BC surpreende e segura Selic de olho no dólar

Não era o que os analistas esperavam. Mas, ontem à tarde, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano. O mercado acreditava em nova redução de 0,25 ponto. Com a medida, o Copom colocou fim a um ciclo de 12 cortes consecutivos que se iniciou em outubro de 2016. O BC relacionou a decisão à recente volatilidade que tem levado à disparada do dólar.

Miriam Leitão: “Faz sentido o Banco Central manter os juros inalterados em 6,5%. Houve muita mudança nos valores dos ativos nos últimos dias e um forte recuo do real em relação ao dólar. No comunicado, o BC comenta que o cenário externo está ‘mais desafiador’ e volátil. O aumento dos juros nas ‘economias avançadas’ provocou ajustes no mundo e diminuiu o ‘apetite’ pelo risco dos países emergentes. Outro recado é sobre o andamento das reformas. ‘O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural’, diz o comunicado. A decisão inesperada provocou uma situação curiosa. O Itaú, acreditando em mais uma redução da Selic, esperou até às 18h para anunciar um corte nas taxas cobradas dos clientes, em diferentes linhas. A mensagem chegou às 18h08. A situação deixa claro que os bancos ainda tem um espaço grande para repassar as reduções nos juros para os clientes, após essa sequência de cortes na Selic, agora interrompida.” (Globo)

José Paulo Kupfer: “Mais do que um corte ou não na taxa básica de juros, o que desta vez estava em jogo era, em certa medida, a própria credibilidade do sistema de metas de inflação. Ao decidir, surpreendentemente, manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano, o Copom piscou, reverteu a linha veementemente seguida até agora e transmitiu a mensagem de que tanto o sistema de metas quanto o regime de câmbio flutuante dependem das circunstâncias — ou seja, valem, mas nem sempre. Como o presidente do BC, Ilan Goldfajn, enfatizou em entrevista incomum há uma semana, o sistema de metas de inflação mira a inflação — não o câmbio —, de olho na atividade econômica. Em teoria, em regime de câmbio flutuante, controlar a cotação do dólar, de fato, não faz parte da operação. Mas, ao decidir, por unanimidade, manter os juros onde estavam, em momento de agitação cambial, o Copom cumpriu o destino das economias emergentes com moeda volátil: ainda que muito disfarçadamente, cedeu aos ‘encantos’ do câmbio fixo. Não é nem longe o caso da economia brasileira atualmente, mas manter câmbio fixo, a longo prazo, como ensina nossa história com riqueza de episódios dessa natureza, é contratar crises cambiais.” (Globo)

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Hoje faz um ano que os jornalistas Lauro Jardim e Guilherme Amado publicaram, no site do Globo, a notícia de que o presidente Michel Temer fora gravado pedindo ajuda ao empresário Joesley Batista para dar dinheiro a Eduardo Cunha, então preso.

Rodrigo Janot: “Foi um acordo importantíssimo para desvendarmos toda organização criminosa que se apropriou do poder público brasileiro. As informações, provas e a proatividade dos colaboradores foram medidas nas denúncias feitas contra o presidente em exercício Michel Temer e nas investigações que seguiram. Ele responde a duas denúncias e duas investigações criminais, que decorrem dessa colaboração. Acredito que essa foi uma das colaborações premiadas que mais auxiliaram o combate à corrupção no Brasil. Tivemos dois acordos de colaboração premiada muito sensíveis. O primeiro da Odebrecht, difícil pela sua extensão, 78 colaboradores. Exigiram do Ministério Público Federal muito aplicação e criatividade. Mas esse da J&F foi o acordo em que nós chegamos à cabeça da organização criminosa. Atingiu um presidente da República em exercício que, depois de três anos e meio da Lava-jato, continuava praticando atos que queria. Achava que era imune a qualquer investigação do Ministério Público. E nenhum cidadão é. Chegamos ao virtual futuro presidente da República (Aécio Neves), que também continuava praticando atos e se acreditava imune.” (Globo)

Até agora, a delação da JBS desaguou em 91 investigações distintas. (Folha)

Solto após um mês de prisão por ordem de Gilmar Mendes, acusado de ser operador do caixa dois tucano, Paulo Preto — que vinha estudando a possibilidade de fazer uma delação premiada —, deixou de lado a ideia. Ao menos por enquanto, segundo Monica Bergamo. (Folha)

Incitados, militantes ligados à direita partiram para o ataque contra jornalistas das agências de checagem Aos Fatos e Lupa. Eles acusam a iniciativa do Facebook de trazer uma confirmação profissional a respeito do que é real e falso na rede como ‘censura à direita’ e acusam as agências de serem de esquerda. Os ataques têm sido pessoais, envolvem pegar dados a respeito das famílias dos jornalistas em seus perfis. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo lembra que um dos requisitos do International Fact Checking Network, à qual ambas agências são ligadas, é o apartidarismo. “Ao incitar, endossar ou praticar discurso de ódio contra jornalistas”, afirma a Abraji em nota, “aqueles que reprovam as iniciativas de checagem promovem exatamente o que dizem combater: o impedimento à livre circulação de informações.”

Podemos e PP foram ao Supremo e ao TSE, simultaneamente, para pedir que o tempo para publicidade eleitoral de cada legenda, na TV, não seja particionado de acordo com as bancadas eleitas em 2014. A regra atual é essa. Os partidos pedem que o critério siga a divisão atual das bancadas. Se a Justiça os atender, a mudança será considerável. Num cálculo do UOL, o PP, por exemplo, sai de 50 segundos em cada um dos dois blocos diários para 68. O PSL seria outro beneficiado. Partiria de 1 segundo por bloco para 11. O DEM saltaria de 28 para 57.

Aliás... Tempo de TV é o que norteia todas as conversas que Jair Bolsonaro vem tendo. Ainda não existe um cálculo oficial de quantos segundos cada legenda terá. Mas seu principal investimento é no PR, que hoje tem 41 deputados contra os 8 de seu PSL. A aliança já está praticamente acertada — falta um detalhe. O Partido da República quer lançar o desconhecido Marcelo Delaroli, ex-PM e deputado federal, candidato ao governo do Rio. Bolsonaro tinha uma conversa encaminhada com o tucano Índio da Costa. Este reacerto pode definir o tempo de TV do ex-militar. (Veja)

Sai hoje às 17h a primeira edição do Foro de Teresina, um podcast de política da Piauí que reunirá, semanalmente, os jornalistas Fernando de Barros e Silva, José Roberto de Toledo e Malu Gaspar. Dá para ouvir no site.

Diga-se: Podcasts são programas em áudio que podem ser assinados para receber no celular.

Os investigadores responsáveis por desvendar o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco requereram ao Bope, força de elite da Polícia Militar, a análise de todas as submetralhadoras HK MP-5 em uso pela equipe. Segundo o Intercept, é o modelo utilizado no crime, é a arma preferencial da tropa, e a suspeita é de que a comparação balística poderá revelar que o equipamento usado que matou Marielle pertence ao arsenal da PMRJ.

Cultura

A série mais assistida por streaming nos EUA, na semana passada, não é da Netflix, da Amazon ou mesmo do Hulu. Pela primeira vez, o hit é do sistema YouTube Red: Cobra Kai (trailer). Mais de trinta anos depois, Daniel LaRusso e Johnny Lawrence, mocinho e antagonista de Karate Kid, se reencontram. A diferença é que, adultos, os papéis se invertem. Lawrence reabre a academia Cobra Cai para treinar jovens que sofrem bullying na escola. E o outrora inseguro jovem aprendiz do sansei Miyagi cresceu para se tornar um sujeito convencido e desagradável. A série traz de volta os atores Ralph Macchio e William Zabka. Os episódios da primeira temporada estão disponíveis.

Recém-lançado, o serviço Literália oferece uma assinatura de livros. R$ 45 mensais, incluindo o frete. Ao todo, o leitor recebe 14 livros por ano, sempre os lançamentos mais quentes. A equipe de curadores — editores experientes — acompanha as listas do que cada editora está para lançar e escolhe um título de ficção, com olho para temas contemporâneos, aquilo que mexe com a sociedade. De quebra, quem gostar da ideia é convidado a fazer uma assinatura para projetos sociais ou bibliotecas.

Uma coprodução entre Brasil, França e Portugal venceu a Semana da Crítica, seção paralela à competição oficial no Festival de Cannes. Foi Diamantino (trailer), uma sátira centrada na figura do personagem-título, um egocêntrico jogador de futebol. (Folha)

Saiu o primeiro trailer de Bohemian Rhapsody, a cinebiografia de Freddie Mercury estrelada por Rami Malek.

Viver

Você provavelmente se lembra de quando, há três anos, a internet se dividiu entre quem via um vestido de cores azul e preto e aqueles que o viam com as cores branco e dourado. Pois é. Agora, um áudio está novamente dividindo o mundo virtual. Ouça você mesmo. Você escuta ‘Yanny’ ou ‘Laurel’? (New York Times)

Brian Resnick: “Por mais que possamos dizer que nossa experiência do mundo é a verdade, nossa realidade sempre será uma interpretação. A luz entra em nossos olhos, ondas sonoras entram em nossos ouvidos, produtos químicos flutuam em nossos narizes e cabe ao cérebro imaginar o que é tudo isso. É por isso que o áudio viral de um robô é tão provocante. Truques perceptivos como esse revelam que nossas percepções não são a verdade absoluta. Ainda é um mistério saber por que existem diferenças tão grandes em como as pessoas percebem o padrão de cores. Aqui está o que essa experiência mostrou: uma vez que alguém fez um julgamento sobre a cor do vestido, foi muito difícil fazê-lo ver qualquer outra coisa. Os debates ‘Yanny’ versus ‘Laurel’ e vestido são bobos. Mas suas lições são profundas: nossas interpretações da realidade são muitas vezes arbitrárias e ainda assim somos teimosos a respeito delas. E esta é uma lição que assombra a maior parte da experiência humana.”

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Quer saber por quanto tempo você ainda vai viver? A BBC criou uma calculadora.

Cotidiano Digital

O Senado dos EUA votou para derrubar a decisão do FCC, a Anatel de lá, que encerra a neutralidade da rede no país. As novas regras, que permitirão aos provedores de banda larga favorecer com mais velocidade um serviço online ao invés do outro mediante um preço, entram em vigor em junho. Para que o veto do Senado impeça a medida de prosseguir, será preciso ainda que a Câmara o acompanhe e, depois, ocorra sanção presidencial.

Está nos planos da Microsoft lançar, no segundo semestre, tablets Surface na casa dos US$ 400 — lá. A linha Surface, que costuma sair pelo dobro e se aproxima de notebooks com telas de toque, não tem crescido. Lançando um produto mais popular, o objetivo da empresa de Redmond é concorrer com os iPads, na esperança de que usuários de PCs queiram um tablet compatível. O aparelho vai rodar Windows 10 Pro.

Um contrato padrão da internet tem cerca de doze mil palavras — dá uma hora de leitura. Não é à toa que ninguém os lê. São construídos com este objetivo. O designer israelense Dima Yarovinsky imprimiu os termos de uso de todas as grandes redes sociais e os colou inteiros na parede, cada qual numa cor própria. Fez disso uma instalação. Se chama I Agree. (Estadão)

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