Bolsonaro acusa PT de armar fraude eleitoral

Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo, ontem, via Facebook. Apesar de aparentar fraqueza, falou por ininterruptos 18 minutos. Assista. A um momento chorou, enquanto fez um discurso duro contra o PT. “Se coloquem no lugar do presidiário que está lá em Curitiba”, afirmou o ex-capitão. “Com toda sua popularidade, sua possível riqueza, seu tráfego junto a ditaduras. Você aceitaria passivamente ir para a cadeia? Se você não tentou fugir, é obviamente porque tem um plano B.” Bolsonaro então fez uma acusação dura, atípica em campanhas eleitorais. “Não consigo pensar em outra coisa senão o plano B se materializar numa fraude.”

Mais cedo, ele já havia aparecido noutro vídeo distribuído pelas redes, caminhando pelos corredores do Hospital Albert Einstein. Estava mais animado.

Enquanto isso... O grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, que chegou a alcançar dois milhões de membros em uma semana, foi capturado no sábado à noite por um grupo de militantes favoráveis ao candidato. Ao assumir a administração, eles reverteram o nome do grupo para Mulheres COM Bolsonaro. O Facebook reagiu bloqueando acesso ao ambiente.

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É Lula ainda quem manda. Fernando Haddad continuará frequentando a cela do ex-presidente, em Curitiba. Na coordenação de sua campanha, Lula é representado por homens de sua confiança. E são dele algumas definições estratégicas. Haddad não deverá atacar, durante o pleito, Marina, Ciro ou Bolsonaro. Concentra em Alckmin o alvo. Assim como, na TV, não deverá responder o que lhe é perguntado, e sim o que quer falar. (Globo)

Aliás... Fernando Pimentel afirma que Haddad assinará indulto para Lula no primeiro dia de seu governo.

Durante um quebra-queixo em Roraima, as entrevistas de rua nas quais os candidatos são cercados de microfones, Ciro Gomes estourou após uma pergunta, ontem. Segundo o repórter Gabriel Wainer, do Estadão, o rapaz que começou a confusão comentara com jornalistas, antes, que pretendia provocar o candidato para levar um tapa. Não chegou a tanto. “O senhor reafirma o que disse sobre os brasileiros que fizeram aquela manifestação na fronteira, de que eram canalhas?”, perguntou Luiz Petri. “Seu filho da puta”, afirmou Ciro de presto. “Esse aqui é do Romero Jucá! Tira ele. Prende ele aí.” Petri diz ter sido agredido fisicamente, o vídeo sugere um empurrão. Segundo apuração da Folha, não é para Jucá que ele trabalha. Mas para a campanha de outro candidato local ao Senado, Chico Rodrigues, do DEM.

Vinicius Torres Freire: “Ciro Gomes é o único candidato que vence as disputas de segundo turno. Todas. Ciro bate Jair Bolsonaro com folga e Fernando Haddad de lavada, se lê no Datafolha. No momento, é o recurso de segunda e última instância dos que rejeitam petistas e bolsonaristas. É o candidato no centro geométrico da eleição, embora não ocupe o centro tradicional da política. Ciro é o ‘anti’. O segundo melhor para muita gente, 30% dos eleitores. O mal menor. O filho do meio. Pensar no segundo turno tem importância considerável nesta campanha de votação muito fragmentada, de repulsas intensas e em que parte relevante do eleitorado fará lances estratégicos a fim de evitar o pior.” (Folha)

O Datafolha publicado na última sexta confirmou a tendência sugerida pelo Ibope de terça-feira. Jair Bolsonaro foi a 26%, seguido de Ciro e Haddad empatados em 13%, Alckmin 9%, Marina, 8% e o pelotão Amoêdo, Meirelles e Alvaro Dias com 3%. Os cenários de segundo turno estão mais apertados. Ciro Gomes é o único que vence de todos. Haddad, o único que perde para todos.

José Alexandre Scheinkman: “As propostas da campanha mostram que alguns candidatos estão prometendo repetir os mesmos erros do passado, como a ideia de que o Estado precisa proteger a economia. Políticas assim criaram uma série de problemas, mas as pessoas esquecem. O Plano Real foi muito importante. Mas só acabar com a inflação não foi a chave mágica para o Brasil crescer. Nosso desafio é a questão da produtividade: fazemos as coisas pior do que os outros países, e cada vez pior. Existe uma crise fiscal importante que, na discussão da eleição, está sendo ignorada. As assessorias econômicas de Alckmin e Marina estão mais conscientes do que é preciso fazer. O teto dos gastos é um negócio interessante porque supostamente é uma alavanca para certas reformas fiscais e, infelizmente, ele aconteceu, mas as reformas fiscais necessárias não ocorreram. Várias das propostas têm pautas como imposto sobre o cheque. Na época do Real, o Estado coletava o equivalente a 24% do PIB. Hoje, a carga tributária é 33%. A pergunta para esses candidatos é: aumentamos nove pontos do PIB em impostos, que problemas do Brasil resolvemos com isso? Um terço da carga tributária, sem ter o que mostrar.” (Folha)

Sérgio Abranches: “O problema do presidencialismo de coalizão é que ele tem caminhado para um padrão absolutamente clientelista, baseado no toma lá da cá. Uma das razões é o excesso de fragmentação de partidos nas coalizações. Coalizões muito grandes são mais difíceis de lidar. E não há afinidade programática entre o presidente e os partidos. Isso vai acontecer, de novo, no ano que vem. A diferenciação dos interesses do presidente e do Legislativo decorre do modelo de eleição federativa. O presidente é eleito pelo Brasil. Os deputados são eleitos em seus redutos. Um conjunto delimitado de municípios. Com o excesso de concentração de poderes da União, essa diferença de interesses se agrava e se radicaliza profundamente. Esse é o caminho do clientelismo e da corrupção porque o presidente administra todo o orçamento da República na boca do caixa. Eu não creio que a gente vá resolver esse problema sem enfrentar o problema da descentralização federativa. Não resolve se a gente não devolver parte da capacidade tributária e de gastos aos estados e municípios, fazendo com que essas demandas locais, mais associadas às bases políticas dos parlamentares, se resolvam no âmbito local.” (Globo)

Christine Blasey Ford, uma professora universitária da Califórnia, declarou ontem ao Washington Post que o juiz Brett Kavanaugh, quando ainda no secundário, a jogou na cama com um amigo, forçou seus braços, calou sua boca com a mão, e tentou tirar suas roupas. Conservador, Kavanaugh é o candidato à Suprema Corte indicado por Donald Trump. O presidente tem pressa pois, em novembro, ele corre o risco de perder maioria no Senado para aprovar seus indicados. A acusação já vinha circulando desde a semana passada, mas agora a acusadora se apresentou pessoalmente, e trouxe ao debate o ingrediente do movimento feminista #MeToo. Os senadores republicanos ainda não decidiram se seguem com o voto ou param para ouvir o depoimento formal. Talvez não tenham escolha.

Viver

O furacão Florence tocou a terra na sexta-feira, no estado da Carolina do Norte, nos EUA. O fez na categoria 1 — tinha chegado a alcançar a categoria 4, mais violenta antes disso —, e deixou desde então 16 mortos na Carolina do Norte e na do Sul. No sábado, a tempestade foi rebaixada a depressão tropical. Mas, segundo autoridades, as chuvas torrenciais e os súbitos alagamentos podem resultar em mais destruição. (New York Times)

Desde meados da década de 1990, pesquisadores decidiram inventariar toda a matéria “ordinária” no cosmos — estrelas, planetas, qualquer coisa feita de partes atômicas. Eles tinham uma boa ideia de quanto deveria estar lá, mas quando contabilizaram todo o material que era visível — estrelas, nuvens de gás e coisas do tipo —, eles perceberam que isso é apenas 10% do que deveria existir. Agora, em uma série de três artigos recentes, eles revelam onde a matéria está se escondendo. (Wired)

Enquanto isso... A SpaceX anunciou um acordo para enviar o primeiro turista à Lua, a bordo de seu novo foguete que espera transportar no futuro pessoas para Marte. A empresa de Elon Musk prevê para 2019 uma viagem com astronautas da agência espacial americana à Estação Espacial Internacional. (Globo)

E o satélite com o laser espacial mais avançado da Nasa foi lançado no último sábado em uma missão para medir a perda de gelo na Terra. A ideia é melhorar as previsões sobre o aumento do nível dos mares devido ao aquecimento global. O lançamento marca o fim de quase uma década sem que a Nasa tivesse um instrumento em órbita para medir a superfície do manto de gelo ao redor do mundo. (Globo)

Muito se fala sobre o avanço da inteligência artificial e sua provável consequência: o desaparecimento de um grande número de trabalhos feitos por humanos — principalmente aqueles que exigem padrões de aprendizado e aplicação, cálculo sem emoção e soluções mecânicas. Se por um lado isso preocupa, por outro há quem defenda que a inteligência artificial nos libertará para nos concentrarmos em trabalhos que envolvem o cuidado direto de humanos. Atualmente, muito do trabalho de assistência é mal remunerado, não pago ou invisível. E, principalmente, feito por mulheres. É algo que requer criatividade, empatia, a construção de relacionamentos e trabalho emocional e espiritual. A pergunta é: O avanço da tecnologia tem o potencial de revolucionar a forma como esse trabalho é valorizado na sociedade e garantir que ele seja distribuído de maneira mais uniforme entre os gêneros?

Cultura

O primeiro clipe brasileiro a alcançar um bilhão de visualizações no Youtube é o clipe de funk Bum bum tam tam, de MC Fioti. Lançado em março do ano passado, custou R$ 30 mil e foi feito às pressas. O G1 conta a história da faixa.

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Hoje é noite de Emmy. E a premiação deve ser marcada pelo embate entre Netflix e HBO. Game of Thrones é quem parte com o maior número de indicações e o favoritismo para dominar a disputa. Mas há outros aspectos que podem dominar a noite: como será tratado o movimento #MeToo e que peso terá Donald Trump na competição são alguns deles. O evento começa às 20h. (Folha)

Galeria: As 13 séries que você deve assistir, segundo o Emmy.

Aliás... Na primeira semana de setembro, enquanto a Netflix completava sete anos no país, três concorrentes dispararam campanhas publicitárias simultâneas de novas séries estrangeiras. A Globoplay lançou The Good Doctor, a Amazon Prime Video saiu com a estreia mundial de Jack Ryan, e o serviço online Now, ligado à operadora de TV paga Net, apostou em The Handmaid's Tale. (Folha)

Cotidiano Digital

Uma corretora de imóveis nova-iorquina, Diane Chung, abriu processo contra a Samsung. Ela alega que seu Galaxy Note 9 pegou fogo espontaneamente, dentro de sua bolsa, no último dia 3. Ainda não há confirmação externa de que ocorreu mesmo a autocombustão, tampouco um segundo registro semelhante. Mas a notícia é de causar tremores na sede coreana da empresa. Baterias defeituosas do Note 7, que provocavam casos de fogo repentino, provocaram um fiasco gigantesco do qual a Samsung se recuperou bem. A promessa de seus executivos é de que a bateria deste novo modelo, considerado o smartphone com a melhor câmera fotográfica do mercado, é uma das mais seguros que existem.

Marc Benioff comprou, por US$ 190 milhões, a Time — sobrevivente dentre as grandes revistas semanais americanas. Benioff, que é fundador da Salesforce e foi alto-executivo da Oracle, é um dos milionários criados pelo Vale do Silício. O software que produz, voltado a empresas que lidam diretamente com uma grande base de clientes, faz a gestão das queixas e problemas trazidos pelos consumidores. A compra da Time foi feita como pessoa física, em sociedade com sua mulher, Lynne. À moda de Jeff Bezos da Amazon, que comprou o Washington Post, Benioff declarou que não pretende interferir no jornalismo e que seu plano é de manter o atual grupo de editores no comando da redação.

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