Governo joga toalha na Previdência e aprova Orçamento

O presidente Michel Temer deu entrada, ontem, no Hospital Sírio Libanês de São Paulo. Foi de presto submetido a uma pequena cirurgia para remediar o estreitamento do canal da uretra que vinha lhe atormentando já faz um tempo. Segundo os médicos, terá alta amanhã. É só um dos sinais de que Brasília jogou a toalha. 2017, o ano dos muitos sustos e violentos sobressaltos na capital federal, começa, enfim, a terminar. Afinal, durante esta madrugada, o Congresso Nacional aprovou o Orçamento da União de 2018. O texto incorpora a previsão de que o PIB crescerá 2,5%, puxa o salário mínimo para R$ 965 e, fechada toda a conta, soma R$ 3,5 trilhões entre receitas e despesas. O Fundo Eleitoral, que na última hora um grupo de parlamentares tentou engordar, terminou fixado em R$ 1,7 bilhão. Aprovado o Orçamento, na real, deputados federais e senadores não têm muito mais o que fazer. Poderiam, até, partir para as férias. E, assim, pressão para aprovar reforma da Previdência — esta não há mais. Pois é: o governo deixou para depois. (Globo)

Segundo Sonia Racy, não foi a busca desesperada pelo voto de 308 deputados que postergou a reforma da Previdência. Foi a briga entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício de Oliveira. À Agência Estado, ainda ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá, comunicou que o texto vai à Câmara só em fevereiro. Falou sem ter combinado com ninguém. O ministro da Fazenda Henrique Meirelles resmungou — “ele expressou a sua opinião” —, enquanto o Planalto afirmou ainda que Jucá não é porta-voz de nada. “O tema está sendo conduzido pelo presidente da República”, esclareceu em nota. Presidente que passava por uma cirurgia e terá alguns dias de convalescença. Ao menos a Bolsa leu os fatos e achou por bem acreditar em Jucá. Caiu 1% no final do pregão. (Estadão)

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A defesa de Lula está levantando dados comparativos do andamento de recursos da Lava Jato. Quer mostrar que o ritmo do processo do ex-presidente está acelerado, que ele é um ‘perseguido judicial’. É a tática voltada para os militantes. Enquanto isso, os líderes correm para costurar alianças estaduais. É a estratégia. O foco inicial é o PSB. Por um motivo simples. Márcio França assumirá o governo de São Paulo assim que Geraldo Alckmin se desincompatibilizar. Vai querer apoios para voltar eleito ao Palácio Bandeirantes, em 2019. O PT se dispõe a abrir mão de uma candidatura paulista se o PSB apoiar suas ambições nacionais e outras, no nordeste. Enquanto isso, tem uma urgência maior. Quem substitui Lula. Jaques Wagner é seu favorito, mas Fernando Haddad também é lembrado. No desespero, pode sair um apoio a Ciro Gomes. (Folha)

O TSE instituiu como regra que Facebook e outras redes deverão deixar claro, em posts impulsionados durante a campanha, que aquilo na timeline é propaganda eleitoral e que foi paga por partido ou candidato.

Alê Youssef: “Para os quarentões, uma provocação. Somos uma geração bunda-mole. Abrimos mão de nos preocupar com os rumos do país. Demos eco à demonização da política institucional. Ao focarmos no próprio umbigo das nossas realizações pessoais, deixamos de participar da construção do país que sonhávamos e passamos longe da realização de objetivos coletivos. O individual prevaleceu e deu no que deu.” via Pioneiros

E... Há um novo bolsonarista na praça. É Ronaldinho Gaúcho. Sairá a senador por Minas pelo PEN, futuro Patriota. (Globo)

Depois de muita briga, a diretoria da Oi apresentou para a justiça um novo plano de recuperação da empresa, desta vez sem interferências do Conselho de Administração. O objetivo é reduzir a dívida pela metade, com os credores, que irão aportar ainda mais R$ 4 bilhões de dinheiro novo, assumindo 75% do capital da operadora. O plano prevê também uma série de medidas de governança para reduzir o poder do atual Conselho de Administração, controlado por Nelson Tanure e os portugueses da Pharol. É preciso aprovar o documento na assembleia de credores, semana que vem. Mas Tanure já prepara argumentos para manter a briga na justiça.

Cultura

Lista: Cinco documentários recentes e fundamentais, selecionados por Eliza Capai, diretora de Tão Longe é Aqui (trailer). Começa com A Décima Terceira Emenda (trailer, Netflix), sobre a população carcerária americana com um ângulo instigante: foi o que substituiu a escravidão. Daí, Oscuro Animal (trailer), sobre três mulheres que acompanham as Farc ou o exército colombianos. Mais, na Bravo!

Leandro Karnal: “As pessoas querem ser felizes, seja tomando um remédio ou lendo um guia de como fazê-lo. Não nos enganemos, a Filosofia também tem seu quinhão de autoajuda. Todo filósofo quer entender melhor como viver bem. Mas isso não significa perseguir a felicidade, o sucesso na carreira ou em ser popular a todo custo. A Filosofia, muitas vezes, mostra-nos como nossa vida pode ser tirânica, despótica, desequilibrada, violenta. Como provocamos dor e buscamos sofrimento. Às vezes, esse espelho do narciso moderno é o oposto do que gostaríamos de ver. Por isso, a autoajuda faz mais sucesso. Ela não lhe mostrará o quadro de Dorian Gray. Se o fizer, será retórico. Se não for retórico, se o obrigar a pensar, de fato, a ficar em situação incômoda e, portanto, buscar novas bases, sempre provisórias, sobre onde deitar algumas raízes, deixou de ser autoajuda e passou a ser Filosofia.” (Estadão)

O Hall da Fama do Rock & Roll, que por um período abriu espaço à turma do hip hop, está voltando às origens. Em 2018, o cantor Bon Jovi, as bandas britânicas Dire Straits e Moody Blues, e o grupo The Cars passarão a integrar o seleto grupo de homenageados. A cantora e compositora Nina Simone (1933-2003) também. Dezenove bandas e artistas concorreram pelas vagas. Entras elas: Radiohead, Rage Against the Machine e Judas Priest. (Folha)

Mano Brown, líder dos Racionais MC’s: “Tem música que eu não canto mais. Outro dia tocou uma, e eu: ‘paaaaara, vamos ser linchados, se liga no momento do Brasil! As negona vão me matar amanhã, a gente não pode nunca mais falar essas coisas.’ Veja bem, passaram 25 anos, me perdoe, eu era apenas um garoto, era um outro Brasil, eu não tinha uma filha. A gente tinha uma visão realmente machista.” (Folha)

Viver

Em São Francisco, nos EUA, robôs usados para patrulha de estacionamentos, arenas esportivas e campi de empresas de tecnologia, ganharam um novo — e polêmico — uso: espantar moradores de rua e evitar que montem suas casas improvisadas nas calçadas. Um grupo de defesa de animais de estimação alugou o robô construído pela empresa Knightscope para expulsar quem acampava próximo ao prédio da instituição. Queriam mais segurança. A máquina é equipada com quatro câmeras, move-se a um ritmo de 4,8 quilômetros por hora e é mais barato do que um segurança. Seu uso, no entanto, foi condenado pelas autoridades, que ordenaram o pagamento de multa de US$ 1 mil por dia caso os autônomos fossem encontrados andando pelas ruas sem autorização.

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Teriam os grandes meditadores super-poderes? Pode ser. São capazes, por exemplo, de lidar com a dor intensa de maneira diferente — o impacto diminui de forma mais rápida em seus cérebros. Conseguem também retardar os efeitos do envelhecimento sobre a anatomia cerebral. Têm uma ‘idade cerebral’ décadas mais jovem que a idade cronológica. Os psicólogos Daniel Goleman e Richard Davidson tentam explicar como a prática funciona em seu livro A Ciência da Meditação (Amazon). E concluem: meditar faz bem, mas está longe de ser mágica. Os primeiros benefícios, como a melhora na memória de curto prazo e a menor ativação em áreas cerebrais ligadas ao estresse e à raiva, podem aparecer mais rapidamente, mas as verdadeiras transformações de personalidade requerem tempo e constância. (Folha)

O restaurante The Shed at Dulwich chegou ao topo da lista do TripAdvisor dos melhores restaurantes de Londres. Mas você nunca conseguirá visitá-lo. Isso porque ele não existe. É fruto de uma ideia de um jornalista freelancer, Oobah Butler. Ele, que já havia escrito, mediante pagamento, várias críticas positivas sobre restaurantes em que nunca estivera, resolveu criar um. Com endereço, número de telefone, e página na internet — com fotos de pratos feitos com pastilha de detergente e espuma de barbear. No site de avaliações, famílias e amigos registraram seus depoimentos, sempre elogiosos. O lugar só recebia clientes mediante reserva, embora sempre lotado. Se, por ventura, houvesse espaço à mesa, garantia de reserva apenas depois de a pessoa revelar quantos seguidores o cliente tem no Instagram. Lugar exclusivo para influenciadores. Mas nunca era o suficiente. A fama se espalhou. A página do local no TripAdvisor chegou a ter 89 mil visualizações em um único dia e o restaurante chegou, assim, à ponta do ranking. Mesmo sem nunca ter sido visitado. Os algoritmos, pois é.

Ao empatar em 1 a 1 com o Flamengo na final da Copa Sul-Americana, em pleno Maracanã, o argentino Independiente levou o título para casa. Assista aos melhores momentos.

Erramos: O placar da final do Mundial Interclubes entre São Paulo e Barcelona, em 1992, foi de 2 a 1. Não 2 a 0. Relembre em vídeo. E a árvore leguminosa Dinizia jueirana-facao não é o ser vivo mais pesado do mundo, como afirmamos ontem. É o mais pesado descoberto em 2017.

Cotidiano Digital

O Google soltou sua lista anual com o ranking das buscas. No Brasil, mostra ainda a força da TV aberta. E insinua que o brasileiro não aguenta mais política. Pois Big Brother Brasil foi o termo mais procurado, seguido de Tabela do Brasileirão. William Waack foi o personagem mais buscado, então José Mayer e Léo Stronda — pois é, o nude mais falado do ano foi de homem. A música: Despacito (Spotify), Deu Onda (Spotify), Trem-Bala (Spotify). Os clubes: Flamengo, Corinthians, Palmeiras. Na TV: além do BBB, A Fazenda, A Força do Querer.

No mundo, o Furacão Irma foi a busca mais feita, seguida de iPhone 8.

Aos 26 anos, Cyrus Massoumi construiu um negócio produzindo material jornalístico para forçar a divisão política. Criou uma série de sites de ambos os lados — o mais popular, já extinto, MrConservative.com. Nele, atiçava a raiva da direita com títulos provocativos e, no Facebook, gerou uma audiência gigante. Após a eleição de Donald Trump e as pesadas críticas recebidas por incentivar a polarização, a rede social mudou as regras em seu projeto de coibir fake news e sensacionalismo. Massoumi as seguiu. Fechou os sites mais aguerridos, reforçou os que pegavam leve. Sua audiência, dependente das redes sociais, despencou. Não apenas a rede começou a tirar sites noticiosos da linha do tempo de seus usuários como os poucos que aparecem continuam sendo, justamente, os sensacionalistas. Aos olhos do jovem empresário, seus concorrentes que reforçaram a mesma estratégia de antes são aqueles que estão se dando melhor no Facebook de hoje. A rede continua distribuindo muito bem o que gera mais cliques — e o que gera mais cliques é o sensacional.

Cyrus Massoumi: “Noticiário no Facebook nós acompanhamos pela análise de dados, então sabemos que só dá para escrever um texto de 250 palavras e entendemos que o título tem de ter um viés. Compreendemos que é preciso excluir os fatos porque, se dizemos algo bom a respeito do outro lado, as pessoas dirão ‘você é um cara de esquerda no armário’ ou ‘um reacionário disfarçado’. Não há espaço para objetividade, não há espaço para qualidade.” via Pioneiros

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