Prezados leitores —

Por conta do feriado de Nossa Senhora da Aparecida, o Meio não circulará amanhã, dia 12. Como de praxe, isto muda em caso de notícia de impacto.

Que o feriadão nos seja leve.

— Os editores.

Datafolha: Bolsonaro larga com 16 pontos de vantagem

O primeiro Datafolha do segundo turno confirma que Jair Bolsonaro, com 58% dos votos válidos, é o favorito deste pleito contra 42% dos de Fernando Haddad. Foram ouvidas 3.235 pessoas e a margem de erro é de dois pontos. Como no primeiro turno, o militar só perde no Nordeste. Mas vence com larga vantagem no Sudeste, entre as pessoas mais ricas, entre as escolarizadas, assim como entre evangélicos e católicos. (Folha)

Paulo Celso Pereira: “Os 16 pontos que separam Bolsonaro de Haddad são oceânicos, especialmente em uma eleição polarizada. Ficou evidente, pelos resultados do primeiro turno, que muitos eleitores de Marina e Alckmin anteciparam para o domingo seu voto útil. Ao sair das urnas com 46%, contra 29% de Haddad, Bolsonaro colocou um pé no Planalto. Hoje, começou a mover o outro. Será hercúlea a tarefa de derrotar Bolsonaro. A histórica militância do PT é hoje visivelmente menor que a massa de adoradores do deputado, as estruturas partidárias não tem mais o peso de outrora e a eleição foi marcada por um sentimento de renovação. A única trilha que ainda parece aberta é a de um eventual erro de grandes proporções de Bolsonaro e de seu entorno — o que, pelo histórico recente, não é de todo desprezível.” (Globo)

Marcos Nobre: “Evitar o abismo exige um pacto de salvação institucional que tem de colocar o PT necessariamente em segundo plano. Haddad só tem chance se conseguir mobilizar a sociedade. A sociedade, e não um círculo restrito a partidos, sindicatos ou movimentos. Tem de construir uma onda que possa se contrapor à que colocou Bolsonaro onde está. Tem de conversar e de pactuar uma frente com uma multidão de figuras do mundo da internet, da indústria, dos novos coletivos sociais, da finança, da cultura, do agronegócio, de ONGs, da televisão e de tantos outros lugares. Onde quer que exista repulsa, ojeriza ou alguma restrição a Bolsonaro, aí tem de estar a candidatura de Haddad, pronta a acolher energia e apoios. Para isso, tem de convencer de que está à altura da gravidade do momento. Tem de dar garantias. Tem de convencer de que estará acima de seu próprio partido. Ganhar a eleição é a menor parte do problema. A sociedade está enfurecida. A eleição para os legislativos aumentou a fragmentação partidária ao ponto do ingovernável. É um condomínio sem síndico, administradora ou regulamento interno. A chance de o prédio virar uma guerra é alta. A chance de uma regressão autoritária à maneira da Turquia entrou no horizonte. Ignorado desde Junho de 2013 em seu clamor pela reforma do sistema político, o eleitorado resolveu espalhar, bagunçar e mesmo quebrar as peças do tabuleiro, destruindo os arranjos existentes. O que está em causa no segundo turno é, antes de qualquer outra coisa, demonstrar capacidade de remontar essas peças em um arranjo que funcione, no qual o eleitorado possa de novo se reconhecer minimamente.” (Piauí)

Pois é... A senadora Kátia Abreu sugeriu que Haddad renunciasse à candidatura. Pelas regras, se um candidato renuncia ou morre durante o segundo turno, o terceiro lugar seria convocado à disputa. Ciro Gomes, do qual Kátia estava na chapa como vice.

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O debate marcado para amanhã na Band foi adiado: Bolsonaro informa que ainda não foi liberado por médicos. Haddad afirmou que vai à enfermaria em que ele estiver para debater. A RedeTV também cancelou o debate que ocorreria na segunda.

Pois é... Bolsonaro deu uma confusa entrevista à própria Band, na noite de terça. E se afastou da possibilidade de privatizar a Eletrobrás, surpreendendo quem esperava uma pegada mais liberal. “Energia elétrica a gente não vai mexer”, disse. “Até converso com o Paulo Guedes, mas o que dá errado lá é indicação política. A China está comprando o Brasil, você vai deixar nossa energia na mão do chinês?” As ações da estatal despencaram. Assista.

Ilona Szabó: “A polarização venceu e — não se iludam — perdemos todos. Os populistas e autoritários sabem que é muito mais simples dividir do que construir uma causa comum. Espalharam um ódio mortal que está dilacerando relações entre familiares, amigos e incitando a violência real. Sejamos justos, o discurso do ‘nós contra eles’ não começou com Bolsonaro. Lula usou e ainda usa essa tática. Mas seu opositor extrapolou. Segunda pela manhã recebi a notícia de que o mestre de capoeira Moa do Katendê, 63, foi assassinado com 12 facadas após declarar que tinha votado em Haddad. Esse crime é de responsabilidade direta do discurso de ódio, racismo, misoginia e preconceito que vem sendo disseminado nos últimos anos. E esse primeiro crime fatal de ódio no período eleitoral se soma a muitas outras situações por todo o Brasil. Em São Paulo, um grupo hostiliza gays em público: ‘Ô bicharada, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar viado’. No Rio, um homem ameaça mulheres no metrô, dizendo que Bolsonaro vem aí e que as ‘vagabundas que se cuidem’. Em Natal, professor de história é ameaçado de morte depois de uma aula onde falou sobre Lei Rouanet. Em Fortaleza, jovem é agredido por um grupo, pois estava com camisa vermelha. Essas manifestações se normalizaram e fazem parte da animação de seguidores cegos, em comícios e passeatas Brasil afora. A história cobrará o preço a todos nós diante da escolha que teremos que fazer no dia 28 de outubro. O caminho a seguir é incerto. Os brasileiros podem escolher a política de divisão e o apelo sedutor dos salvadores da pátria. Alternativamente, podem exigir e participar da formação de uma ampla frente democrática, com representantes de todo espectro da sociedade. A sorte está lançada.” (Folha)

Enquanto isso... Uma jovem com camisa ‘Ele Não’ teve o corpo marcado com uma suástica a canivete, em Porto Alegre. O delegado que investiga o caso negou que fosse a marca nazista. “É um símbolo milenar budista”, explicou à Rádio Gaúcha. “Símbolo de amor, paz e harmonia.”

Bolsonaro e Haddad se manifestaram preocupados e apelaram para o fim da violência na campanha eleitoral.

O ex-governador goiano Marconi Perillo, que não conseguiu se eleger senador no último domingo, foi preso ontem na Operação Lava Jato. O tucano é suspeito de receber R$ 12 milhões em propina de empreiteiras.

Há alguns movimentos surpreendentes nesta eleição.

Em São Paulo, a família Bolsonaro rejeitou expressamente apoio ao tucano João Doria. O atual governador, o socialista Márcio França, está numa felicidade só.

Em Minas, o candidato em teoria bolsonarista Romeu Zema declarou que pretende acelerar processos para liberar da cadeia 30% dos presos no sistema prisional, considerados de baixa periculosidade. De todo liberal, não exatamente conservador.

O dia promete ser movimentado nos mercados financeiros. Nos Estados Unidos e na Ásia, a perspectiva de redução do estímulo dos EUA — com o provável aumento da taxa de juros — foi agravada por uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A bolsa americana teve ontem a maior queda em sete meses, os mercados na Ásia caíram para o menor valor em 19 meses, e as bolsas europeias abriram o dia em queda. (Globo)

Cultura

Em São Paulo, nesse domingo, o barítono de Nick Cave toma o Espaço das Américas para nova edição do Popload Gig. O cantor volta a São Paulo acompanhado por sua banda, The Bad Seeds. Ainda há ingressos disponíveis. Na Verve Galeria, Francisco Hurtz exibe o que há de vulnerável na masculinidade na mostra Um Homem Bateu em Minha Porta. E para marcar o centenário da morte de Claude Debussy, o Municipal reestreia montagem de 2012 da ópera Pelléas et Mélisande.

No Rio,CCBB carioca recebe amanhã a retrospectiva do artista Jean-Michel Basquiat. No sábado e no domingo, o festival Arte Core ocupa o MAM com cultura de rua, exposição de jovens artistas, discotecagem e shows. E concebido pela jornalista Roberta Martinelli, o show Acorda Amor! reúne as cantoras Liniker, Letrux, Luedji Luna, Maria Gadú e Xênia França no palco do Circo Voador, no sábado.

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Dentre as estreias no cinema está Um Dia (trailer), dirigido por Zsófia Szilágyi, acompanha Anna, mulher duns quarenta, mãe de três filhos, que corre para fazer tudo enquanto vê o casamento desmoronar. Provavelmente o melhor filme da semana. Mas há também o pop de Nasce Uma Estrela (trailer), no qual o músico interpretado por Bradley Cooper se apaixona pela personagem promissora de Lady Gaga e faz, dela, uma estrela. Veja as outras estreias.

Viver

O mistério de Oumuamua, o primeiro objeto interestelar já observado, continua a se aprofundar. As primeiras impressões preciam indicar que era um asteróide — uma rocha seca muito parecida com as encontradas em órbita entre Marte e Júpiter. Depois, os astrônomos chegaram à conclusão de que, em vez disso, ele era um cometa — um corpo gelado que saía do alcance de um sistema planetário distante. Agora, uma nova análise encontrou inconsistências nessa conclusão. Parece que o único consenso é de que Oumuamua é mesmo diferente de qualquer coisa vista antes.

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Ontem foi o Dia Mundial da Saúde Mental. E um novo estudo da Comissão Lancet mostrou que distúrbios como depressão e ansiedade estão aumentando em todos os países do mundo e podem custar à economia global até US$ 16 trilhões entre 2010 e 2030 se não houver uma resposta coletiva ao problema. Alguns dos custos serão diretos, relativos aos cuidados de saúde e medicamentos ou outras terapias, mas a a maioria é indireta, na forma de perda de produtividade e gastos com assistência social. A comissão estima ainda que 13,5 milhões de mortes a cada ano poderiam ser evitadas se os problemas de saúde mental fossem melhor abordados. (Globo)

A cidade de Paris e a operadora estatal de transporte público que administra o metrô da cidade lançaram em conjunto o Les Deux Rives, o que deve ser o distrito empresarial mais ecológico do mundo. Dividido em dois pelo rio Sena, ele é o quarto maior distrito comercial da cidade, com 700 empresas que empregam 100.000 pessoas. E quer tornar-se o primeiro ‘distrito circular’ na capital francesa, operando pelos princípios da economia circular: as empresas poderão compartilhar equipamentos e serviços, e reciclar os resíduos de maneira sinérgica. Em sua fase piloto atual, 30 empresas e organizações do setor público trabalham juntas em três iniciativas importantes: na redução de embalagens descartáveis de alimentos, agregando serviços de carona, e na gestão coletiva de resíduos.

Por falar... Um dos maiores centros de pesquisa climática em tempo real é um laboratório a centenas de quilômetros dos mares e do derretimento das calotas polares. Sem tubos de ensaio ou béqueres. Em vez disso, jovens cientistas e economistas se debruçam sobre computadores analisando dados. Um grupo está atualmente revisando um estudo que considera se os níveis de criminalidade estão ligados às estações de chuvas. Um outro estudo descobriu que temperaturas mais altas aumentam as taxas de suicídio. Os resultados são uma pequena parte de uma grande questão: quanto as mudanças climáticas custam à sociedade e quem está pagando?

 

Cotidiano Digital

A gigante chinesa Tencent comprou 5% da Nubank, fazendo com que a fintech brasileira passe a valer US$ 4 bilhões no mercado. Hoje, o principal negócio da Nubank é um cartão de crédito físico. Mas os chineses se especializaram em meios de pagamentos digitais de toda sorte. É a líder na área, em seu país. Na avaliação de analistas, é um desafio que se impõe a empresas como Pagseguro e Cielo.

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