Um ataque à Catalunha

Foram 13 mortos, mais de 100 feridos, quando se repetiu ontem, em Barcelona, o tipo de atentado que tem se espalhado pela Europa. Às 16h50, hora local, uma van desgovernada desceu La Rambla — a mais popular das ruas turísticas — levando quem pôde pelo caminho. O autor do atropelamento fugiu, mas duas pessoas foram detidas. Uma delas foi a responsável pelo aluguel do veículo, e a outra é suspeita de ter preparado uma bomba. Na manhã de sexta-feira houve um terceiro preso. O atentado foi assumido pelo Estado Islâmico. Gesto atípico: em geral, o EI assina seus atentados quando os terroristas já morreram e não têm o que dizer. Desta vez, antecipou-se.

Quando já era madrugada na Catalunha, horas após o atentado de Las Ramblas, a polícia matou a tiros quatro homens que romperam um bloqueio, atropelando alguns pedestres na cidade vizinha de Cambrils. Um quinto, baleado no local, morreu depois. Todos vestiam coletes falsos de homem-bomba. Um policial e seis civis se feriram nesta operação. Os investigadores consideram que estes suspeitos possam estar envolvidos com a explosão de uma casa noutra cidade próxima, ocorrida na quarta, e que deixou uma morte. (New York Times)

Chico Amaral, editor-executivo do Globo e que viveu 12 anos por lá, explica o lugar e a alma de Barcelona: “Las Ramblas é a parte mais visível da riqueza cultural catalã e de seu embate com o turismo. Descendo em direção ao mar, parte da Plaza Catalunya, limite da antiga cidade medieval, desemboca em um dos portos mais movimentados do Mediterrâneo. Por esta alameda que separa o centro antigo do populoso bairro do Raval, núcleo muçulmano, passou boa parte da história da cidade.”

PUBLICIDADE

A Polícia Federal amanheceu nas ruas cumprindo mandados simultâneos para a 43ª e 44ª fases da Lava Jato. No Rio e em São Paulo. É a primeira vez em que duas fases ocorrem ao mesmo tempo. O ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, ex-PT, é um dos alvos de prisão temporária. Ainda não havia mais detalhes no fechamento desta edição.

No início da noite de ontem, aconteceu Gilmar Mendes. O ministro do Supremo concedeu habeas corpus aos empresários dos ônibus cariocas Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, acusados de pagar propinas a políticos do Rio. Concedeu-lhes, assim, liberdade. Gilmar é padrinho de casamento da filha de Barata. Sua mulher é sócia do escritório de advocacia que o representa.

Da assessoria de imprensa do ministro: “o casamento não durou nem seis meses”. (Globo)

Nem Barata, nem Teixeira, ganharam liberdade. O juiz de primeira instância Marcelo Bretas expediu novo mandado de prisão contra Lélis, pela acusação de envolvimento com fraudes no transporte ligado à Prefeitura do Rio. Contra Jacob já existia outro mandado, por evasão de divisas.

Comentário do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da Lava Jato, em seu Facebook: “Realmente ele não compreende o conceito de suspeição de um magistrado.”

Pois é. Gilmar Mendes acontece. A lista tríplice anunciada ontem dos candidatos à nova cadeira do TSE, presidido por Gilmar Mendes, é composta por três professores da faculdade cujo dono é Gilmar Mendes. (Folha)

Aliás... É de Carlos Fernando o artigo publicado ontem, no Globo: “Se houver mesmo a mudança de entendimento do STF sobre a execução provisória da pena de prisão após o julgamento dos recursos de segunda instância, nenhum réu condenado na Lava-Jato, seja Lula, seja Cunha, seja lá quem for, mesmo confirmada a sentença de Sérgio Moro pelo TRF4 de Porto Alegre, cumprirá pena. A impunidade vai prevalecer.”

Danilo Dias, também procurador: “Os sinais emitidos pelo Legislativo, pelo Executivo e por algumas figuras proeminentes do Judiciário, ora por gestos, ora por fala direta, são muito claros. Tudo leva a crer que, passado o susto inicial, o sistema político intrinsecamente corrupto rearranjou-se e fortaleceu-se. O indispensável apoio da opinião pública ao trabalho de combate à corrupção desvaneceu e parte da imprensa normalizou a lei do vale-tudo na política. Hoje a nossa única esperança está na sociedade. Na quadra atual não há meio termo. Não há espaço para a indignação inerte. Fomos longe demais para retroceder. O cinismo está instalado definitivamente em nossa República, pois para os corruptos nada mais há a esconder: perdeu-se o pudor e até a hipocrisia.”

Entre 1999 e 2013, o Brasil fez 15 anos consecutivos de superávit primário, somando R$ 801,6 bilhões. A partir do ano da reeleição da presidente Dilma Rousseff, a conta inverteu e o déficit chegou a R$ 296,6 bilhões. O buraco chegará a R$ 818,6 bilhões em 2020 — anulando o esforço fiscal de 15 anos de metas. (Estadão)

Cultura

Em São Paulo, o Teatro Oficina apresenta ‘espetáculos-festa’ amanhã e domingo, às 16h, para comemorar os 56 anos do espaço Terreyro do Oficina. Já a Companhia do Latão reencena, só neste fim de semana, a peça A Comédia do Trabalho. E, durante a semana, na quinta, 24, tem início a SP-Arte Foto.

No Rio, o CCBB recebe hoje shows de Céu e Pato Fu e, amanhã, de Tom Zé e Pedro Luís & A Parede, parte da homenagem à Tropicália, também tema de mostra no centro cultural. Na próxima quarta, 23, João Moreira Salles, Yasmin Thayná, Ricardo Lisias, Thiago Ferro e Pedro Meira Monteiro debatem memória e ficção no cinema e na literatura.

Para mais indicações culturais, assine a newsletter da Bravo!.

Nos cinemas, chegam às telas, entre outros longas, o nacional Corpo Elétrico (trailer), de Marcelo Caetano, e o polonês Afterimage (trailer), último filme de Andrzej Wajda, morto no final de 2016. Confira mais estreias deste fim de semana.   

Morreu ontem, no Rio, Paulo Silvino, aos 78 anos. Conhecido por sua atuação em comédia, o ator era, como definiu Tony Goes na Folha, “um coadjuvante que roubava a cena”. “Ao longo das décadas, encarnou inúmeros personagens, mas quase todos transpiravam a mesma persona: o sujeito mulherengo, sem papas na língua, que falava duras verdades no mais perfeito timing cômico.”

Trecho do livro do ‘menino do Acre’: “Eu mesmo, quando criando e me cerceando desta energia criativa e poderosa, durmo de 2 a 4 horas por dia, e, quando tinha 20 anos, passei uma semana dormindo 30 minutos diários e alguns dias eu não dormia, com todo o furor e sobre jejum eu me postava a desenvolver obras que me faziam ficar alarmantemente inspirado”. O livro do estudante Bruno Borges, aquele que sumiu (e voltou) depois de deixar as paredes do quarto cobertas com textos enigmáticos, além de mal escrita e presunçosa, beira o cômico, segundo resenha publicada no Uol.

Drummond publicou 38 mil versos, só 13,6% deles rimados. Criou 432 neologismos e usou 845 nomes próprios nas poesias. Os dados foram organizados pelo genro do escritor. Integram especial que a Folha publicou ontem, nos 30 anos da morte do poeta, com números, análise, reportagem e, claro, poesia.

O Rock in Rio lançou um aplicativo para os que vão se aventurar no festival. Reúne serviços úteis, como horários das atrações e mapa interativo da Cidade do Rock.

A Netflix estreia hoje a série Os Defensores, que reúne num produto só quatro grandes heróis da Marvel: Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro.

Viver

Eles só queriam confirmar a origem que afirmam ter. E, assim, supremacistas brancos se submeteram a exames de ancestralidade, testes genéticos que traçam a origem étnica e geográfica do sujeito. Não podia dar certo. Num novo estudo, dois sociólogos relatam anos de observação de um fórum nacionalista branco e neonazista, com 600 membros. Tratam das reações deles a resultados, digamos, inesperados. A reclamação de um: “E lá os cientistas se dão ao trabalho de explicar que havia brancos onde é hoje o Senegal há muito tempo atrás? Não!”

PUBLICIDADE

Textões (ou textinhos) alarmantes nas redes sociais não são úteis para mudar o mundo, defende a Atlantic. Embora o apelo emocional seja um dos pilares do ativismo na internet, segundo a revista, compartilhar medo e ansiedade só gera… medo e ansiedade. Mas não leva à ação.

“Arrisco dizer que o que a gente fuma, nos países em volta do Paraguai, a pior maconha do mundo, uma das mais maltratadas. Colhida e plantada sem higiene nenhuma. O produtor visa apenas o lucro, e para ter o máximo de lucro e o mínimo de perda, ele faz de maneira muito precária. E mistura folha, galho e outras coisas que são só impurezas.” O ativista Wiliam Lantelme defende a cultura grower (de plantar a erva em casa). Em entrevista ao Estadão, ele explica as vantagens e riscos do modelo — no Brasil, quem planta (sem autorização judicial) pode ser preso como traficante, com pena de até 15 anos.

Galeria: o estilo de vida de milionários em Dubai, em ensaio fotográfico premiado pela Magnum neste ano. Inclui bizarrices como: uma casa com cômodos submersos no meio de uma ilha (fabricada pelo homem, como não?) ou uma floresta tropical indoor, com 3 mil espécies de plantas, além de animais e pássaros, tudo ‘importado’ dos trópicos.

Cotidiano Digital

De uma forma um quê peculiar, o telefone de casa pode retornar. Desde ontem, a torrezinha Google Home, já popular nos EUA, faz ligações perante o comando ‘ok, Google, call mom’ — para uma conversa pelo viva voz, via internet, sem a necessidade de encontrar o celular. Como reconhece a voz das pessoas que vivem na casa, liga até para a mãe certa, desde que registrado nos contatos. Seu principal concorrente, o Amazon Echo, já tinha esta capacidade. (Washington Post)

E por falar nisso... O assistente de voz do Google, nos celulares com as últimas duas versões do Android, já entende português brasileiro. Basta falar, nenhuma configuração é necessária. A língua pátria só não chegou ainda ao Google Home. (Estadão)

Há um certo agito no mercado da publicidade com um novo formato: a propaganda em vídeo de seis segundos. Apenas seis. Os números iniciais sugerem que, ao menos entre o público mais jovem, chamam mais atenção e são mais lembrados do que os padrões atuais de 15 e 30 segundos. Nasceu na internet. via Pioneiros

Sem que se tenha feito qualquer alarde, os impostos sobre software como serviço — programas contratados via internet por mensalidade — aumentaram 39,63%, nos casos em que a fatura é emitida por empresas no exterior.

Um drone sobrevoa o novo campus da Apple.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.