Esta é a edição de número 500 do Meio. Nossa estreia ocorreu no dia seguinte ao primeiro turno das eleições municipais de 2016. Com 63 mil assinantes, hoje, a newsletter atinge leitores com os quais temos diálogo constante — via email ou pelas redes.

Tem sido uma jornada e tanto. Muito obrigado pela companhia =)

— Os editores.

Haddad é o alvo principal em debate

Assista: a íntegra do debate realizado por SBT, UOL e Folha, ontem. Segundo encontro com o petista Fernando Haddad nestes embates, contou também com o retorno (cômico) do cabo Daciolo. Jair Bolsonaro, ainda internado, não pôde comparecer.

Igor Gielow: “Naquele que provavelmente foi o mais politizado debate até aqui, o chamado centro demonstrou as dificuldades que enfrenta numa corrida crescentemente polarizada entre o ausente Bolsonaro e o PT. A inconstância marcou as referências ao deputado fluminense, que não participou por ainda estar internado. Ele foi ignorado no primeiro bloco, ganhou proeminência no segundo, quando Ciro o chamou de ‘aberração’ e só apareceu de forma mais clara no discurso de Alckmin nas considerações finais. Ao fim, foi o pedetista quem conseguiu uma linha mais coerente para tentar atingir o eleitorado indeciso. Articulou o discurso ‘nem Bolsonaro, nem o PT’ ao longo de suas intervenções e na pregação final. Já Alckmin, que ainda alimenta a esperança de crescer na reta final, elaborou o mesmo raciocínio de forma mais vaga. O tucano parecia nervoso, afetando o tique de morder os lábios. Pior que ele, apenas Haddad, que virou vidraça por estar em segundo lugar isolado nas pesquisas. O petista estava com o semblante duro, as mãos travadas e os polegares constantemente em movimento. Suas respostas invariavelmente elevavam o tom, passando o recibo de ter sido acuado. Sem Bolsonaro, sobrou para Haddad, mas o fato é que a ausência do líder tirou assertividade que poderia ocorrer e impressionar o eleitorado ainda volúvel.” (Folha)

Bernardo Mello Franco: “Na ausência do líder, sobrou para Haddad, o saco de pancadas do debate de ontem. O petista apanhou até de candidatos que não têm mais esperanças de ultrapassá-lo. ‘Você chegou como representante do preso em Curitiba’, provocou Alvaro Dias. ‘Se puder governar sem o PT, prefiro’, desdenhou Ciro Gomes. Ele acusou a sigla de ter montado uma ‘estrutura de poder odienta’. Também culpou o PT pela ascensão de Jair Bolsonaro. Mais distantes do segundo turno, Alckmin e Marina tentaram jogar no colo dos petistas a impopularidade do governo atual. ‘O Temer é do PT’, exagerou o tucano. ‘O Temer foi colocado onde está pelo PT, junto com a Dilma’, emendou a ex-senadora. ‘Me desculpe, mas quem botou o Temer lá foram vocês. Ele traiu a Dilma e não conseguiria chegar à Presidência se não fosse a oposição’, devolveu Haddad. ‘Foram vocês sim, do PT, que se juntaram ao Temer para afundar o Brasil’, insistiu Marina.” (Globo)

Checagens: Aos Fatos Agência Lupa.

Humor: Os momentos em que Daciolo roubou a cena, durante o debate.

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A pesquisa Ibope que saiu ontem indica estabilidade. Bolsonaro ficou com 27% e, Haddad, com 21%. Ciro, descolado do segundo pelotão, tem 12%. Alckmin, com 8%, daí Marina, 6%, e Amoêdo, com 3%. Contratada pela CNI, é uma pesquisa diferente daquela de TV Globo e Estadão. Os eleitores foram entrevistados no sábado, domingo e segunda-feira.

Gerson Camarotti: “A nova pesquisa Ibope sinaliza um momento de estabilidade na disputa. Até então, o que se via era um movimento intenso nos índices dos candidatos. Nessa rodada, as oscilações negativas de apenas um ponto dos candidatos Bolsonaro e Haddad indicam que o eleitor deu uma pausa para reflexão. A primeira onda da campanha foi o crescimento consistente de Bolsonaro. E ao mesmo tempo, a subida de Marina Silva com a impugnação do ex-presidente Lula. Com a escolha de Haddad como candidato, Marina perdeu 10 pontos e o petista teve um crescimento expressivo. Esta foi a segunda onda. Nota-se também a resistência das intenções de Ciro que aparece com 12%. Nesta reta final, a pausa na mudança dos números é um sinal de que uma parcela do eleitorado decidiu pensar mais antes de declarar o seu voto.”

Cinco brasileiros que conviveram na Noruega com Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, confirmam que na época ela falava de ter fugido do Brasil por ameaças de morte feitas pelo deputado. “Todo mundo aqui em Oslo sabe que o discurso dela era ‘estou aqui por medo do meu ex-marido’”, afirmou uma das entrevistadas pela Folha. Segundo a comunidade brasileira, ela costumava afirmar que sua cabeça valia R$ 50 mil. Um deles, Fernando Xavier, em cuja casa Ana viveu, chegou a publicar: “Olha as verdades surgindo: chegou ameaçada e ficou anos sem ver o filho!”

Em vídeo distribuído pelas redes, Ana Cristina nega que a história seja verdadeira. Hoje ela usa o nome Bolsonaro e é candidata a deputada federal.

O Supremo manteve, ontem, por 7 votos a 2, o cancelamento de título de eleitores que não fizeram o cadastramento biométrico, que foi obrigatório em algumas áreas do país. Segundo o TSE, 3,4 milhões de eleitores perderam seus títulos — mais da metade nas regiões Norte e Nordeste. “A legislação é perfeitamente compatível com a Constituição”, afirmou o relator do processo, Luís Roberto Barroso. “Não há indício de que o procedimento tenha sido direcionado.” Entre outros motivos, sugeriu o presidente da Corte, Dias Toffoli, a obrigatoriedade de biometria no registro impede que pessoas tenham mais de um título de eleitor, uma das razões de haver aumento do número de documentos cancelados. (Estadão)

Cultura

O cartunista Ziraldo foi internado em estado grave ontem após sofrer um AVC hemorrágico. Cartunista, chargista, escritor, colunista e jornalista, Ziraldo é criador do personagem O Menino Maluquinho e é considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos.

Saiu o trailer final de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald e, junto com ele, um segredo guardado por J.K. Rowling por 20 anos foi revelado. Spoiler: tem a ver com Nagini, a cobra de Voldemort. Mas não clique no link se não quiser saber. O filme estreia em 15 de novembro.

O primeiro trailer oficial de X-Men: Fênix Negra foi finalmente lançado. O vídeo foi exibido durante o programa The Late Late Show with James Corden. O filme traz uma nova adaptação da clássica história dos X-Men em que Jean Grey é possuída por uma misteriosa entidade. Deve estrear no ano que vem.

Viver

A Universidade de Oxford é a melhor do mundo. Reino Unido e Estados Unidos, aliás, dominam os primeiros lugares do ranking divulgado pela Times Higher Education. Depois de Oxford, a Universidade de Cambridge, também no Reino Unido, e as americanas Stanford, o MIT e o Instituto de Tecnologia da Califórnia completam os cinco primeiros lugares. (Globo)

Há brasileiras também. Entre mais de 1.250 universidades avaliadas, a Universidade de São Paulo garantiu posição entre as 251 e 300 melhores do mundo. A Unicamp vem e seguida, na faixa das 401 a 500 instituições com melhor desempenho. E a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também aparece com destaque, ocupando um lugar entre as 601 a 800 melhores universidades. No total, são 15 instituições brasileiras — no ano passado eram 21, e em 2016 eram 27. Entre os motivos para o declínio, o levantamento destaca os cortes de financiamento aos quais o setor foi submetido.

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Um homem que deu um tapa na bunda de uma mulher dentro de um ônibus em Paris tornou-se o primeiro a ser multado pela nova lei que proíbe assédio nas ruas da França. Embriagado, ele assediou uma mulher de 21 anos tocando-a e fazendo um comentário insultuoso sobre seu corpo. Depois, brigou com o motorista do veículo. Ele foi condenado a três meses de prisão pelo tapa e a uma multa de 300 euros pelos comentários ofensivos.

Parece ter chegado ao fim o debate sobre o maior pássaro do mundo. Quem levou o título foi um pássaro-elefante nomeado Vorombe titan, que habitava as savanas e florestas de Madagascar. Seus espécimes pesavam cerca de 860 kg — quase o mesmo que uma girafa adulta. Definitivamente, eles não podiam voar.

A empresa japonesa ispace quer se tornar um serviço de entrega lunar um dia. E com esperança de explorar o satélite, comprou espaço em dois voos do foguete Falcon 9 da SpaceX para transportar naves espaciais para a superfície lunar. No ano passado, a empresa levantou cerca de US$ 95 milhões com investidores para financiar seus primeiros lançamentos lunares. A startup também competiu em uma corrida à Lua patrocinada pelo Google — mas que acabou sendo cancelada. Aliás, uma de suas concorrentes na competição, a SpaceIL, deve pegar carona com a SpaceX ainda este ano também. Bom para a empresa de Elon Musk, que com 16 missões bem-sucedidas, tem angariado novos clientes.

Cotidiano Digital

No dia em que Brian Acton deixou o Facebook, bateu uma foto do valor das ações da rede social. Era para registrar a quantidade de dinheiro que estava abandonando por divergir do CEO Mark Zuckerberg e fincar o pé. Sua decisão o fez largar na mesa US$ 850 milhões. Ele, que é um dos dois fundadores do WhatsApp, agora está na capa da Forbes. “Eu vendi minha empresa”, diz. “Vendi a privacidade de meus usuários. Convivo com isso todos os dias.” Este — privacidade — é exatamente o tema que mais comove parlamentares americanos e europeus, neste momento. E a pancada vem na mesma semana em que os fundadores do Instagram também tomaram a decisão de deixar a empresa para a qual venderam o negócio.

O Facebook comprou o WhatsApp em 2014, por US$ 22 bilhões. Valor recorde. Seus fundadores fizeram uma série de exigências. Que nenhuma tentativa de monetização ocorreria sem sua aprovação. Que os dados dos usuários não seriam usados para publicidade. Convictos de que tudo estava acertado, testemunharam perante os reguladores de anticompetitividade europeus dando garantias para conseguir a permissão de fazer o negócio. Pois menos de dois anos depois, o Facebook interligou as duas bases. Hoje, a informação sobre quem você conhece pelo serviço de chat é usada para lhe indicar amigos e alimentar seu perfil, que por sua vez vira publicidade dirigida na rede social. Foi o desgaste continuado na relação com os compradores que o fez deixar a empresa. Ao romper mais cedo o contrato de ficar no comando do serviço, deixou de ganhar uma parte do acertado. Ainda assim, tem US$ 3,6 bilhões. “Eles não são os vilões. São excelentes pessoas de negócios. É só que representam princípios, ética e políticas com as quais não concordo.”

David Marcus, que por anos comandou o Facebook Messenger, respondeu publicamente. “Atacar as pessoas e a empresa que o transformaram num bilionário, e que fizeram de tudo para proteger e acomodá-lo por anos, é baixo. Um golpe baixo sem precedentes.”

O Twitter vai mudar as regras sobre o que pode ser dito ou não na plataforma. Se antes uma ofensa pesada tinha de ser dirigida a uma pessoa em particular para caracterizar violação, a nova regra amplia em muito o escopo. Todo comentário que ‘desumaniza’ um grupo identificável — por gênero, etnia, interesses, religião ou o que for — passará a ser proibido. Segundo estudos, quando se trata um grupo de pessoas frequentemente de forma a considera-los humanos de segunda classe, aos poucos a sociedade vai se tornando mais tolerante quando os vê agredidos. Cria uma distância, diminui empatia.

A nova regra não é imediata. Todos os usuários podem se manifestar a respeito dela por um formulário, com sugestões e críticas.

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