Aécio no centro do alvo

Veio tudo num repente. Em novo depoimento, Joesley Batista disse que repassou R$ 110 milhões a Aécio Neves em sua campanha ao Planalto, em 2014. Segundo o empresário, havia contrapartida: a garantia do senador de que atuaria em favor do grupo J&F. Já Sergio Andrade, dono da Andrade Gutierrez, confirmou o repasse de R$ 35 milhões ao político mineiro através de uma empresa do compadre do senador, Alexandre Accioly. Segundo a Polícia Federal, em troca Aécio ajudaria a empreiteira a participar da construção da usina de Santo Antônio, em Rondônia. Tem também coisa menor. Aécio dirigia uma Land Rover que não estava em sua declaração de renda. Pertencia à rádio Arco-Íris, a mesma que intermediava uma mesada de R$ 50 mil dos irmãos Batista ao senador. (Neste carro, ele foi detido certa vez na Operação Lei Seca carioca.) E o ex-ministro da Justiça, Osmar Serraglio, vai depor perante o Ministério Público confirmando que foi pressionado pelo senador a nomear um delegado da PF que lhe fosse favorável nas investigações a seu respeito. (Globo)

Ascânio Seleme: “A história de Aécio, apesar da boa carreira, jamais se comparou com a do seu avô. Primeiro, pelas falcatruas em que se viu envolvido. Claro que Tancredo também usou caixa 2 nas suas campanhas. Na biografia Tancredo Neves, o Príncipe Civil (Amazon), escrita pelo jornalista Plínio Fraga, constata-se que mesmo a campanha do Colégio Eleitoral foi financiada por dinheiro não declarado. Mas para por aí. Há um oceano separando as ações de avô e neto. Esta distância oceânica entre Tancredo e Aécio se dá também em razão do déficit intelectual do segundo. Aécio jamais conseguiu fazer as formulações políticas que Tancredo fazia. O avô, além de ser um político excepcional, um habilíssimo conciliador e um extraordinário articulador, era um homem de inteligência acima da média. Bem acima da média de seu neto Aecinho. Tancredo leu todos os clássicos e os citava sempre que podia. Não se conhece um título que Aécio tenha lido ou citado. O senador-réu trocou a literatura pelos livros de caixa. O político que em 2014 mereceu a confiança de 51 milhões de brasileiros hoje é uma mancha na história de Tancredo Neves.” (Globo)

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Vera Magalhães: “Fernando Henrique diz que Alckmin é maratonista, por isso crescerá mais adiante. Ele e a maioria dos partidos parecem raciocinar segundo os cânones que ditaram as campanhas até aqui: estrutura partidária e alianças amplas garantiriam muito tempo de TV e, automaticamente, passagem ao segundo turno. O PT, por sua vez, retarda a estratégia baseado na crença de que Lula será capaz de realizar, mesmo preso, o milagre da transferência de votos que operou com Dilma. Será que esses mandamentos das campanhas continuam válidos em 2018, pós-Lava Jato? os grandes nomes de quase todos os partidos estão implicados em maior ou menor grau. Mais que em eleições passadas, o eleitor traído vai querer dos candidatos compromissos claros com o combate à corrupção e à impunidade. E vão pesar os atributos pessoais dos noivos. É isso que parece fazer com que Jair Bolsonaro, Marina Silva e Joaquim Barbosa se destaquem um pouco na paisagem dos nanicos. Cada um a seu modo, reúnem características que dão ‘match’ com esse eleitorado à procura do parceiro ideal.” (Estadão)

As notícias políticas falsas nascem nos grupos de família do WhatsApp. A conclusão é de um estudo promovido pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP. Os pesquisadores reuniram os boatos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e os apresentaram em questionário a 1.145 pessoas. A maioria diz ter tomado conhecimento das histórias, primeiro, em grupos de família. O professor Pablo Ortellado faz um alerta. “Pode ser apenas que existam mais grupos de família do que de amigos ou colegas de trabalho”, afirma. Ou seja, é possível que as notícias falsas circulem de forma equivalente em todos os grupos, mas como há mais de família, aparecem mais. Não sabemos como é a distribuição de tipos de grupos de WhatsApp no Brasil. “Caso, de fato, os boatos tenham circulado mais nos grupos de família, temos um dado interessante”, afirma Ortellado. “Pode ser que sejam ambientes mais íntimos que permitam compartilhar seguramente conteúdos mais especulativos sem que quem compartilhe seja alvo de julgamento.”

Aliás... Depõe amanhã, perante a Câmara dos Comuns britânica, o cientista Aleksandr Kogan. Foi ele quem coletou os dados do Facebook utilizados pela Cambridge Analytica na campanha pró-Trump. Será a primeira vez em que fala publicamente. Ao BuzzFeed, em reportagem publicada ontem, afirmou que tinha uma estreita relação com o Facebook, onde deu várias palestras sobre psicologia comportamental.

Francis Fukuyama, entrevistado por Uirá Machado, está preocupado com o rumo das democracias. “A defesa da liberdade de expressão”, afirma, “depende da percepção de que, num livre mercado de ideias, as melhores vão vencer. Com os algoritmos das redes sociais, isso não é verdade.” Não é a única crise que enxerga. Outra está na preferência de alguns por populistas. “Não vem dos pobres, mas de pessoas de classe média que perderam status devido à globalização, ou de grupos étnicos e raciais que deixaram de se sentir culturalmente dominantes.” Na Europa e nos EUA, o populismo está diretamente ligado à imigração. No Brasil, vem doutros cantos. Os pobres que melhoraram de vida e agora temem perda. E a classe média tradicional que, vendo a ascensão de outros, sente a perda do domínio cultural. O velho cientista político vai ao ponto: “Bolsonaro representa uma verdadeira ameaça à democracia. Subjacente a isso, há uma polarização social no Brasil, que transformou em luta ideológica o que começou como campanha anticorrupção.” (Folha)

O rosto, diga-se, é um quê mais gorducho do que a imagem nos quadros: dom Pedro I. Mas é o rosto como deve ter sido, reconstituído pelo designer Cícero Moraes, a partir de fotografia do crânio do primeiro imperador após uma exumação. Aliás... Não há registro histórico, mas o proclamador da independência tinha o nariz quebrado.

O presidente paraguaio Horacio Cortes fez o sucessor. O candidato colorado Mario Abdo Benítez se elegeu com 46% dos votos contra 43% do liberal Efraín Alegre. Marito, como é conhecido, é filho do ex-secretário particular do ditador Alfredo Stroessner. (Globo)

Kate Middleton, mulher do príncipe William do Reino Unido, entrou em trabalho de parto do terceiro filho.

Cultura

Morreu aos 89 anos o cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos precursores do Cinema Novo. Diretor de Rio 40 Graus (trecho), era considerado um dos mais importantes diretores do país. Vidas Secas (trecho), baseado na obra de Graciliano Ramos, é um dos longas brasileiros mais premiados em todos os tempos. Membro da ABL desde 2006, foi vítima de um câncer no fígado descoberto há apenas 40 dias.

Luiz Carlos Merten: “Glauber Rocha morreu com 42 anos, Leon Hirszman, com 49, Joaquim Pedro de Andrade, com 56. Nelson conseguiu sobreviver a todos. Viveu mais, produziu mais. Talvez tenha errado mais, mas sua obra, por desigual que seja, possui uma unidade – o desejo de colocar o Brasil na tela e revelar o brasileiro não como homem cordial, mas como um guerreiro que não se rende às circunstâncias. Nelson, tendo escolhido o cinema como meio de expressão, foi estudar cinema nas França, no pré-nouvelle vague. De volta ao País, e impregnado pelo neorrealismo, fez o díptico Rio 40 Graus e Rio Zona Norte. Em 1963, e usando o próprio livro de Graciliano Ramos como roteiro, fez de Vidas Secas uma experiência seminal – e um marco na estética da fome do Cinema Novo. Passaram-se 21 anos e, em 1984, com outra adaptação de Graça, Nelson produziu outra obra-prima, Memórias do Cárcere.” (Estadão)

O longa será dirigido por Rene Sampaio — de Faroeste Caboclo. Começa a rodar em julho. Alice Braga será Mônica. Gabriel Leone, Eduardo. E quem um dia irá dizer? (Globo)

Morreu na sexta-feira, aos 28 anos, Tim Bergling, o jovem DJ sueco conhecido artisticamente como Avicii. Foram dez anos de carreira e sete desde que o single marcante Levels (Spotify) o fez decolar no cenário da música eletrônica. Deixou um novo disco quase pronto. Seu corpo foi encontrado sem vida em um hotel de Mascate, a capital de Omã. A causa de sua morte não foi divulgada.

Em 2017, o documentário Avicii: True Stories, dirigido por Levan Tsikurishvili e disponível na Netflix, retratou a ascensão do artista e a dificuldade de lidar com o sucesso.

Festas do pijama ao estilo de Ben Stiller no filme Uma Noite no Museu, excursões feministas, aulas de ioga, cervejas personalizadas... Museus americanos estão investindo em atrações criativas para deixar para trás a fama de ‘chatos’ e engajar novos públicos.

E as 100 melhores páginas das histórias em quadrinhos americanas.

Viver

Para ler com calma. Apesar dos enormes avanços em tecnologia e sustentabilidade que a Tesla oferece aos motoristas, a empresa enfrentou críticas sobre o design de seu Model S: o carro não tinha porta-copos traseiros. Pois é. O Subaru Ascent 2019 terá 19 deles — quase dois e e meio por passageiro. Surpreso? Uma pesquisa constatou que o número de porta-copos era um fator mais importante para os compradores do que a economia de combustível. Empresas de fast-food testam seus produtos quanto a derramamentos dentro do automóvel. Pode parecer exagero, mas é uma reflexão: passamos cada vez mais tempo dentro dos carros em nossos trajetos, e seus interiores se transformaram em espaços de convivência onde a comida e a bebida não são mais itens supérfluos — são necessidades.

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Galeria: Ontem, 22 de abril, foi o Dia da Terra. O Business Insider resgatou fotografias dos EUA nos anos 1970, antes da extensa regulamentação contra todo tipo de poluentes.

O Santos é um dos mais tradicionais celeiros de jogadores de futebol da América do Sul. Revelou craques como Pelé, Robinho e Neymar — os ‘Meninos da Vila’, como são conhecidos os garotos formados na base do time. Mas uma denúncia de abuso sexual estremeceu o Peixe. O ex-jogador Ruan Pétrick Aguiar de Carvalho acusou Ricardo Marco Crivelli, o Lica, coordenador das categorias de base do time, de abusar sexualmente dele quando tinha 11 anos. O caso levanta a cortina de um problema real: a falta de um protocolo de prevenção e combate ao abuso sexual nas equipes jovens, o que coloca em perigo crianças e adolescentes, principalmente aqueles que vivem longe das famílias em nome do sonho de se tornar o próximo grande jogador do país.

Cotidiano Digital

Em dúvida entre um iPhone 8 ou um X? Os dois rodam o mesmo chip. O sistema de destrancar o aparelho baseado em toque é mais rápido do que o de reconhecimento de rosto. A bateria do iPhone 8 dura de 14 a 15 horas; a do 8 Plus, 13 a 14. A do X: 12 a 13 horas. A câmera de selfie é praticamente a mesma nos dois modelos 8 e no X. A traseira, do 8 Plus e do X, também praticamente idênticas.

Um upgrade em Alexa, sua assistente digital, fez o sistema da Amazon dar um salto perante o concorrente mais próximo, do Google. Usuários poderão, agora, customizar perguntas e respostas. Útil, por exemplo, para quem tem a caixa de som inteligente num apartamento alugado via Airbnb: é possível preparar um áudio-guia para a casa. Como ligar a TV ou onde fica o controle do ar? Alexa responde. Por enquanto, apenas em inglês.

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