Maluf fica em casa e Supremo racha novamente

O Supremo rachou, novamente, quando decidia ontem o futuro do ex-prefeito Paulo Maluf. De cara, o plenário negou ao deputado afastado Paulo Maluf o direito a recursos. Mas, no caminho, tomou a primeira de duas decisões importantes. Os ministros decidiram que quando uma das turmas condena um réu mas, dentre os cinco votos, ao menos dois foram pela absolvição, existe direito de recurso ao pleno. Não foi o caso de Maluf — poderá ser de outros com foro privilegiado. O segundo marco importante, porém, foi o não debate. Maluf estava preso, na Penitenciária da Papuda, em Brasília, por ordem monocrática de Edson Fachin. Foi mandado para casa, em prisão domiciliar, por um Habeas Corpus de Dias Toffoli. Pode um ministro do Supremo derrubar sozinho a decisão doutro ministro? O time que reúne Toffoli, Lewandowski e Gilmar queria este debate tentando implantar, na corte, a nova jurisprudência. Assim, qualquer ordem de prisão por parte de um relator poderia ser derrubada caso o HC caísse na mão de alguém que discordasse. Fachin driblou o debate. Decidiu, sozinho, conceder ao velho político paulistano um Habeas Corpus de ofício. Ou seja, de iniciativa própria do juiz. Segundo os exames feitos semana passada no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, o câncer na próstata de Maluf está se espalhando e há metástases ósseas no sacro e na coluna vertebral. Por isto, Fachin considerou procedente que ele ficasse em casa. Como o resultado prático é o mesmo, o HC de Toffoli foi derrubado. E o debate não houve.

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A situação de Aécio Neves vai se complicar. O empresário Joesley Batista afirmou que, por dois anos, pagou ao senador uma mesada de R$ 50 mil. (Folha)

O TRF-4 negou ao ex-ministro José Dirceu os embargos infringentes. Ele ainda tem embargos de declaração por apresentar na segunda instância, mas sua prisão já pode ser decretada. Dirceu foi condenado a 30 anos, nove meses e dez dias de prisão.

José Dirceu: “Preso ou aqui fora, vou fazer tudo o que eu fazia: ler, estudar e fazer política. Tenho que cumprir a pena. Não posso brigar com a cadeia. O preso que briga com a cadeia cai em depressão, começa a tomar remédio. É duro perder a liberdade. Quer dizer, não perde porque não perde a liberdade de criar, de pensar, e também não perde o afeto, o amor. Milhões de pessoas vivem numa condição subumana por causa da pobreza, da exploração. E criam, né? Fazem música, arte, criam os filhos, batalham. Você está preso. Convive com Maria da Penha, com um pedófilo condenado a cem anos de prisão. Eduardo Cunha é o chefe de um setor. É uma pessoa normal, quieta. Dedica uma parte do tempo para ler a Bíblia, frequenta o culto. Conhece a Bíblia profundamente. E em outra parte do tempo se dedica a ler os processos. A primeira reação é ‘não vou falar nunca com ele’. Depois de três anos, minha cara, não adianta. Tem que falar. Lá tá todo mundo na mesma merda, entendeu? Há uma solidariedade. ‘Vamos evitar que o velhinho pegue sarna, vamos limpar a cela dele, vamos levar ele para tomar banho’. Se contamina uma cela, pode contaminar todas as 32 celas da galeria, com sarna, com pulga. Temos que cuidar para que todo mundo ferva a água. Você não pode receber a tua família mal. A gente briga muito com os outros presos: ‘Tua família não pode te ver assim. Fique melhor. Se arruma. Levante o ânimo. Imagine como vai ficar a tua mãe.’ E, se a família chega chorando, o preso volta da visita, deita na cama e cai. É duro ver a família indo embora. É duro. Muitos choram. Marcelo Odebrecht ficava sozinho numa cela. É afável, educado. Mas tem uma vida muito própria. Faz ginástica oito, dez horas por dia. Então não convive, né? Todo mundo sabia que ele era assim e todo mundo respeitava. Se comportou muito bem. Até poderia ser de maneira diferente, pelo que representava. Mas ali é todo mundo igual. Quando você entra no sistema, tem que pôr na cabeça o seguinte: ‘Eu sou preso. Aqui eu sou igual a todo mundo.’ Os presos te respeitam se eles veem que você é um deles.” (Folha)

Inspirada na excelente série Presidential, feita pelo Washington Post na última eleição americana, a Folha pôs no ar Presidente da Semana. A história, em áudio, do governo de cada um dos mandatários da República. Pode ser assinada no smartphone. Esta semana, o marechal Deodoro.

Em tempo: Epitácio Pessoa foi ministro do Supremo Tribunal Federal entre 1902 e 1912. Por dez anos. Depois, eleito presidente da República em 1919, cumpriu o mandato até o final, deixando o Catete em 1922. O caminho do Supremo à presidência não é inédito.

Aliás... Tinha por inimigo no STF, uma coisa assim Gilmar e Barroso, o ministro Pedro Lessa. Que era negro.

A União Europeia proibiu a importação de carne de frango de 20 frigoríficos brasileiros. Ao todo, foram atingidas diretamente nove companhias brasileiras, entre elas a BRF. Segundo a UE, a desabilitação dos frigoríficos brasileiros foi motivada por “deficiências detectadas no sistema brasileiro oficial de controle sanitário”. Já o governo brasileiro afirma que, como todos os argumentos técnicos possíveis já foram apresentados aos europeus, não há interesse sanitário das autoridades do bloco, e sim comercial. (Globo)

Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o embargo vai afetar até 35% das exportações brasileiras de carne de frango ao bloco. (Valor)

Sindicatos vários em todo o país obtiveram na Justiça o direito de voltar a cobrar o imposto que os sustenta. São já pelo menos 123 decisões a favor, sendo que 34 delas em segunda instância. (Estadão)

Não faça do seu Face uma arma
A vítima pode ser a verdade

Tony de Marco

 
Fakebook

Cultura

É fim de semana de shows em São Paulo. No domingo, a banda Radiohead se apresenta no Allianz Parque, com show de abertura de Flying Lotus. Para quem é de rap, Emicida estreia a turnê 10 anos de Triunfo, fruto do DVD que gravou em novembro, com shows no Sesc Pinheiros. Já para quem prefere um bom filme, estes são os últimos dias para aproveitar os documentários do festival É Tudo Verdade.

Tem Radiohead no Rio também — hoje, na Jeunesse Arena. No Teatro Laura Alvim, Andréia Ribeiro interpreta Carolina Maria de Jesus em monólogo que conta a história da escritora mineira a partir dos livros Quarto de Despejo e Diário de Bitita. E no sábado, eletrônico e orgânico se encontram no Aparelho: The Dead Suns e Cubüs lançam New Days For a Better Man.

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Mas a grande pedida deste finde carioca é o Forró in Rio, que celebra os 60 anos do Trio Nordestino. Aquele. Que um dia teve no comando Luiz Gonzaga. A partir de hoje, no Rio Scenarium, 15 trios e 4 DJs tocam até o dia 23. A festa se encerra na segunda, dia de São Jorge, com um show gratuito da Orquestra Sanfônica, no Aterro do Flamengo. E, todos os dias, um workshop ensina a dançar no Centro Coreográfico da Cidade. Confira a programação.

Não é uma semana de blockbusters, mas em tempos de O Mecanismo há um longa-metragem do diretor José Padilha nas telas. 7 Dias em Entebbe (trailer) conta o drama de um voo da Air France que, tendo partido de Tel Aviv, foi sequestrado por terroristas palestinos e levado para Uganda. Aconteceu em 1976. Outro filme nacional é Quase Memória (trailer), de Ruy Guerra, baseado no grande romance do jornalista Carlos Heitor Cony. E há um tocante Construindo Pontes (trailer), um documentário diálogo entre a diretora Heloísa Passos e seu pai, o engenheiro civil Álvaro Passos. Ele cresceu profissionalmente fazendo as obras, inclusive pontes, da mesma Ditadura que ela, jovem, rejeitou. Discutem, brigam, até hoje. E, no entanto, há amor. Um filme talvez necessário para o Brasil de hoje. Veja outras estreias.

O jurista Joaquim Falcão, de 74 anos, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Nascido no Rio, ele é mestre pela Universidade Harvard (EUA) e doutor em educação pela Universidade de Genebra. É também fundador e professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro e escreveu livros como Mensalão, Diário de Um Julgamento (Amazon) e Reforma Eleitoral no Brasil (Amazon). Vai ocupar a cadeira 3, deixada pelo escritor Carlos Heitor Cony, que morreu em janeiro.

Viver

Quando se tenta explicar o gap de gênero na ciência — o fato, por exemplo, de as mulheres possuírem apenas 24% dos trabalhos de ciências e matemática nos EUA — frequentemente nos deparamos com o argumento de que são biologicamente menos capazes. Um estudo recente sugere que elas podem ser condicionadas a acreditar que são piores. Pesquisadores da Universidade do Estado do Arizona descobriram que elas têm uma opinião significativamente pior sobre sua capacidade acadêmica em relação aos homens. Segundo a pesquisa, o estudante médio do sexo masculino se considera mais inteligente que 66% de seus colegas, enquanto uma aluna de rendimento equivalente só se considera melhor do que 54%. E essa auto-imagem afeta como os alunos se comportam em sala de aula — a percepção da própria inteligência dá segurança.

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O voo 1380 da Southwest Airlines estava a caminho de Dallas, no Texas, com 149 pessoas a bordo. Foi quando um dos motores do avião explodiu e uma das janelas atingidas por estilhaços da fuselagem quebrou. A piloto Tammie Jo Shults, de 56 anos, manteve a calma e conseguiu fazer um pouso de emergência no Aeroporto Internacional da Filadélfia, na Pensilvânia. Para os passageiros, ela, que fez carreira militar e foi a primeira mulher a pilotar um caça F/A-18 Hornet nos EUA, foi uma heroína. Uma pessoa morreu e sete ficaram feridas, mas os “nervos de aço” da piloto impediram uma tragédia maior.

Você já parou para pensar no som que o Sol faz? Pois é. Bill Chaplin, professor de Astrofísica na Universidade de Birmingham, mostra como é.

Há pouco menos de dois meses do início da Copa do Mundo de 2018, restam ainda cinco vagas no grupo de atletas que vai à Rússia em junho. A convocação será anunciada no dia 14 de maio. Até lá, o técnico Tite e seus auxiliares, que já têm ido a jogos pelo Brasil, assistirão a partidas em estádios mundo afora para as observações finais. A intenção é ver in loco alguns dos jogadores que podem fechar os 23 nomes principais, e também a lista de 12 suplentes que a CBF precisa mandar à Fifa. Há dúvidas em todos os setores da equipe. O Globo Esporte mostra que jogos e atletas a Seleção verá pessoalmente para cumprir essa missão.

Bruna Marquezine ganhou, da editora Panini, um álbum de figurinhas da Copa. E vários saquinhos. Abriu um. Depois o outro. E o terceiro...

Cotidiano Digital

A pergunta está quicando. E se o modelo de negócios do Facebook não fosse baseado em publicidade? Se houvesse uma assinatura? Explorar os dados pessoais dos usuários não seria tão necessário. Sistemas de manipulação dos desejos de cada um, portanto, seriam imensamente dificultados. O BuzzFeed fez a conta para o mercado americano, baseado na renda com anúncios por lá. O preço mensal: US$ 11. É quanto vale a Netflix com HD, lá.

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