Toffoli defende urna, duvida de golpe e diz que indulto não é só para um

Em entrevista concedida a Letícia Casado e Mônica Bergamo, o novo presidente do Supremo, José Antonio Dias Toffoli, partiu em defesa da urna eletrônica. “O batismo da urna legitima os poderes”, afirmou. “Aquele que for eleito tem que ser respeitado por todas as forças. Devem respeitar o jogo democrático, apoiando ou fazendo oposição.” Ele escapou da discussão sobre o autogolpe citado pelo general Mourão, vice de Bolsonaro. “As Forças Armadas sabem da grave responsabilidade das funções que têm e respeitam a Constituição.” O ministro, que foi advogado do PT, também opinou a respeito de um indulto que poderia ser concedido a Lula se Fernando Haddad for eleito. “Há uma decisão de que o indulto não pode beneficiar quem tiver sido condenado por corrupção”, lembrou. “Essa discussão vai ser colocada no colegiado.” Hoje, não poderia. O STF terá ainda de avaliar se condenados por corrupção podem ser incluídos. Para Toffoli, porém, um presidente não pode usar o benefício para apenas um. “O indulto tem que ter caráter geral, não cabe a uma pessoa específica.” (Folha)

Porém... A defesa de Bolsonaro reafirmou no TSE que enxerga possibilidade de fraude. O PT pediu à Corte que ordenasse a retirada do ar de um vídeo no qual o ex-capitão fala que uma vitória de Haddad viria por fraude. A liminar foi negada, o pleno ainda julgará o caso. (Estadão)

Enquanto isso... A Polícia Federal está preocupada com o timing do encerramento da investigação sobre os motivos que levaram Adélio Bispo a atacar Bolsonaro. O prazo aponta para a antevéspera do primeiro turno, informa o Painel. Adélio deve dar entrevistas, uma ao SBT e outra à Veja, na quinta.

PUBLICIDADE

Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro, tem propostas liberais que nenhum presidente brasileiro jamais cogitou adotar. Quer vender tantas estatais quanto possível. Deseja uma reforma administrativa para estancar os gastos com funcionários públicos. E estuda uma reforma da Previdência na qual cada trabalhador faz sua própria poupança para o futuro. O problema é Bolsonaro. Uma equipe de jornalistas do Globo foi atrás de seu histórico. Como deputado, o candidato votou contra a privatização das teles, contra o Plano Real, contra as duas reformas previdenciárias aprovadas. Não endossa, publicamente, nenhuma das ideias de Guedes. Apenas diz que vai consultá-lo. Nos momentos em que se manifestou, foi para garantir que não mexeria na Caixa, Banco do Brasil e no “miolo” da Petrobras, sem detalhar do que se trata. Também afirma que não quer tocar nas previdências de militares e policiais. E desautorizou publicamente o economista em sua proposta de impostos. Desde então, Guedes cancelou suas apresentações e recolheu-se em silêncio. Reservadamente, o homem que deseja ser ministro da Fazenda admite que seu programa não está pactuado com o candidato.

O outro homem forte ao lado de Bolsonaro é o advogado Gustavo Bebianno, presidente interino do PSL e um dos poucos tão próximo do candidato quanto seus filhos. Faixa preta de jiu-jitsu, foi diretor jurídico do Jornal do Brasil na gestão Nelson Tanure e trabalhou no escritório de Sergio Bermudes. “Não é nenhum iluminado, mas é uma pessoa correta”, disse à Folha Bermudes. “Veio me contar sobre a proximidade com Bolsonaro e disse a ele que não concordo.” Bebianno cerca o ex-capitão desde 2015, tentando trabalhar como voluntário. Conseguiu só no ano passado, quando listou uma série de problemas na defesa do candidato nos processos que sofre no Supremo. Hoje, tem poder de filtro sobre quem se aproxima e é quem acompanhou a mulher do candidato ao Rio, após o atentado. Foi Bebianno quem fechou o acordo com o PSL e chega a ter livre trânsito na UTI do Einstein.

Aliás... Depois de ter sido alvo de críticas de fãs que cobravam um posicionamento contra Jair Bolsonaro, Anitta cedeu. Ontem, em resposta a um desafio feito por Daniela Mercury, a cantora postou um vídeo em seu Instagram afirmando que não apoia o candidato e que é a favor da hashtag #EleNão. Na semana passada, Anitta havia reivindicado o direito de não se posicionar sobre questões políticas. E ela não é a única a ser pressionada a opinar... (Folha)

Começou a circular, agora de manhã, a nova pesquisa FSB/BTGPactual. Nela, Jair Bolsonaro parou de crescer e permanece com 33%. Fernando Haddad, que tinha 16, alcançou 23%. Ciro, ainda em terceiro, caiu de 14 para 10%, enquanto Alckmin subiu de 6 para 8%, assumindo a quarta colocação. Marina tem 5%, Amoêdo e Meirelles, 3%. Num segundo turno, Ciro é o único que venceria Bolsonaro, de 43 a 41%. Alckmin perderia de 40 a 41%; Haddad de 40 a 44%; e, Marina, 34 a 46%. Realizada por telefone no sábado e domingo, a pesquisa tem margem de erro de 2%.

Apareceu uma segunda mulher acusando o juiz Brett Kavanaugh, indicado por Donald Trump à Suprema Corte, de abuso sexual. Segundo os repórteres Ronan Farrow e Jane Mayer, ele teria se aproveitado de uma festa de faculdade quando ela estava bêbada, tirado o pênis da calça e o levado até seu rosto na frente de várias pessoas. Os republicanos estão apreensivos. Esta indicação é sua oportunidade para conquistar uma maioria conservadora na Corte que poderá tornar o aborto ilegal. Mas no início de novembro há eleição e é possível que o partido perca maioria no Senado. A possibilidade de que ele seja um predador sexual torna o lance político cada vez mais difícil. (New Yorker)

Cultura

Machado de Assis escreveu uma letra para o hino nacional em homenagem a Dom Pedro II. A letra, escrita em 1867 para comemorar o aniversário do imperador, foi descoberta pelo pesquisador independente Felipe Rissato — o mesmo que, nos últimos anos, fez diversas descobertas sobre Machado de Assis e Euclydes da Cunha. (Folha)

Foi lançada no sábado, no IMS Paulista, uma plataforma à la Netflix dos ensaios literários de intelectuais. Chama-se Artepensamento. São 315 ensaios de 124 autores diferentes — entre eles, Jorge Coli, Paulo Leminski, Celso Lafer, Eugênio Bucci, Maria Rita Kehl, Marilena Chaui e Francis Wolff. É de graça. (Folha)

A pequena e excelente Editora Contraponto, de Cesar Benjamin, está com uma campanha de financiamento coletivo no ar. Já passou da metade da meta, mas ainda falta um quê. Quem contribui ganha um ou mais livros — o catálogo vai das ciências naturais à filosofia passando por política. Textos clássicos e importantes existem em português por conta dela. As grandes livrarias brasileiras estão dando calote nas editoras por conta da crise. O resultado é que as pequenas têm sua sobrevivência ameaçada. Muitas vão quebrar. Este é um aspecto terrível, embora pouco discutido, da atual crise econômica brasileira. Perderemos editoras. No caso da Contraponto, há uma chance de sobrevivência. Depende de quem contribuir.

Pois é... Fechou esta semana a Fnac da Avenida Paulista, uma das mais conhecidas livrarias de São Paulo.

Alguns fãs não gostaram do trailer de Capitã Marvel. Acharam a atriz Brie Larson séria demais no papel. A disseram para sorrir. Ela respondeu: mostrou, em um stories do Instagram, cartazes da Marvel com sorrisos fotoshopados na cara dos super-heróis homens.

Viver

A tecnologia da NASA é geralmente associada aos limites do espaço, mas a pesquisa da agência especial está bem mais próxima de nós do que imaginamos: de secadores de cabelo a cremes para a pele. A ferramenta interativa NASA Home and City mostra de que formas a pesquisa espacial nos afeta aqui na Terra.

E por falar... A sonda espacial japonesa Hayabusa-2 lançou dois microrrobôs sobre o asteroide Ryugu, que reunirão informações sobre as origens do Sistema Solar e da vida.

PUBLICIDADE

A crise dos opioides nos EUA pode agravar um problema no Brasil: o subtratamento da dor. Cerca de 77 milhões de pessoas sofrem com dores crônicas e outras milhões com episódios agudos, mas o medo e a desinformação tanto da parte de pacientes quanto de médicos e profissionais de saúde com relação a esses medicamentos, aliados à burocracia para sua prescrição, fazem com que muitos pacientes não recebam o tratamento adequado e corram o risco de desenvolver outros males físicos e psicológicos, como ansiedade e depressão. (Globo)

Uma em cada 20 mortes no mundo está ligada ao consumo de álcool. Quem afirma é a Organização Mundial de Saúde. O estudo levou em conta todas as consequências geradas pelo consumo de álcool: 29% das mortes, por exemplo, ocorreram por lesões em decorrência de acidentes de carro ou suicídios. Os mais suscetíveis a morrer por conta do consumo excessivo da substância são os homens e os jovens.

Isto posto... Aplicativos estão ajudando dependentes de álcool e outras drogas a evitar recaídas. Eles ajudam usuários a encontrar reuniões de apoio, mandam a localização do paciente para uma rede caso ele acione um ‘botão do pânico’, e oferecem vídeos informativos. (Globo)

E na Malásia, uma organização internacional de pesquisa agronômica quer revolucionar a dieta humana com cultivos esquecidos, resistentes e altamente nutritivos, como cajá-manga e moringa.

Cotidiano Digital

Virou piada, como não poderia deixar de ser, o micro-ondas da Amazon, que vem capacitado a ouvir comandos de voz. Afinal, perguntaram-se muitos no Twitter, quem vai querer um forno cujo grande atrativo é receber ordens por voz. Clicar o botão ‘start’ não é assim tão difícil. Na Wired, Jeffrey Van Camp sugere que, na verdade, voz pode ser um imenso atrativo. A gente esquece, mas micro-ondas ainda são aparelhos incrivelmente complexos. Ninguém sabe programar a quantidade de tempo e a potência correta para o que se deseja — descongelar legumes ou carne, esquentar uma xícara de chá, aquecer um prato de feijão, arroz e picadinho. Esses fornos, no dia a dia, vão sendo usados na tentativa e erro. ‘Esquenta mais um pouquinho’, dizemos para nós mesmos a toda hora. Uma versão inteligente pode resolver isso. Diga ‘Alexa, descongele um quilo de peixe’, e o tempo mais potência necessários são devidamente ajustados. Inteligência, neste aparelho, pode ser muito conveniente.

Ocorre na internet um debate sobre a exaustão de YouTubbers. O problema não é novo. Em novembro de 2015, PewDiePie, o mais popular dentre todos na plataforma, desmontou num vídeo. Puro esgotamento físico e emocional. A questão é comum à gig economy, todos que vivem em função de sua produtividade nas diversas plataformas que vão de YouTube a Uber. No caso do YouTube, a parca transparência do sistema colabora para quem vive de fazer vídeos vistos por muitos. As penalidades, quando vêm, não são claras. Pessoas têm medo de diminuir o ritmo de produção e ver o algoritmo cortando seu alcance. E como muitos querem trabalhar de graça para tentar ser a nova estrela, a pressão não diminui. Os executivos responsáveis pelo YouTube afirmam que se preocupam com a questão. No Verge, a editora Patricia Hernandez acusa: a preocupação é só da boca para fora. Quem cria conteúdo dá vida ao YouTube. E há uma epidemia de esgotamento entre os maiores criadores.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.