Sem Lula, disputa por 2º lugar fica acirrada

O Datafolha que sai hoje é a primeira pesquisa a avaliar a eleição presidencial após a condenação que torna Lula inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Só dois dos cenários avaliados incluem Marina Silva, que é uma das mais fortes candidatas já declaradas. E só em um destes aparece também Geraldo Alckmin, mais provável candidato tucano. Jair Bolsonaro sai à frente com 18% das intenções de voto, seguido de Marina (13%), Ciro Gomes (10%), Luciano Huck e Alckmin empatados em 8%. Embora mantendo a liderança, o capitão feito deputado oscilou para baixo. Os cenários que incluem Lula não indicam queda — o líder petista teria até 37% dos votos, caso a Justiça lhe permita participar. Em um segundo turno, Marina venceria o militar com relativa folga: 42% a 32%. Mas Alckmin ficaria atrás, num empate técnico: 35% de Bolsonaro contra 33%. (Folha)

Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, nunca antes uma pesquisa revelou um índice tão alto de eleitores dispostos a votar em branco ou nulo. É o vácuo deixado por Lula. “A possível inelegibilidade aprofunda a crise de representação no cenário político”, ele escreve. “Mesmo com o petista candidato, o índice já aparece com destaque, o que isoladamente pode refletir a rejeição aos candidatos de um modo geral.” 31% votam em branco, nulo ou nenhum e 4% não sabem. É um terço do eleitorado. (Folha)

Diga-se... Bolsonaro tentou impedir na Justiça a publicação da pesquisa.

Vera Magalhães: “Se Luciano Huck já havia demonstrado que não desistira do plano presidencial com a aparição no Domingão do Faustão, a condenação de Lula fez com que apertasse o passo. Huck não esteve com Guillaume Liegey, estrategista de Emmanuel Macron que visitou esta semana no Brasil para vender seus serviços a partidos e postulantes ao Planalto, mas emissários do apresentador estiveram com o francês. Além disso, o global retomou a comunicação intensa com o PPS, cujo presidente, Roberto Freire, ainda sonha em lançá-lo.” (Estadão)

Alon Feuerwerker: “Na esquerda, o jogo é delicado. Não ficaria bem para os concorrentes do PT passar a impressão de estarem se beneficiando do que denunciam como manobra golpista contra o ex-presidente. Mas a política é objetiva, e o vácuo nunca dura muito. No outro lado, a remoção do musculoso adversário vai induzir e estimular o ‘por que não eu?’ O PSDB é conhecido por sempre largar com a certeza da vitória. É natural também que os demais na direita sintam-se estimulados pelo desgaste e pelas momentâneas dificuldades dos tucanos. A atual etapa, portanto, será de luta interna em cada campo enquanto se aguarda o desfecho da novela judicial. E, como ela promete durar ainda um certo tanto, é improvável uma reorganização rápida do tabuleiro. Na esquerda, persistirá a tensão entre insistir com Lula e buscar outros caminhos. Na direita, não se enxerga um reagrupamento instantâneo em torno do nome tucano. Aliás, diferente das eleições recentes, essa convergência está longe de acontecer.”

Enquanto isso... José Roberto de Toledo perguntou ao Ibope qual o perfil do eleitor que não votaria nem em Lula, nem em Bolsonaro. Ao todo, representam 43%. “É o eleitorado que define o voto na última hora”, explicou a CEO do instituto, Marcia Cavallari. “Esses são os eleitores que candidatos de centro buscam”, diz a diretora do Ibope. “Não querem saber de radicais (nem de um lado nem do outro), têm pouco interesse por política e, por conta disso, demoram muito — e, cada vez mais — para decidir seu voto.”

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O ministro plantonista do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, negou ontem, no final da tarde, um habeas corpus pedido pela defesa do ex-presidente Lula. O advogado Cristiano Zanin argumentou que o Supremo vinha sinalizando mudar de ideia quanto à prisão após condenação em segunda instância e que a corte deveria ser esperada. Martins não quis saber. "O habeas corpus preventivo tem cabimento sempre que fundado for o receio de o paciente ser preso ilegalmente", escreveu. "Tal receio haverá de resultar de ameaça concreta de iminente prisão." Como esta ameaça ainda não ocorreu, fica como está.

No STF, ministros ouvidos pelo repórter Matheus Leitão acreditam que será pautada em breve a nova discussão sobre cadeia após segunda instância.

Mas... Ao menos ‘em on’, publicamente, Marco Aurélio diz que não cobrará de Cármen Lúcia que paute a revisão desta jurisprudência do STF. E ele é um dos críticos mais vocais. (Estadão)

Francisco Leali: “Ontem, a presidente do STF saiu-se com essa: revisar o início da execução penal após condenação em segunda instância por causa de Lula é ‘apequenar muito o Supremo’. O recado é para quem? Para ela mesma, avisando que é melhor deixar na gaveta? Ou para colegas que estão querendo mudar a maioria, apertada, para o outro lado? Estaremos, em breve e de novo, a assistir embates televisionados entre os supremos. No mundo ideal, poderia-se desejar que o julgamento seja feito em tom solene. Sem ataques de cólera ou sob a pressão que vem de fora. Mas isso é no mundo ideal.” (Globo)

É. Mas Gilmar Mendes anda com outra preocupação. Deseja que a Polícia Federal investigue os que ousaram xingá-lo durante um voo. Circulou no YouTube. (Folha)

Elio Gaspari: “O juiz Marcelo Bretas resolveu passar de símbolo da faxina das roubalheiras do Rio a ícone dos penduricalhos do Judiciário. Contrariando uma resolução do Conselho Nacional de Justiça, cobrou num tribunal o seu auxílio-moradia e o de sua mulher, também juíza. Bretas sempre morou no Rio e o casal obteve um penduricalho de R$ 8.600 mensais. Os penduricalhos transformaram-se numa ferida na cara do Judiciário.” (Folha ou Globo)

Este Brasil brasileiro: o procurador da Advocacia-Geral da União que foi atrás de saber sobre o auxílio-moradia requerido por Bretas e mulher se chama Carlos André Studart Pereira. E, pois é, ele próprio pediu o mesmo benefício à Justiça. Em seu caso, foi negado. (Estadão)

Viver

Foi um anúncio de peso o que Amazon, Berkshire Hathaway e JPMorgan Chase fizeram ontem. As três planejam criar uma companhia sem fins lucrativos no setor de saúde. Querem fazer algo em relação a descontrolada alta — nos EUA, o custo anual médio de um plano de saúde subsidiado pelo empregador atingiu US$ 18.764 no ano passado. Para isso, a gigante do varejo online, a holding liderada pelo investidor bilionário Warren E. Buffett e o maior banco do país em ativos querem oferecer ‘soluções de tecnologia para planos de saúde simplificados, transparentes e de alta qualidade, a custo razoável’ a seus quase um milhão de empregados. Um exemplo: um app que, quando um médico receitasse a um paciente um remédio caro, alertasse o usuário sobre uma alternativa genérica mais barata. O negócio ainda está na fase inicial mas, segundo o Financial Times, mais empresas seriam convidadas à aderir no futuro. (Folha)

A notícia foi suficiente para que as ações da UnitedHealth, a maior empresa de planos de saúde dos Estados Unidos, e outras rivais, como Anthem, Aetna, Cigna e Humana, caíssem na Bolsa de Nova York.

O Stat, site especializado em medicina e saúde, reuniu as reações de alguns especialistas. Elas vão do otimismo sobre a capacidade dos três grandes players, ao ceticismo de que, como outros, eles se comprometam com a causa, mas acabem falhando.

Uma super lua, uma lua azul e uma lua de sangue — essa última em decorrência de um eclipse lunar. Hoje, a Terra será presenteada com um tríplice fenômeno. A Nasa está chamando a junção de 'Superlua Azul de Sangue'. No Brasil, com exceção de algumas localidades ao norte do país, o eclipse não será visto. Mas o perigeu, quando a Lua está cheia e em seu ponto mais perto da Terra na órbita ao redor do nosso planeta, poderá ser apreciado.

Galeria: O fotógrafo Jan Banning registrou funcionários públicos de todo mundo em seus locais de trabalho. via Pioneiros

Cultura

Unsane, o novo filme de Steven Soderbergh, foi filmado inteiramente com um iPhone. Pelo trailer, não parece. E conta uma história com a cara do tempo atual. Uma mulher se sente ameaçada por conta de um homem que a segue ininterruptamente. Aparece em suas redes, em seu sistema de mensagens. Uma história de assédio. Um stalker. Só que ninguém acredita. E, aos poucos, ela começa a ter dúvidas. Estreia em março.

Filmes já foram feitos com celulares, antes. Mas nunca por um diretor que venceu o Oscar (Traffictrailer) e a Palme d’Or de Cannes (Sexo, Mentiras e Videotapetrailer). Sua ferramenta foi, provavelmente, um iPhone 7 Plus.

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Despacito chegou à China. A versão em mandarim do porto-riquenho Luis Fonsi e do chinês JJ Lin é mais conservadora e menos sensual (YouTube), mas está fazendo sucesso nas redes sociais orientais.

E Chaves, o programa mais visto da televisão mexicana, que é exibido há mais de 33 anos pelo SBT no Brasil, teve seus direitos de transmissão adquiridos pelo Multishow, da Globosat.

Para quem é de Chaves: o popular encerramento do episódio Vamos Todos a Acapulco.

Cotidiano Digital

O Mate 10 Pro custa US$ 800, tem uma câmera sólida com lente Leica, usa inteligência artificial para melhorar as fotos, a tela tem proteção contra arranhões e a bateria dura mais do que os aparelhos de topo de linha da Apple e Samsung. A marca: Huawei, uma das principais empresas de tecnologia chinesas. Nos EUA, a AT&T planejava lançar o aparelho este mês. Tirou o corpo fora abruptamente — sofreu pressão do governo para cancelar o contrato. Os serviços de inteligência desconfiam que a Huawei facilita a espionagem para Beijing. E a Casa Branca está numa campanha protecionista contra a China.

O WhatsApp é particularmente frágil perante fake news porque os rumores costumam se espalhar por grupos onde há mútua confiança — família, amigos, colegas de trabalho. A análise é de Filippo Menczer, do Observatório de Mídias Sociais da Universidade de Indiana. Ir mais fundo é difícil: a troca de mensagens é privada e encriptada, a rede é quase impossível de mapear para compreender seus fluxos. Na Índia, onde 200 milhões usam o app, partidos políticos já produzem informação falsa abertamente para a plataforma. No Brasil, 120 milhões de usuários, ontem circulava a história — falsa — de um vídeo atribuído a Luciano Huck.

Na guerra dos videogames, a Microsoft tem um problema. O PS4 da Sony tem mais jogos exclusivos do que seu Xbox One. Mas, com US$ 130 bilhões no bolso para fazer aquisições, a empresa de Bill Gates deve comprar uma ou mais editoras de jogos. Há um rumor forte de que, no topo da lista, está a Electronic Arts — talvez a maior das independentes. Além de publicar títulos como Battlefield e Mass Effect, tem os direitos para marcas como Star Wars e Fifa Soccer. A exclusividade seria uma bênção. Mas a licença para tais marcas traz condições como, por exemplo, estar em várias plataformas. Negociações em curso.

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