Partidos se chocam por reforma política
A Comissão Especial da reforma política aprovou o texto base redigido pelo deputado petista Vicente Cândido e uma série de emendas. O Distritão para eleição de parlamentares passou apertado — 17 votos a 15, com duas abstenções. Hoje, deputados federais e estaduais, assim como vereadores, são eleitos pelo voto proporcional. O percentual que cada coligação recebe é distribuído a partir de uma conta complexa entre os mais votados do grupo. Com o novo sistema, que valeria em 2018 e 2020, serão eleitos os parlamentares que receberem mais votos, não importa partido ou coligação. A comissão deve aprovar hoje que, a partir de 2022, o Brasil instituirá o sistema alemão, Distrital Misto. O projeto aprovado também cria um fundo de R$ 3,6 bilhões para financiar a campanha do ano que vem. Os plenários de Câmara e Senado ainda precisam aprovar o projeto por maioria de três quintos e em duas votações cada. (Globo)
O Distritão é um sistema polêmico, pois ignora o peso de votos dos parlamentares não eleitos. Apenas quatro países do mundo o adotam — Afeganistão e Jordânia, que têm pouca tradição democrática, e as ilhotas Vanuatu e Pitcairn, que somam, juntas, menos de 300 mil habitantes. Os comandos de PSDB e PT se movem para garantir que o sistema seja realmente uma transição para o distrital misto. Parte do Congresso defende a adoção definitiva. (Globo)
Em seu encontro fora de agenda com o presidente Michel Temer, a futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recebeu o convite de realizar sua posse no Palácio do Planalto. Seria um sinal de normalização das relações entre a PGR com o chefe do Executivo. Temer, segundo fonte da repórter Andréia Sadi, também explicou a Dodge por que pediu ao Supremo que declarasse suspeito o atual PGR, Rodrigo Janot. A procuradora, de acordo com a mesma fonte, ouviu a explicação em silêncio.
Bernardo Mello Franco: “Raquel Dodge ainda não assumiu a PGR, mas já cometeu o primeiro deslize. É o mínimo que se pode dizer de seu encontro às escondidas com Michel Temer, investigado e denunciado pela Lava Jato. Além de fora da agenda, a conversa aconteceu fora de hora. No mesmo dia, Temer pediu que Rodrigo Janot seja afastado das investigações que o envolvem. Ao visitá-lo, Dodge desautorizou o chefe e passou a ideia de que concorda com a ofensiva do presidente contra a instituição que passará a comandar. A subprocuradora tem currículo para comandar o Ministério Público, mas ainda terá que demonstrar independência de quem a nomeou.” (Folha)
Existem algumas maneiras de entrar no Palácio do Jaburu, residência do presidente Michel Temer. Apesar da cerca de vasos com arbustos posta recentemente, quem entra pela porta da frente sabe que será flagrado por ao menos um dos muitos cinegrafistas e fotógrafos que por ali fazem plantão 24 horas por dia. A Constituição, lembra o Nexo, recomenda, mas não impõe, que a agenda do presidente da República seja pública. O site faz uma memória destes encontros não registrados.
O advogado Rodrigo Tacla Durán, que representou a Odebrecht por anos, acusa a empreiteira de ter falsificado extratos bancários apresentados como prova de propina na delação premiada. Durán se encontra na Espanha, que por enquanto não vai extraditá-lo. A Odebrecht nega. (Folha)
A incapacidade do PSDB de agir como unidade é séria. Embora seja um dos três principais partidos do país, extrapolou a metáfora do partido em cima do muro e rachou. Não consegue se posicionar. Em conversa com o Estadão, o ex-presidente do partido, senador Aécio Neves, declarou que “não é mais pauta do PSDB deixar o governo”.
Mas... Foi ao ar na TV um teaser (vídeo) para o programa dos tucanos que será exibido no dia 17. O mote é ‘O PSDB errou’. Quem banca este tom é o presidente interino, Tasso Jereissati. O braço governista do partido reclama. (Folha)
O Buzzfeed Brasil conta a história do publicitário por trás do programa do PSDB como está e de sua antiga ligação com Tasso. via Pioneiros
Aliás... Não será fácil a vida de Temer. Precisa do PSDB para aprovar a reforma da Previdência. E, informa Gerson Camarotti, o Centrão da Câmara, que lhe garantiu a vitória para impedir que o Supremo o julgasse, vai impedir a reforma caso o presidente não redistribua os ministérios tucanos.
O STF decidiu por 7 votos a 3 que não pedirá aumento de salário este ano. “Nunca vi um momento de tamanha gravidade”, disse a presidente Cármen Lúcia. “Não podemos desconhecer a crise fiscal e a alta preocupante da taxa de desemprego”, continuou o decano Celso de Mello. Acompanharam os dois Dias Tóffoli, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Edson Fachin. Pediram aumento Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux. O aumento dos ministros do Supremo é repetido em cascata para todos os juízes do país. (Estadão)
Cultura
A notícia de que a Disney vai retirar seu conteúdo da Netflix a partir de 2019 não se aplica ao Brasil. A ‘filial’ brasileira da plataforma de streaming informou, via Twitter, que cada região do mundo é regida por um acordo específico e reiterou que segue “em relacionamento sério” com a Disney por aqui.
Ainda a Netflix: a empresa anunciou que, em 2018, terá série assinada pelos irmãos Coen, diretores de Fargo e Onde os Fracos Não Têm Vez. Vai se passar no Velho Oeste, em seis episódios.
Bill Murray foi ver O Dia da Marmota na Broadway. O espetáculo é uma adaptação do filme (no Brasil, chamado Feitiço do Tempo) protagonizado por ele e aclamado pela crítica, como obra-prima da comédia e uma de suas melhores atuações. Segundo o New York Times, na plateia do teatro, o ator foi das gargalhadas ao choro. Na saída, emocionado, exaltou o ponto-chave do roteiro: “A ideia de que só temos que tentar de novo. Nós só precisamos tentar de novo. É uma ideia tão bonita, tão poderosa”.
Os Tribalistas estão voltando. A banda formada por Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte anunciou ontem, em vídeo ao vivo no Facebook, que vai lançar disco no fim do mês, 15 anos depois do primeiro e único álbum do trio. Gravaram 10 inéditas para a volta, que será ‘oficializada’ com um especial na Globo, a ser exibido no dia 31.
Já dá pra ouvir, aliás, quatro das músicas novas do grupo, liberadas ontem na internet.
Para ler com calma: Tales Ab’Saber, ensaísta e psicanalista, escreve sobre o álbum de Milton Nascimento e Lô Borges Clube da Esquina, que completa 45 anos. Discorre sobre o apelo à beleza contido na voz de Milton, sobre o contexto do lançamento, a formação de Lô e o impacto “fortemente afetivo do disco” que, para Ab’Saber, “colore o mundo de enigma, tristeza e beleza".
Para ouvir: o lendário Clube da Esquina, no Spotify.
Viver
O Tribunal de Justiça do Piauí decretou uma prisão por ‘estupro virtual’. A sentença, segundo o próprio TJ, é inédita no país. Embora não houvesse contato físico entre vítima e agressor, ele a coagia via Internet a praticar “ato libidinoso em si própria, como longa manus do agente”, avaliou o juiz do caso. Por meio de um perfil falso no Facebook, o réu ameaçava divulgar imagens íntimas da vítima caso ela não lhe enviasse novos conteúdos do tipo. via Pioneiros
A propósito: o Senado aprovou ontem uma emenda à Constituição que torna imprescritível o crime de estupro — atualmente, a prescrição pode chegar a 20 anos, mas varia caso a caso. A emenda ainda passará pela Câmara. (Folha)
Em novembro próximo, completam-se dois anos do maior desastre ambiental da história do Brasil. O rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco destruiu cidades em Minas, lambeu casas, contaminou rios e deixou um rastro de mortes. Parte das ações para punir os responsáveis, no entanto, parou, a pedido de advogados da Samarco, em julho passado. O Nexo atualiza o caso e informa quais ações caminham e quais estão paralisadas na Justiça.
Aliás... das multas ambientais que lhe foram aplicadas, a Samarco pagou apenas 1%, segundo o Estadão. Ao todo, a empresa recebeu 68 multas, que somam R$ 552 milhões. O 1% pago corresponde apenas à entrada de uma delas, parcelada em 59 vezes.
Em Montevidéu, uma farmácia resolveu interromper a venda legal de maconha, para a qual estava credenciada e autorizada pelo governo. Também pularam fora outros cinco pontos de venda que planejavam aderir ao convênio com o Instituto de Regulação e Controle da Cannabis. Os desertores alegam problemas com as regras do sistema financeiro internacional, informa o Globo. Bancos com matrizes ou contratos em outros países, que não consideram legal a venda de maconha, não aceitam transações provenientes do negócio.
A busca por “cabelos cacheados” no Google superou as pesquisas por “cabelos lisos” no Brasil. Pela primeira vez. Segundo dossiê do Google BrandLab de São Paulo, um programa da empresa para guiar estratégias de marcas, a busca pelos cachos cresceu 232% só no último ano. No link, o relatório completo, que reúne muitos outros números sobre o tema.
Ainda a revolução dos cachos: para Amanda Sadi, gerente do Google BrandLab de São Paulo, “um dos principais fatores que contribuíram para o crescimento nas buscas foi o discurso de empoderamento feminino e de aceitação da própria beleza”. Em entrevista ao Globo, ela segue: “Aceitar os cabelos cacheados extrapola a vaidade, joga luz em questões importantes sobre identidade e expõe a necessidade de se ter maior representatividade em todas as áreas”.
Cotidiano Digital
O relatório anual do FCC sobre o estado do acesso à internet nos EUA tira uma conclusão surpreendente. Talvez não seja mais preciso insistir num projeto de universalização da banda larga fixa, sugere a Anatel americana. Conforme se amplia o acesso à velocidade de 10Mbps em celulares, a banda larga móvel tende a substituir aquela que chega via cabo.
Diga-se... O raciocínio faz sentido. E tem precedente: a telefonia celular tornou desnecessária a expansão da telefonia fixa, por exemplo. Mas inúmeros críticos afirmam que é cedo demais — a banda larga móvel não é tão boa assim nas regiões onde não há banda larga fixa. E o FCC sob Donald Trump está forçando o argumento. A equipe do excelente 538 mergulhou no Colorado para encontrar a pior conexão de rede dos EUA.
E por falar em internet pelo celular... Os iPhone 8 não foram lançados, mas já estão sendo fabricados.
Um grupo de pesquisadores mostrou que é possível hackear os carros autômatos atuais sem conhecer tecnologia. O simples ato de colar adesivos em placas de trânsito, dificultando um pouco sua leitura, pode fazer com que um carro-robô não compreenda um sinal de parar. Ou de mudança de velocidade máxima. via Pioneiros
