Crise na Caixa pode derrubar reforma da Previdência

Um dos vice-presidentes afastados da Caixa Econômica, Roberto Derziê de Sant’Anna, circulava no Planalto com frequência. Visitava os ministros responsáveis pela articulação política. Com Temer, segundo a agenda oficial, esteve três vezes em 2017. Ele e outros três são investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Seus nomes foram indicados por PR, PP, PRB e PMDB e fazem parte da influência destes partidos dentro da máquina pública. Sem este espaço, ameaçam travar a reforma da Previdência e, por isso, querem indicar os substitutos. Segundo o Estadão, pelo menos o PR cogita encaminhar o nome da mesma pessoa.

Enquanto isso... No próximo dia 19, uma assembleia votará mudanças no estatuto do banco. Entre elas, a possibilidade de que passe a ser o Conselho de Administração da Caixa, e não o presidente, quem indica os dirigentes. “Se deixar acontecer, será a pá de cal sobre a reforma”, disse a Gerson Camarotti um líder governista no Parlamento.

Não é só a Caixa. Mais de cem estatais têm até junho para se enquadrar à Lei das Estatais, sancionada no ano passado. O objetivo é eliminar influência política nos comandos. Segundo Cristiana Lôbo, é uma vitória da área técnica.

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A ministra Cármen Lúcia vai colocar o Supremo, em março, para votar o fim do auxílio-moradia. O benefício é pago, desde 2014, a todos os juízes — mesmos os que têm imóveis nas cidades onde trabalham. E há uma guerra nos bastidores da Justiça. Magistrados ameaçam expor os ganhos de ministros do STF no magistério e com palestras. (Folha)

Aliás... Segundo o Buzzfeed, mesmo tendo dois apartamentos no Leblon, a filha do ministro Luiz Fux recebe R$ 4.300 de auxílio-moradia.

A previsão do TSE para as eleições de 2018 é de que 12 milhões de eleitores, em 230 municípios, votem em urnas com identificação biométrica. Pouco mais de 5 milhões destes, 41%, não fizeram o recadastramento obrigatório. Segundo a Piauí: 1,7 milhão no sudeste, 2,3 milhões no nordeste. Se o recadastramento não ocorrer e estes eleitores forem impedidos de votar, é Lula quem perderá mais votos.

Em tempo: as capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte não entram na identificação biométrica obrigatória.

Ponto: Presidente do IDDD, uma ong voltada para a conscientização a respeito do direito de defesa, Fábio Tofic Simantob foi advogado do marqueteiro petista João Santana até deixar a causa, por opor-se à delação premiada. Ele é um dos que criticam a sentença do juiz Sérgio Moro contra Lula no caso do tríplex. “A jurisprudência é unânime”, escreve. “Corrupção só é crime se o agente aceita vantagem antes ou enquanto ocupa a função, jamais depois.” Baseando-se apenas no que está na sentença de Moro, o advogado pinça que o acordo de pagamentos entre o empreiteiro Leo Pinheiro e o tesoureiro petista João Vaccari Neto não incluía despesas pessoais de Lula. “O ajuste sobre bancar as benfeitorias no tríplex ocorreu apenas em 2014.” Mas, na avaliação do criminalista, o principal furo na decisão de condenar é outro. Como a corrupção dos diretores da Petrobras foi provada, da maneira como Simantob lê a sentença, Moro considera que não é necessário provar que Lula sabia da coleta de propina. “A sentença, primeiro, parte da premissa de que o réu cometeu o crime de corrupção para depois concluir que, portanto, sabia dos ilícitos. A equação está claramente invertida.” O tríplex, para ele, é o detalhe. O que não está provado é que Lula tinha a intenção de colher benefícios dos empreiteiros quando nomeou os diretores da Petrobras.

Contraponto de Eugênio Bucci: “O furor com que os seguidores fiéis do ex-presidente Lula se apressam a dizer que não há provas cabais contra ele no caso do triplex — e, em se tratando de um processo ainda não transitado em julgado, não está descartada a hipótese de que tenham razão — obscurece o fato de que as evidências políticas e práticas de que ele usufruiu favores de empreiteiras para custear seu conforto pessoal (no famigerado sítio de Atibaia, por exemplo) constituem um embaraço ético de todo tamanho. Por que ninguém entre os seguidores fiéis se incomoda com isso? Por que seguem seguidores fiéis mesmo depois de tantos e tão graves sinais expostos de conflitos de interesse? Será que, para os seguidores, ainda que venha a se provar juridicamente inocente, Lula ainda é politicamente impoluto?” (Estadão)

Na íntegra: a sentença do juiz Sérgio Moro contra Lula no caso do tríplex do Guarujá, em PDF. São 212 páginas.

Miriam Leitão: “O presidente do BC, Ilan Goldfajn, cobrou dos bancos uma mudança na cobrança de juros do cheque especial. Se não funcionar, o Banco Central aplicará medidas. O regulador tem mesmo que tratar desse assunto. Na média de novembro, os bancos cobraram 323% ao ano dos clientes. A Selic, os juros básicos da economia, está em 7%. Em todos os países o cheque especial tem uma taxa mais alta, é um tipo de crédito liberado sem uma análise de risco mais profunda. Mas o que se vê no Brasil é difícil até adjetivar. Extorsivo é pouco. Os bancos têm tecnologia para analisar o risco dos correntistas e adotar juros menos exorbitantes. Nesses níveis, a possibilidade de inadimplência aumenta.” (Globo)

E um pouco de humor... Quando a ministra que não toma posse do Trabalho se encontra com Chico Buarque. Em vídeo.

Não é a primeira vez que ocorre, mas as equipes da Coreia do Norte e do Sul vão marchar juntas, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, que ocorrerá no mês que vem. A bandeira, branca, terá no meio a imagem da península sem a fronteira que a divide. Aconteceu já em Turim, nos Jogos de 2006. Mas é particularmente simbólico, pois desta vez a competição ocorre na Coreia do Sul e o discurso belicista dominou 2017. Há, ainda, um gesto inédito: o time de hockey feminino será composto por atletas de ambos os países. O acordo inclui que os torcedores serão incentivados a assistir os jogos e vibrar por ambas as equipes. O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi um dos primeiros a celebrar o acordo. Ele viajará para assistir à cerimônia. (New York Times)

Paul Romer, economista-chefe do Banco Mundial, havia sugerido que o ranking de competitividade da instituição fora manipulado politicamente. Agora, diz que não foi bem compreendido. “O que eu queria dizer é que poderíamos fazer um trabalho melhor.”

Fire and Fury (Amazon), o livro bomba do jornalista Michael Wolff sobre o primeiro ano do governo Trump, vai virar série.

Viver

Uma equipe de mergulhadores descobriu em Tulum, no México, uma conexão entre duas grandes grutas submersas, o que pode ser o maior sistema de cavernas do tipo no mundo. É que as duas grutas, Sac Actún e Dos Ojos, são, agora, uma mesma caverna de 347 quilômetros. Ali, os pesquisadores encontraram centenas de objetos arqueológicos que podem ajudar a conhecer melhor os primeiros habitantes da América e da cultura maia, além de animais extintos. (Globo)

Enquanto isso... Pesquisadores decifraram a epidemia que dizimou outra civilização, a asteca, há 500 anos. Os surtos da enfermidade que foram chamados de 'cocoliztli' se tratavam, na realidade, de salmonela.

Carla Rodrigues: “Para os pouco afeitos à política feminista, os inúmeros manifestos, cartas e artigos podem parecer apenas uma imensa confusão de vozes dissonantes que não chegam a lugar nenhum. Os feminismos carregam, na política, uma dupla potência. A primeira, por óbvia, não precisaria ser repetida: nada justifica nem as diferenças ainda existentes entre homens e mulheres, nem o racismo, a violência, a discriminação e a permanente suposição de subalternidade, presente dos menores aos maiores gestos. A segunda potência dos movimentos feministas costuma ser tratada como demérito, defeito ou falha: há lugar para muitas vozes, elas são heterogêneas, os acordos são parciais, as alianças são contingentes, as divergências são valorizadas. Neste modo de fazer política reside sua principal força, embora os inimigos pretendam apontar aí sua maior fraqueza. Uma democracia na qual os conflitos não são superados em nome de uma ‘tolerância’, mas mantidos em função do reconhecimento de que a política se faz na abertura para a pluralidade e não no silêncio forçado dos consensos. Discordar é manter as questões políticas em aberto, sujeitas a modificações, revisões, reinterpretações.”

E agora para algo completamente diferente: Broccoli é uma revista feita por mulheres, para mulheres, que gostam de cannabis.

A cada 19 horas um LGBT é assassinado ou se suicida vítima da LGBTfobia. É o que mostra um levantamento do Grupo Gay da Bahia, que há 38 anos coleta estatísticas sobre assassinatos de homossexuais e transgêneros no país. Em 2017, o número de homicídios aumentou 30% em relação a 2016 — passou de 343 para 445. Predominam o uso de armas de fogo (30,8%), seguida por armas brancas cortantes, como facas (25,2%). A maior parte dos assassinatos se dá em vias públicas (56%), mas é grande também o número de crimes registrados dentro da casa das vítimas (37%). (Globo)

Cultura

Nos últimos dias, uma música de funk chegou a liderar a lista das mais virais do Spotify brasileiro. Ontem, no entanto, a plataforma de streaming anunciou a retirada da canção após denúncias de usuários. O funk é acusado de fazer apologia ao estupro. Surubinha de Leve tem uma letra que sugere 'tacar' bebida em mulheres, transar e abandoná-las na rua. O principal vídeo da música também foi retirado do Youtube.

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Dylan Farrow, a filha de Woody Allen, concedeu sua primeira entrevista sobre as acusações de assédio sexual que fez contra o cineasta. À CBS, contou falou sobre suas memórias de quando tinha 7 anos e afirmou que quer que acreditem nela. “Por que Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas estão sendo banidas de Hollywood, enquanto Allen recentemente garantiu um contrato milionário com a Amazon? O sistema funcionou para Harvey Weinstein por décadas. E continua funcionando para Woody Allen.” A entrevista vai ao ar hoje.

Cotidiano Digital

A Bitcoin chegou a US$ 9.230, ontem, menos da metade de seu valor em finais de dezembro.

O modelo clássico de uma bolha especulativa tem cinco estágios. Primeiro há um deslocamento, algo muda que justifique o início de um novo tempo. Uma nova tecnologia como o blockchain, por exemplo. Daí, o boom, quando vários investidores pegam o vagão. No caso da Bitcoin, chegamos à terceira fase em novembro: é a euforia. Quando a existência da bolha chega ao conhecimento público e a massa avança. Só que, da euforia, surge tensão. Quem estava dentro começa a vender para concretizar seus lucros. E, quando as vendas começam a aumentar, vem junto o pessimismo. Na última fase, pânico se instala, a bolha estoura. Para Buttonwood, o sempre irônico colunista da Economist, estamos próximos do quarto estágio na bolha da Bitcoin. Tensão.

A Fitbit, líder mundial de wearables — a tecnologia de vestir —, investiu US$ 6 milhões na Sano, uma startup que desenvolve uma forma de medir o nível de glicose no sangue pelo toque na pele. O objetivo é levar os relógios capazes de monitorar frequência cardíaca e contar passos a máquinas de saúde mais eficazes. via Pioneiros

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