Comando petista proíbe debate sobre plano sem Lula

O alto comando do PT interditou o debate interno a respeito dos rumos eleitorais do partido. Quaisquer conversas internas a respeito de um plano que não seja ter Lula como candidato ao Palácio do Planalto estão proibidas. Aqueles que sugerirem o contrário serão considerados ‘traidores de Lula’. A decisão, sob o comando da senadora Gleisi Hoffmann, representa um confronto direto com os dois nomes cotados para plano B — Fernando Haddad e Jaques Wagner, ambos proponentes de o PT seguir rumo como vice de Ciro Gomes. Na força, Gleisi tenta manter o controle da legenda sem seu líder histórico. (Globo)

Mas... Há divergências sérias que nascem da decisão. Uma ala do comando teme que Ciro esteja sendo destratado. (Folha)

Ciro Gomes: “Tenho pena de uma pessoa da responsabilidade da presidente nacional do PT dizer uma coisa dessas. Para se ver como é questão de dar pena, estou apoiando quatro dos cinco dos principais candidatos a governador do PT. Minha crença é que a população brasileira não é um eleitorado de cabresto, nem meu nem de ninguém. Eu vou tocar o meu bonde. Na crise do mensalão, muito petista valentão hoje afrouxou geral. Pergunta para o Lula quem tava lá às sete da manhã todos os dias ajudando? Não acho, francamente, que o PT seja inocente nesse quadro todo. Só acho que, nesse momento, o PT é vítima de uma ação desequilibrada.” (Folha)

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A Lava Jato de São Paulo começou, enfim, a andar. Graças aos MPs do Paraná e Rio e por conta dos juízes Sérgio Moro e Marcelo Bretas. No caso do Rio, o caminho é pela delação homologada de Adir Assad, que trabalhava no esquema de Sergio Cabral Filho e entregou dinheiro a Paulo Preto, operador do tucanato paulista. (Globo)

Então... Preto abriu, de acordo com autoridades suíças, quatro contas correntes no país logo após ser nomeado diretor de engenharia da Dersa, estatal responsável pelas rodovias paulistas, no governo José Serra. (Folha)

Em depoimento mantido em sigilo, um policial militar afirma ter ido ao menos duas vezes ao escritório do advogado José Yunes, amigo do presidente Temer, fazer entregas de dinheiro. Ele era motorista de uma empresa de transporte de valores e fazia o bate-volta da Odebrecht com empresas parceiras. (Folha)

Aliás... Os procuradores que investigam o presidente estão prontos para começar o ataque assim que ele deixar o cargo, em 2019.

Um grupo de militantes pendurou, no costão do Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, um bandeirão contra o comunismo. Cita FH, Lula e Dilma como expoentes da ideologia no país. Ninguém viu quem fez. O sábado marcou os 200 anos do nascimento de Karl Marx. (Globo)

The Economist: “A maior razão para manter interesse em Marx é que suas ideias são mais relevantes do que nunca. Ele argumentava que capitalistas, ao invés de criar riqueza do nada, exploram a riqueza dos outros. Estava errado. Grandes empreendedores fazem fortunas ao sonhar novos produtos. Mas tinha razão a respeito da forma burocrática do capitalismo. Muitos executivos são burocratas corporativos que aumentam seus salários usando fórmulas convenientes. Ele dizia que o capitalismo tinha uma tendência ao monopólio. Esta parece uma descrição adequada para o mundo formado pela globalização e a internet. Mastodontes da nova economia exercem um domínio de mercado não visto desde o início do século 20. Na visão de Marx, o capitalismo produzia um exército de trabalhadores que viviam de empregos precários. É outro argumento que volta a ganhar urgência. A economia da internet está formando uma força de trabalho que espera ser convocada para entregar comida, arrumar casas e atuar como motoristas. O proletariado de Marx está renascendo na forma de precariado. Sua reabilitação, porém, não deve ser levada longe demais. A ideia de que o capitalismo leva os trabalhadores à subsistência é absurda. O brilho do sistema é que reduz tanto o preço ao consumidor que os trabalhadores de hoje têm acesso a bens que um dia foram o luxo de monarcas. O maior fracasso de Marx foi o de subestimar o poder de reforma — a habilidade que as pessoas têm de resolver os problemas do capitalismo através de uma discussão racional e negociação.”

Bastião do jornalismo liberal, a Economist, além de publicar o extenso elogio a Marx, desenhou sua tese em vídeo e também recomenda o livro que considera a melhor introdução ao pensador. É um livrinho publicado em 1939 por Isaiah Berlin. Chama-se, ora, Karl Marx (Amazon).

Cotidiano Digital

O Banco Central ordenou, na sexta, a liquidação extrajudicial do Banco Neon. Considerou que “a situação econômico-financeira estava comprometida”. A medida teve impacto direto numa fintech — a Neon. E, por conta de as duas instituições terem o mesmo nome, deu problema. A Neon, startup de banco digital, havia acabado de receber investimentos de alguns dos principais fundos nacionais e estrangeiros, incluindo Monashees e Omidyar Network. Por conta das regras do BC, precisava de um banco como parceiro. Lançou mão, para isso, de um pequeno banco mineiro, o Pottencial. Que, por conta da parceria, adotou o nome Neon. É este banco que foi liquidado. A fintech, o banco virtual, tem os fundos depositados no próprio Banco Central. Os cartões continuam funcionando, para crédito ou saque. Mas as outras operações estão congeladas até que encontre outro parceiro. E, no meio da confusão, há uma penca de clientes em pânico.

Pedro Corade, fundador do Neon: “Estamos fazendo um ótimo trabalho e um banco que usamos faz uma besteira dessas. A marca, emprestamos ao Banco Neon durante o período do acordo operacional, para não gerar confusão entre os clientes. Se hoje tivesse dois nomes, nada desse furacão estaria acontecendo.” (Folha)

Enquanto isso... O Banco Inter, outra startup do setor bancário, foi vítima de uma tentativa de extorsão. Um grupo anunciou que havia conseguido por as mãos em dados de seus clientes. Vazamento em banco é coisa séria. O Inter, que abriu capital na Bolsa na semana passada, nega o incidente. Mas os dois episódios criam grande insegurança a respeito do setor. O BC conta com estas fintechs, que têm produtos muito mais baratos do que os bancos gigantes, para diminuir os extorsivos juros brasileiros. As dores de crescimento, porém, são intensas. (Globo)

A Netflix não está numa posição de total conforto com o crescimento, ao longo do último ano, de seu principal concorrente americano, o Hulu. O serviço oferece, além de filmes e séries por streaming, sinal de TV, o que também o põe em concorrência com as operadoras de cabo. Hoje, tem 20 milhões de assinantes, contra 55 da Netflix. Em grande parte, o crescimento veio por conta de sua principal série, The Handmaid’s Tale. Mas, diferentemente da adversária maior, Hulu ainda não conseguiu emplacar um segundo grande sucesso. Emplacou, porém, um contrato de exclusividade com a Dreamworks Animation: Shrek, Como Treinar Seu Dragão e outros sucessos infantis sairão da Netflix americana. A mesma Netflix que está para perder os títulos Disney, quando o estúdio fundado pelo velho Walt lançar seu serviço de streaming antes do fim da década. Ou seja: um buraco feio na programação infantil, ao menos nos EUA, está para surgir.

Cultura

Para o professor de literatura de seu filho, Ian McEwan não entende bem seus próprios livros. É um dos grandes escritores britânicos vivos. Em 1998, venceu o Man Booker Prize por seu Amsterdam (Amazon). Tornado filme, Reparação (Amazon) foi candidato ao Oscar e venceu o Globo de Ouro de Melhor Drama. McEwan não gosta de ser estudado em sala de aula. Implica com a ideia de alguém ser obrigado a lê-lo. Como aconteceu com seu filho. “Eu lhe dei um tutorial, expliquei o que devia levar em conta. Não li o texto que escreveu, mas ao que parece seu professor teve sérias discordâncias a respeito do que foi escrito. A nota foi ruim.” Na Praia (Amazon), seu último livro, será lançado em filme este mês. Pela primeira vez, quem escreve o roteiro é o próprio McEwan. Assista ao trailer.

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Nada a Perder (trailer), a cinebiografia de Edir Macedo, se tornou o filme mais visto do cinema brasileiro. O longa chegou à marca de 11.226.127 ingressos vendidos e superou o recorde de bilheteria de Os dez mandamentos, Tropa de Elite 2, Dona Flor e seus dois maridos Minha mãe é uma peça 2. (Globo)

Galeria: Um passeio pelas espetaculares bibliotecas da Europa. (Wired)

E a Vulture classificou todos os 214 artistas do Rock and Roll Hall of Fame, do melhor ao pior.

Chaves vem aí... O seriado chega ao canal de TV paga Multishow este mês, exibido em ordem cronológica e com mais de cem episódios inéditos. (Estadão)

Viver

O site Transit Maps realizou este ano uma competição curiosa: uma Copa do Mundo para eleger qual é o melhor mapa de linhas de metrô do planeta. São Paulo entrou na disputa — ganhou de Washington (EUA) na primeira fase, mas depois perdeu a vaga para Seul (Coreia do Sul). A cidade vencedora foi Santiago (Chile), que venceu Moscou (Rússia) com 72% de preferência. Londres (Inglaterra) ficou em terceiro lugar. A decisão foi por voto popular no Twitter. (Folha)

Curiosidade: o metrô de Santiago tem a mesma idade que o paulistano — 50 anos —, mas enquanto a capital paulista tem 81 km de rede de metrô, Santiago atingiu 118 km no ano passado.

A CRISPR, uma tecnologia capaz de editar genes, também consegue detectar partes precisas de códigos genéticos. E a possibilidade de detectar uma sequência genética que pertence a um vírus ou uma bactéria em particular pode mudar a maneira como testamos doenças. O novo método, que está sendo desenvolvido por uma nova companhia de biotecnologia, é semelhante a um teste caseiro de gravidez e pode utilizar, além da urina, saliva e sangue. Ele permite detectar diversas doenças como malária, tuberculose e zika.

E a sonda InSight, a primeira lançada a partir da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, já está a caminho de Marte. A espaçonave deve tentar realizar um pouso em novembro, para estudar a estrutura interna do planeta vermelho. Veja o lançamento. (Folha)

Andrés Iniesta entrou em campo ontem pelo Barcelona para jogar seu 38º e último clássico contra o Real Madrid na carreira. O jogo terminou em 2 a 2, e além da despedida do craque, teve gols de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, além de Luiz Suárez e Bale. O Barça já tem o título assegurado e está agora a duas partidas de se tornar o primeiro campeão invicto no atual formato do Campeonato Espanhol.

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