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O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa hoje, na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, às 8h30. Após a abertura da sessão, pelo desembargador Leandro Paulsen, o relator João Pedro Gebran Neto lerá sua análise do caso. Caberá então ao procurador Mauricio Gerum costurar o argumento do MP pela condenação. Então falam os advogados de defesa. Por volta das 11h, talvez meio-dia, Gebran lerá seu voto, seguido por Paulsen e, então, Victor Luiz dos Santos Lau. Caso não haja pedido de vistas, a sessão será encerrada. Haverá transmissão ao vivo pelo YouTube.

Kennedy Alencar: “Os três desembargadores que julgarão o recurso de Lula terão desafio inédito na Lava Jato, porque analisarão sentença extremamente contestada por boa parte dos juristas e advogados — situação diferente de outras condenações de Moro que chegaram a Porto Alegre. As sentenças de Moro normalmente chegam redondas e são confirmadas. Agora, os três desembargadores receberam uma bola quadrada. Advogados criminalistas apontam fragilidades como inversão do ônus da prova, condenação por fato que não consta da denúncia e incapacidade de provar a ligação entre a reforma no apartamento com três contratos da OAS com a Petrobras. A decisão do TRF terá forte influência no rumo político do Brasil. Isso aumenta muito a responsabilidade dos desembargadores. Como há fragilidade jurídica na sentença, o correto seria a absolvição. Quem quer uma condenação política e moral de Lula pode fazer isso nas urnas.”

Míriam Leitão: “A incerteza que cerca o julgamento derruba, por si só, a tese central da defesa de Lula, a de que existe uma guerra jurídica contra ele. O que o país tem é uma Justiça independente, e ele sabe disso. As inúmeras possibilidades de recursos, e que permitem construir os mais diversos cenários para desdobramento desta ação, mostram que não há uma perseguição. O fato de que adversários históricos, ou aliados circunstanciais, estejam vivendo situações semelhantes à do líder do PT mostra que o país está diante de um processo de luta contra a corrupção e não uma perseguição a um indivíduo ou a um partido. Os líderes do PT sabem disso, mas disputam, como sempre, a narrativa mais conveniente. A narrativa terá que ser repetida muitas vezes. Ele tem outros processos a responder, como o do apartamento que usa ao lado do seu, ou o do sítio de Atibaia. Isso em Curitiba, mas em Brasília, ele foi denunciado em outros processos como os investigados na Operação Zelotes.” (Globo)

Aos Fatos lista o que Lula e sua defesa falaram a respeito do tríplex entre agosto de 2015 e a sexta-feira passada.

Manuela D'Ávila, do PCdoB, e Guilherme Boulos, do PSOL, pré-candidatos à Presidência, defendem que se a Justiça impedir Lula de concorrer é “mais um capítulo do golpe”. Mas a esquerda não está fechada com esta leitura. Ciro Gomes sinaliza cautela. “Torço para que seja declarado inocente”, diz. Mas pula fora de um discurso contra a Justiça. “Imaginá-la como parte orgânica de uma conspiração política ofende a inteligência média do país.” A Rede, de Marina Silva, é mais explícita. “Todos são iguais perante a lei e essa é a base do regime democrático.”

Outra base lulista que erodiu nas últimas décadas é a dentre artistas. Alguns gravaram um vídeo defendendo o ex-presidente. O contraste com 1989 não é pequeno.

Um dos petistas mais cotados para substituir Lula na disputa pelo Planalto, Jaques Wagner pula fora. “Não tem plano A, B, C ou D. Nós só temos plano L, é Lula.” Mais reticente, o ex-governador gaúcho Olívio Dutra lamenta que o partido não veja futuro além. “Esse é um problema sério, a ideia de pessoas que incorporam e passam a ser um símbolo quase isolado. É um problema que não está solucionado: ter uma figura importante como Lula como para-raio de tudo que acontece”, se queixava, ontem, no meio do protesto. “O partido, que é uma construção coletiva, passa a ficar dependente ou coadjuvante nesse processo.”

A turma do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, está surpresa. Nas redes sociais, o julgamento de Lula mobiliza muito pouco. Entre as 20 notícias de política mais compartilhadas no Facebook nos últimos dias, só duas mencionam o julgamento. O ato a favor do ex-presidente em Porto Alegre só atraiu 7.400 que confirmaram pretender ir. Em São Paulo, 4.300. Nos anti-Lula, ainda menos. 4.500 na capital gaúcha e 1.800 na paulista.

Caso o TRF-4 confirme a condenação de primeira instância e Lula venha a ser preso, não será o único ex-presidente condenado por propinas ligadas a empreiteiras brasileiras. Os ex-presidentes Ollanta Humala, do Peru, e Ricardo Martinelli, do Panamá, estão na cadeia. Maurício Funes, de El Salvador, e Alejandro Toledo, do Peru, condenados, estão foragidos.

Existe na economia mundial “um rinoceronte que todo mundo vê, mas do qual ninguém se aproxima”. É a dívida da China, a maior ameaça para a economia global segundo alguns dos participantes do Fórum Econômico Mundial de Davos. O alerta é de que o elevado endividamento chinês poderia ser o prenúncio de outra crise financeira quando a última ainda está terminando e os bancos centrais não têm sequer um ‘plano A’ para fazer frente a uma nova quebra. (Estadão)

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, passou uma mensagem direta em sua fala no evento: é hora de colocar as mulheres em primeiro lugar. “Estou falando sobre contratação, promoção e retenção de mais mulheres, não porque é o que é certo ou o que é bom, mas porque é a coisa inteligente a fazer”, disse. Um relatório da McKinsey afirma que as mulheres fazem as empresas — e os países — mais lucrativas.

Já Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, falou sobre as três maiores ameaças à civilização. Segundo ele, mudanças climáticas, terrorismo e a reação contra a globalização. “Muitas sociedades e países estão cada vez mais focados em si mesmos. Temos que aceitar o fato de que a globalização está lentamente perdendo seu brilho”.