O Meio circulará amanhã, em edição extra, com os detalhes políticos do dia.
— Os Editores.
Moro ordena prisão de Lula
Às 17h31 de ontem, o desembargador Nivaldo Brunoni, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Curitiba, enviou eletronicamente um ofício para a 13ª Vara Federal de Curitiba. Informava que não havia impedimento para cumprimento da sentença de 12 anos e dez meses dada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Passaram-se 19 minutos. Às 17h50, o juiz Sérgio Moro expediu a ordem de prisão. Nela, constam algumas condições diferenciadas – “em atenção à dignidade do cargo que ocupou”. O ex-presidente pode se apresentar voluntariamente à Polícia Federal de Curitiba até às 17h de hoje e seus advogados estão livres para combinar os detalhes com o Superintendente da corporação. Foram vedadas, em qualquer hipótese, o uso de algemas. E Lula, neste início de pena, não ficará numa cela. O dormitório do prédio, com 15 m2, tem banheiro e foi adaptado para ele com cama e mesa, de forma a garantir sua segurança. Leia o mandato de prisão. São duas páginas e meia.
Lula foi ainda condenado a pagar multa de R$ 1 milhão. Pode ser descontada na aposentadoria. (Globo)
O TRF-4 reagiu com rapidez à recusa do Supremo de conceder habeas corpus ao ex-presidente. Mas, possivelmente, a decisão foi acelerada por um pedido de liminar que chegou ontem ao STF e caiu nas mãos do ministro Marco Aurélio Mello. O partido nanico PEN pede a suspensão de execução provisória de todos os réus do país cuja culpa esteja sendo questionada no STJ. Ou seja: todos os condenados em segunda instância. A esperança era de que Marco Aurélio, o mais exaltado contra a decisão do pleno de negar Habeas Corpus a Lula, tomasse uma decisão solitária. Ele não o fará. Levará o pedido ao plenário, para que seja analisado por todos, na quarta-feira que vem. (Jota)
Os advogados de Lula foram ao STJ pedindo novo Habeas Corpus. Argumentam que o TRF-4 antecipou o julgamento da pena sem, antes, avaliar os embargos dos embargos, informa Mônica Bergamo. (Folha)
Lula estava na sede de seu Instituto, no Ipiranga, em São Paulo. Após ser informado da ordem, se dirigiu ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, onde começou sua carreira política ainda nos anos 1970. Lá, simbolicamente, passou a madrugada cercado de aliados — a também ex-presidente Dilma, os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, os candidatos ao Planalto Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL). Uma multidão se formou em frente. “Não vai prender, vai ter luta”, gritavam. Até o fechamento desta edição, ainda não havia decidido como se entregaria. (Globo)
Paulo Celso Pereira: “Embora sintético, o texto de Moro mostra alguns cuidados para evitar a vitimização do ex-presidente. Para não ocorrer a tão formulada cena da Polícia Federal buscando Lula em seu prédio, onde petistas sonharam fazer um cordão humano, Moro deu ao ex-presidente o direito de se apresentar livremente até amanhã à tarde em Curitiba.” (Globo)
A princípio, o PT busca transformar o ato de prisão em momento histórico. Deseja que Lula se entregue a pé, cercado de uma multidão de apoiadores. (Folha)
A notícia da ordem de prisão despertou pânico, em Brasília. Se o político mais popular do país pode ser preso, vale para qualquer um. A avaliação é de que o STF vai acelerar o julgamento dos casos de quem tem prerrogativa de foro. (Estadão)
Pedro Doria: uma história dos presidentes que foram presos no Brasil.
Lula não é o primeiro presidente preso por corrupção envolvendo a Odebrecht. O peruano Ollanda Humala foi detido em julho último. Alejandro Toledo, que também governo o Peru, teve a prisão decretada, mas está foragido nos EUA. E, em dezembro, o vice-presidente equatoriano Jorge Glas foi condenado por receber suborno da empreiteira.
Pois é. A ex-presidente sul-coreana Park Geun-hy foi condenada a 24 anos de prisão. Esta madrugada. Por abuso de poder e suborno. Acontece em todo o mundo.
Enquanto isso... O laudo técnico sobre os tiros contra a caravana petista saiu. Apenas um dos três ônibus foi atingido por balas. As outras perfurações vieram de pedras. No total, houve dois tiros, de um raro calibre 32. Um acertou a lataria, o outro o vidro. Possivelmente saíram de uma garrucha antiga — a munição não é mais fabricada —, espingarda de cano duplo e curto, a 18,9 metros de distância e de uma posição alta. Ou um barranco, ou o telhado de uma casa. Pegaram o ônibus por trás, quando ele já havia passado pelo atirador.
Amanhã é o último dia para que ministros, governadores e prefeitos deixem seus cargos se desejam ser candidatos. Só os que concorrem à reeleição para o lugar que ocupam podem permanecer onde estão. Também se encerra o prazo para filiações partidárias.
A Polícia Civil do Rio descobriu o número de celular do motorista do carro utilizado no assassinato da vereadora Marielle Franco. Segundo o Intercept, os investigadores já conseguiram a quebra do sigilo telefônico de algumas pessoas, entre elas vereadores. Querem saber se houve contato.
Aliás... A partir da análise das ligações feitas ao Disque Denúncia do Rio, a trupe do site descobriu indícios de que o crime organizado está se transformando. Crimes cometidos pelas milícias — em geral formadas por policiais — representam 65% das denúncias. Dos traficantes tradicionais, 35%. Elas matam muito mais, invadem propriedades, extorquem. E também traficam.
Cultura
Em São Paulo, veteranos e novos nomes do rap brasileiro como Mano Brown, Djonga e Rincon Sapiência se apresentam hoje no Carioca Club. Para quem é de orquestras, ao longo do fim de semana a Orquestra Sinfônica Municipal toca a monumental Missa de Leonard Bernstein no Theatro Municipal. E tem programação gratuita também: As Choronas, um raro grupo de choro de mulheres, tocam no sábado no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, de graça.
No Rio, Metá Metá e Bixiga 70 estarão neste sábado no Circo Voador. Mesmo dia em que a Orquestra Sinfônica Brasileira e o coro da Cia. Bachiana apresentam o Stabat Mater de Rossini na Sala Cecília Meireles. E o Centro Cultural Correios tem quatro novas exposições: Ar, de Patrícia Secco; Carvão, de Dudu Garcia; Ferro, de Ricardo Haccia, e Seres, de Jaime Accioly.
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É uma semana lenta nos cinemas — mas tem um pouco para todo mundo. Com Amor, Simon (trailer), é uma comédia romântica adolescente leve. Com uma distinção. Simon, o estudante de um high school, tenta decidir qual o momento certo para anunciar que é gay. Já o húngaro 1945 (trailer) não tem nada de leve. É agosto, a Segunda Guerra terminou. E chegam de trem, numa cidadezinha do interior, dois judeus ortodoxos. Ninguém sabe o que buscam — e a população começa a explorar suas culpas. Tem também um desenho — O Homem das Cavernas (trailer), a comédia na qual um grupo da Idade da Pedra tenta lidar com a chegada doutro, na Idade do Bronze. Veja outras estreias.
E Pantera Negra (trailer) será o primeiro filme exibido na Arábia Saudita em 35 anos. Há mais de três décadas a população do país não tem acesso a cinemas. O longa da Marvel deve estrear por lá em 18 de abril.
Para ler com calma. Em outubro de 2015, Lam Wing-kee, um livreiro de Hong Kong, foi detido quando tentava entrar com alguns títulos banidos na China. Já acontecera de ser parado antes. Vivia há anos contrabandeando livros — biografias com detalhes picantes sobre Mao, memórias de líderes comunistas expulsos, alguns romances policiais. E com um cigarro, uma piada, um pedido de desculpas, Lam sempre se safou. Mas não desta vez. Foi levado para uma sala, interrogado. Depois, encapuzado, transportado por horas para um canto desconhecido. O pesadelo durou quatro meses. Queriam saber quem eram os autores de alguns dos livros e uma lista de clientes. Soltaram-no perante um acordo: que voltasse para casa, fechasse seu negócio, fosse à delegacia dizer que o desaparecimento nada tinha a ver com a China. E que pegasse o computador da livraria e o entregasse aos captores. Chegou a Hong Kong assustado, decidido a fazer tudo direito. Mas, aí, caiu na internet. Descobriu que houve passeatas em busca dele no antigo protetorado britânico, que outros livreiros também desapareceram. Que, pela primeira vez, Beijing ameaçava as liberdades da ilha. Uma reportagem quase thriller do New York Times.
Viver
Todas as empresas com mais de 250 funcionários na Grã-Bretanha tiveram que relatar suas diferenças salariais por gênero até a última quarta-feira. Usando esses dados, o New York Times converteu a diferença no número de dias em que as mulheres trabalham efetivamente de graça. Pois é. Tem empresa que parou de pagar suas funcionárias em fevereiro — na NWN Media, a diferença salarial por hora para todas as funções da empresa de jornais locais é de 85%. Grandes empresas, como Coca-Cola e Google, vão parar em novembro. A maioria das que pagam menos às mulheres do que os homens deixarão de pagar as funcionárias em algum momento em dezembro. No geral, das quase dez mil avaliadas, apenas 842 pagam seus funcionários com equidade — 1.379 pagam mais para as mulheres e 7.795 pagam mais para os homens.
A cidade americana de Seattle pode se unir ao rol de metrópoles que adotam a precificação do congestionamento, o pedágio urbano, para resolver o problema do trânsito. A ideia é colocar uma espécie de pedágio em ruas e avenidas movimentadas e cobrar mais quando elas estão mais cheias. Para especialistas, a solução resolve dois problemas: o do tráfego ruim e da poluição do ar. Isso levaria as pessoas a preferir caminhar, andar de bicicleta ou usar o transporte público, e o dinheiro arrecadado poderia financiar o sistema de trânsito e ajudar passageiros de baixa renda. Londres, Cingapura e Estocolmo têm programas de pedágio urbano que reduziram o tráfego — na capital sueca, o programa também levou a uma grande queda nas taxas de poluição do ar e asma infantil.
E cientistas alemães realizaram a primeira colheita de vegetais cultivados sem terra ou luz solar. Na Antártida. A ação é parte de um projeto para ajudar os astronautas a cultivar alimentos frescos em outros planetas. (Globo)
Cotidiano Digital
Desta vez foi Sheryl Sandberg, número dois do Facebook, que concedeu entrevista à Bloomberg. Ela anunciou que a rede decidiu levar a todos os usuários os níveis estritos de garantia de privacidade exigidos pela legislação europeia. Sandberg também disse que seu time, responsável pelas operações da companhia, está tentando localizar se alguma outra empresa ou anunciantes cometeu abusos no nível da Cambridge Analytica. Por enquanto, nada encontrou.
Chega no dia 25 o primeiro game para celulares passado no universo de Harry Potter. Os jogadores iniciam a partida recebendo uma carta-convite para que estudem em Hogwarts e a história se passa após o nascimento de Harry, mas antes de ele entrar para a escola. A partir daí, há pistas para descobrir e mistérios por resolver. Veja o trailer.
