Datafolha aponta crescimento mais tímido de Haddad

O retrato do momento feito pelo Datafolha traz uma notável diferença em relação ao divulgado pelo Ibope, na terça-feira: neste, a subida de Fernando Haddad parece se dar num ritmo menor. Jair Bolsonaro aparece com 28%, Haddad com 16% e, Ciro Gomes, 13%. As tendências percebidas para o trio são as mesmas. Em ambas Bolsonaro teve um crescimento ligeiro, de 26 para 28%. Também nas duas Ciro manteve-se estável. O Ibope o viu com 11%, o Datafolha o enxerga com 13%, sem mudança de uma semana para a outra. Mas se o Ibope capturou um Haddad saltando de 8 para 19%, uma diferença de onze casas percentuais, o Datafolha viu um salto mais modesto. De 13 para 16%.

Em parte, a diferença se dá pelos intervalos entre uma pesquisa e outra. O Ibope anterior é do dia 11 e, o Datafolha, do dia 14. No Datafolha do dia 10, Haddad tinha 9%. Mas o resultado prático é que uma pesquisa vê Ciro como um distante terceiro. Na outra, os dois estão próximos. Números entre uma pesquisa e outra não são comparáveis. Mas tendências, sim. Como explica o cientista político Marcos Nobre, abaixo, o ritmo da transferência de votos de Lula para Haddad é uma das questões fundamentais deste primeiro turno. Ele determinará se um terceiro candidato terá ainda condições de concentrar votos de que não deseja nem um, nem outro — um movimento particularmente difícil. Principalmente, ele determinará quem entra com vantagem no segundo turno.

Ainda no Datafolha, Geraldo Alckmin mantem-se estável com 9%, Marina caiu um ponto e foi a 7%, João Amoêdo e Alvaro Dias seguem com 3% e, Henrique Meirelles, foi de 3 para 2.

O Datafolha ainda percebe Ciro Gomes vencendo Bolsonaro com relativa facilidade num eventual segundo turno: 45% contra 39%. Os outros cenários são mais apertados. O ex-capitão empataria com Haddad em 41%, venceria Marina em 42% contra 41% e perderia para Alckmin com 39% contra 40%.

A rejeição de Bolsonaro é de 43% e, a de Haddad, 29%. Ciro tem rejeição de 22%.

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Marcos Nobre: “Nas últimas eleições, o momento em que as duas candidaturas líderes se consolidaram foi também o momento quando começa a movimentação para derrotar o adversário. Essa preparação se dá em duas frentes: a da campanha eleitoral e a da negociação com a elite política e econômica. Do ponto de vista eleitoral, a chave está no ‘nem nem’, aquele contingente que não se identifica com nenhum dos polos. Uma das estratégias mais importantes para atrair o ‘nem nem’ é conseguir convencer de que a vitória de sua candidatura não significará governar apenas para seu próprio polo ou para destruir o derrotado. Talvez por isso se costume chamar esse movimento de ‘ir para o centro’. É aí que essa frente se une à outra. Umas das estratégias para conquistar essa parcela é mostrar capacidade de aplainar resistências junto à elite política e econômica. A capacidade de convencer que uma vitória não significa ‘virar a mesa’ se mostra também como capacidade de negociar com quem tem poder e dinheiro. Bolsonaro não tem condições de preparar o terreno. O Ibope mostrou que tinha subido 12 pontos no eleitorado antilulista após o atentado. Esse efeito tende a refluir. Bolsonaro está em uma corrida para não cair tão rapidamente que possa ser ultrapassado por Haddad. Tem de preservar o que já tem, se garantir como polo anti-PT. Não pode se dar ao luxo de acenar para o eleitorado ‘nem nem’. Não tem como lançar pontes com a elite, ocupar o lugar reservado até 2014 às candidaturas do PSDB. Haddad tem uma oportunidade única. Se não souber aproveitá-la, se der a Bolsonaro a mais remota chance de se recuperar nas duas frentes de construção do segundo turno, terá arriscado a eleição. A elite já experimentou o desastre da escolha de Fernando Collor, sabe o que é optar por um candidato outsider. Mas não há vácuo na natureza nem na política.” (Piauí)

A falta de coordenação de mensagem na campanha de Jair Bolsonaro gerou mais ruído, ontem. Desta vez, o pivô foi o economista Paulo Guedes. Falando a um grupo de investidores, explicou que pretende recriar um imposto nos moldes da CPMF. Monica Bergamo deu a notícia na Folha — e a notícia de mais um imposto dominou o noticiário da manhã. (Folha)

O projeto de Guedes é diminuir o número de impostos e, ao longo de dez anos, baixar a carga tributária de 35 para 25%. Bolsonaro ligou para o economista se queixando de como havia tratado o assunto, gerando confusão e uma crise desnecessária. O temor é de que a sequência de mensagens mal posicionadas comece a corroer a vantagem do candidato. (Globo)

Pois é. Fernando Haddad participa, hoje, de seu primeiro debate presidencial, juntando-se a Ciro, Alckmin e Marina. Também foram convidados e estarão presentes Guilherme Boulos, Henrique Meirelles e Alvaro Dias. Produzido pela católica TV Aparecida, o quarto debate presidencial será televisionado e transmitido por YouTube e Facebook a partir das 21h30.

Segue apertada a briga pelo Palácio dos Bandeirantes. Paulo Skaf, do MDB, tem 24% das intenções de voto, de acordo com o Ibope. Tinha 22% na última. O tucano João Doria saiu de 21 para 23%. Estão tecnicamente empatados. (Estadão)

Já no Rio, Eduardo Paes, do DEM, tinha 23 e chegou a 24% no Ibope. O segundo lugar, Romário, caiu de 20 para 18%. Anthony Garotinho é um distante terceiro, com 12%. (Globo)

Aliás... Candidatos aos governos de São Paulo e Rio se encontraram ontem em debates realizados por UOL, Folha e SBT. Os resumos nos links são do UOL.

O Comitê de Política Monetária decidiu ontem manter a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano, patamar fixado desde março.

O percentual de pessoas que vivem em pobreza extrema no mundo caiu para 10% — 736 milhões de pessoas — em 2015. Os dados são do Banco Mundial e mostram uma nova mínima histórica. Em 2013, 11% da população vivia em condições de miséria. O ritmo de queda, no entanto, desacelerou. Entre 1990 e 2015, a taxa de pobreza extrema baixou em média um ponto percentual por ano, passando de quase 36% para 10%. Porém, em dois anos, entre 2013 e 2015, ela caiu apenas um ponto percentual. A meta do órgão é reduzir a taxa de pobreza extrema para 3% da população mundial até 2030.

Cultura

A literatura de cordel tornou-se patrimônio cultural do Brasil. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o tombamento, ontem. Gênero literário popular sobretudo no Nordeste e Norte, ele costuma vir impresso em folhetos simples, com ilustrações bem características. Os versos e rimas também podem ser cantados. (Folha)

No ano passado, o Nexo pôs no ar um especial sobre os versos e traços do cordel e contou como essa literatura, com mais de um século de história, tem hoje seu fôlego renovado pela internet.

Os Irmãos Russo, diretores de Vingadores, divulgaram uma imagem de um set de gravações que pode dar pistas sobre o título de Vingadores 4. A estreia do filme está marcada para maio de 2019.

Enquanto isso... Super-heróis da franquia podem virar protagonistas de seriados no Disney Play, o serviço de streaming que ainda será lançado. Loki e a Feiticeira Escarlate serão os primeiros, segundo a Variety.

E por falar... A GloboPlay vai expandir seu negócio. Agora em setembro, a série The Good Doctor, produzida pela americana ABC, estreou no serviço de streaming brasileiro. Criada para apresentar os produtos da Globo, o sistema começa a diversificar. Títulos como House e Killing Eve estão para entrar no cardápio. Assim, a rede de streaming brasileira trabalhará com três verticais. Filmes e séries estrangeiros, séries brasileiras que passaram ou passarão na TV Globo e, também, produções nacionais criadas exclusivamente para o streaming. A TV aberta, aliás, será usada como bumbo, apresentando amostras do que pode ser encontrado na íntegra pelos assinantes.

Foram cinco anos de pausa. Mas Avril Lavigne está de volta. A cantora divulgou ontem a faixa Head Above Water (Spotify), a primeira faixa de seu próximo disco. A música fala sobre sua luta contra a doença de Lyme, uma infecção bacteriana transmitida por carrapatos, que tem entre seus sintomas dores de cabeça, manchas vermelhas pelo corpo, dores musculares e articulares e mal-estar geral.

Viver

Mais de 30% dos municípios brasileiros registraram uma epidemia ou endemia relacionadas ao saneamento básico em 2017. O levantamento é do IBGE. São doenças como diarreia, verminoses e dengue — a última foi a mais citada. A dengue, assim como a zika e a chikungunya, são transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. E estão, portanto, fortemente associadas aos serviços de saneamento. (Globo)

Isto posto... A pesquisa também mostra que menos da metade dos municípios do país tem instrumentos de gestão de saneamento básico. A proporção de municípios com planos varia de 15%, no Nordeste, a 72%, no Sul. (Globo)

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Dos 20 mil genes presentes no nosso DNA, cerca de 5.400 nunca foram objeto de um único artigo. Uma pequena fração — 2.000 deles — tem ocupado a maior parte da atenção e são foco de 90% dos estudos científicos publicados nos últimos anos. Os motivos são vários, e dizem muito sobre como os cientistas fazem ciência. Um deles é que os pesquisadores tendem a se concentrar em genes que foram estudados por décadas — não só porque é mais fácil, mas porque os prêmios e a academia também estimulam isso. O problema é que, nesse ritmo, levaria um século ou mais para os cientistas publicarem pelo menos um artigo sobre cada um dos nossos 20 mil genes. Para especialistas, os cientistas não vão mudar seus caminhos sem uma grande mudança na forma como a ciência é feita — é preciso estimular e reconhecer quem faz apostas verdadeiramente desconhecidas, em vez de seguras. (New York Times)

Se você é fã de Star Trek, conhece Vulcano, o planeta onde nasceu Mr. Spock. Ele orbita a estrela HD 26965, conhecida como 40 Eridani A pelos fãs. Pois é. Inspirados pelo seriado, os cientistas miraram um telescópio para esta região no céu. E encontraram um planeta ali — que é, aliás, duas vezes maior do que a Terra.

Cotidiano Digital

No início desta semana, abriu em Chicago uma loja AmazonGo — é a quarta delas, a primeira fora de Seattle. O conceito está circulando desde 2016: uma loja sem caixas. Entre, a loja reconhece o cliente pelo app da Amazon no celular, pegue o que deseja, saia. Todos os produtos escolhidos são identificados por sensores e a conta é debitada automaticamente do cartão registrado na loja eletrônica. Mas a primeira loja física que realmente funciona só apareceu em janeiro último. Agora são quatro. Até 2021 serão três mil.

Jeff Bezos, CEO da Amazon, está ainda avaliando o modelo. AmazonGo é uma loja de conveniências. No momento, vende um mix de comida que foi preparada faz pouco tempo — saladas, sanduíches naturais —, além de industrializados como sucos, refrigerantes, águas, iogurtes, pães. A ideia é espalhar lojas assim pelas cidades movimentadas, um lugar para comer rápido. Podem ficar mais parecidas com as lojas de postos de gasolina, ou cair mais para comida fresca. É a partir da avaliação do que funciona melhor na prática que o modelo vai seguir. De quebra, Bezos vai perturbar violentamente o negócio das lojas físicas. Começa pelos EUA.

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