Aécio ganha destroçando PSDB

Aécio sobreviveu — mas não foi sem imenso esforço e com vários momentos de insegurança. Por todo dia, o Senado oscilou se votaria ou não. No final da manhã, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou que a votação deveria ser aberta. E o presidente da Casa, senador Eunício Oliveira, informou que assim que o quórum de metade mais um se formasse em plenário — 41 parlamentares —, ele daria início ao voto. Mas, aí, apareceu com uma ajuda, reinterpretando a Constituição. Ao invés de Aécio precisar de pelo menos 41 votos, o presidente determinou que seriam também necessários 41 votos para afastá-lo do mandato. Enquanto uma das posições não alcançasse a marca, o voto seria repetido. Não foi necessário. Até Romero Jucá, doente, compareceu. Pró-Aécio. Assim como compareceu Ronaldo Caiado, de cadeira de rodas e ombro quebrado após cair de uma mula, no fim de semana. Anti-Aécio. Tasso Jereissati, que lidera o grupo contra o governo do PSDB, subiu à tribuna para declarar que os tucanos deveriam apoiar seu par mineiro. Ao final, 44 votaram pelo ex-candidato à presidência e 26, contra. Dois não votaram — Eunício e o próprio Aécio. Nove não compareceram.

Os votos: quem foi a favor, quem foi contra, quem não apareceu.

Aécio deve sua manutenção no Senado ao presidente Michel Temer e ao espírito de corpo. Segundo apurou Andréia Sadi, Temer trabalhou duro, principalmente com o PMDB, para garantir os votos que o salvariam. Tem preço: o de que Aécio trabalhe duro para conseguir votos tucanos, na Câmara, para salvar o presidente de ser processado no Supremo. Além disso, pelas contas de Cristiana Lôbo, 16 dos 44 votos do mineiro vieram de senadores que estão sendo investigados e podem terminar em situação igual. Houve uma exceção: os votos petistas foram contra. “O PT deu um voto de revanche”, avaliou para a repórter um dos senadores. Eles veem o dedo de Aécio no impeachment de Dilma. Haverá troco. Gleisi Hoffman, presidente do PT, é ré no Supremo. Quando a hora vier, não poderá contar com o PSDB.

A foto de Luís Nova publicada pelo Correio Braziliense de Aécio ainda em casa, logo após sua soltura pelo Senado, diz algo.

O PSDB está a ponto de explodir. E há quem pergunte, internamente, se a sigla ainda faz sentido. (Folha)

Maiá Menezes: “Ao darem as mãos em torno da auto-preservação, diante de indícios e decisões judiciais contundentes contra um de seus pares, os senadores demonstram desdém ao incômodo que a praxe da corrupção vem causando aos brasileiros. Há silêncio nas ruas, mas alguma voz há de surgir da urnas. 2018 está na esquina.” (Globo)

PUBLICIDADE

Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a sessão começa hoje às 9h. Ontem, os deputados ficaram mais de doze horas debatendo o relatório favorável a Temer. A oposição falou muito, os governistas, pouco. É tática para acelerar o processo e tentar votar o parecer do relator Bonifácio de Andrada ainda nesta quarta. (Estadão)

Sérgio Moro: “As nossas instituições políticas governamentais deveriam estar preocupadas em como governar o país. Por exemplo, qual é a melhor política econômica, qual é a melhor política para reduzir a desigualdade, como aumentar as oportunidades para todas as pessoas. E quando ela é comprometida com essas discussões a respeito de questão criminal, isso impede que o Brasil avance. Não que essas questões devam ser deixadas de lado, pelo contrário. O uso das instituições políticas representativas devia tomar as posturas adequadas para afastar dos seus meios aqueles eventuais agentes públicos envolvidos em casos de corrupção.” Moro foi entrevistado por Gerson Camarotti, da GloboNews. A íntegra em vídeo e a transcrição da conversa estão no ar.

O governador Geraldo Alckmin almoçou, na segunda, com diversos políticos de peso. O baiano Benito Gama (PTB), o piauiense Heráclito Fortes (PSB), o mineiro Pimenta da Veiga (PSDB), o paranaense Jorge Bornhausen (DEM). Velhos políticos, todos líderes de grupos fortes. Planejamento de campanha. Concordaram que Alckmin precisa começar a se expor mais no Nordeste, que o PSDB deveria defini-lo candidato ainda este ano, e que Bolsonaro é uma ameaça para ser levada a sério. O grupo acredita que Lula será candidato. E acha importante começar a trabalhar para que se convença o prefeito João Doria a se candidatar ao Palácio Bandeirantes.

Mas... João Doria continua trabalhando. E Michel Temer, também. Os dois jantaram juntos, ontem. E Doria saiu cheio de elogios para o Senado. “Não apenas estabeleceu essa decisão em prol do senador Aécio Neves, circunstancialmente do nosso partido. Mas também de proteção ao Congresso. Precisamos ter os valores institucionais protegidos.”

Não foi a única defesa feita por Doria em sua passagem por Brasília. “Você não pode simplesmente rasgar a história de um empresário devido à autuação de um fiscal”, disse após deixar o almoço com a bandada ruralista. “A portaria, de forma temporária, pode trazer mais segurança jurídica e isso protege até o trabalhador.” Ele se refere à decisão do Ministério do Trabalho de não tratar mais trabalho extenuante e condições degradantes como equivalentes à escravidão. (Folha)

O Ministério Público recomendou ao ministro do Trabalho que revogue a portaria que redefine de forma mais branda o conceito de escravidão. Consideram-na ilegal e ameaça entrar na Justiça. Enquanto isso, os servidores de carreira que atuam na fiscalização anunciaram que vão paralisar. A Organização Internacional do Trabalho, da ONU, também reagiu. “É uma regressão.” (Globo)

Viver

Para ler com calma: Ben Thompson, um analista que olha de forma arguta para as mudanças provocadas pelo digital, tem uma maneira diferente, para além do feminismo, de explicar o desmonte de Harvey Weinstein, um dos maiores produtores de Hollywood, além de predador sexual. Em 1980, aproximadamente 100 filmes, quase todos dos grandes estúdios, foram lançados nos EUA. Em 2016, foram 736. E só 93 produzidos pelos grandes. Por muito tempo, estes produtores faziam o papel de gatekeepers. Eles tinham o poder de vida e morte sobre a carreira de atores, roteiristas e diretores. O poder se dissolveu e se distribuiu por conta de canais a cabo, streaming e até YouTube. Um sujeito como Weinstein não oferece mais ameaça e, aos poucos, atrizes começam a se sentir à vontade para contar suas histórias de insegurança, de medo. De violência. Para Thompson, este processo está ocorrendo por toda parte. Os gatekeepers tradicionais do Partido Republicano não conseguiram impedir sua tomada por Donald Trump. Assim como os veículos tradicionais de imprensa não têm mais controle sobre as pautas em discussão. via Pioneiros

Aliás... Num longo post no Facebook, o roteirista Scott Rosenberg conta de sua experiência com Harvey Weinstein, responsável por seu surgimento. “Todo mundo sabia”, escreveu. “Sabe por que sei disso? Porque eu estava lá. E vi vocês. E conversei também com vocês. Vocês, os grandes produtores; vocês, os grandes diretores; vocês, os grandes agentes; vocês, os grandes financiadores. Os grandes atores, as grandes atrizes, as grandes modelos. Everybody-fucking-knew.”

E por tocar no assunto... O governo francês disparou uma conversa nacional a respeito de assédio. Espera da sociedade que se manifeste a respeito do que é aceitável. Em que momento uma graça vira agressão. “Pessoalmente”, explica a secretária de Estado para igualdade entre homens e mulheres, Marlène Schiappa, “penso que assoviar para uma mulher na rua não significa assédio, mas segui-la até o metrô, é.” Cerca de 300 oficinas ocorrerão em todo país até 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para este debate. A partir daí haverá uma nova lei e assédio na rua passará a ser punido.

Estreia no GNT, quinta-feira às 23h, o documentário Primavera das Mulheres, dirigido por Antonia Pellegrino e Isabel Nascimento Silva. Fala do atual momento do Feminismo no Brasil. Veja o trailer.

Cultura

O veterano escritor George Saunders, autor de contos e ensaios que estreou no romance este ano com Lincoln in the Bardo, venceu o Man Booker Prize. É o maior prêmio da ficção em inglês. No livro, um Abraham Lincoln enlutado chora, no cemitério, a perda de seu filho Willie, aos 11. O ano: 1862, em plena Guerra Civil. Ao redor do presidente americano, o espírito de Willie se junta a outros espíritos e eles conversam. “O romance se destacou por conta da inovação, do estilo tão diferente” disse a presidente do júri, Lola Young. “Pela maneira como, paradoxalmente, trouxe à vida estas almas mortas, ou não tão mortas.” O favorito, que terminou derrotado, era Paul Auster. (New York Times)

Não custa lembrar... Em fevereiro, o Times publicou um filmete em 360° inspirado no romance.

PUBLICIDADE

Saiu uma nova edição, de luxo, do clássico Kubrick, escrito pelo crítico francês Michel Ciment. Lançado originalmente em 1980, e atualizado a cada novo filme do diretor até De Olhos Bem Fechados, de 1999, o volume traz um balanço completo de vida e obra. Da infância pobre em Nova York, passando pelo trabalho como fotógrafo da revista Look até firmar-se como um dos maiores diretores da história. Do ensaio biográfico, Ciment passa a reflexões sobre o conjunto heterogêneo de grandes filmes que inclui de Spartacus a 2001, de O Iluminado a Lolita, o Dr Fantástico, Laranja Mecânica. O livro inclui ainda entrevistas com atores, de Malcom McDowell a Jack Nicholson. A nova edição brasileira é da editora Ubu e Igor Zahir a comenta na Bravo!

Já tem nome: Solo, A Star Wars Story, é como se chamará o longa que conta a juventude de Han Solo. A estreia está marcada para 25 de maio de 2018. O jovem Alden Ehrenreich faz o personagem interpretado no original por Harrison Ford. Emilia Clarke — a rainha Daenerys Targaryen de Game of Thrones — terá um papel, ainda desconhecido. Mas ela postou um selfie no set e brincou com Chewbacca sobre seus seguidores no Instagram.

Cotidiano Digital

Um novo recurso do WhatsApp permitirá que se compartilhe, em tempo real, um mapa onde um ponto mostra sua localização exata por quanto tempo o usuário determinar. A novidade fará parte do próximo upgrade, tanto em iPhones quanto nos Androids.

A partir de segunda-feira será possível registrar domínios terminados em sampa.br. Não é novo. Já existem jampa.br (João Pessoa), floripa.br, e poa.br (Porto Alegre). Até o final do mês, os baianos de Feira de Santana terão seu feira.br e, Joinville, ganhará o joinville.br. Todos os domínios podem ser comprados no Registro.br. (Estadão)

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.