Congresso impõe projetos que explodem orçamento

O Congresso concluiu ontem a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 — a base utilizada pelo governo para elaborar a proposta de Orçamento da União para 2019, que será enviada até o fim de agosto. Mas propostas aprovadas por deputados e senadores nos últimos três meses, e outras ainda em discussão, poderão representar um impacto estimado de pelo menos cerca de R$ 72 bilhões anuais nas contas públicas. As chamadas ‘pautas-bomba’, como a anistia a multas da greve dos caminhoneiros e a volta do benefício fiscal para fabricantes de refrigerante, aumentam os gastos do governo ou dão benefícios para setores específicos que provocam queda na arrecadação.

Miriam Leitão: “O governo que ainda não escolhemos, aquele que vai assumir o Planalto em 2019, terá que administrar uma herança maldita que cresce a cada dia. Nas últimas semanas o Congresso têm tomado decisões assustadoras, que terão impacto nas contas públicas e no bolso dos brasileiros. É uma mistura explosiva. O Congresso aprova gastos e derruba o que o governo propõe para equilibrar as contas. A atuação dos parlamentares dificulta o cumprimento da meta fiscal para o próximo ano, que já prevê um déficit de R$ 139 bilhões. Se os parlamentares pensam que estão inviabilizando este governo, na verdade estão atrapalhando o próximo, do qual eles podem fazer parte, inclusive.” (Globo)

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O bate-rebate das alianças que não saem se aproxima da tensão máxima. O PSB, que se inclina por Ciro, está pendurado pelo governador pernambucano, Paulo Câmara. Ele cede à chantagem do PT, que ameaça lançar ao governo a jovem neta de Miguel Arraes, Marília. Racharia os votos do clã. (Folha)

Ontem, Câmara anunciou seu apoio pessoal à candidatura Lula. Marília segue pré-candidata.

O prefeito carioca Marcelo Crivella escapou, ontem, da abertura do processo de impeachment após decisão da Câmara Municipal de 29 votos a 16. Quatro vereadores, entre eles Carlos Bolsonaro, preferiram não aparecer em plenário. O prefeito, que pertence à cúpula da Igreja Universal, foi flagrado oferecendo facilidades na máquina pública a pastores evangélicos. Para se salvar, entregou ao MDB o que lhe foi pedido. Primeiro, a cabeça do secretário de Educação, Cesar Benjamim. Depois, aumentou os poderes de seu chefe da Casa Civil, Paulo Messina, aliado do MDB. E já abriu mais espaço em cargos para novas indicações. (Globo)

Como lembra Bruno Boghossian, parlamentares do PSOL diziam que nem todo impeachment é golpe enquanto os do MDB se queixavam de que derrubar um prefeito eleito seria um ‘deboche com a democracia’. (Folha)

Escapou na Câmara. Mas o Ministério Público do Rio ajuizou uma ação civil pública contra o prefeito. “Há uma afronta nítida à laicidade do Estado e à liberdade religiosa”, afirmam os procuradores. (Globo)

Em entrevista exclusiva ao tablóide The Sun, Donald Trump decidiu aproveitar a visita ao Reino Unido para detonar a premiê Theresa May. Metendo-se na crise política interna, o presidente americano se queixou de ela ignorar seu conselho a respeito do Brexit, elogiou um ministro demissionário e afirmou que, por conta da escolha de May, que deseja uma saída suave da União Europeia, ele não permitirá um acordo comercial entre EUA e as ilhas britânicas.

Viver

Foi bom enquanto durou, mas chega ao fim neste domingo a Copa do Mundo 2018. Sem hexa. Mas para os amantes do futebol, quatro seleções ainda fazem neste fim de semana os dois grandes jogos que encerram o Mundial. Amanhã, às 11h, o duelo é entre Bélgica e Inglaterra. É o jogo que ninguém queria jogar: vale o troféu de terceiro. Mas pode sair dessa partida a Chuteira de Ouro da Copa. O inglês Harry Kane, com seis gols, e o belga Romelu Lukaku, com quatro e uma assistência, estão entre os favoritos.

Já no domingo, ao meio-dia, brigam na final França e Croácia. Elas traçaram caminhos bem diferentes até aqui. A seleção francesa pegou times mais fortes, enquanto os croatas fizeram jogos mais equilibrados. O Estadão desenvolveu um ranking que mede a força das equipes jogo a jogo, com base em um método desenvolvido pelo físico húngaro Arpad Elo — ganha pontos quem vence adversários complicados e perde quem sofre derrotas em jogos que deveriam ser, em teoria, fáceis. No geral, a Croácia jogou partidas mais competitivas que a França, ainda que os adversários tenham sido mais fracos.

Para o técnico croata, Zlatko Dalic, sua equipe é um ‘milagre’. Ele recordou o primeiro contato com os jogadores após assumir a seleção, no fim de 2017: no aeroporto de Zagreb, pegando o avião para uma partida decisiva contra a Ucrânia. Trabalhou sem salário e sem contrato. “Não tínhamos, há três meses, um estádio adequado para receber nossas partidas pela Liga das Nações (torneio europeu que acontecerá em outubro), contra Inglaterra e Espanha. Não temos infraestrutura para torneios deste porte. É um grande problema que eu gostaria de destacar. Nas condições em que trabalhamos, nos traz grande alívio o que alcançamos. Algo precisa ser transformado. Se não for agora, quando será?” (Globo)

Pois é. Depois da vitória sobre Inglaterra na semifinal, um torcedor croata foi questionado por uma equipe de TV mexicana sobre como se sentia em relação à primeira final do país em uma Copa do Mundo. “Jacob Modric costumava jogar futebol driblando minas terrestres. Assim como ele, nós não temos medo.”

Já a França tem o desafio de não repetir no Mundial o mesmo erro que fez o time amargar a derrota contra Portugal na Eurocopa de 2016: a soberba. Naquele ano, o relaxamento depois de eliminar a Alemanha na semifinal deu à equipe a sensação de que o pior já havia passado. Caíram. Agora, o cenário é parecido. Os franceses venceram a Bélgica, que havia se creditado como forte candidata ao título depois de eliminar o Brasil, e enfrentará na decisão um azarão: a estreante Croácia. Oito jogadores que estavam naquela fatídica partida no Stade de France seguem no time para tentar, desta vez, fazer diferente. (Globo)

Carlos Eduardo Mansur, no Globo: “A França, e talvez o futebol de seleções fabrique cada vez mais equipes assim, é destes times de enorme potencial, que deixa o mundo na expectativa de ver aflorar um jogo tão encantador quanto seus intérpretes: mas oferece ao espetáculo apenas o indispensável para ganhar. Deschamps criou uma estrutura conveniente para seus astros, para que tenham momentos e, neles, produzam impacto no resultado do jogo. Ainda não houve exibições de 90 minutos de um jogo fluido. Mas a verdade é que trata-se de uma França difícil de derrotar. Na frente, há homens decisivos. Sem a bola, há solidez defensiva. Pogba foi excelente defendendo e iniciando jogadas, Kanté e Matuidi esbanjam vitalidade. E, na frente, sempre haverá Griezmann, Mbappé. Mas, no fim, foi um córner, uma bola alta, uma cabeçada. Nunca a fronteira entre ganhar e perder foi tão tênue.”

A lógica elástica do futebol

Tony de Marco

 
Final-da-Copa

Galeria: Imagens de Mônica Imbuzeiro, a sensível fotógrafa de O Globo que morreu ontem vítima de um câncer de mama. Estava próxima de completar 48.

Cultura

Em São Paulo, com espetáculos de dança e teatro, sessões de cinema, shows e instalações, começa no Sesc 24 de Maio a ocupação Encarceramento em massa é justiça?Um dos mestres do piano brasileiro, Arnaldo Cohen é homenageado no Festival de Campos de Jordão, ocasião pela qual toca hoje e terça na Sala São Paulo com a orquestra do festival e com um quinteto de cordas, respectivamente. E é sexta-feira 13 no MIS: a exposição Alfred Hitchcock – Bastidores do Suspense abre às 10h e só fecha às 21h de amanhã.

No Rio, promete o encontro entre Letrux e Linn da Quebrada, em show nesta sexta no Circo Voador que celebra um ano do disco Em Noite de Climão. Para quem é de música clássica, o regente Claudio Cruz estreia hoje como novo maestro titular do Theatro Municipal em concerto a preços populares. E gravuras que representam uma das fases mais obscuras de Francisco Goya, criticando o clero e o absolutismo, estão em cartaz na Caixa Cultural.

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É julho, e por ser julho o destaque inevitável é filme de criança. Esta semana chega Hotel Transilvânia 3 (trailer), no qual Drácula busca um novo amor num cruzeiro. Mas há filmes para adultos. Em Uma Casa à Beira-Mar (trailer), os três filhos de Maurice, já na altura dos sessenta, se encontram na casa de praia da Marselha. O pai não mais os reconhece. É preciso vender o imóvel, o restaurante — e, ao mesmo tempo, compreender se eles três ainda têm algo em comum. E é neste contexto que aparecem três crianças, náufragas, imigrantes. Há outro francês: Hannah (trailer), que abre com o velho marido da personagem título, interpretada por Charlotte Rampling, sendo preso. O espectador ainda não sabe o porquê, neste drama fragmentado que narra a história de uma senhora idosa com a família em frangalhos. A grande Rampling saiu do Festival de Veneza com o prêmio de melhor atriz pelo filme. Veja os outros lançamentos.

Saiu a lista dos indicados ao Emmy 2018, o principal prêmio da televisão americana. E Game of Thrones, que ficou fora da premiação em 2017 por conta da data de estreia de sua sétima temporada, voltou com tudo. A série lidera a disputa com 22 indicações, seguida por Westworld, também da HBO, e pelo Saturday Night Live, ambos com 21. Veja a lista completa.

Vale ressaltar: a Netflix foi o estúdio com maior número de nomeações, quebrando a continuidade de 17 anos da HBO na liderança.

Por falar... Anitta vai estrear uma série na Netflix. A cantora mostrará momentos do projeto CheckMate, que lançou um clipe mensalmente a partir do segundo semestre de 2017, de suas turnês internacionais e também de sua vida pessoal.

Ingmar Bergman, o mais freudiano dos cineastas, faria amanhã 100 anos. Nesta entrevista de 1978, ele fala de sua descoberta do cinema e comenta em particular sobre dois de seus (muitos) grandes filmes, O Sétimo Selo (trailer) e Morangos Silvestres (trechos).

Cotidiano Digital

Guido van Rossum, o inventor da linguagem de programação Python, deixou ontem o cargo de BDFL — Ditador Benevolente por Toda Vida, na sigla em inglês. Desde 1989, Van Rossum tomava todas as decisões sobre o que entrava ou não na linguagem, uma das mais simples e populares utilizadas na internet. A comunidade de programadores, agora, terá de decidir como fazer sua auto-gestão.

São, por vezes, os tantos grafites que proliferam nos muros. Ou então paredes cobertas por plantas, instalações pelas cidades, e a decoração de lojas e restaurantes com neons, tijolos e pisos coloridos, os pratos bem cuidados. Repórter do Guardian, Bella Mackie se pergunta se não estamos começando a decorar o mundo com o Instagram em mente. Para estabelecimentos comerciais, ser um bom cenário vale a pena: as imagens devidamente localizadas são boa propaganda.

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