Meio

A Transparência Internacional publicou seu ranking anual de percepção de corrupção. O Brasil caiu 17 posições, está em 96º numa lista de 180. Lá pela metade, na mesma posição de Colômbia, Peru, Indonésia, Tailândia. A Nova Zelândia lidera, percebida por seu povo como o país menos corrupto. A Somália está em último. A Argentina está melhor do que nós, assim como Índia e Gana. Pois é. Só do noticiário de hoje:

O escrevente João Nicola Rizzi disse, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que preparou a minuta de compra do sítio de Atibaia que Lula nega ser seu. O texto do contrato foi encontrado em busca na casa do ex-presidente.

Documentos que o Ministério Público paulista recebeu, da Suíça, revelam que o ex-presidente da Dersa, Paulo Preto, teve R$ 113 milhões em quatro contas distintas no país. Segundo delação da Odebrecht, houve pagamento de propina em favor do então governador tucano, José Serra. (Folha)

Forte pré-candidato ao governo estadual, o ex-prefeito carioca Eduardo Paes teve sua inelegibilidade confirmada pelo TRE-RJ. Ele é acusado de ter usado como programa de governo em campanha um plano estratégico contratado e custeado pela Prefeitura. Há recurso para o TSE.

Daí que... Um grupo de cem juízes tenta convencer seus colegas a iniciar uma greve. Querem impedir que o STF retire deles o auxílio-moradia. O tema está na pauta do Supremo para 22 de março. (Folha)

No fechamento desta edição, a Polícia Federal saía às ruas de Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio para a 48ª fase da Lava Jato.

Um pacote de projetos na Câmara pretende flexibilizar o estatuto do desarmamento, aumentando o número de licenças para porte de armas concedidas no Brasil. Hoje, para ter uma arma em casa, é preciso justificar a necessidade e receber aprovação da Polícia Federal. (Globo)

Em tempo: A Taurus pagou, ao caixa um de partidos, meio milhão de reais nas eleições de 2014, segundo levantamento da Vice. O Congresso em Foco localizou doações oficiais de R$ 620 mil da indústria armamentista em geral para candidatos à Câmara, no mesmo ano. São levantamentos parciais que não incluem todo o dinheiro oficial e nada do caixa dois. Como o lobby é ilegal no Brasil, tampouco é possível saber quando dinheiro é gasto no processo de seduzir parlamentares. A Bancada da Bala, porém, é grande.

Enquanto isso... O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma que sua prioridade é pautar nova legislação para tentar coibir o tráfico de armas no país. (Valor)

Pois é. Michel Temer chegou a cogitar a criação de um imposto para financiar o combate à segurança pública, no Brasil. Mais um imposto. Não deu. Segundo argumenta Maia, por emenda constitucional, não é possível pela intervenção. Por lei, só valeria a partir do ano que vem. (Estadão)

Ilona Szabó: “Diante da intervenção apresentada como solução inédita, nos vemos em um momento decisivo. É imperativo que ela seja capaz de chegar a resultados estruturais e sustentáveis. No momento inicial da operação, será preciso avaliar quem são as equipes meritosas na Secretaria estadual de Segurança e nas polícias estaduais — elas existem e precisam ser fortalecidas. Na PM, é urgente o investimento em equipamentos e melhores condições de trabalho, em paralelo ao treinamento dos policiais. Na Polícia Civil, serão prioritários investimentos em perícia e investigação, além de resgatar a sucateada área de tecnologia da informação. Nesse sentindo, é preciso valorizar e fortalecer o trabalho do Instituto de Segurança Pública, cujos dados têm permitido avanços em direção a um policiamento orientado aos problemas, baseado em evidências. Exemplo desse trabalho é o ISPGeo, que permite o acompanhamento de manchas criminais em tempo real.” (Globo)

A superlotação dos presídios brasileiros caiu no último ano, segundo extenso levantamento do G1. Não basta. Continuam 70% acima da capacidade. E as cadeias brasileiras não só se mostram incapazes de conter o crime como se tornaram o principal eixo de poder do tráfico de drogas.

A bolsa bateu o recorde de novo. O Ibovespa terminou a sessão acima dos 86 mil pontos, com alta de 0,29%. Os investidores ficaram mais otimistas depois da divulgação da ata do Fed, que veio com uma posição cautelosa, mas menos agressiva do que o esperado em relação ao aumento da taxa de juros americana. (Valor)

Aliás... O Brasil ganhou cinco mil milionários em 2017. Existem 117,4 mil contas no segmento de private banking, que exige valores depositados superiores a R$ 1 milhão em aplicações. A maior parte, em São Paulo. (Estadão)

Leandro Karnal: “Em 21 de fevereiro de 1848, surgiu o Manifesto Comunista (Amazon), de Karl Marx e Friedrich Engels. É um panfleto de propaganda e um programa de ação. O texto elabora uma lógica universal da História, a luta de classes, conclamando o proletariado à união. Do mundo antigo ao contemporâneo, o motor, na visão dos autores, tinha sido a história da luta de classes. Marx tenta construir uma lógica científica politicamente oposta à do positivismo, mas igualmente dirigida por um vetor e por um sentido de transformação quase inevitável. Um obra clássica não depende do seu gosto. Ler Adam Smith ou Machado de Assis não é como se manifestar sobre coentro ou a bossa nova. Clássicos seminais são criadores de novos mundos (nem sempre bons) e que continuam no foco das atenções. Marx criticou injustiças graves do século 19 e colaborou para criar ditaduras abomináveis no século 20. Utopias, movimentos históricos e sangue correram em torno das ideias do Manifesto Comunista. Passados 170 anos, ainda estamos aqui pensando na obra e em como resolver as desigualdades do mundo.” (Estadão)