PSDB e PT entram em crises simultâneas

Começa às 13h30, hoje, o julgamento do ex-governador mineiro Eduardo Azeredo. Cinco desembargadores da 5ª Câmara Criminal de Belo Horizonte decidirão a respeito dos embargos infringentes apresentados pela Defesa do tucano. Azeredo, acusado de chefiar um esquema de Mensalão no estado, foi condenado na primeira instância em dezembro de 2015. A condenação foi confirmada no TJ-MG por dois votos a um. Como não foi unânime, o recurso será julgado por cinco. No esquema do qual Azeredo é acusado, o publicitário Marcos Valério usava sua agência para lavar dinheiro desviado de recursos públicos. É o mesmo operador, e um sistema parecido, do empregado nacionalmente no Mensalão petista. Que, ironicamente, nasceu tucano. (Jota)

Em Minas, diga-se, aumenta a pressão para que Aécio não saia candidato ao Senado. Em meio ao desmonte, o PSDB local teme que possa atrapalhar Antonio Anastasia na disputa pelo governo estadual. (Folha)

E por falar em tucanos... Ao menos um interlocutor de Geraldo Alckmin diz que ele ficou abatido com o último Datafolha. (Veja)

O grupo emedebista do presidente Michel Temer acena para Alckmin com apoio. Mas o governador paulista teria de defender, em campanha, o legado do governo. (Estadão)

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Internamente, o PT começa a se convencer de que a bandeira ‘Lula Livre’ não pegou. O assunto começa a deixar o noticiário, não houve mobilização popular ou internacional. O Datafolha apontou o início de uma queda nas pesquisas, e os números internos do partido mostram o mesmo. Segundo apuração de Catarina Alencastro, uma conversa franca começa a surgir na legenda. Escolher mais rapidamente um candidato do PT ao Planalto não é só melhor politicamente. É também melhor juridicamente – fora dos holofotes como candidato, distenciona o ambiente facilitando uma medida que traria liberdade ao ex-presidente. (Globo)

Pois é: em carta, Lula diz para PT ficar à vontade sobre candidatura à presidência. (Estadão)

Enquanto isso... Ciro Gomes e Fernando Haddad se sentaram à mesa, ontem, acompanhados de Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser-Pereira. Falaram abertamente sobre uma chapa única com Haddad de vice, segundo Mario Sergio Conti. (Folha)

E... O diretório do Tocantins queria apoiar o PSB. Mas o PT nacional interveio e o partido apoiará a candidatura de Kátia Abreu ao governo. O TSE cassou o governador emedebista Marcelo Miranda, forçando pleito extraordinário.

Encerradas as contas de todas as transferências de partido, o Poder360 fez o balanço. O PT tem 60 deputados — a última vez que teve tão poucos foi em 1998, quando a legenda estava por baixo no auge da reeleição de Fernando Henrique. Com o MDB é pior. Ficou com 51 deputados — é o menor número desde sua fundação, em 1965. O PSDB, 49. Só teve menos que isso uma única vez, na eleição imediatamente após ser fundado: 1990.

A ação que restringe o foro privilegiado volta ao Supremo no próximo dia 2. Foi interrompida duas vezes por pedidos de vista: uma pelo ministro Alexandre de Moraes, outro por Dias Toffoli. O foro já foi abatido, mas é preciso que todos votem. Toffoli votará e, aí, faltarão apenas Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Como as duas ações que impedem a prisão após segunda instância ainda não têm cara de que serão analisadas, o foro continua sendo a maior proteção para um número grande de políticos. Segundo Gerson Camarotti, todos em alerta. O terceiro pedido de vistas para adiar novamente a decisão poderá ser feito.

João Amoedo, candidato à presidência pelo Novo, falou longamente ao El País sobre suas posições. “Queremos reduzir o peso do Estado nas costas das pessoas, o que vai desde a privatização de empresas a reduzir a quantidade de ministérios.” A diminuição de cargos comissionados, ele aposta, diminuirá oportunidades de corrupção. Favorável a privatizar Banco do Brasil e Caixa, defende que os compradores não podem ser os grandes bancos brasileiros. “O mercado tem muito oligopólio, é muito concentrado em vários segmentos: nas construtoras, mercado financeiro, empresas de telefonia.” Nos costumes, varia. Defende a liberação do porte de armas, por exemplo. Ou então: “Não cabe ao Estado separar a sociedade em grupos pelas preferências sexuais, cor da pele. Se as empresas estão pagando salários diferentes, não cabe ao Estado interferir nisso.” Mas, noutros temas, mostra-se cauteloso e defende intervenção do Estado. Como, por exemplo, na descriminalização de drogas. “No Brasil temos tantos outros problemas para resolver que eu não traria essa possibilidade agora. Esperaria as experiências que estão sendo feitas lá fora.”

O dólar alcançou ontem os R$ 3,45, patamar mais alto para a moeda desde o dia 6 de dezembro de 2016. A valorização é fruto do receio do mercado financeiro de que o Federal Reserve, o banco central do Estados Unidos, eleve mais forte ou rapidamente a taxa básica de juros de país. (Estadão)

Nasceu o terceiro filho do príncipe William e Catherine Middleton. Quinto na linha sucessória, ainda não tem nome. Mãe e bebê passam bem — aliás, a duquesa de Cambridge deixou o hospital sorridente e maquiada poucas horas após o parto.

Viver

A Folha de S.Paulo analisou estatisticamente 3 milhões de gabaritos das edições de 2011 a 2016 do Enem e constatou: é alta a probabilidade de ter havido fraude, de diferentes formas, em ao menos 1.125 provas do exame que seleciona estudantes para universidades públicas no país. São provas que estão dentro de grupos com um padrão de respostas tão semelhantes entre si que, estatisticamente, é improvável que não tenha havido algum tipo de cola. E não são apenas duplas de exames, casos de cola comum. A pesquisa do jornal encontrou ao menos 21 esquemas com mais de três provas suspeitas — o maior deles tem 67, espalhadas por dez estados.

Em 2016, uma lei regulamentou a produção de cânhamo na Itália. O objetivo era reviver a cultura da planta que já foi muito importante localmente. E conseguiu. O cânhamo é uma planta de cannabis que tem suas sementes, fibras e caules utilizados na produção de alimentos, cosméticos e tecidos. Mas a legislação deixou um vazio: não tratou de regulamentar o uso de suas flores. E, da lacuna, surgiu um novo negócio. No ano passado, pequenos vasos de flores sumiram das prateleiras das lojas especializadas, um fenômeno descrito como a ‘corrida do ouro verde’. Elas são vendidas sob a etiqueta ‘cannabis light’, porque o índice de THC, a substância psicoativa da maconha, é muito abaixo do encontrado na maconha cultivada. Os rótulos avisam: não devem ser queimadas ou comidas, e as sementes, caso existam, não podem ser cultivadas — se são, porém, não se sabe. O que os produtores afirmam é que a ‘cannabis light’ pode substituir a maconha medicinal em alguns casos. O uso medicinal da erva é legalizado no país desde 2006, mas a expectativa é que o boom da versão light ajude na legalização completa. (New York Times)

A Maratona de Boston ocorreu este ano em meio a um dos piores climas em décadas: muita chuva e muito frio. A taxa de desistência entre os homens, por exemplo, aumentou quase 80% em relação a 2017. Mas entre as mulheres, apenas 12%. Pode ser porque seus corpos têm mais gordura, o que as faria lidar melhor com o frio. Mas em 2012, sob um calor de 30 graus, as mulheres também terminaram a prova em taxas mais altas do que os homens — a única outra ocasião entre 2012 e 2018 em que isso aconteceu. Por que as mulheres se mostram mais capazes de resistir a condições extremas? A editora e maratonista Lindsay Crouse se debruçou sobre as explicações em um artigo do Times. Entre elas, questões como tolerância a dor, ritmo e o profissionalismo das corredoras — mas também a dificuldade de decidir desistir.

A editora digital da Glamour, Larissa Gargaro, correu a maratona este ano. Ela escreveu um relato sobre as emoções e adversidades da prova.

Cotidiano Digital

O comissário de segurança da União Europeia, Julian King, avisou às empresas do Vale do Silício que elas devem apresentar rapidamente um plano sólido para combater fake news. Se não, ameaça regular.

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A Amazon está construindo, em seus laboratórios, um robô doméstico. A princípio, seria como um assistente digital móvel — ao invés da caixa de som inteligente que se põe fixa num quarto, este poderia andar. É possível, segundo a Bloomberg, que chegue ao mercado no ano que vem. Mas ainda não se sabe qual de fato sua utilidade.

Aliás... A turma da loja eletrônica está ensinando sua assistente, Alexa, a perceber irritação pelo tom de voz. Ela aprende ouvindo os inúmeros usuários que já têm caixas com Alexa em casa e analisando as diferenças. Este ganho de inteligência emocional ajuda a assistente a compreender se está ajudando ou não.

Pois é... A trupe de Jeff Bezos está botando o Google para correr. E suar. No primeiro trimestre de 2018, fez US$ 9,4 bilhões líquidos contra US$ 5,43 bi em 2017. Em grande parte, fruto da publicidade digital. Enquanto isso, queimou US$ 621 milhões na Nest, seu braço de automação residencial. Mais o dinheiro gasto com sua própria assistente, que não foi divulgado no balanço. Por enquanto, em tecnologia, a Amazon segue na frente.

Já foi disparado o lento processo de substituir a maneira como pagamos as contas. São três passos. Primeiro, e brevemente, as senhas numéricas vão desaparecer substituídas por biometria: reconhecimento de rosto, de digital ou de voz. Quase ao mesmo tempo, e isso depende de regulamentação, os cartões de crédito e débito se digitalizarão. Vão para o celular, para o relógio — até mesmo para um chip embutido no corpo. Estas mudanças vão acelerar as filas na boca do caixa. Um toque, está pago. E mais ou menos quando começarmos a nos acostumar com a novidade, os caixas desaparecerão, pegaremos o que for nas prateleiras para deixarmos as lojas como quem não quer nada. Tudo terá sido devidamente registrado. Bancos e lojas têm, com isso, uma esperança: que fique tão simples que percamos o controle do dinheiro gasto.

Cultura

Um filme sobre a violência policial brasileira venceu o festival É Tudo VerdadeAuto de Resistência (teaser), de Natasha Neri e Lula Carvalho, ganhou o prêmio de melhor documentário brasileiro do evento. A obra mostra os bastidores dos julgamentos de casos em que policiais que praticaram execuções no Rio de Janeiro ficaram impunes. Em uma das imagens aparece, de relance, a vereadora Marielle Franco, executada há mais de um mês. (Estadão)

A coleção The Famous Women Dinner Service, jogo de louça dos artistas ingleses Vanessa Bell e Duncan Grant, foi redescoberta em 2017 e está em exibição, pela primeira vez, na galeria Piano Nobile, em Londres, na Inglaterra. As pinturas em cerâmica produzidas entre 1932 e 1934 homenageiam mulheres importantes na história e ficaram conhecidas pela provocação ao protagonismo masculino cristalizado nos registros da história da arte. (Nexo)

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