Esta será uma semana tensa; faltam seis dias para a eleição

No debate da TV Record, o penúltimo antes do segundo turno, Alckmin, Ciro, Meirelles e Marina voltaram juntos suas armas contra Bolsonaro e Haddad. Embora tivesse recebido alta no sábado, o ex-capitão tinha a recomendação médica de não comparecer — e não foi. “Estamos assistindo todos os dias declarações anti-povo, anti-pobre”, questionou Ciro Gomes. “Metade da população não quer nem os radicais de direita, nem os de esquerda”, seguiu Geraldo Alckmin. Lembrando a declaração do militar de que rejeitaria uma derrota, Marina foi além. “Bolsonaro tem atitude antidemocrática, desrespeita as mulheres, índios, negros.” Como o tucano, também ela fez críticas ao PT. “Temos que enfrentar dois projetos autoritários.” (Estadão)

É... Ciro foi o mais duro com Haddad. “Vetei o acordo com Eunício Oliveira”, lembrou o pedetista. “Não aceito porque é corrupto. Você foi lá e fechou aliança com ele despudoradamente.” O ex-prefeito paulistano negou. “Fiz uma visita ao presidente do Congresso, não fiz acordo.” Ciro riu.

Pois é... Ao Globo, Bolsonaro afirmou que quer ir ao debate de quinta-feira, na TV Globo. Parte da dificuldade é que teria de ficar em pé por três horas. O candidato também voltou atrás na declaração de que não aceitaria o resultado de uma eleição caso derrotado. “Sei que não tenho nada para fazer”, disse. “O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Haddad e cumprimentá-lo por uma vitória.”

As checagens do debate: Agência Lupa e Aos Fatos.

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Se confirmada, a pesquisa realizada pela FSB para o BTG, que começou a circular agora de manhã, marca um ponto de inflexão na campanha eleitoral a uma semana do primeiro turno. Na estimulada, Jair Bolsonaro (caiu dois pontos para 31%) e Fernando Haddad (subiu um para 24%) seguem em primeiro e segundo. Mas Geraldo Alckmin ultrapassou Ciro Gomes e, saltando de 8 para 11%, é o novo terceiro colocado. Ciro tem 9%, seguido de João Amoêdo com 5% e Marina Silva, com 4%. Foram entrevistadas duas mil pessoas por telefone e a margem de erro é de dois pontos percentuais.

Num segundo turno, Bolsonaro teria 43% contra 42% de Haddad; Alckmin teria 42% contra 41% do militar. O ex-capitão venceria com relativa folga Marina, 44% a 39% e perderia, com folga equivalente, de Ciro — 45% a 41%. Não foi medido um cenário entre Alckmin e Haddad.

Aliás... Mauro Paulino, do Datafolha, informa que, a partir de amanhã, o instituto divulgará pesquisas dia sim, dia não. Em 2014, ele lembra, 23% dos eleitores se decidiram na última semana. Hoje, 34% dos que já se definiram ainda podem mudar.

O fim de semana foi marcado por passeatas pró e contra a candidatura de Jair Bolsonaro em todo o país. No sábado, houve eventos #EleNão organizados em mais de 100 cidades e em todos os estados. O Largo do Batata, em São Paulo, encheu, assim como a Cinelândia, no Rio. Os cariocas cantaram a canção Bella Ciao (YouTube), dos partisães anti-fascistas italianos, rememorada pela série Casa de Papel. No domingo, vestindo verde e amarelo, os paulistanos a favor do ex-capitão encheram um trecho da Avenida Paulista até que uma chuva dispersasse o movimento. Houve caminhadas e carretas em pelo menos 60 cidades.

Mario Vargas Llosa, escritor: “O Brasil tem uma ampla margem de eleitores sensatos e aptos a escolher um candidato moderado, mas os dois líderes nas pesquisas parecem ser justamente o oposto disso. Esse senhor Bolsonaro parece tão perigoso quanto o PT ou Lula. Escolher entre ambos é, numa alusão grosseira, ter de escolher entre a aids e o câncer terminal. É preciso que os brasileiros acordem para votar em um centro democrático e progressista, que reconcilie a população e consiga pôr em prática um governo liberal. Um bom economista liberal que esteja a serviço de um governo autoritário ou autocrata, como se apresenta um hipotético governo Bolsonaro, é a mais pura negação do liberalismo. Não há exemplos na história em que essa junção tenha dado certo ou resultado em uma economia liberal de fato. Não creio que o Brasil será a exceção.” (Veja)

José Padilha, cineasta: “Não consigo acreditar que Bolsonaro vá aplicar as teses de Paulo Guedes à economia brasileira, mesmo que tenha maioria parlamentar. Ele, como quase todos os militares e como a esquerda brasileira, sempre defendeu políticas estatizantes. Pior ainda, o conservadorismo de Bolsonaro com relação ao comportamento humano invade liberdades e direitos individuais. Além disso, não reconhece, como fazem os liberais, que os indivíduos precisam ter garantias constitucionais que os defendam de possíveis violências do aparato repressivo do Estado. Haddad, por sua vez, representa o PT, um partido que traiu os cidadãos brasileiros de forma vergonhosa. Lula, Dilma e companhia mentiram descaradamente, apresentando-se como paladinos da ética enquanto se associavam ao PMDB e às elites empresariais monopolistas do país — em particular aos grandes bancos e empreiteiras — e montavam um projeto de poder que não só reproduziu o mecanismo de corrupção que existia antes, como também fortaleceu esse mecanismo, aumentando-o em escala. A esta altura, você deve estar se perguntando se estou sugerindo que o Brasil vai para o brejo. A resposta é: sim, é exatamente isto que estou sugerindo. Um dos dois candidatos acima descritos, ambos eticamente inviáveis, será eleito. E isto equivale a jogar o país nas trevas.” (Folha)

Steven Levitsky, autor de Como as Democracias Morrem (Amazon): “Bolsonaro fez declarações abertamente antidemocráticas. Muitos dos partidários afirmam que ele não está falando sério sobre essas coisas e que não as faria, como presidente. São ‘só palavras’. Esse é um erro grave. Candidatos autoritários em sua maioria se tornam líderes autoritários. Muitos eleitores relutantes imaginam que faltaria a ele a capacidade e o poder necessários para solapar as instituições democráticas. O Congresso ou os tribunais o deteriam. Isso é igualmente falso. Mesmo políticos aparentemente fracos e inexperientes, vindos de fora do sistema, são capazes de destruir a democracia. Os políticos que ajudaram a levar Mussolini, Hitler, Perón, Chávez e Erdogan ao poder tinham uma coisa em comum: todos subestimaram seus aliados autoritários. Acreditavam, incorretamente, que seriam capazes de controlá-los. Apoiar um candidato autoritário é um jogo perigoso que raramente termina bem. É assim que morrem as democracias.” (Folha)

Cultura

Aos 89 anos, morreu no sábado a cantora Angela Maria, uma das rainhas do rádio. Após 34 dias de internação, ela não resistiu a uma infecção generalizada e a uma parada cardíaca. Desde jovem queria ser cantora, e enfrentou para isso a oposição da família. O nome artístico — o verdadeiro é Abelim Maria da Cunha — foi uma maneira de participar de programas de calouros sem ser descoberta pelos parentes. Despontou nos anos 50, quando gravou seu primeiro grande sucesso no samba, Não tenho você (YouTube). E ganhou de Getúlio Vagas o apelido de Sapoti. “Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti”, teria dito o presidente. Seu último trabalho foi Angela Maria e as Canções de Roberto & Erasmo (Spotify), lançado em 2017 pela gravadora Biscoito Fino.

Para relembrar: A trajetória da cantora em vídeos.

Um tour por Glenstone, o museu de arte particular que tem mais de 900 mil metros quadrados em Washington, nos EUA. Com suas modernas obras de arte, sua beleza natural e sua arquitetura, sua expansão é um projeto para um novo tipo de experiência em museus — um verdadeiro oásis, bem diferente de um museu convencional da cidade.

Viver

Quais empresas e indústrias do Índice Russell 3000 possuem equidade de gênero em sua liderança? Uma análise da composição do conselho das empresas americanas que estão hoje no índice de ações ponderado pela capitalização de mercado indica que a diversidade de gênero ainda está longe do equilíbrio. Mas há pontos a serem comemorados. Em março de 2017, 23% das empresas listadas tinham zero membros do conselho do sexo feminino e 58% tinham conselhos compostos por menos de 15% de mulheres. Hoje, a porcentagem de empresas com zero mulheres caiu para 18% e 47% têm conselhos compostos por menos de 15% de profissionais do sexo feminino. Mais: 14 empresas têm conselhos formados majoritariamente por mulheres e outras 22 empresas têm representação de 50/50.

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A espanhola Ana Carrasco, de 21 anos, conquistou ontem o título do World Supersport 300 e se tornou a primeira mulher da história a ganhar um título de motovelocidade em categoria que não seja feminina. No ano passado, em Portugal, a piloto protagonizou a primeira vitória de uma mulher em um campeonato mundial de motovelocidade.

Vale a pena assistir: A camisa 10 Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, deu uma entrevista ao ex-jogador e comentarista Walter Casagrande. Ela conta que sofreu preconceito e chegou a ser expulsa de um torneio de futsal no começo da carreira. “Aquilo me doeu tanto, que eu falei: ‘poxa, eu estou fazendo algo errado? Então por que que Deus me deu esse talento?’. Eu fiquei tão chateada, mas aquilo me empurrou para frente, não me fez regressar.”

PVC: “Se alguma menina se aproximar de ser uma nova Marta, provavelmente nós, amantes do futebol no Brasil, seremos os últimos a perceber. Porque nós, apaixonados e especialistas, não damos a mínima para os jogos entre mulheres. No futebol do Brasil, em se plantando, tudo dá. Sem plantar, nasceu Marta. Hoje, há uma plantação incipiente. Não basta mais culpar o governo, o Ministério do Esporte ou a CBF, no caso do futebol feminino. A culpa é nossa. Quantos pais dão uma bola de futebol a uma menina, quando ela nasce, e quantos oferecem o brinquedo para o garotão, que vai ser craque?” (Folha)

Usando tecnologia a laser, uma equipe de arqueólogos escaneou uma área de milhares de hectares onde a civilização maia floresceu, e descobriu milhares de estruturas erguidas por eles e encobertas pela floresta. Os pesquisadores não descobriram nenhum novo palácio, pirâmide ou grande templo. Localizaram, no entanto, desde bairros inteiros em algumas das grandes cidades maias como Tikal, Holmul ou Xultún, até uma centena de quilômetros de estradas pavimentadas, e também perímetros defensivos de vários quilômetros, centenas de canais para água e uma infinidade de pequenos núcleos rurais conectados por caminhos. O mapeamento ilumina a grandeza dos maias e permite uma ideia de quantos milhões de pessoas viviam na região, como plantavam e também como guerreavam.

Cotidiano Digital

Aproximadamente 90 milhões de usuários do Facebook foram deslogados de suas contas, na sexta-feira. A rede social descobriu que um grupo hacker se aproveitou de uma fragilidade do sistema ligada ao recurso que todos os usuários têm para ver seus perfis como os outros o vêem. Quase 50 milhões de pessoas tiveram as contas violadas. Por via das dúvidas, quem usou o recurso foi derrubado para que entrasse novamente com a senha, garantindo a própria segurança. Daí os 90 milhões.

E... No Brasil, 11 páginas e 42 perfis ligados à empresa de marketing digital Follow foram expurgados do Face. A empresa é acusada de distribuir conteúdo político pago fazendo parecer que era movido por pessoas reais.

A SEC, órgão americano responsável por garantir a lisura dos mercados de capitais, fez no sábado um acordo com Elon Musk e a Tesla. Musk terá de deixar a presidência do conselho da empresa, mas poderá continuar como CEO. O conselho deverá admitir mais dois diretores que sejam independentes. E um comitê interno será formado avaliar previamente as mensagens que Musk envia. Para ter certeza de que ele não falará mais bobagem. A empresa ainda pagará uma multa de US$ 20 milhões. Musk segue no comando.

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