Em dia de jogo contra Brasil, México vira à esquerda

Andrés Manuel Lopez Obrador, o ex-prefeito da capital, venceu as eleições presidenciais realizadas ontem, no México. É sua terceira disputa. Ainda não há uma contagem oficial, mas seus principais concorrentes já reconheceram a derrota. Assim, mesmo num ambiente que vem se mostrando favorável à direita nas Américas, o país guina à esquerda. E por larga diferença — possivelmente a maior diferença já registrada por um candidato vitorioso.

A transformação é histórica. A centro-direita está no comando mexicano desde os anos 1980 e segue com maioria no Congresso. Lopez Obrador, conhecido pela sigla AMLO, desta vez se aliou não apenas à esquerda tradicional, mas também aos evangélicos, deslocou-se ao centro e pactuou com a elite empresarial. Fez correr localmente uma versão do ‘lulinha paz e amor’: AMLOve. Não é um Hugo Chávez mexicano, afirma o correspondente do El País Javier Lafuente. Não é militar, tampouco estruturaria um governo de fardados. Tem a tenacidade de Lula para alcançar o poder, mas não a visão global do brasileiro. Seu foco de governo será no México. Além do quê, seu principal argumento de campanha foi o do combate à corrupção no qual mergulhou o país. Justamente o ponto fraco petista.

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Por 6 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal rejeitou na sexta-feira os pedidos para tornar novamente obrigatório o pagamento pelos trabalhadores da contribuição sindical. Apenas Edson Fachin, relator da ação, Rosa Weber e Dias Toffoli votaram contra a manutenção da nova regra da contribuição facultativa.

Ascânio Seleme: “Sindicatos de trabalhadores e patronais viram a torneira milionária ser fechada definitivamente. Nos sindicatos, confederações e associações de patrões a contribuição também era compulsória. Foi com esse dinheiro que Paulo Skaf, presidente da Fiesp, se apresentou ao eleitor paulista. E foi com o dinheiro da contribuição dos trabalhadores que surgiu para a política Lula e um sem número de sindicalistas que tiveram mais ou menos êxito na carreira. O fato é que o dinheiro acabou. Pelo menos compulsoriamente. Se o trabalhador ou o patrão quiser financiar seu sindicato, tudo bem. Mas será no montante da vontade do contribuinte.” (Globo)

A Polícia Federal pediu para prorrogar até setembro o inquérito dos portos e o ministro Luís Roberto Barroso deve autorizar. Por um lado, livra o presidente Michel Temer de uma última tentativa de abrir processo na Câmara antes das eleições. “O refresco a Temer para por aí. A continuidade das investigações da PF manterá exposta a sangria ética do emedebista pelos próximos meses e a devassa nas relações com o amigo e coronel João Baptista Lima Filho”, escreve Leandro Colon. “Temer deve escapar de um julgamento político no segundo semestre, mas dificilmente fugirá de um acerto de contas com a Justiça a partir de 1º de janeiro, quando deixa o cargo.” (Folha)

Viver

É hoje. O mata-mata entre Brasil e México começa logo mais, às 11h. No retrospecto da disputa, a seleção brasileira nunca levou gol dos mexicanos em Copas, mas perdeu todas as decisões contra o adversário. Agora, Alisson, Fagner, Thiago Silva, Miranda, Filipe Luís, Casemiro, Paulinho, Coutinho, Willian, Neymar e Gabriel Jesus têm a missão de levar a seleção para as quartas de final — e Thiago Silva será mais uma vez o capitão.

Primeiro, caiu a Argentina de Messi. Num grande jogo, o melhor do fim de semana, com sete gols. O primeiro foi da França, logo aos 12 minutos do primeiro tempo. Aos 40, Di Maria empatou. Aí, a Argentina arrancou a virada, logo aos dois minutos do segundo. Mas a França disparou. Fez três gols em menos de quinze minutos — Mbappé marcou dois. Aguero ainda conseguiu diminuir nos acréscimos, mas não foi o suficiente. Os franceses venceram a partida por 4 a 3 e eliminaram os hermanos. (Melhores momentos.)

Sebastián Fest, no La Nación: “Antes da Copa do Mundo, se perguntassem aos fãs de Messi se a Rússia seria seu último Mundial, a resposta vinha com convicção: ‘Não, ele estará no Catar, ficará bem mesmo com 35 anos, jogará mais, distribuirá mais o jogo em vez de ser aquele que define, mas vai chegar bem’. Agora devemos deixar passar um tempo prudente para levantar a mesma questão, porque a Copa já é, muito claramente, o baú das memórias ruins de Messi.”

Depois, caiu Portugal de Cristiano Ronaldo. E enquanto todo mundo esperava ver o brilho individual de Suárez e CR7, quem roubou a cena foi Edilson Cavani. O uruguaio fez os dois gols da vitória de 2 a 1, mas pediu para ser substituído no segundo tempo e saiu de campo mancando, abraçado a Ronaldo. A Celeste passa para as quartas de final com 100% de aproveitamento. (Melhores momentos.)

Aliás... O primeiro gol de Cavani, para CR7, foi um lance de sorte. Foi o que ele disse quando viu o Uruguai abrir o placar.

Jorge Miguel Matias, no Público: “É hábito dizer que um Campeonato da Europa de futebol é um Campeonato do Mundo, apenas sem o Brasil e a Argentina. Uma frase feita que tenta transmitir a ideia de que as melhores selecões estão no Velho Continente, deixando também subentendida a convicção de que a competição europeia é mais difícil do que a planetária. Estranhe-se ou não, Portugal tem-se dado melhor nos Europeus (onde até já conquistou um título) do que nos Mundiais. Na Rússia, Portugal manteve aquele que tem sido o seu padrão em Campeonatos do Mundo. Quando se qualifica, não costuma fazer má figura, mas também, normalmente, não vai muito longe.”

E no domingo, caiu a Espanha, de Iniesta e Piqué. Nos pênaltis. Pois é. A Roja era a favorita diante dos donos da casa, mas passou longe do desempenho esperado. Tocou a bola sem objetivo e chegou muito pouco ao gol. O único marcado pela Fúria foi de Iniesta. Já do lado russo, quem marcou foi Dzyuba, cobrando um pênalti. O jogo acabou indo para as penalidades. Aí, o goleiro Akinfeev, que já fizera uma boa partida, garantiu duas boas defesas nas cobranças de Koke e Aspas e colocou a seleção anfitriã nas quartas de final. (Melhores momentos.)

E Iniesta, o maior jogador da história do futebol espanhol, autor do gol que fez da Espanha uma campeã mundial em 2010, se despediu do Mundial aos 34 anos.

José Sámano, no El País: “Não foi uma questão de um dia ruim. Ou de um goleiro ter chegado rendido à roleta das penalidades. Ou de que Koke e Aspas falharam. O colapso foi orgânico desde o primeiro dia, com Julen Lopetegui e o Real Madrid de bate-papo se esgueirando do comando da federação. No gramado, ninguém esteve à altura da tarefa, com uma equipe em ruínas, exceto por um tempo com Portugal. Não havia nenhum jogador reconhecível, não importando o quanto Fernando Hierro girasse o time com quatro escalações diferentes. Não havia como. O problema foi redondo: a Espanha e a bola renegaram-se depois de uma década de flerte.”

Por pouco, não caiu também a Croácia. A favorita terminou a partida com a Dinamarca em 1 a 1 e perdeu um pênalti cobrado pelo grande Luka Modrić na prorrogação. Não foi, decididamente, uma rodada de fim de semana favorável aos craques. O goleiro dinamarquês Kasper Schmeichel defendeu este pênalti no jogo e mais dois, durante a disputa final. Não à toa, pela frieza de agarrar um penal durante a prorrogação, foi escolhido o melhor do jogo. Só que o croata Danijel Subasic também agarrou três cobranças. Em seu caso, todas na disputa. E, nesta briga de arqueiros, levou a seleção balcã às quartas. (Melhores momentos.)

Por falar... Foi bonito de ver Peter Schmeichel, ex-goleiro do Manchester United e da seleção dinamarquesa, um dos maiores jogadores da história do país, aplaudir as defesas do filho.

Cultura

Um pesquisador independente afirma ter encontrado a possível última foto de Machado de Assis em vida. A imagem foi publicada originalmente em 25 de janeiro de 1908 na revista semanal argentina Caras y Caretas. Segundo Felipe Pereira Rissato, o retrato era desconhecido e deve ter sido tirado nos três meses finais de 1907 ou mesmo de janeiro de 1908 — o escritor morreu em 29 de setembro de 1908, aos 69 anos.

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“As pessoas me passavam bilhetes nos aviões agradecendo. Homens e mulheres. Na verdade, acabei de reler três deles, que mantive na minha mesa de cabeceira. Os temas são semelhantes: ‘muito obrigado, eu tive minhas próprias experiências com assédio e agressão sexual, você foi tão corajosa, você tornou mais fácil para mim’.” O relato é de Ashley Juddy, a primeira atriz a denunciar publicamente o assédio sofrido por Harvey Weinstein, ao New York Times. Como ela, outras 19 pessoas, homens e mulheres, contaram ao jornal sobre o que aconteceu em suas vida depois que elas revelaram suas histórias secretas em meio ao movimento #MeToo.

O novo álbum de Drake, Scorpion (Spotify), foi lançado na sexta-feira e já quebrou recordes: tornou-se a obra com o maior número de reproduções em serviços de streaming num período de 24 horas. (Globo)

Enquanto isso... A banda Florence + The Machine também lançou um novo álbum. O quarto disco de estúdio do grupo chama-se High as Hope (Spotify).

 

 

Cotidiano Digital

A edição da Economist que chegou quinta às bancas britânicas pôs na capa a Netflix. E por um único motivo: das gigantes da tecnologia que incluem ainda Facebook, Amazon, Apple e Google, é a única que não está metida em qualquer controvérsia. Há alguns motivos. Não assusta tanto os reguladores fora dos EUA, já que cada vez mais sua programação é multinacional. Tampouco assusta em relação a privacidade: seu negócio não é vender publicidade, mas assinaturas. Como trata de ficção, e não notícias, fake news passou ao largo. Não quer dizer, porém, que a empresa está livre para sempre. Seu modelo de negócios tem um ponto fraco. Hoje, a Netflix ainda fecha no vermelho. Para garantir o sucesso, precisará ir aos poucos aumentando o valor da assinatura no mesmo passo que amplia os clientes. É um processo de alguns anos nos quais televisão tradicional pode deixar de existir. O principal risco para a Netflix, paradoxalmente, é o de que se torne um monopólio cujo produto é inacessível aos mais pobres.

Os três modelos de caixa de som inteligente do Google passaram a falar espanhol. E em três sabores: o europeu original, mexicano e, ora, o dos EUA, com seu vocabulário particular. É a sexta língua das caixas de Mountain View, que já falavam, além do inglês, francês, alemão, italiano e japonês. Google Home não é o modelo mais popular nas terras americanas. Echo, da Amazon, ainda é a caixa inteligente mais badalada. Alexa, sua assistente, porém, só fala inglês, japonês e alemão, o que limita seu alcance original.

Por enquanto não há data para que fale português. Embora, no celular, português já seja a segunda língua mais usada da Assistente do Google.

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