STF decide hoje destino de Lula — e, talvez, da Lava Jato

O dia ontem foi tenso, véspera de julgamento que ocorre hoje no Supremo e que pode decidir não só a prisão de um ex-presidente como também o destino da Lava Jato. Os ministros do STF se encontram à tarde em plenário, às 14h, e haverá transmissão pela TV Justiça e YouTube. Eles decidirão se acatam um habeas corpus de Lula, o que impediria o início de sua pena mesmo após condenado pela corte de apelação. Podem, também, fazer com que o alcance da decisão seja mais amplo, derrubando o início da prisão após condenação em segunda instância. Aí, vários condenados pela Lava Jato podem vir a ser soltos. Dificilmente acaba hoje. Mas o voto que ninguém conhece e que decidirá o embate é o da ministra Rosa Weber. A quarta a se manifestar.

Ao lado de Lula, neste caso, caminham PP, PR, PTB e até o MDB. Ao repórter Gerson Camarotti, o decano da Câmara, Miro Teixeira, explicou a lógica. “O Lula pode ser um boi de piranha”, afirmou. “Ele pode estar sendo colocado nesse rio para passar a manada da impunidade. Essa é a questão.”

Raramente o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se entende com sua sucessora, Raquel Dodge. Não é o caso, hoje. “Justiça que tarda é uma justiça que falha”, afirmou Dodge. “Não é um exagero afirmar que esse é um dos julgamentos mais importantes na história do STF.” Num evento em Brasília, Janot concordou. “Temos que nos abstrair de pessoas, temos que olhar as teses que se colocam e os efeitos disso no sistema penal.”

Se o evento em prol de Lula que ocorreu terça-feira, no Rio, foi mirrado, as manifestações a favor da prisão em segunda instância e contra o habeas corpus tiveram volume. Ocuparam oito quadras da Avenida Paulista, nos dois sentidos, embora com espaços brancos aqui e ali. Em escala menor, também teve presença na Avenida Atlântica, no Rio, além de outras 15 capitais do país. Não foi, nem de perto, o mesmo tamanho das passeatas pelo impeachment. (Folha)

Os número dos organizadores: 48 mil pessoas em todo o Brasil. São Paulo sozinha chegou a colocar 1,4 milhão de pessoas no tempo do impeachment. (Piauí)

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A tensão do dia foi exacerbada, à noite, por um par de tweets do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. “Asseguro à nação que o Exército julga compartilhar o anseio de todos de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição”, escreveu num. “Resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e quem está preocupado com interesses pessoais.”

Mais de um general interpretou os tweets como chamamento à resistência, responderam na mesma rede, e depois apagaram ou amainaram suas mensagens. Segundo a jornalista Eliane Cantanhêde, a declaração representa a “posição do Alto Comando do Exército”. Perante a repercussão, porém, eles garantiram que não se trata de uma ameaça ao Supremo. (Estadão)

O juiz carioca da Lava Jato, Marcelo Bretas, retuitou com emoji de aplausos. O ministro da Segurança Raul Jungmann pôs panos quentes. “Foi um chamamento ao bom senso.” Na imprensa, porém, a recepção foi fria. “Comandante manda recado”, pôs em título o Poder360. “Foi inapropriado”, comentou Merval Pereira no Jornal das Dez. “Os militares não deveriam participar de uma disputa que é política e jurídica.”

Rodrigo Janot foi ao ponto: “Se for o que parece, outro 1964 é inaceitável. Mas não acredito nisso realmente.”

Em tempo: o professor de Filosofia gaúcho Denis Rosenfield, ligado ao Instituto Millenium, esteve à noite na casa do presidente Michel Temer. É o nome mais cotado para assumir o Ministério da Defesa.

Cotidiano Digital

Uma mulher entrou na sede do YouTube, em San Bruno, na Califórnia, e disparou para onde deu. Feriu gravemente um homem e uma mulher, levemente outra mulher. A atiradora, identificada como Nasim Aghdam, que vive no sul do estado e tinha 39 anos, cometeu suicídio no local. De acordo com as investigações iniciais, ela não conhecia nenhuma de suas vítimas.

Aghdam é uma YouTuber que tinha uma série de canais falados em inglês, turco e persa voltados para direitos animais, veganismo e fitness. Recentemente, foi imposto um limite de idade para um de seus vídeos. Pelo menos um dos canais foi removido por violar as regras da plataforma. A moça vinha se queixando, pois se considerava vítima de uma perseguição. Estrelas da música teriam vídeos mais fortes do que os dela e não eram tocados. “Não há oportunidade igual de crescimento no YouTube”, ela escreveu em seu site pessoal. “Seu canal só cresce se eles desejarem.”

Em seu primeiro dia operando na NYSE, as ações do Spotify fecharam a US$ 149, dando à empresa uma avaliação de US$ 26,5 bilhões. É, portanto, oficialmente uma startup que deixou de ser startup. Madura. Porém, ainda no prejuízo. Ao final de 2017, estava já US$ 1,5 bilhões no vermelho. Afinal, para cada dólar que recebe em assinaturas, paga 70 centavos de royalties. É o modelo de negócio que permitiu o renascimento da indústria musical. Mas não resolve o problema do Spotify, que tem duas saídas. Uma é expandir: podcasts, concertos, eventos, audiolivros, até vídeo. O outro caminho é ganhar ainda mais em escala, tornar-se a principal, talvez única empresa de streaming de música do planeta. Aí ganha mais poder de negociação com artistas e gravadoras. A ver.

A Apple contratou John Giannandrea, o líder de inteligência artificial do Google. É como contratar um Neymar. Conhecido por JG, o escocês de 53 anos é o responsável pelo nascimento e evolução da assistente digital do Google. Nos últimos anos, a assistente da Apple, Siri, vem perdendo espaço.

Cultura

Morreu ontem, em Petrópolis, o jornalista Luiz Garcia. Tinha 81 anos. A sua foi uma carreira muito longa, iniciada aos 17 e só interrompida quando o mal de Alzheimer lhe abateu, em 2015. Foi um repórter de Política que se tornou editor. Esteve no comando de Veja e do Globo, onde também editou as páginas de Opinião. Mas, principalmente, era um homem de texto. Um português direto, correto como só, no coloquialismo sem adjetivos ou floreios em que palavras parecem nunca se repetir. Fluido e claro. Um dia, lhe perguntaram como escrever bem. “Primeiro, ler. Depois, praticar. Um dia a gente descobre que o texto tem ritmo, como a música, e que escrever bem é como compor.” Cá nesta profissão, foi um dos grandes. (Globo)

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Um juiz autorizou que se arrombe o apartamento onde vive João Gilberto, o músico cujo violão fundou a Bossa Nova. Seu estado será avaliado por um perito judicial e, possivelmente, João será internado em uma clínica. Bebel e João Marcelo, seus filhos adultos, disputam a guarda na Justiça com a mulher do mestre, Claudia Faissol. (Globo)

Estreia no próximo sábado, em Recife, a turnê De Santo Amaro a Xerém, de Maria Bethânia e Zeca Pagodinho. Bethânia é conhecida pelo rigor, Zeca, pelo despojamento. Os dois, pelo samba. Em abril, vão ao Rio. Em maio, a São Paulo. “Ela tá me botando pra ensaiar, coisa que eu nunca fiz”, diz ele. “Tem que ensaiar para conhecer o outro, senão fica difícil para ele e para mim. O Zeca está se esforçando”, conta ela. (Folha)

O clássico da ficção científica 2001: Uma Odisseia no Espaço completou 50 anos. Para a comemoração, o Nexo preparou um teste de “verdadeiro ou falso” com afirmações sobre a história do longa e o seu impacto à época do lançamento.

Galeria: Fotos raras dos bastidores do filme.

E a Warner divulgou uma versão em oito bits da abertura da série Friends, um dos maiores sucessos dos anos 90. Assista.

Viver

O Ministério da Educação entregou ontem ao Conselho Nacional de Educação, o CNE, a última versão da Base Nacional Comum Curricular do ensino médio. É a terceira versão do documento, mas não a redação final. Ele precisa ser analisado e votado pelo CNE, que deve realizar audiências pelo Brasil para ouvir contribuições da sociedade — alterações e emendas podem ser feitas, mas a versão não pode ser completamente reelaborada. Matemática e língua portuguesa seguem sendo as únicas disciplinas obrigatórias nos três anos da etapa final da educação básica, mas competências e habilidades das áreas de ciências humanas e da natureza também passam a ser oficialmente obrigatórias no ensino médio — não necessariamente em todos os anos. As três mil horas do ensino médio devem ser divididas em duas partes: 1.800 horas para os conteúdos das quatro áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza), e 1.200 horas em que cada escola poderá se aprofundar em uma ou mais áreas. As mudanças devem refletir também no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, a partir de 2020.

Horas e horas na frente do computador ou da televisão assistindo House of Cards ou The Crown na Netflix talvez estejam lhe engordando. O Uber e o iFood, também. Pois é. Uma pesquisa mostrou que 88% dos adultos americanos afirmam que se movimentaram menos nos últimos anos devido ao aumento do tempo em frente à tela. E 80% responsabilizam os serviços sob demanda, como a entrega de refeições, os aplicativos de compartilhamento de corridas, os canais de compras on-line etc. O resultado: quatro em cada 10 adultos EUA estão atualmente tentando perder peso.

Astrônomos divulgaram ontem o maior mapa em três dimensões do Universo primordial. E ele permitiu a identificação de quase 4 mil galáxias “bebês” ainda na “infância” de nosso Cosmo. Algumas delas provavelmente evoluíram para ficarem parecidas com nossa Via Láctea. (Globo)

Enquanto isso... A Nasa tem planos, digamos assim, silenciosos. A agência especial americana anunciou que a gigante da indústria aeroespacial Lockheed Martin ficará à frente de um projeto de quase US$ 250 milhões para desenvolver um avião capaz de ultrapassar a velocidade do som sem provocar um grande estrondo sônico, o barulho associado às ondas de choque criadas por um objeto viajando tão rápido. (Globo)

Daqui a dezenas de milhões de anos, a África pode ser separada em duas. O sinal: uma enorme fenda que já tem quilômetros de comprimento e alguns metros de largura no Grande Vale do Rifte — ‘rifte continental’ é o nome do fenômeno que afasta em direções opostas de duas placas tectônicas. A região se estende por mais de 3 mil km, desde o Golfo de Adén, no norte, até o Zimbábue, no sul. A fissura já levou a evacuações de zonas rurais no sudoeste do Quênia e seguirá se expandindo pelo continente. A estimativa dos especialistas é que a placa tectônica somali esteja se afastando da placa africana a um ritmo aproximado de 25 milímetros por ano.

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