Defesa de Lula parte para cima de Moro

A defesa do ex-presidente Lula já tem discurso perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que no dia 24 iniciará seu julgamento em segunda instância. Segundo os advogados, ao admitir que o tríplex reformado não tem vínculo com contratos da Petrobras, Sérgio Moro teria deixado de ser o juiz natural do caso. O detalhe técnico, esperam, anularia o primeiro julgamento. (Folha)

Mesmo se condenado no dia 24, Lula não será preso ou proibido de disputar eleições. Ainda cabem recursos ao próprio TRF de Porto Alegre. A Zero Hora tem perguntas e respostas.

Vinicius Torres Freire: “Seja como for, as conversas de candidaturas a presidente ainda serão irrisórias antes do julgamento de Lula, no dia 24. De corpo presente ou ausente, o líder petista define a geometria da eleição.” (Folha)

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Bernardo Mello Franco: “Os repórteres Camila Mattoso, Italo Nogueira e Ranier Bragon mostraram como a família Bolsonaro multiplicou os bens na política. O capitão sustenta seu marketing na ideia de que é diferente dos outros políticos. Ele se apresenta como um campeão da ética, imune aos escândalos que atingem os colegas. Esse discurso tem atraído eleitores que podem não concordar com sua pregação radical, mas veem nele uma alternativa à sujeira. Se ficar claro que a propaganda era enganosa, a imagem do ‘Bolsomito’ corre o risco de derreter antes do previsto.” (Folha)

Vera Magalhães: “Bolsonaro recorre aos super trunfos argumentativos de sempre: fez o que ‘todo mundo faz’, a imprensa o persegue, querem manchar o nome da família etc. Esse discurso é, sem tirar nem pôr, o mesmo de Lula, que usa a idolatria em torno de si para vitimizar-se nos processos a que responde. Nada disso chega a surpreender quando se conhece a trajetória e o estilo do candidato. O espantoso é que uma parcela de seus seguidores ignore qualquer questionamento em nome da manutenção da mitologia em torno do ‘escolhido’.” (Estadão)

Ascânio Seleme: “Uma pequena cidade do Rio é o melhor exemplo da urgência de uma reforma política. Com 10.402 habitantes, Varre-Sai tem nove vereadores filiados a oito partidos. Tecnicamente, cada partido tem uma filosofia própria que deve guiar as suas ações. Difícil imaginar a cidadezinha dividida entre tantas correntes. É claro que a coisa formatada desta maneira não poderia dar certo. Os interesses são tão distintos que, uma vez respeitados os programas dos partidos, o município jamais conseguiria aprovar uma lei ou definir um orçamento. Mas os partidos são miragens. O prefeito Dr. Silvestre ganhou a eleição com uma coligação em que o seu partido, o PSD, atraiu DEM, PTdoB, PP, SD, PPS e, veja só, PT e PSDB.” (Globo)

Morreu em Rio Branco, no domingo, Pedro Augusto da Silva. Aos 90, o pai da candidata Marina Silva ficou viúvo em 1974, tinha diabetes e sofria de insuficiência cardíaca.

A premiê alemã Angela Merkel fechou coalizão para governar com o SPD, partido derrotado na última eleição. Em troca, os socialistas querem mais defesa da União Europeia.

Aliás... Merkel deve se juntar ao francês Emmanuel Macron num embate com Donald Trump, em Davos.

O economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, afirmou ao Wall Street Journal que a instituição manipulou seu ranking de competitividade. Ele percebeu mudanças na metodologia entre um ano e outro. A principal vítima teria sido o Chile, que caiu durante o segundo mandato da socialista Michelle Bachelet. Segundo Romer, a manipulação foi política. O economista boliviano Augusto López-Claro, responsável pela elaboração, negou as irregularidades.

Às 8h07 de sábado, um funcionário público disparou sem querer, para todos os celulares do arquipélago americano, a mensagem “Míssil em direção ao Hawaii, busquem abrigo imediatamente. Este não é um teste.” A correção demorou 38 minutos para vir e o caos assumiu. Há poucos abrigos nucleares por lá e a população não sabia o que fazer. Carros dispararam, ligações foram feitas para um último ‘eu te amo’. A população nas ilhas está com os nervos à flor da pele por conta do embate entre Kim Jong-un e Donald Trump.

Cultura

Para ler com calma. Poucos meses se passaram desde o início da enxurrada de denúncias de assédio sexual em Hollywood. E é fato que, depois dela, assistir às obras de diretores e produtores como Woody Allen ou Harvey Weinstein pode causar mais incômodo. É possível separá-las da vida do autor? Há quem fale em boicotá-las. Outros, dizem que elas precisam ganhar novas versões depois que seus autores apareceram na lista de assediadores. E tem quem defenda que criador e criação não se misturam. Na teoria literária, no século 20, formalistas russos e estruturalistas franceses diziam que a pessoa civil e o narrador de uma obra são entidades diferentes. Décadas depois, a perspectiva dos chamados ‘estudos culturais’ defendeu que toda obra é indissociável de um lugar de fala — está vinculada ao autor,  sua classe, gênero, etc. A pergunta a ser respondida, no entanto, parece outra. A memorialista americana Claire Dederer a formula: se o consumo cultural dá lucro aos acusados e fôlego às suas carreiras, seríamos nós seus cúmplices? Não há resposta pronta, mas o debate é fundamental. (Globo)

O El País traduziu um artigo publicado sobre o tema por Dederer, que está escrevendo um livro sobre a relação entre o mau comportamento e a arte de qualidade, na Paris Review.

Saiu o trailer da segunda temporada de The Handmaid’s Tale, série baseada no romance de Margaret Atwood. Estreia no sistema de streaming americano Hulu, em abril. Veja o trailer. Em março chega ao canal a cabo brasileiro Paramount, oficialmente, a primeira temporada.

Aliás... Atwood entrou no debate sobre o novo feminismo. “O movimento #MeToo é sintoma de um sistema legal quebrado. Com frequência, mulheres não conseguiam justiça pelas instituições, então usaram uma nova ferramenta: a internet. Ela vem sendo eficiente. Mas e agora? O sistema legal pode ser consertado ou a sociedade pode parar de usa-lo. Instituições, corporações, ambientes de trabalho podem fazer sua necessária rearrumação. Se o sistema legal foi driblado por ineficiente, o que tomará seu lugar? Em tempos de extremos, extremistas vencem. Sua ideologia se torna uma religião e todos que não acompanham seu ponto de vista se tornam traidores. Os moderados são aniquilados.”

Está chegando às livrarias Rondon, Inventários do Brasil 1900-1930 (Livraria da Travessa), sobre o marechal indianista que se tornou o marco das expedições que meapearam e desvendaram o país na Primeira República. Rondon tinha a missão de encontrar tribos indígenas e despertar, nelas, um sentimento de brasilidade e patriotismo, de acordo com o positivismo do tempo. Ao mesmo tempo, hábil com as mídias de então, produziu filmetes apresentando ao Brasil suas populações nativas. (Globo)

Viver

Na sexta-feira, um novo som ecoou nas arquibancadas durante um jogo de futebol na Arábia Saudita. Eram mulheres torcendo. O jogo entre as equipes Al-Ahli e Al-Batin em Jidda foi o primeiro a que mulheres foram autorizadas a assistir no estádio. O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman tem se esforçado para afrouxar as restrições de gênero no país. (New York Times)

A Arábia Saudita também era o único país a proibir mulheres de dirigir. A partir de junho, no entanto, elas poderão tirar a habilitação. E mesmo faltando alguns meses para a liberação, uma feira de carros exclusiva para mulheres fez sucesso. A exposição centrou-se em carros eficientes em termos de combustível e contou com uma equipe de vendedoras para ajudar as novas clientes.

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O Mars Reconnaissance Orbiter, espécie de satélite-espião próximo a Marte, descobriu um ponto no qual a erosão expôs um morro formado por gelo de água na superfície do planeta. O achado sugere que Marte tem em abundância o recurso mais precioso para sua futura ocupação. A ciência ainda tenta investigar, no entanto, a presença de água em estado líquido por lá. (Folha)

Mas... Se a ocupação um dia se tornar real, cientistas têm uma boa notícia: a cerveja marciana talvez não seja tão ruim. É que o lúpulo — planta usada para adicionar amargor à cerveja — cresce bem no solo marciano. (New York Times)

Elas são maioria, mas mais de 70% dos estudantes que tiraram as mil maiores notas no Enem são meninos. Um levantamento do Estadão constatou que eles se saem melhor nas quatro áreas cobradas, mas a principal diferença está nos exames de Matemática e Ciências da Natureza. Para especialistas, a explicação não é biológica e sim cultural. O que se espera delas é que sejam boas em se expressar, não que se saiam bem em contas. Os perfis dos mil melhores candidatos nos últimos anos é homogêneo: com notas maiores que 781,68 (a escala vai de 0 a 1.000), têm idades que variam entre 17 e 19 anos, vêm de escolas particulares, e possuem renda familiar acima de R$ 10 mil.

Cotidiano Digital

As mudanças no algoritmo do Facebook, que passará a oferecer menos conteúdo jornalístico ou o produzido pelas marcas, gerou amplo debate ao longo do fim de semana. O resultado imediato é que as ações caíram 4,5% em Wall Street, na sexta.

Pedro Doria: “Para o Facebook, a dor de cabeça é dupla. Há ameaça de regulamentação por parte dos governos. E conforme a polarização das democracias se acirra, o debate político predomina e gera mau humor. A rede deixou de ser agradável. Ao tentar esconder o noticiário político, talvez o tempo no Face diminua, mas o bom humor aumente. E, com alguma sorte, a ameaça de regulação seja afastada. Essa é a aposta. As consequências de mudanças no algoritmo, porém, são imprevisíveis. Pode ser que o público se mantenha no debate político porque não quer outra coisa. Pode ser que o tempo na rede despenque, e seus executivos voltem atrás. Pode, até, ser bom para todo mundo. E, com menos tempo dedicado ao Facebook, aumente a circulação pela rede aberta. Como sempre foi da natureza da internet até a imposição do monopólio azul.” (Globo e Estadão)

Michel Lent Schwartzman: “Para as marcas que investem tempo e dinheiro no Facebook poderia ser uma má notícia, se elas já não tivessem perdido a confiança nas regras da plataforma há alguns anos. Quem trabalhava com conteúdo para redes em 2012/13, conhecia o que era o verdadeiro alcance orgânico. Uma página com 1 milhão de seguidores poderia ter seu post visto por 100 mil de forma orgânica. Isso ficou na história, já faz tempo. O que deve(ria) preocupar verdadeiramente o Facebook hoje em dia é que ele se tornou a rede do ‘muro das lamentações’.”

Nos primeiros dias de janeiro, Chris Larsen se tornou o quarto homem mais rico do mundo. É o criador da criptomoeda Ripple, segunda mais valiosa após a Bitcoin. (A posição foi mantida por apenas algumas horas.) No momento, 40 destas moedas passam de US$ 1 bilhão em valor de mercado. É um dinheiro digital concentrado. Uma estimativa sugere que 95% do valor está nas mãos de 4% dos investidores. É gente que entrou cedo na corrida e que aposta numa revolução que inclui o fim dos bancos centrais. Segundo sua filosofia, ninguém vende o que juntou no início, mesmo com as superavaliações. Seria trair a crença e transformá-las em mero investimento. (New York Times)

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