGI define a estratégia de desenvolvimento da rede no Brasil, regula os domínios terminados em .br, recomenda as normas técnicas conforme a rede muda e cuida para que a qualidade técnica seja alta. As empresas de telecomunicações gostariam de ter mais espaço — hoje, têm direito a 4 das 21 cadeiras. Há espaço também para o governo (9 cadeiras), ongs do setor (4), comunidade científica (3) e uma pessoa da sociedade de notório saber. Cristina De Luca explica o que pode mudar.

A partir de 2019, os novos filmes Disney não serão mais listados pela Netflix. Os canais a cabo da holding, que vão dos infantis à ESPN, estão em queda. Por conta, os executivos estão repensando a estratégia e pretendem lançar dois serviços de streaming. Em 2018, um dedicado a esportes com a marca ESPN. E, em 2019, outro com o selo Disney.

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