‘Segurança está falida’, diz ministro da Defesa

“Nem está a cinco mil quilômetros do Rio”, disse ontem em discurso o ministro da Defesa, Raul Jungmann. Referia-se ao traficante carioca preso em Porto Velho. “Mesmo assim, declara uma guerra na Rocinha.” Em sua avaliação, o crime organizado se nacionalizou e começa a deixar as fronteiras do país. Enquanto isso, a combate continua sendo tocado — e precariamente — pelos estados. De acordo com Jungmann, o modelo de segurança adotado no Brasil está falido. O crime mudou, o governo não acompanhou a mudança.

Enquanto o ministro falava, a Linha Amarela, uma das principais vias do Rio de Janeiro, sofria várias interdições. Houve trocas de tiros no confronto entre polícia e tráfico ali ao lado, na Cidade de Deus. Só em janeiro, houve 500 tiroteios na cidade, e 640 na região metropolitana. Desde setembro, a cada três dias, uma pessoa morre em ações policiais na Rocinha — a comunidade encravada no meio da região mais rica da capital fluminense.

Jungman promete a criação de uma corregedoria autônoma e integrada que organize as polícias do Rio. Pretende fazer, também, com Exército e Polícia Rodoviária, bloqueios nas baías, estradas e até pelo ar. (Globo)

O Rio não está sozinho, tampouco é o ponto do país com mais violência. No sábado, em Fortaleza, uma chacina custou a vida de 14 pessoas. Na segunda-feira, mais 10 morreram no Ceará numa rebelião na Cadeia Pública de Itapajé. Ambos os casos fazem parte da guerra entre Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital, um grupo carioca, o outro paulista, que disputam território por toda parte.

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O Brasil rachou a respeito da candidatura Lula. Segundo o Datafolha, 51% dos brasileiros acham que ele deveria ser impedido de disputar a eleição. 47% defendem que possa concorrer. Há empate na margem de erro. (Folha)

O BuzzFeed pôs no ar uma longa entrevista com Guillaume Liegey, o estrategista da campanha de Emmanuel Macron. “A maneira de fazer campanha na França em 2012 era um pouco como a que vejo no Brasil”, conta. “É muito ‘old school’, pensam que é a televisão que faz tudo, há muita intuição e pouco dado.” Liegey, que está em busca de um cliente no país, explica que suas técnicas não fazem milagre. “O que oferecemos é uma campanha mais organizada. Se você tem 2%, vai para 3% ou 4%, não 60%.” Por isso, sua busca começa de uma leitura do cenário eleitoral. “Lula faz uma pré-campanha muito à esquerda, e, Bolsonaro, muito à direita. Na França, havia um quadro muito parecido antes da chegada de Macron.” Quando se soma os extremos ideológicos à incapacidade dos políticos de se adequarem às mudanças do tempo, cria-se um espaço vazio no centro. Liegey não comenta sobre conversas com Luciano Huck — ou seus representantes. Considera, no entanto, que o apresentador tem características que o assemelham a Macron. Mas faz uma ressalva. “Se lançar na política da estaca zero é hipercomplicado. A probabilidade de chegar lá é muito baixa. O Macron deu certo por uma enorme conjugação de fatores, inclusive sorte. Ele construiu um movimento que se tornou orgânico e muito ativo, entendeu o momento do país, se posicionou bem. Quando as pesquisas começaram para valer, ele estava em uma posição muito boa.”

Já tem gente trabalhando na pré-campanha de Huck. Mas o apresentador não tomou qualquer decisão, ainda. (Folha)

Ex-candidato a vice de Marina Silva, Beto Albuquerque se lançou na corrida presidencial pelo PSB. É o terceiro. O ex-ministro Aldo Rebelo, vindo do PCdoB, também concorre. E a sigla aguarda manifestação de Joaquim Barbosa promete resposta até fevereiro. (Estadão)

Não fica nisso. Ciro Gomes, que sairá pelo PDT, engrenou em conversas, também com o PSB. Quer apoio. (Estadão)

Já em São Paulo... O vice-governador Márcio França deve deixar o PSB e virar tucano. Ele é o candidato de Geraldo Alckmin para sua sucessão. No PSDB, havia muitas queixas sobre o partido abrir mão do governo paulista. Ao mesmo tempo, um candidato local tão ligado a Alckmin atrapalharia qualquer presidenciável do PSB.

O MBL está perdendo engajamento no Facebook, sua principal plataforma. Seu rival, o MCC — Movimento Contra Corrupção —, sobe.

Aliás... Começou ontem, no Facebook, uma campanha contra fake news. São oito vídeos educativos, de dez segundos cada, que serão exibidos para todos os usuários até abril. (Globo)

Em sua caminhada pelos programas populares tentando propagandear a reforma da Previdência, Michel Temer falou ao jornalista Mário Kertész, dono da Rádio Metrópole, com grande audiência na Bahia. E explicou qual, percebe, é seu maior problema. “Às vezes as pessoas não vão com a minha cara. Dizem: ‘Esse Temer, não vou com a cara dele’. Aí tudo bem, não tem problema nenhum. O problema é analisar o que está sendo feito.” Ouça. Ou leia.

A eleição de 1989 contou com 22 candidatos à presidência, marcada por imenso descrédito dos políticos. Para quem não a viveu, Hugo Studart conta aquela história.

Nasceu Felipe, quinto filho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. (Globo)

O trabalho informal superou pela primeira vez o formal, em 2017. O número de pessoas com carteira assinada é o menor desde 2012. Os dados são da Pnad Contínua, do IBGE, e vão ao encontro de outros divulgados na semana passada pelo Ministério do Trabalho, que mostraram o fechamento de vagas com carteira assinada pelo terceiro ano seguido.

Ainda assim, a taxa de desocupação no Brasil caiu e ficou em 11,8% no último trimestre. Mais de 12,3 milhões de pessoas estavam em busca de emprego no final do ano passado.

Cultura

Rose McGowan, uma das primeiras mulheres a acusar Harvey Weinstein de abuso sexual, publicou, sob o título Brave (Amazon), um livro de memórias em que conta sobre o episódio. Ela tinha 23 anos quando Weinstein a convocou para uma reunião de trabalho que seria realizada em um restaurante, mas acabou no quarto de hotel do produtor. Coragem sai no Brasil em março. (Estadão)

Enquanto isso... Kadian Noble, uma atriz britânica, diz ter sido “explorada sexualmente” por Weinstein durante o Festival de Cannes de 2014 na França. Ela afirma que o produtor lhe prometeu um papel num filme. A defesa de Weinstein alega que não há provas de que ela foi envolvida em um “ato sexual comercial”, já que nem ela, nem ele teriam pagado ou recebido qualquer valor em troca. (Estadão)

Sai Kevin Spacey. Entram Greg Kinnear e Diane Lane — ambos já indicados ao Oscar. Eles interpretarão, na sexta e última temporada de House of Cards, um casal de irmãos. As gravações da série, que agora será agora focada em Claire Underwood, interpretada por Robin Wright, já retornaram.

Está chegando às livrarias a nova edição de Do Éden ao Divã (Amazon), a coletânea de piadas e historietas editadas por Moacyr Scliar e dedicada ao humor judaico. O livro é organizado por regiões de origem e temas e traz, em comum, uma graça de fazer graça de si mesmo. Sempre de forma autodepreciativa — e ironia fina.

Viver

O zika não é o único vírus que pode causar microcefalia e outras deformidades em fetos. Cientistas americanos constataram que patógenos da família flavivírus, com características estruturais muito semelhantes ao zika, têm efeitos similares. Os mais perigosos são os do Oeste do Nilo e o Powassan. O último não chegou ao Brasil.

E o avanço de três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti causaram ao país um prejuízo de pelo menos R$ 2,3 bilhões em 2016. Uns 2% do PIB. Cerca de 2 milhões de casos de dengue, zika e chikungunya. Na conta entram os gastos médicos para diagnóstico e tratamento, além de custos indiretos, pela falta ao trabalho por causa da doença e perda da produtividade. O prejuízo de longo prazo com a microcefalia e outras doenças neurológicas, ou com a morte de alguns pacientes, não foi contabilizado. (Estadão)

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Adeus grid girls. A partir deste ano, a Fórmula 1 não terá mais modelos que desfilam no paddock antes e depois das corridas. De acordo com o comunicado do gerente de operações comerciais, Sean Bratches, a prática não é “condizente com os valores da marca” e com as “normas da sociedade moderna”.

O novo escritório da Amazon em Seattle ganhou um ar tropical. Três esferas de vidro conectadas abrigam 40 mil plantas de 30 países diferentes. Boa parte delas — dentre as quais muitas samambaias — saiu da Floresta Amazônica.

Um estudo da Universidade de Nova York expôs ratos e células humanas à nicotina presente em cigarros eletrônicos e concluiu que ele pode aumentar riscos de câncer e doenças cardíacas. É mais um que entra na conta. Do ponto de vista estritamente científico, não há consenso sobre redução de danos. Ainda assim, a indústria está em marcha. A Philip Morris, por exemplo, não venderá mais cigarros no Reino Unido. Pretende substituí-los pela versão eletrônica. A mesma que, nos EUA, recebeu parecer contrário. Segundo um comitê consultivo do FDA, a empresa não deveria afirmar que ele apresenta risco menor à saúde que cigarros regulares.

E o STF decide hoje sobre a proibição de aditivos em cigarros. Pode ser o fim dos cigarros de sabor.

Aliás... Você sabe qual a chance de alguém se tornar fumante após o primeiro cigarro? 69%, segundo uma pesquisa publicada em novembro de 2017 no periódico acadêmico Nicotine & Tobacco Research. (Nexo)

Galeria: as imagens da superlua azul de sangue pelo mundo.

Cotidiano Digital

A Game Developers Conference pretendia oferecer seu 18º Prêmio Anual dos Pioneiros a Nolan Bushnell, fundador da Atari. Ele é, praticamente, o pai da indústria. Mas uma onda de protestos fez com que os organizadores voltassem atrás. O velho engenheiro — primeiro a dar um emprego a Steve Jobs — é acusado de comportamento machista durante os anos 1970. “Se o preço para a defesa de um melhor ambiente de trabalho é meu prêmio”, ele disse, “eu aplaudo a iniciativa. Se minhas ações ofenderam ou causaram dor, peço desculpas.”

Em seu clássico Hackers (Amazon), de 1985, Steven Levy conta como era a Atari naquele tempo. Não era raro que funcionários fizessem reuniões numa jacuzzi, nus. Sexo era comum — falar de sexo, idem. A região no entorno da Baía de San Francisco, que ainda não era chamada de Vale do Silício, havia sido o berço do Verão do Amor Hippie apenas uns anos antes.

Por enquanto, é só uma experiência. O Spotify lançou um novo app, chamado Stations. Ele toca playlists já previamente organizadas. Como se fossem inúmeras rádios. Não é possível pular músicas, tampouco incluir faixas. Mas é gratuito, com anúncios. E não funciona no Brasil. O teste é na Austrália. O objetivo é conquistar novos clientes sem que seja preciso pagar uma assinatura.

A turma da Fast Company conseguiu o vídeo da nova propaganda da Amazon, lançada para o Superbowl, que ocorrerá domingo. Alexa, a assistente digital popular nos EUA, perde sua voz. Resfriada. Funcionários da Amazon, em desespero, vão atrás de celebridades que possam substituí-la. Não dá lá muito certo. Mas serve para demonstrar do que Alexa é capaz.

Galeria: O Facebook em seus primeiros dias. E o Twitter. Instagram. Snapchat. Uber. Tinder.

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