Crise ameaça rachar PSDB
O presidente Michel Temer se encontrou algumas vezes nos últimos dias — fora da agenda, claro — com o senador Aécio Neves. Segundo a repórter Andréia Sadi, querem esvaziar Tasso Jereissati, presidente do PSDB, e autor solitário do programa de TV pró-parlamentarismo com duras críticas ao governo. Para Temer, o ideal era ter Aécio de volta ao comando da legenda. Oficialmente, porém, conversaram sobre a Cemig.
Merval Pereira: “Tudo indica que a substituição de Tasso foi a parte substantiva da conversa. Uma manobra bastante arriscada para os tucanos, que já vivem uma disputa interna sobre a candidatura à presidência e abririam uma crise mais grave que as anteriores, marcando uma divisão que talvez se torne definitiva, auxiliada pelo clima de polarização que domina a política nacional.” (Globo)
Os tucanos governistas — também aecistas — vão aumentar a pressão e ameaçam deixar o partido caso Tasso siga no comando. O DEM já acenou que os acolhe em seu projeto de engordar a legenda. (Folha)
Presidente do diretório paulistano do PSDB, Mário Covas Neto reclamou. “A presença de Aécio Neves em reuniões nos causa desconforto e embaraços”, conforme publicou no Facebook. O vereador de São Paulo foi duro. “Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido.” Não ficou sem resposta. “Ele, que já foi alvo de acusações extremamente graves”, disse ao Estadão Domingos Sávio, que preside o diretório mineiro, “devia ter aprendido que cabe a quem acusa o ônus da prova.”
Nota pescada lá do meio do Painel de domingo: os tucanos pró-Temer calculam que Tasso namora a ideia de ser ele o candidato do partido em 2018. (Folha)
A Câmara começa a semana encantada com o modelo do Semidistritão para eleger deputados e vereadores em 2018 e 2020. Jamais testado no mundo, o sistema propõe voto direto para os parlamentares — quem se sair melhor nas urnas entra, como ocorre nos cargos executivos e Senado —, mas também permite o voto em legenda. Não está claro como os votos para a legenda seriam distribuídos entre os candidatos de cada partido. No sábado, o presidente da Casa Rodrigo Maia se reuniu com o onipresente ministro Gilmar Mendes para discutir a reforma política — em particular a possibilidade de se implantar um Parlamentarismo, como prefere o PSDB. A proposta não atrai aliados no Congresso. (Globo)
Na condição de presidente do Conselho Nacional de Justiça, a ministra Cármen Lúcia determinou que os tribunais do país informem ao órgão quanto pagam a cada juiz — e com detalhes. Quer os números até o dia 28. O CNJ tornará públicos todos os salários e ganhos extras dos juízes. O teto dos magistrados é de R$ 33.763, mas os tribunais consideram que aí entra apenas o salário nominal, e não inúmeras gratificações e verbas adicionais.
O ministro Luís Roberto Barroso se adiantou. Recebe R$ 23 mil líquidos. Ele defende que os salários devam ser bons — juiz mal pago é um perigo. Mas que não pode haver abuso e que a remuneração deve ser conhecida.
Mas... É Elio Gaspari quem lembra: são do próprio CNJ as muitas decisões que permitem os rompimentos de teto salarial no Judiciário. Mudar isto está na mão da ministra Cármen Lúcia. (Globo ou Folha)
O ministro Gilmar Mendes, que mandou soltar da cadeia os empresários cariocas de ônibus Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, decidiu no sábado estender o habeas corpus a outros quatro donos de empresas de ônibus.
Bernardo Mello Franco: “O ministro é conhecido por abrir as portas da cadeia a personagens envolvidos em grandes escândalos. A novidade da vez é que o ministro foi padrinho de casamento da filha de Barata. Além do laço nupcial, o MPF apontou outros motivos para ele se declarar suspeito de julgar caso. Seu cunhado é sócio de Barata, e a mulher dele trabalha no escritório de advocacia que defende as empresas de ônibus. Gilmar não se constrangeu. Enquanto seus colegas do Supremo se mantiverem em silêncio, ele continuará a atuar assim: desimpedido.” (Folha)
Em vídeo: do jurista Modesto Carvalhosa sobre o ministro Gilmar Mendes.
Está viralizando um abaixo-assinado pelo impeachment de Gilmar.
Assim como viralizou, na sexta-feira, um áudio falso no qual um anônimo dizia ter-se demitido da TV Globo porque a emissora estava em campanha para colocar Lula na presidência. Enganou muita gente. Até Michel Temer distribuiu via WhatsApp.
Steve Bannon, do site da ultradireita americana Breitbart, está de volta ao comando jornalístico após ter sido demitido na sexta-feira por Donald Trump. Como estrategista-chefe, Bannon levou à Casa Branca sua política nacionalista, protecionista, anti-imigração e que frequentemente flerta com o racismo. Segundo Ryan Lizza, da New Yorker, passou seu período de proximidade ao Salão Oval numa luta interna contra o lado pró-globalização e livre mercado do Partido Republicano. Ele deixa o governo. Mas não está claro se o governo abandonou suas políticas.
Viver
Dez estupros coletivos por dia. Dez. Num só dia. O terrível dado está entre outros obtidos pela Folha junto ao Ministério da Saúde. Os números revelam ainda que Acre, Tocantins e Distrito Federal lideram as taxas de estupro coletivo a cada cem mil habitantes e que as notificações deste tipo saltaram de 1.570 em 2001 para 3.526 no ano passado. Sim, o aumento é grande — ainda mais quando se leva em conta o fato de que casos de violência sexual são historicamente subnotificados. Como disse à Folha Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea, “infelizmente, é só a ponta do iceberg”. E completa. “A violência sexual contra a mulher é um crime invisível, há muito tabu por trás dessa falta de dados.”
A culpa é dos algoritmos. Os aplicativos e serviços de paquera online são tão ruins por causa deles, dos dados, e não de você, solteiro refém da era digital. Um novo estudo entrevistou 350 pessoas e usou as informações coletadas para alimentar o algoritmo que, em tese, seria capaz de predizer e combinar pares afins. Em tese. As cobaias saíram para encontros reais e, entre um e outro date, preencheram questionários sobre os sujeitos paquerados. Pois as respostas não bateram com o que previam os algoritmos, estes cupidos ainda em formação.
Hoje é dia de eclipse total do Sol nos Estados Unidos. A estrela vai desaparecer por todo o país, de costa a costa, encoberta pela Lua. Dependendo da localização, explica o Estadão, os americanos poderão assistir ao eclipse por um período máximo de dois minutos e 40 segundos. Pesquisadores brasileiros estarão nos EUA para estudar o fenômeno, conta a Folha, lembrando que, por aqui, a visão será parcial, só nas regiões Norte e Nordeste. O jornal traz uma lista com as cidades brasileiras de onde o evento poderá ser contemplado.
A Nasa TV transmitirá o eclipse a partir dos EUA e da Estação Espacial Internacional. No site da agência, via YouTube ou Facebook Live. Ele terá início às 13h05 (hora de Brasília) na Costa Oeste e cruzará o país até 15h44, na Costa Leste.
A propósito: Bonnie Tyler prometeu cantar Total Eclipse of the Heart durante o eclipse. Sucesso nos anos 1980, o hit será entoado pela cantora dentro de um navio. Num cruzeiro.
Por via das dúvidas... ouça Total Eclipse of the Heart no YouTube ou Spotify.
Cultura
Aos 91 anos, Jerry Lewis se foi ontem, em Las Vegas. Um dos maiores atores de comédia da história, fez rir primeiro ao lado de Dean Martin, com quem estrelou dezenas de filmes nos anos 1950. Fez rir como O Professor Aloprado (1963), a obra em que foi mais completo, segundo a Folha. Fez rir dançando em musicais ou tão somente datilografando numa máquina de escrever invisível. Como resume o New York Times, Lewis era muitos.
Porém... Em tempos recentes, já distante do sucesso de outrora, meteu-se em polêmicas diversas. Disse sobre Donald Trump: “Ele é ótimo porque é um ‘showman’. E nunca tivemos um na cadeira presidencial”. Sobre comediantes mulheres: “Penso nelas como máquinas de produzir bebês”. Sobre refugiados: “Devem ficar na puta que o pariu onde estão.” (Folha)
De volta à carreira do ator... Veja o ‘rei da comédia’ em vídeos compilados pelo Guardian. Ou relembre Lewis em fotos, na seleção do New York Times.
O Google rendeu homenagem à poeta Cora Coralina. Ontem, quando completaria 128 anos, a escritora virou um Doodle, aquela versão da logo do Google ‘personalizada’ em feriados, efemérides e afins.
“O que um bom chargista precisa ter?”, perguntou a Bravo! a Alvaro de Moya. Ao que ele respondeu: “Senso de humor, crítica social, humanismo e odiar políticos”. O trecho está em entrevista inédita, publicada há pouco pela revista. É, provavelmente, a última concedida por Alvaro de Moya, maior teórico brasileiro de quadrinhos, morto na semana passada, aos 87 anos.
Sobre Moya: “Vejo muita gente importante ao redor dessa mesa. Não arriscaria dizer quantos ou quais de vocês terão seus nomes marcados na história. Um nome, porém, eu tenho certeza que sim: Álvaro de Moya”, disse Ziraldo meses atrás em São Paulo, relata Júlio Medaglia no Estadão, em artigo sobre o teórico, tão prestigiado em seu meio.
Balzac, notório insone, ‘acordava’ à uma da manhã. Já Bukowski, notório boêmio, nunca antes de meio-dia. Hemingway, por sua vez, despertava às 6h, e Joyce, às 10h. Os horários de cama de vários escritores foram organizados num gráfico ilustrado — e que ainda se presta a relacionar o sono dos justos (autores) à produtividade de cada um.
Depois das muitas críticas por sua nova música, Tua Cantiga, Chico Buarque, enfim, manifestou-se, via Twitter. A polêmica concentrava-se no verso: “Quando teu coração suplicar/ Ou quando teu capricho exigir/ Largo mulher e filhos e de joelhos vou te seguir”. Para alguns, as frases soaram antiquadas, conservadoras. Chico ontem postou: “Será que é machismo um homem largar a família para ficar com a amante? Pelo contrário. Machismo é ficar com a família e a amante”. (Globo)
Cotidiano Digital
Reunidos na Austrália, alguns dos principais nomes em inteligência artificial escreveram carta aberta pedindo que a ONU considere crime de guerra o uso de máquinas letais autônomas. Robôs soldados. Controlados por software e sem monitoramento humano, seja voando como drones ou andando qual tanques, estas máquinas podem matar muito mais por minuto do que o tipo de armamento utilizado hoje. A tecnologia está pronta. Entre os signatários da carta estão Elon Musk, da Tesla, e Mustafa Suleyman, responsável no Google pelas aplicações de AI. Temem que se um banimento claro não vier antes de elas aparecerem no mercado, se torne impossível. O uso já é perigoso nas mãos de exércitos regulares — os riscos se ampliam com ditadores, terroristas ou hackers.
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