Brasil faz sua melhor partida e enfrentará Bélgica

Messi e CR7 estão fora — mas Neymar fica e segue às quartas de final. Foi o gol do camisa 10 que abriu o placar de 2 a 0 do Brasil contra o México — um gol, diga-se, que se iniciou com um surpreendente toque de calcanhar para Willian. O passe para o segundo gol do Brasil, de Firmino, também saiu dos pés do atacante. Além de ter sido eleito o melhor jogador da partida pela Fifa, o craque se isolou como o quarto maior artilheiro da história, agora com 57 gols pela seleção brasileira, atrás apenas de Pelé, Ronaldo e Zico. (Melhores momentos.)

O jogador do PSG também participou da cena no jogo que mexeu com a internet ao longo do dia. Levou um pisão de Miguel Layún fora de campo, quando já estava caído no chão. O árbitro ignorou a agressão enquanto Neymar, com aparente exagero, rolava de dor. E quem saiu reclamando foi Layún, afirmando que o brasileiro “estava mais preocupado em cair no chão do que jogar futebol”, afirmou. “É complicado se os árbitros também permitem e o consolam.”

A torcida brasileira tomou partido. O Instagram do mexicano foi dominado por mensagens indignadas com a agressão a Neymar.

Pois é. O comandante do México, Juan Carlos Osorio, também saiu de campo irritado. Tanto na primeira entrevista, à Fifa, logo depois do apito final, quanto na coletiva de imprensa em Samara, focou em reclamações contra a arbitragem comandada pelo italiano Gianluca Rochi. “Acho que é uma vergonha para o futebol que se perca tanto tempo com um só jogador.”

Tite não se abalou. Afirmou que não responderia o técnico da equipe adversária depois de impedir que Neymar o fizesse, quando foi questionado por jornalistas. “As hierarquias se mantêm, técnico fala com técnico, atleta com atleta, direção com direção.”

Há reclamações a respeito de Neymar partindo de todo mundo. Do pai do goleiro dinamarquês a atores secundários de Harry Potter. Mas há contra-argumentos. Ontem à noite, na bancada do Seleção SporTV, os comentaristas lembravam: os exageros de Neymar todo mundo critica; o fato de que sofre seguidas faltas duras, poucos mencionam.

Poucos — mas alguns. No americano SB Nation, Andi Thomas argumenta que Neymar tinha razão. Se não faz o teatro, não aponta para árbitros e editores de TV o que havia ocorrido. No Olé argentino, o tom é similar. “Achávamos que Messi seria caçado em campo”, afirma Diego Macias. “Mas é Neymar o homem caçado.”

O problema que Tite tem a resolver agora é a substituição do volante Casemiro para as quartas de final. Ele levou o segundo cartão amarelo e está fora do próximo jogo.

E a disputa já tem oponente definido: a Bélgica. E foi aos 48 minutos do segundo tempo. Os japoneses surpreenderam os europeus. Logo no início do segundo tempo fizeram dois gols em seis minutos. Mas aí, a Bélgica reagiu. Buscou o empate com dois gols seguidos. Mas o terceiro salvador veio nos acréscimos, com Chadli, aproveitando um contra-ataque. Agora, brasileiros e belgas se enfrentam na sexta-feira, às 15h. (Melhores momentos.)

Pois é... Também no Olé, Martín Eula compara as equipes de seu país e do Brasil. “Como apoiar Messi. Como assistir Messi. Como armar a equipe ao redor de Messi. O 2 a 0 de Brasil e México emerge como um contraste eloquente. Primeiro surge uma equipe idealizada por Tite, uma equipe no real sentido da palavra. É a partir do coletivo que se potencializam as individualidades. Foi Willian o lugar tenente do 10 neste acesso às quartas. Não está só. Havia sido Philippe Coutinho em passagens da primeira fase. Pode ser Paulinho ou Gabriel Jesus com sua enorme habilidade. Ou Firmino com sua leitura de jogo. Ou os laterais, ainda que não se chamem Dani Alves e Marcelo. Nomes e mais nomes por trás de uma equipe na qual todos são sócios de Neymar e Neymar é sócio de todos.”

No Clarín, Santiago Gómez é ainda mais enfático: “Começou o Mundial. Enquanto Argentina, Espanha e Alemanha voltam para casa, o Brasil passa a primeira, esquenta os motores e mostra que é o mais candidato dentre os candidatos a terminar com a Taça do Mundo.”

Tem ainda Jonathan Wilson, no Guardian britânico. “Sob o cabelo besta, o egocentrismo absurdo e o comportamento de quem se considera um Deus Sol fora de seu tempo, é bom ser lembrado às vezes de como Neymar é um jogador de futebol excepcionalmente talentoso.”

Hoje disputam vagas nas quartas de final também a Suécia e a Suíça, que se enfrentam às 11h, e Colômbia e Inglaterra, que jogam às 15h. Os confrontos prometem ser equilibrados.

Diferentemente do que publicou o Meio ontem, o gol da Espanha na partida contra a Rússia não foi feito por Iniesta. Foi contra, do russo Sergei Ignashevich. Além disso, o primeiro nome do uruguaio Cavani não é Edilson, é Edinson. Mas, neste caso, a culpa é do Bill Gates. (Maldito corretor.)

Política

Algo mudou. O ministro Gilmar Mendes negou-se, ontem, a dar liberdade a pelo menos 14 doleiros presos, no Rio, pela Operação Câmbio, Desligo. Argumentou que é preciso esperar o trâmite nas instâncias inferiores antes de o STF emitir um habeas corpus. (Argumento, diga-se, que o próprio Gilmar ignora quando deseja.) (Folha)

Aliás... Parte dos 33 doleiros presos falam de fazer colaborações premiadas. Utilizavam-se de mais de três mil contas em instituições financeiras brasileiras para lavagem de dinheiro. E isto pode virar um problema para os bancos, que não detectaram qualquer problema. (Folha)

Nesta toada, o ex-ministro Antonio Palocci promete abrir, nos próximos dias, os arquivos de seus computadores para mostrar as negociatas entre sua consultoria e seus principais clientes. É esta entrega que lhe permitirá, pelos termos do acordo de delação, passar à prisão domiciliar. (Globo)

A rusga entre 13ª Vara Federal de Curitiba e a Segunda Turma do Supremo se acirrou. O juiz Sergio Moro havia mandado instalar uma tornozeleira eletrônica em José Dirceu. O responsável pela soltura do líder petista, ministro Dias Toffoli, se irritou. “O juízo, em extravasamento de suas competências, restabeleceu medidas cautelares em claro descumprimento da decisão desta Suprema Corte.” Tornozeleira fora. (Globo)

Jair Bolsonaro sugere que a maneira de lidar com o conflito, no Supremo, é ampliar o número de ministros de 11 para 21. Seria preciso, para isso, alterar o artigo 101 da Constituição. (Folha)

Foi exatamente o que fez Hugo Chávez, em 2004.

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HealthTech

A Anatel americana, FCC, determinou que o Fundo Universal de Serviços de Telecomunicações fosse expandido no seu braço de saúde rural. Saiu de US$ 400 milhões para US$ 571 milhões — um aumento tímido que, no entanto, chama a atenção para o tema. Em regiões onde há pouca gente e hospitais em geral não muito bem-equipados, tecnologia que permita diagnósticos e até cirurgias remotas fazem a diferença entre vida e morte. O que a FCC financia é a infraestrutura: garantir que postos de saúde e hospitais estejam conectados a banda larga estável. Software e hardware vêm depois.

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A Microsoft concentrou num único braço todos os esforços relacionados a saúde. Nomeou um vice-presidente de Healthcare e seu objetivo é convencer os clientes — em geral, clínicas e grandes hospitais — a moverem seus bancos de dados para a nuvem. IBM, Google e a chinesa Alibaba já têm esforços similares. A principal vantagem é que, na nuvem, é mais fácil processar os dados com sistemas de inteligência artificial que possam avançar o conhecimento. O risco é de segurança, é vazamento — e médicos são particularmente conservadores.

Um app para quem não enxerga: Be My Eyes. Todo baseado em voluntários. O cego precisa identificar o que está em sua frente. Pega o smartphone, lança o app – do outro lado, um voluntário atende em vídeo. Enxerga o que a câmera registra e descreve para o usuário. Para iPhone e Android.

Cultura

O produtor de cinema Harvey Weinstein foi acusado por um grande júri de Nova York por uma nova denúncia de agressão sexual, por parte de uma terceira mulher. O caso teria acontecido em 2006. Segundo o promotor do distrito de Manhattan, com as novas acusações — uma de ato sexual criminoso e duas de agressão sexual predatória — o cineasta poderá ser condenado à prisão perpétua.

Um tweet e o youtuber Júlio Cocielo, um dos mais famosos do Brasil, viu sua popularidade despencar, junto com seus patrocínios. “Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein”, dizia o post que foi apagado logo depois. Indignados com a mensagem, os internautas buscaram e encontraram uma série de outros tweets racistas feitos pelo influencer anos atrás. Por conta disso, Cocielo apagou mais de 50 mil tuítes na rede social. “Muitas vezes fui irônico, muitas vezes estava zoando amigos, muitas vezes só queria ser o engraçadão, e são coisas que eu nem lembrava ter escrito”, afirmou o youtuber. Mas já era tarde. Na web, os usuários começaram a cobrar também as marcas com as quais ele tem — ou tinha — parceria. O Itaú, que veiculava um vídeo para a Copa em que ele aparecia, tirou a campanha do ar. A Coca-Cola afirmou que não o considera mais para campanhas futuras. E o Submarino disse que tomará providências.

A Atlantic Media anunciou ontem a venda de sua plataforma de notícias de negócios, a Quartz, para a Uzabase, uma empresa japonesa de inteligência de negócios e mídia. O acordo, que deve ser fechado dentro de 30 dias, terá um valor entre US$ 75 milhões e US$ 110 milhões, a depender do desempenho da plataforma este ano. O plano da Uzabase é casar dados com os produtos editoriais e publicitários da Quartz para “criar uma marca global de negócios maior e mais robusta” — a empresa norte-americana assumirá a responsabilidade pela versão em inglês de um serviço de notícias de negócios por assinatura. Fundada em 2011, a Quartz é uma mídia on-line especializada em notícias de negócios. Mais de 20 milhões de pessoas acessam seus produtos digitais a cada mês, incluindo o site QZ.com — e metade do seu público é de fora dos Estados Unidos.

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