Dividido, PT tenta costurar frente ampla

O senador eleito pela Bahia, Jacques Wagner, está na rua com a missão de trazer para dentro da campanha Haddad dois nomes de peso. O primeiro, conta em sua coluna Elio Gaspari, é Ciro Gomes. O candidato não petista da esquerda traz consigo 13 milhões de votos. O segundo é bem mais difícil: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Ele está fechado em copas”, escreve Gaspari. “Para tirá-lo dessa posição será necessária muita conversa. Mesmo assim, FHC sabe o peso biográfico de um eventual silêncio.” A última vez em que houve uma frente política ampla no Brasil, durante a campanha pela redemocratização, ela foi de Lula — que era bem mais radical do que hoje —, à centro-direita democrática representada por Tancredo Neves. “Uma parte do fenômeno Bolsonaro saiu do rancor petista, da eternizada adoração oracular a Lula e, sobretudo, da resistência dos comissários à autocrítica”, escreve o decano dos jornalistas. Rancorosos e incapazes de reconhecer a imensa corrupção em suas entranhas, muitos dos petistas viraram as costas para o país, só aceitando conversa com quem se submetesse à íntegra de seu discurso. Afastaram muita gente. De dentro da prisão, insistindo em sua candidatura fictícia, Lula errou o cálculo político. Jair Bolsonaro é o franco favorito. (Globo ou Folha)

A costura e os afagos públicos já começaram. “A construção do país é tijolo por tijolo, ninguém faz nada sozinho”, ouviu de Wagner o colunista Bernardo Mello Franco. “O Fernando deu uma bela contribuição ao Brasil. Nós aprendemos a responsabilidade fiscal com ele. É uma coincidência negativa da História que, em vez de ficarem juntos, PT e PSDB tenham polarizado um com o outro. Foram as melhores forças que surgiram no período democrático”. (Globo)

Segundo Andréia Sadi, há outras buscas de apoio: Paulo Hartung e Renato Casagrande, no Espírito Santo, assim como os candidatos Eduardo Paes, do Rio, e Márcio França, em São Paulo. São conversas difíceis. Embora enfrentem concorrentes alinhados com Bolsonaro, nenhum quer trazer para si o antipetismo. Daí que a turma de Haddad cobra a autocrítica por parte do partido, avaliada como necessária para que o candidato possa se eleger.

Pois é difícil. Um grupo oposto chegou a vazar que José Sérgio Gabrielli, um desenvolvimentista que presidiu a Petrobras durante o Petrolão, estava cotado para assumir a Fazenda num governo Haddad. Era a sugestão de um governo petista puro-sangue, ao invés da guinada ao centro. O próprio candidato à presidência teve de desmentir o balão de ensaio. Fogo amigo não falta. (Globo)

Enquanto isso... Um grupo de emissários, que inclui o ex-ministro Nelson Jobim, buscou pessoas dentro do Exército para saber como seria recebida uma possível eleição de Fernando Haddad. “Cumpre-se a Constituição”, ouviu Jobim. Ouviu também que é bom o PT não se meter dentro do Exército, ouviu a repórter Tânia Monteiro. Tanto Jobim quanto os generais procurados negam que qualquer conversa tenha ocorrido. (Estadão)

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O ex-líder do Pink Floyd, Roger Waters, foi vaiado ontem em show no Allianz Parque, em São Paulo. Tudo aconteceu quando, no telão, apareceu #EleNão. O texto no telão também incluiu o Brasil entre países sob ameaça do que o músico chama de fascismo. (Folha)

E... O sociólogo catalão Manuel Castells divulgou carta aberta na qual conclama outros intelectuais do mundo a se manifestarem contra a candidatura Bolsonaro. “O Brasil está em perigo”, ele escreve. “E, com o Brasil, o mundo. Porque, depois da Eleição de Trump, a tomada do poder por um governo neofascista na Itália e da ascensão do neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger presidente um fascista, defensor da ditadura militar, misógino, sexista, racista e xenófobo. Se o Brasil, o país decisivo da América Latina, cair em mãos deste desprezível e perigoso personagem, nos precipitaremos ainda mais fundo na desintegração da ordem moral e social do planeta, a qual estamos assistindo hoje.”

O favorito também se move. Um grupo de três generais de reserva liderados por Augusto Heleno, mas que também inclui Oswaldo Ferreira e Aléssio Ribeiro Souto, começa a coordenar em Brasília os debates técnicos para definir a composição e as principais políticas de um provável futuro governo Bolsonaro. Há outros militares, da Aeronáutica e do Exército, e ao todo existem 30 equipes trabalhando. Enquanto isso, no Rio, outro núcleo é liderado por Paulo Guedes e coordena o projeto econômico. (Estadão)

Ontem, Bolsonaro passou o dia na casa do empresário Paulo Marinho gravando os programas de TV, que estreiam na sexta-feira. O primeiro será sobre as mulheres, conta Ancelmo Gois. (Globo)

Já no PSDB... A briga interna está comendo solta. Ontem, Geraldo Alckmin insinuou que João Doria é traidor, durante uma reunião fechada. Oficialmente, o partido se declarará neutro no segundo turno. (Folha)

Sai hoje, às 19h, a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno. Será publicada simultaneamente na Folha e no G1.

Cultura

Diretores, personagens e falas conhecidas de filmes famosos estão entre as mais de 1.000 novas palavras do dicionário britânico Oxford. Um exemplo: ‘Tarantinoesque’, sobre Quentin Tarantino, diretor de Pulp Fiction e Kill Bill. A palavra, segundo artigo de Craig Leyland, membro da equipe do Oxford, diz respeito a ‘violência explícita e estilizada, referências cineletradas, enredos não-lineares, diálogos bruscos’. E é também um lembrete do impacto que esses filmes tiveram no cinema nos anos 90. (Nexo)

Segundo o site Deadline, James Gunn, dispensado pela Marvel do comando da franquia Guardiões da Galáxia, foi contratado pela DC para escrever o roteiro do próximo Esquadrão Suicida. Ele também estaria sendo sondado para dirigir a trama.

Por falar... Ruby Rose apareceu pela primeira vez como Batwoman, a heroína da DC. Veja a foto.

Um grupo de 12 a 15 compositores e produtores de nacionalidades e gêneros musicais variados reunidos. Eles não se conhecem, mas são separados em grupos de três para compor músicas que serão distribuídas a intérpretes do mundo inteiro. São os chamados ‘song camps’, promovidos por editoras musicais ou sociedades de direito autoral. Os encontros se tornaram populares na indústria fonográfica contemporânea e vem ganhando força no Brasil. (Globo)

Viver

O ensino a distância é a modalidade que mais cresce no país. Seu desempenho de qualidade no Enade, no entanto, foi pior que o do ensino presencial. Os resultados do Ministério da Educação mostram que 46% dos cursos a distância tiraram notas 1 e 2, as mais baixas na escala de 1 a 5. Só 15% tiveram as notas mais altas (4 e 5). No ensino presencial, 33% das graduações receberam as piores notas e 29%, as melhores. Os números dizem respeito aos cursos de ciências exatas, licenciaturas e ‘áreas afins’ — a cada três anos, uma área do conhecimento diferente é avaliada. O desempenho do EAD também é pior no indicador que mede quanto o aluno aprendeu no curso: 6,4% dos cursos na modalidade receberam nota 4 ou 5, enquanto entre os presenciais a proporção foi de 21,6%. (Folha)

Aliás... Quase 20% dos cursos avaliados no Enade não agregam o esperado aos estudantes. (Globo)

Os dados da prova também dão uma ideia do perfil dos estudantes que estão no ensino superior brasileiro. E entre os mais de 460 mil que responderam ao questionário, 34,2% dizem ser os primeiros da família a concluir o ensino superior. (Globo)

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Já um estudo divulgado pelo Fundo Malala mostrou que quase um bilhão de meninas e mulheres de até 24 anos atualmente não têm acesso ao ensino e desenvolvimento de habilidades consideradas fundamentais para o mercado de trabalho do futuro. Entre elas estão tanto os conhecimentos tecnológicos, como habilidades digitais básicas, quanto a capacidade de resolver problemas. E os números mostram que, quanto mais pobre é o país, maior a porcentagem de mulheres jovens que não estão sendo preparadas para cumprirem as exigências do mercado de trabalho dos próximos anos.

Há mais de 20 anos, quando se deu início ao projeto de construção do museu de Guggenheim, em Bilbao, na Espanha, houve muito debate a respeito de seu impacto sobre o entorno. Mas o que se viu nos anos que se seguiram a sua inauguração foi um fenômeno batizado como ‘efeito Bilbao’: a transformação de uma cidade sem grandes atrativos turísticos e com a economia estagnada em um destino cultural internacional. Desde então, planejadores urbanos, incorporadores e arquitetos têm tentado replicar a experiência positiva em outras cidades do mundo. Mas eles nem sempre têm sucesso. (Nexo)

Cotidiano Digital

Surgiu a primeira confirmação formal do grande esquema de espionagem digital chinês, nos EUA. Um especialista de segurança israelense, Yossi Appleboum, entregou à Bloomberg uma série de documentos que mostram como ele descobriu chips espiões nos servidores de uma das maiores empresas americanas de telecomunicações. Neste caso, não foram apenas servidores da Supermicro que tinham o chip que burlava a segurança. Placas mãe montadas em Guangzhou, um importante centro de fabricação de hardware, eram modificadas na origem para a inclusão de um pequeno chip que envia informações de volta para Beijing. Como inúmeros fabricantes produzem as peças, é quase impossível descobrir onde o espião digital foi instalado. “A Supermicro é a vítima, aqui”, diz o especialista. Este é provavelmente o mais sofisticado implante feito na guerra cibernética que, discretamente, toma conta do mundo. Os analistas de segurança ainda não têm certeza de que tipo de informação era remetida aos chineses. Appleboum não revelou em qual companhia descobriu o problema.

O Google anunciou, ontem, sua nova linha de hardware. Os celulares Pixel 3 e Pixel 3 XL são de vidro resistente frente e trás, o que lhes dá um acabamento melhor em relação à geração anterior, mas também faz deles mais pesados. O menor tem tela de 5,5 polegadas, o maior de 6,3 com uma quebra — notch — onde se encaixa a câmera frontal, a exemplo do iPhone X. Só o que muda de um para o outro é mesmo o tamanho: máquinas iguais. À primeira vista, na análise do Verge, a câmera é excelente, em disputa para ser a melhor do mercado. A do modelo do ano passado só encontrava rival no topo de linha Samsung. Manteve o nível. Ambos saem em versões de 64 e 128Gb. O mais barato vai custar, lá, US$ 799. E, o mais caro, US$ 999.

Com uma tela de 7 polegadas, o Home Hub é a nova caixa de som acoplada ao assistente da empresa. Responde a comandos de voz, mas tem o aplicativo Google Home constantemente aberto na aparência de um dashboard que permite controlar a casa inteligente. As lâmpadas, a TV ligada ao ChromeCast, termostatos, trancas. Esta central de controle da casa sai por US$ 149.

E há o Pixel Slate. Em essência, a versão Google do iPad. Todas as versões têm tela de 12,3 polegadas e, seguindo o padrão Apple, parece um celular Pixel, só que maior. O modelo mais leve sai por US$ 599, tem 4Gb de RAM e 32 para armazenamento. O mais caro custa mil dólares mais, vem com 16Gb de RAM e 256 do disco interno. De quebra, há acessórios: dois teclados diferentes e uma caneta.

Pois é. Por meses, o Google manteve em segredo que havia identificado um bug que facilitaria acesso de hackers à informação particular de até 500 mil usuários da rede social Google+. A porta estava aberta para quem a identificasse, mas não está claro se alguém o percebeu. Os reguladores europeus abriram uma investigação formal. (Washington Post)

Como ninguém usava mesmo, a empresa decidiu encerrar as operações do Google+ ao longo dos próximos dez meses.

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