BTG Pactual/FSB: Bolsonaro tem 51% contra 35% de Haddad

Saiu esta madrugada a nova pesquisa do BTG Pactual realizada pela FSB — é a primeira do segundo turno. Feita por telefone com entrevistadores, ouviu que 51% dos eleitores pretendem votar em Jair Bolsonaro e, 35%, em Haddad. A rejeição do petista deu um salto: está em 53%, contra os 38% do capitão reformado. Do público total, 47% afirmaram usar o WhatsApp para informações políticas. Dessa turma, 87% receberam notícias falsas pela plataforma. E, destes, 58% receberam muitas notícias falsas. A FSB ouviu duas mil pessoas e a margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Os números não são comparáveis. Mas o Datafolha divulgado quarta dava 49% para Bolsonaro e 36% para Haddad. (Folha)

Hoje à noite sai o primeiro Ibope do segundo turno. E, na quinta-feira, o Datafolha.

Pois é... O Conselho Consultivo sobre Internet do TSE sugeriu que a corte tome medidas disciplinares contra o WhatsApp. A expectativa é de que a fábrica de notícias falsas deve se ampliar neste segundo turno e, para os conselheiros, o app foi a principal ferramenta. No momento, ainda há um conflito de jurisprudência que os conselheiros desejam modificar após a tensa reunião de sábado. O tribunal trata o WhatsApp como ferramenta para mensagens privadas, e não rede social. Assim, muitos pedidos para retirada de conteúdo não são dados por ferir a privacidade. Os ministros ainda não acataram as sugestões. (Globo)

PUBLICIDADE

Aliás... Via Twitter, o general da reserva Paulo Chagas, aliado de Bolsonaro, ameaçou. “Se houver mudança nas pesquisas”, afirmou, “será o prenúncio de fraude. A opinião pública não muda de uma hora para a outra.” Mauro Paulino, do Datafolha, retrucou. “Pesquisa de opinião é exercício da Democracia com a qual todos temos de conviver.”

Algumas leituras do momento pinçadas pelo Meio. A primeira trata, justamente, de mudanças bruscas na opinião pública. Que acontecem com alguma frequência.

Ascânio Seleme: “Há tempo para Haddad virar o jogo. É dificílima, mas é possível. Vejam o que mostrava o Datafolha do dia 28 de setembro. Bolsonaro tinha 28 contra 22% de Haddad. Claro que era outro cenário, mas a distância somava seis pontos. Em duas semanas, Bolsonaro aumentou esta diferença para 16 pontos. Da mesma forma, Haddad havia crescido seis pontos entre os dias 19 e 28 de setembro, enquanto Bolsonaro permanecia parado. Movimentos maciços de votos parecem ser uma característica brasileira. Na eleição de 2014 também foi assim. No Datafolha de 19 de setembro, Marina tinha 30 contra 17% de Aécio. Da urna, 16 dias depois, saíram Aécio com 33 e Marina com 21%. Aécio pulou de uma desvantagem de 13 para uma vantagem de 12 pontos. Os números provam que dá para Haddad virar o jogo. Mas o problema é que seu ritmo é muito lento e aparentemente ele não tem força dentro do PT para fazer as mudanças que poderiam levar à vitória.” (Globo)

Samuel Pessôa: “Em tom emotivo, meu colega Celso Barros fez chamamento ao PT: ‘Que seja digno de sua hora!’. Que supere ressentimentos, reconheça erros, se distancie das ditaduras, e que seja capaz de construir um programa econômico que incorpore todas as forças democráticas, da centro-direita até a esquerda. Renegar Cuba, Venezuela, Nicarágua e fazer um claro movimento para o centro significa repensar toda a narrativa sobre como chegamos até aqui. Não é algo menor. Requer capacidade de enxergar o outro que somente os verdadeiros democratas têm. Para o PT, o crescimento da direita é de responsabilidade da campanha reacionária que José Serra fez em 2010. A profundidade da crise é culpa de Aécio Neves que não aceitou o resultado de 2014. O desastre da Venezuela é culpa da oposição reacionária. Essencialmente a culpa é do grupo político que perdeu as últimas cinco eleições. O PT, apesar do que parecia, não foi civilizado pela queda do Muro de Berlim. Votarei nulo ou em Haddad. Bolsonaro é o mal maior. No entanto, deverá ganhar. O PT tem dado mostras de que não está à altura de sua hora maior.” (Folha)

Lucas de Abreu Maia, jornalista: “Movimentos políticos são raros. Acontecem, em média, uma vez a cada três décadas. Jair Bolsonaro é, sem dúvidas, o líder de um. Em torno dele realinharam-se os polos da política brasileira. Sua candidatura conseguiu, sozinha, reorganizar o sistema partidário. Mas, se quiser governar, o provável futuro presidente terá de transformar o movimento em partido. A bancada eleita na esteira do capitão vai muito além do seu PSL e inclui gente de siglas como PSC, PRB e Novo. Será quase impossível negociar com grupo tão díspar, como provam o impeachment de Dilma e os tantos fracassos do governo Temer. Bolsonaro tem algo que os tucanos nunca tiveram: o poder de se comunicar. Por isso recebe, agora, a oportunidade de organizar eleitoralmente o polo antipetista — tarefa em que o PSDB fracassou. Petismo e antipetismo dão a lógica da política brasileira desde a redemocratização. Do realinhamento desses dois polos em partidos legítimos, com bases sociais que se respeitam mutuamente e à Constituição, depende a nossa democracia. Infelizmente, não há nenhuma evidência que nos permita ser otimistas.” (Piauí)

Carlos Pereira, cientista político da FGV: “Ainda não podemos falar em bolsonarismo, mas não resta dúvida de que Bolsonaro conseguiu aglutinar as forças da direita. Pela primeira vez, o Brasil tem uma direita que não é envergonhada, mas ideologicamente coesa em cima de uma agenda conservadora e competitiva eleitoralmente. É importante lembrar que essa direita cresceu ancorada no antipetismo. Vários eleitores não comungam com a agenda conservadora nos costumes, mas os erros do PT foram tão grandes que desenvolveu uma rejeição enorme ao partido. A democracia corre zero risco. Meu receio não é nem que o próximo presidente possa diminuir o poder das instituições de controle — como o Judiciário, o Ministério Público, os tribunais de Contas, a imprensa livre e independente —, mas a reação da sociedade ao perceber que o governo possa atentar contra essas instituições. Existe um alinhamento grande entre as instituições de controle e a preferência do eleitorado. Quando a população as percebe em risco, a sociedade pega fogo. A democracia segue firme e forte, a despeito de namoros de algumas personalidades, de ambos os lados, com o iliberalismo.” (Época)

E ainda: o que aconteceria se o PT tivesse apoiado Ciro? Se Doria fosse o candidato tucano? Se não houvesse o impeachment? Alon Feuerwerker analisa os muitos ‘e se’ desta eleição.

A renovação do Congresso foi imensa: 47,3% dos deputados são novos. Mas, mesmo tendo perdido um pouco de sua bancada, o Centrão continua o maior bloco parlamentar da Casa. Os membros de PP, PR, PSD, PRB, PTB, PROS, SD e PSC somavam 178 parlamentares, em 2014. São, hoje, 173. Adicione-se o MBD, compõem um grupo de 244 deputados, conta Lydia Medeiros. Para emendar a Constituição, são precisos 308 votos em dois turnos. O novo presidente precisará negociar com a velha turma. (Globo)

Mas há sinais claros de mudança. O movimento RenovaBR, que lançou 120 candidatos este ano, recebeu 4,5 milhões de votos e elegeu 16 parlamentares: um senador, 9 deputados federais e 6 estaduais. A lógica de atuação não é ideológica — há gente de todos os flancos — mas de renovação, uma busca por candidatos que de fato representem um conjunto de ideais e gana para agir. O movimento ofereceu uma bolsa e treino.

Uma grande manifestação, no Centro do Rio, distribuiu placas de rua com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em março. Era um protesto contra políticos do PSL que quebraram uma placa simbólica igual, durante comício. A organização foi do site de humor Sensacionalista.

Sobre o fascismo... A edição premium de sábado do Meio publicou um histórico da definição de fascismo. Bolsonaro é fascista? A resposta depende de quem define, assim como depende do momento histórico em que a definição foi construída. Porque o tema é caro a esta eleição, excepcionalmente publicamos em aberto o texto. É também uma amostra do que os assinantes premium recebem aos sábados.

A Sears, primeira grande loja de departamentos americana, entrou com pedido de concordata. (New York Times)

Cultura

O streaming mudou a maneira como escutamos música. Mas mudou também a maneira como se produz música hoje. Para os artistas, estar em uma — de preferência em várias — playlist popular de serviços como Spotify ou Deezer é a saída para se destacar em meio ao grande volume de faixas incluídas semanalmente. É por isso que cada vez mais eles têm buscado atacar em diversos gêneros musicais, com composições próprias ou parcerias, para figurar em listas voltadas a vários públicos. Surgem assim os subgêneros, como ‘Funknejo’ (Spotify), ‘Forronejo’ (Spotify) ou ‘Pagofunk’ (Spotify). (Globo)

Um nu artístico diferente. No lugar de pincel, tela e cavalete, o artista usou uma ferramenta pouco tradicional: inteligência artificial. A obra, idealizada pelo alemão Mario Klingemann e executada por máquinas, levou o prêmio inglês The Lumen Prize, dedicado à arte digital. (Nexo)

Viver

Uma nova pesquisa mostrou que o desmatamento do cerrado brasileiro pode levar à extinção de 1.140 espécies de plantas até 2050. Mesmo que o desmatamento parasse hoje, sem restauração, perderemos 657 espécies de plantas em função dos 46% que já foram desmatados. Um alerta: até hoje, foram documentadas extinções de 139 espécies de plantas em todo o mundo — os valores são, respectivamente, 8 vezes e 4,7 vezes maiores do que o que já foi registrado desde 1500. (Globo)

PUBLICIDADE

Cientistas conseguiram reproduzir filhotes de ratos de casais do mesmo sexo. O fizeram com uma nova técnica que usa células-tronco modificadas que apagam grupos químicos do DNA associados ao sexo. É a primeira vez que esse método foi usado com sucesso. Muitas espécies de animais são capazes de se reproduzir de formas que não exigem um casal formado por macho e fêmea, como acontece com répteis, anfíbios e peixes. Mas o processo é mais complicado no caso dos mamíferos. Segundo os autores do estudo, as aplicações desta pesquisa são em grande medida teóricas, mas podem melhorar os métodos de clonagem de mamíferos e inclusive, no longo prazo, os tratamentos de fertilidade para casais do mesmo sexo.

Inteligência artificial, super-humanos, alienígenas... Os últimos escritos do falecido físico Stephen Hawking têm teorias e previsões ousadas sobre tudo isso — e sobre mais também. O pesquisador prevê que uma raça de super-humanos irá sobreviver a desastres nucleares e ambientais após usar a engenharia genética para superar seus semelhantes — que não resistirão. Ele também faz um alerta sobre a importância da regulamentação da inteligência artificial, observando que no futuro a IA poderia desenvolver uma vontade própria, em conflito com a nossa. Diz, por exemplo, que uma possível corrida armamentista sobre armas autônomas deveria ser interrompida antes que pode começar. A maior ameaça ao planeta, no entanto, segundo o físico, são os asteroides — como aquele que extinguiu os dinossauros milhões de anos atrás.

Cotidiano Digital

Ironicamente, por enquanto é só para quem tem iPhone. Mas o Google Home, caixa de som inteligente com a Assistente dentro, já fala português. Foi um soft launch: o Google não avisou ninguém que ia acontecer. Mas o app que controla as caixas no iOS já permite mudança da língua. E, o do Android, vai permiti-lo nos próximos dias.

Aliás... Tem gente desconfiando que essa Assistente brazuca é meio Siri.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.