Queridos leitores, leitoras —

O Meio começa, hoje, uma nova fase. Temos publicidade. Estamos no ar faz um ano, oito meses. Neste período, reunimos um grupo particularmente qualificado de leitores. Bem formados, com os dois pés fincados no mundo digital e, ainda assim, com as antenas curiosas de florentinos renascentistas. Há, por aqui, professores e artistas, executivos e advogados, jornalistas como nós, publicitários. Gente interessada. São, se a modéstia nos permite dizê-lo, influenciadores de verdade, cada um em seu ambiente. Sempre buscamos um modelo publicitário que de alguma forma compusesse. Uma publicidade que fosse inteligente. O Grupo Dasa, nosso primeiro anunciante, é a maior rede de medicina diagnóstica do Brasil. Ao longo desta semana, estará presente no cabeçalho da newsletter. E, durante um ano, às terças-feiras, sob seu patrocínio Cotidiano Digital terá um foco específico: o ponto de encontro entre saúde e tecnologia. HealthTech. A escolha dos temas, assim como o texto, continua nosso, da equipe do Meio.

E, assim, seguimos adiante. Como sempre: obrigado pela leitura.

— Os editores.

Governo de olho na gasolina

Durante o fim de semana, o litro da gasolina passou de R$ 1,9671 para R$ 2,0113 nas refinarias. Em um mês, a alta acumulada é de 11,29%. Não bastasse, por conta do período de escassez, inúmeros postos no país puxaram bastante para cima o preço do combustível — com dezenas de autuações pelos Procons regionais. Alguns chegaram a cobrar mais de R$ 6 pelo litro. Já antevendo pressões do governo, executivos da Petrobras, que não é mais presidida por Pedro Parente desde a sexta-feira, já sinalizaram que esta política de reajustes diários pode mudar também para a gasolina. A condição é de que o lastro do preço internacional não seja abandonado. (Valor)

Pois é: especialistas ouvidos por repórteres do Valor afirmam que é possível diminuir o impacto da flutuação dos preços de dólar e petróleo no custo final do combustível. Só não é simples. Uma política de amortização pode dirimir variações abruptas do preço final, mas não reduz o valor absoluto. Depois, seria necessário mudar como tributos são cobrados. Um valor fixo por litro, por exemplo, ao invés de um percentual. É uma forma de subsídio, mas os estados, atolados em suas dificuldades econômicas, resistem. Mas há vantagens numa política assim. Principalmente porque suaviza os repasses por toda a cadeia da economia. Mudanças bruscas de um dia para o outro não chegam tão rápido ao valor dos produtos transportados e podem ser corrigidos com novas quedas do mercado internacional. Há outra alternativa, claro. Haver concorrência ajudaria, também, na queda de preços. Mas não parece ser uma alternativa na mesa.

A queda de Pedro Parente pegou todo mundo de surpresa. No rastro da greve dos caminhoneiros por causa da política de preços adotada pela Petrobras, o executivo pediu demissão, na sexta-feira, do comando da petrolífera. Quem assume é Ivan Monteiro, que ocupa o cargo interinamente e deve ser confirmado como presidente definitivo em reunião hoje. Com a saída de Parente — o nome de Monteiro ainda não havia sido anunciado — as ações da empresa fecharam entre as maiores quedas do Ibovespa, na sexta. Com a desvalorização de 14,86% nas ações preferenciais, e a perda de 14,92% nas ordinárias, a estatal perdeu R$ 40 bilhões em um só dia. (Estadão)

Quem se deu bem foi a BRF. Os papéis da dona das marcas Sadia e Perdigão dispararam mais de 9%. Parente é presidente do Conselho de Administração da empresa e o cargo de diretor-presidente está sendo ocupado de forma interina pelo diretor financeiro, Lorival Nogueira Luz. A expectativa é de que Parente assuma a vaga. (Globo)

Falando em greve... O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, afirmou ontem que o governo não irá prorrogar o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autoriza o uso das Forças Armadas para desobstrução de vias públicas. Ela vence hoje. A avaliação do governo é que o abastecimento foi normalizado. (Globo)

E a BBC mostra que a paralisação dos caminhoneiros pode ter sido a maior mobilização mundial já feita pelo WhatsApp — e que isso é uma prévia do impacto que o aplicativo de mensagens pode ter nas eleições de outubro.

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Foi um domingo de eleições suplementares no Tocantins e em 20 municípios do país, levando 1,5 milhão de eleitores às urnas. Mauro Carlesse (PHS) e Vicentinho Alves (PR) vão disputar o segundo turno para governador, no dia 24. Kátia Abreu, que era a candidata mais conhecida fora do estado, ficou em quarto.

Um dos muitos doleiros presos no Rio pela Lava Jato já começou sua delação sobre evasão de divisas. Segundo Lauro Jardim, a lista de clientes inclui Nelson Piquet, o técnico Sebastião Lazaroni e o ex-jogador Edmundo. (Globo)

Após três dias de negociações frustradas, os seis membros do G7, com exceção dos EUA, assinaram um documento enfático contra a posição americana de iniciar uma guerra tarifária. Desde a meia-noite do dia 1º, estão valendo também para os principais países aliados as novas tarifas sobre aço (25%) e alumínio (10%). O objetivo em teoria é combater o avanço chinês, mas acaba por isolar Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Japão e Canadá, que seriam os principais aliados potenciais nesta disputa. E toca a União Europeia num momento delicado, pós-Brexit, e enquanto Itália e Espanha vivem uma crise anti-União interna. (Washington Post)

Em tempo: o Brasil está isento das novas tarifas sobre o aço, mas não do alumínio.

Viver

Em seu primeiro amistoso preparativo para a Copa do Mundo, o Brasil venceu a Croácia por 2 a 0, em Liverpool — gols de Neymar e Firmino no segundo tempo. Assista aos melhores momentos. No dia 10, domingo que vem, enfrentará a Áustria em Viena.

A 22ª edição da Parada do Orgulho LGBT lotou as ruas do centro de São Paulo ontem. Segundo a organização do evento, 3 milhões de pessoas estiveram na Avenida Paulista, que reuniu também 18 trios elétricos com artistas como Anitta e Pablo Vittar. Veja as fotos. (Folha)

Já imaginou uma cidade sem carros? Pois é. A greve dos caminhoneiros foi um spoiler. Num futuro não muito distante, algumas cidades estarão livres de engarrafamentos e da dependência de combustíveis. Se lembra de como os fumantes passaram a sofrer restrições em lugares fechados? O mesmo deve acontecer com carros, caminhões e motos movidos a gasolina, etanol e diesel em lugares abertos — eles não circularão mais por aí. As ruas terão uma frota muito menor de veículos, autônomos e elétricos. Com a queda da demanda por automóveis particulares, cairá também o poder do indivíduo de produzir danos coletivos — a Lei Seca, por exemplo, será desnecessária. As vagas de garagem e os postos de combustível também perderão utilidade, podendo dar lugar a fazendas. E no ar, um céu ocupado por drones — de passageiros, lazer, entregas — irá redefinir as noções de privacidade e segurança. (Globo)

Nos Estados Unidos, em cidades como San Francisco e Los Angeles, é difícil dar um passeio pelas ruas sem cruzar com um patinete elétrico, um tipo de scooter. Start-ups como Bird, Lime ou Spin oferecem serviços em que as pessoas podem reservá-los a partir de aplicativos, usá-los por um pequeno valor, e deixá-los em qualquer lugar no final do passeio. Interessante, não é? Mas nem tudo são flores. Em San Francisco, por exemplo, moradores se queixaram de como as scooters estavam sendo montadas e largadas em qualquer local. Por isso, a partir de hoje, só poderão circular na cidade os patinetes de empresas que tiverem permissão — e as cinco licenças que serão liberadas para companhias prometem ser disputadas.

Falando nisso... Uma onda forte de lançamento de scooters elétricas já começou. A Gogoro, fabricante de Taiwan, acaba de lançar dois novos modelos.

Cotidiano Digital

Para ler (ou ver) com calma: Uma das palestras mais badaladas da Code Conference — o mais importante evento de debates anual do Vale — foi a de Ben Thompson, responsável pela newsletter Stratechery. No ambiente político de alta complexidade no qual nos metemos, Thompson propõe uma fórmula para compreender os negócios digitais: é a diferença entre agregadores e plataformas. O Windows da Microsoft, ou os serviços de servidores AWS da Amazon, são plataformas. Ou seja, uma tecnologia que as pessoas utilizam para produzir valor. Criam seus sites, preenchem planilhas, constroem negócios. A tecnologia usada, porém, é invisível para os clientes finais. Google e Facebook não são plataformas, são agregadores. Seus sistemas até ajudam empreendedores a encontrar clientes, mas quem realmente produz riqueza são eles próprios. E esta é a definição essencial: “Numa plataforma, o valor econômico de todos que a usam é maior do que a empresa que a criou.” Facebook e Google tiram quase todo o valor dos ecossistemas que criam. É a partir desta definição, sugere Thompson, que reguladores públicos devem agir. A forma de impedir que um agregador fique grande demais é limitar sua expansão horizontal. E é por isso mesmo que, segundo ele, a mais grave falha regulatória dos últimos dez anos foi permitir que o Facebook comprasse o Instagram. A palestra está em vídeo, mas é também possível ler o artigo que a inspirou.

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John Goodenough, que aos 95 anos é constante candidato a Nobel de Química, afirma ter conseguido um baita avanço na tecnologia de baterias. Com ajuda da portuguesa Maria Helena Braga, diz ter chegado a um conjunto que dobra a capacidade de retenção de energia dos modelos atuais, baseados em íons de lítio. Não bastasse, afirma que seu protótipo não usa eletrólito líquido (responsáveis por explosões ocasionais) ou cobalto (que encarece o produto final). Ainda por cima permite 23 mil recargas, contra as típicas mil. Na academia, muitos duvidam. Mas as baterias que usamos hoje são crias do próprio Goodenough.

Começa hoje a Apple Worldwide Developers Conference. A apresentação de abertura será transmitida ao vivo, a partir das 14h (em Brasília).

O GitHub, um site que serve de repositório de código para desenvolvedores de todo o mundo, está a caminho de ser vendido para a Microsoft. Ainda não se sabe o valor final e o negócio não foi oficialmente anunciado. Em geral, softwares de código aberto são depositados em um lugar comum, centralizado, onde quem escreve adendos pode encontrar a última versão padronizada e debater com outros desenvolvedores por onde avançar. GitHub é, de longe, o mais importante. Tanto que a própria Microsoft, assim como o Google, o utilizam para colocar seus códigos abertos.

Nesta semana que passou, a Canon vendeu a última EOS-1V que tinha no estoque. Um modelo da quinta geração de suas câmeras single-lens reflex era, também, o modelo derradeiro a usar filmes. A fabricação fora interrompida em 2010, mas ainda restavam máquinas por lá. Acabou.

Cultura

Dois desenhos de Tintim, do belga Hergé, foram leiloados por US$ 422 mil em Dallas, no Texas. As imagens faziam parte do álbum Perdidos no Mar. Os desenhos originais do artista aparecem com pouca frequência no mercado pois ele não os vendeu — ocasionalmente, no entanto, presenteou amigos próximos. (Folha)

A cubana Camila Cabello bateu um recorde no Spotify. Havana é a música mais ouvida de uma mulher na história da plataforma de streaming. (Globo)

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