Nova ministra, filha de condenado pelo Mensalão, delatada na Lava Jato

Roberto Jefferson chorou. “O nome dela surgiu, não foi uma indicação.” E, assim, a nova ministra do Trabalho é a deputada petebista Cristiane Brasil. Por coincidência, filha de Jefferson, delator do Mensalão. “Estou orgulhoso e surpreso”, continuou o presidente do PTB. “E um resgate”, seguiu com a voz embargada, “um resgate.” Com vídeo.

“O presidente recebeu na tarde desta quarta-feira a indicação oficial feita pelo PTB”, informou a nota oficial. (Folha)

Cristiane Brasil, além de filha de um político que já cumpriu pena como réu confesso de corrupção, está citada na delação da Odebrecht. Ela é, porém, mostra dos critérios com os quais Temer tem levado o mandato. Roberto Jefferson tem-se mostrado fidelíssimo ao governo. “Temer é um presidente grato aos aliados”, ouviu de um interlocutor a repórter Andréia Sadi. Quem demonstra lealdade é premiado.

Pois é... O suplente da deputada na Câmara é Nelson Nahim. Já esteve preso acusado de participar de uma rede para exploração sexual de crianças e adolescentes — não foi condenado e nega. Irmão do ex-governador fluminense Anthony Garotinho. (Estadão)

Mas Temer ainda terá cargos por preencher na Esplanada. Enquanto Brasil entrava, saía o ministro da Indústria e do Comércio, Marcos Pereira, presidente do PRB. Ele planejava deixar o cargo em março, antecipou. É o terceiro a sair no espaço de 30 dias. Segundo o Painel, Pereira se queixa de não conseguir apoio para sua nova política para a indústria automotiva. (Folha)

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Os advogados de Lula pediram pela segunda vez, aos desembargadores do TRF-4, para que o ex-presidente seja ouvido em novo depoimento, antes de ser julgado. Ganharia mais um tempo. (Globo)

Enquanto isso... FHC voltou atrás. “Se ainda não fui taxativo em explicitar o nome do governador Alckmin”, escreveu em nota, “isso se deve exclusivamente ao fato de que o PSDB deverá indicá-lo mais à frente, dentro de calendário politico adequado.” (Estadão)

A Petrobras propôs um acordo para encerrar a ação coletiva movida por investidores nos EUA, com o pagamento de US$ 2,95 bilhões. Eles requerem ressarcimento de perdas relativas aos papeis da empresa cujos valores caíram depois que veio à tona a corrupção descoberta pela Operação Lava Jato. O acordo será submetido à apreciação do juiz da Corte Federal de Nova York. O montante chega a ser 6,5 vezes o valor que a empresa diz ter recuperado com a Operação Lava Jato. (Estadão)

Segundo advogados do escritório que representavam os investidores, o acordo é o maior envolvendo uma ação coletiva na última década. Em toda a história americana, é o quinto maior do gênero e o maior de todos eles envolvendo uma empresa estrangeira com ações negociadas no país. (Folha)

Ainda assim... A petroleira é alvo de outras 13 ações individuais nos EUA e de uma ação civil pública, no Brasil.

O Ibovespa, índice que reflete o desempenho das ações mais negociadas e mais representativas da Bolsa, completou 50 anos. Como essas ações são escolhidas? Há uma lista de critérios, que foram os mesmos por 45 anos, e hoje incluem a negociabilidade da ação nos últimos 12 meses, o volume dos negócios, o número de pregões que a ação participou, entre outros. A carteira muda três vezes no ano: em 1° de janeiro, 1° de maio e 1° de setembro. Das pioneiras do índice, apenas duas nunca saíram dele: a Vale, que entrou como Vale do Rio Doce, e a AmBev, que entrou como Antarctica. Itaú e Americanas saíram da lista por um tempo, mas retornaram e ainda estão lá. Desde a sua criação, o Ibovespa acumulou ganhos de 2481,39% — foram 25 anos que terminaram com perdas, e outros 25 que terminaram com ganhos. (Exame)

Aliás... A Bolsa vai muito bem. Depois de cravar uma nova marca histórica de fechamento no primeiro pregão de 2018, registrou ontem a oitava alta seguida e chegou, durante o dia, pela primeira vez aos 78.414 pontos. É que os investidores estão otimistas com a atividade econômica brasileira. (Valor)

Entre 2014 e 2017, o preço dos imóveis residenciais caiu 17% segundo o Índice FipeZap. No ano passado, a maior queda foi no Rio de Janeiro, seguidode Niterói e Fortaleza. (Estadão)

O ano americano começou badalando Fire and Fury (Amazon), novo livro do veterano jornalista Michael Wolff, que narra a improvável chegada de Donald Trump à Casa Branca. Em seu capítulo inicial, publicado com exclusividade pela New York Magazine, o velho repórter põe o leitor dentro da Trump Tower, no dia da eleição, quando todos celebravam a derrota iminente. Trump sonhava com a imensa fama adquirida, sua mulher queria voltar a uma vida discreta, a filha Ivanka e seu marido, Jared, ganhariam espaço no jet-set internacional. A assessora Kellyanne Conway buscava vaga como uma bem paga comentarista de TV. O operador político Steve Bannon assumiria as rédeas da extrema-direita no país. Mas, aí, começou a parecer que ele tinha chances de ganhar. Jamais estivera nos planos.

Por falar... Trump e o ditador norte-coreano Kim Jong-un seguem se espetando a respeito de uma guerra nuclear. Segundo o Axios, alguns na Casa Branca estão convencidos de que um conflito é mais possível do que se imagina do lado de fora. E temem que, entre provocações, uma guerra acidental termine disparada.

Cultura

Uma nova onda no design de interiores americano sugere expor os livros, nas casas, com suas lombadas voltadas para dentro. Onda que, diga-se, está causando o devido horror em um, dois ou três lugares.

Não há de ter sido por isso... Mas morreu Fred Bass, o livreiro que tornou a Strand, um charmoso sebo novaiorquino fundado por seu pai na Quarta Avenida, num império de livros usados, velhos ou até mesmo raros. ‘18 miles of Books’, dizia seu slogan, um negócio nascido na Depressão que se tornou o maior sebo do mundo. Bass tinha 89. Sua filha, Nancy Bass Wyden, assume a cadeia. (New York Times)

Aliás... A Estante Virtual, rede de sebos brasileiros, pertence agora à Livraria Cultura. Segundo análise de Carlo Carrenho, da PublishNews, o movimento é para brigar com a Amazon. Ao adquirir o braço local da Fnac, a cadeia paulistana trouxe eletrônicos para seu inventário. Com a Estante Virtual, a Cultura cria um marketplace — lojistas menores podem vender através do seu sistema. É uma das ferramentas de crescimento da Amazon.

O ex-presidente americano Barack Obama compartilhou uma lista de seus livros e músicas favoritas de 2017 no Facebook. No topo do ranking de obras literárias, The Power (Amazon), de Naomi Alderman, imagina um mundo em que as mulheres desenvolvam o poder físico sobre os homens, complicando e reajustando a dinâmica de gênero. Outros títulos falam ainda sobre a crise mundial dos refugiados e o legado duradouro da era do encarceramento em massa. Já quando o assunto é música, o single favorito de Obama no ano passado foi um reggaeton: Mi Gente (Spotify), do colombiano J Balvin. Jay-Z e Beyoncé também estão na lista (inteira no Spotify), assim como U2.

O Ministério da Cultura trocou o comando da Ancine. Christian de Castro Oliveira comandará a agência como diretor-presidente, no lugar de Débora Ivanov, até outubro de 2021. Oliveira produziu filmes como Federal e O Brasil na Batalha do Atlântico, foi diretor-executivo da Luz Mágica Produções, produtora criada por Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães e, em 2016, assumiu o cargo de CEO do grupo AfroReggae. (Globo)

A Folha lembra que a gestão de Ivanov foi marcada por atritos no ministério. No fim do ano passado, duas notas dos órgãos sobre a formulação de políticas para reduzir desigualdades de raça e gênero no setor audiovisual tornaram público o racha.

E Sonia Racy conta, no Estadão, que a mudança deixou muitos cineastas decepcionados, especialmente as mulheres.

Viver

A discussão sobre quem foram os primeiros habitantes da América e sobre como eles se espalharam pelo continente ganhou mais um capítulo. Isso porque análises genéticas dos restos de duas crianças encontrados em um sítio arqueológico no Alasca, datado em 11,5 mil anos, mostram que elas pertenciam a um povo antes desconhecido. Os pesquisadores sugerem que uma população ancestral dos atuais nativos americanos se separou dos habitantes do Leste da Ásia há cerca de 35 mil anos e que, há 20 mil anos, se dividiu em duas, originando o recém-descoberto povo que teria ficado restrito ao extremo norte das Américas, a que chamaram de ‘Antigos Beríngeos’. Outro grupo teria seguido para o sul e originado todos demais nativos americanos.

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Num bloco de basalto, um resumo do Oriente Médio. Escavando a escadaria de uma mesquita antiga na cidade galileia de Tiberíades, a arqueóloga brasileira radicada em Israel Kátia Cytryn-Silverman encontrou uma pedra com a menorá, um dos mais importantes símbolos do judaísmo. O bloco seria originalmente parte de um túmulo judaico destruído em um terremoto no século IV d.C. e que acabou reciclado na mesquita do século VII. Para complicar ainda mais, outro terremoto destruiu o templo islâmico 400 anos depois, e a construção foi transformada em engenho de açúcar pelos Hospitalários, uma ordem de cruzados cristãos. Tiberíades foi retomada pelos muçulmanos no século XII e hoje é parte de Israel, de modo que a pedra voltou a pertencer a judeus. (Folha)

Tabby é a estrela “mais misteriosa do universo”. A mais de mil anos luz de distância da Terra, seu brilho visto por telescópios aumenta e diminui esporadicamente. Por quê? Mais de 1,7 mil pessoas doaram um dinheiro que passa dos US$ 100 mil para entender a razão. Agora, uma equipe avançou na busca de uma resposta. Descartaram qualquer estrutura alienígena e afirmam que poeira é provavelmente a razão para que a luz da estrela escureça ou se ilumine. Não foi dessa vez que encontramos os deuses astronautas. (Globo)

Galeria: Faz frio, muito frio, na América do Norte. A onda extrema congelou parte das famosas Cataratas do Niágara, o que não acontecia desde 2014.

Passou rápido este 2017 duma pernambucana desenrolada. Uma retrospectiva curta. via Pioneiros

Cotidiano Digital

Repórter do Verge, Kaitlyn Tiffany tem uma tese: 2017 é o ano em que a internet redescobriu suas pequenas comunidades. São blogs no Tumblr de nichos para fãs-clubes, artistas que exploram estéticas que imitam o velho software MS Paint, ou grupos que celebram seus bichos de estimação. É resultado do enfado com as grandes comunidades, como Facebook, que geram mais estresse do que acolhimento, mas é também fruto da plataforma Patreon — que permite ajudar no sustento de pequenas publicações. via Pioneiros

Diga-se... Newsletters fazem parte desta nova internet, segundo Tiffany.

Ao assumir o controle da 99, a chinesa DiDi Chuxing comprou as fatias dos fundos que haviam investido na startup, descobriu o repórter Gustavo Brigatto, do Valor. A operação lhe deu o controle da empresa, mas não de 100% do capital. Fundadores e executivos ainda têm ações.

Na Netflix: AlphaGo, o filme. O documentário reconta a disputa entre a inteligência artificial do Google e o maior jogador de Go, o complexo jogo de estratégia chinês.

Enquanto isso... A Nvidia desenvolveu outra inteligência artificial que analisa rostos de pessoas, encontra padrões comuns, e gera uma fotografia perfeita. De alguém que não existe. Serve para gente ou outros bichos. (New York Times)

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