Bolsonaro busca mais de 60%; Haddad torce por virada
Hoje é o último dia da propaganda eleitoral gratuita. Também o último para grandes comícios. Jair Bolsonaro tem ampla vantagem e, ao menos por enquanto, não há qualquer indício concreto de possibilidade de virada. Novos números do Ibope, porém, distribuídos ontem, indicam ao menos uma mudança: ex-prefeito, Fernando Haddad é o novo líder na capital paulista, que governou, embora por diferença estreita. Tem 51% dos votos válidos contra 49% do adversário. A diferença está no interior, onde Bolsonaro lidera por 71 a 29% e na região metropolitana, onde o militar tem 63 contra 37%.
O Datafolha será divulgado às 19h.
Valdo Cruz: “As equipes de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad traçam estratégias finais para terminar a eleição presidencial com maior força. O candidato do PSL tem como meta ganhar com um patamar acima de 60%. O PT sonha com uma virada, mas busca ao menos encerrar a disputa perto dos 50%, a fim de se afirmar como principal força de oposição. A última pesquisa Ibope, mostrando uma variação negativa de Bolsonaro de dois pontos, foi avaliada por assessores do candidato do PSL como um alerta. Dentro da estratégia, ganhar a eleição com mais de 60% daria força política, garantindo principalmente apoio dentro do Congresso para aprovar as primeiras medidas. Do lado petista, a pesquisa mostrando aumento da rejeição de Bolsonaro e diminuição da de Haddad trouxe um ânimo extra. Haddad reconhece que uma virada é difícil, mas não deixa de nutrir esperança de uma onda final. Para tentar uma arrancada, vai mirar o Nordeste e aqueles eleitores de centro que migraram por causa de um sentimento antipetista. O tom radical assumido por Bolsonaro nos últimos dias pode levar essa parcela do eleitorado a uma reflexão que venha a beneficiar Fernando Haddad. No mínimo, petistas esperam que seu candidato termine a eleição próximo de Bolsonaro. Com isso, a expectativa seria pavimentar o caminho para tentar voltar ao poder em 2022.”
Bruno Boghossian: “Quase um terço dos brasileiros acha que o legado da ditadura militar foi positivo. Há quatro anos, esse índice era de 22%. Um dos frutos apodrecidos da campanha eleitoral deste ano é uma aparente disposição em normalizar os horrores do autoritarismo e da tortura. A defesa do regime feita pelo líder da corrida e a leniência das instituições contribuem para o retrocesso. A relativização ganhou ares oficiais quando o chefe do STF, Dias Toffoli, disse que a deposição do presidente da República em 1964 não foi um golpe militar, mas um ‘movimento’. Militares reformados e da reserva podem participar da vida política. A prova disso é que Bolsonaro disputa a eleição democraticamente. Nada justifica, porém, o mofo corporativista que leva autoridades a tentarem apagar as atrocidades da ditadura.” (Folha)
O ex-governador paulista e ex-presidente do PSDB, Alberto Goldman, declarou em vídeo voto a Fernando Haddad. “Vou contra minha vontade, contra o que eu pensava, contra todos esses anos de luta contra o PT”, afirma. “Votarei em Fernando Haddad contra a ameaça aos valores democráticos.”
Ao menos uma perita já vê fortes indícios de que a tecnologia de deepfakes foi utilizada para forjar o vídeo da orgia envolvendo o tucano João Doria. Seu rosto congela e fica imóvel nos momentos em que a perna de uma das moças o encobre, há discrepâncias de movimento.
Doria e seu adversário, Márcio França, se encontram hoje para o último debate entre candidatos a governador paulista. Será transmitido pela TV Globo após a novela Segundo Sol.
Não são os únicos. Haverá debates locais nos 13 estados em que há segundo turno, além do Distrito Federal.
A jovem gaúcha que denunciou ter sido agredida por três homens que a teriam marcado com uma suástica foi formalmente indiciada por comunicação falsa de crime. O Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul divulgou laudo no qual afirma que não houve corte com canivete ou faca. “São arranhões, foi usado um objeto contundente como brinco ou um clipe”, afirmou o delegado. “Mesmo quando a vítima está imobilizada os cortes não são tão uniformes ou superficiais.” Foram revistas as imagens de 12 câmeras na região próxima ao local onde teria havido o ataque, mas não há qualquer sinal de ocorrência. Nenhuma testemunha foi localizada.
Enquanto isso, em Jerusalém...
O FBI investiga uma série de objetos que parecem bombas caseiras enviadas, simultaneamente, para várias das pessoas constantemente criticadas pelo presidente Donald Trump. Entre os que receberam estão o especulador bilionário George Soros e o ex-diretor da CIA, John Brennan, que hoje trabalha na CNN. Os mesmos dispositivos foram enviados também para Hillary Clinton e Barack Obama e interceptados antes de chegarem. Os investigadores ainda não podem afirmar se os artefatos eram capazes de explodir. Trump, assim como a direita dura americana, fazem críticas pesadas a todos os destinatários. Ontem, porém, o presidente amenizou o discurso. “Precisamos nos unir e enviar uma mensagem clara e forte de que ameaças de violência política não têm espaço nos Estados Unidos.” (New York Times)
Cultura
O cartunista Ziraldo recebeu alta médica na terça-feira. Ele foi internado no dia 26 de setembro após sofrer um AVC hemorrágico. Ontem, ele completou 86 anos.
Um filme brasileiro está entre os 25 pré-selecionados para disputar o Oscar de animação. Dirigido por Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto, Tito e os pássaros (trailer) estreou no início do ano na mostra competitiva do Festival de Annecy, na França. No filme, Tito é um menino de 10 anos empenhado em combater uma epidemia de medo que deixa as pessoas assustadas e doentes. (Globo)
A HBO está reinventando a forma de gravar cenas de sexo para a era do #MeToo. E tudo nasceu com uma queixa da atriz Emily Meade, que se preparava para a segunda temporada de The Deuce, onde faz uma atriz pornográfica dos anos 1970. Meade foi aos executivos e se queixou: a exposição é grande e, nos sets, a interlocução é pequena. Todos estão ocupados, daí pouco atentos para aquilo que ela sente. Pois a empresa contratou uma nova funcionária. É uma intimacy coordinator. Cordenadora de intimidade. Sua função é, quando uma atriz tem de se expor intimamente para uma cena, estar atenta. É quem pergunta ao diretor se ela não pode estar de calcinha para certos takes, que se preocupa em colocar um acolchoado no chão se ela terá de ficar ajoelhada, conversa, ouve as preocupações e as leva ao diretor. É um padrão que deve se espalhar pela indústria.
O rapper canadense Drake bateu os Beatles como o artista com o maior número de canções no topo da parada musical americana no mesmo ano. Ele já teve 12 músicas no top 10 em 2018, superando o recorde de 1964 do Beatles, com 11 hits. Além disso, Drake também se tornou o músico que passou mais tempo no primeiro lugar em um mesmo ano: 29 semanas, batendo o recorde anterior do cantor americano Usher. (Folha)
E a Livraria Cultura pediu recuperação judicial. (Estadão)
Viver
O big data e a internet das coisas tornou a maior parte do que fazemos — os sites que visitamos, os lugares onde vamos, os programas de TV que assistimos — informação para os anunciantes. Agora, com termômetros inteligentes, os anúncios que vemos podem ser determinados por algo ainda mais pessoal: nossa saúde. Nos EUA, a Clorox, empresa de produtos de higiene, pagou para licenciar informações da Kinsa, uma empresa iniciante de tecnologia que vende termômetros conectados à internet. Eles são sincronizados com um aplicativo de smartphone que permite aos consumidores rastrear suas febres e sintomas. Os dados mostraram à empresa que códigos postais tiveram aumentos no número de febres. A Clorox então direcionou mais anúncios para essas áreas, supondo que as pessoas possam estar buscando mais por lenços desinfetantes, já que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam a desinfecção de superfícies para ajudar a prevenir a gripe ou sua disseminação. Pois é. Parece Black Mirror, mas não é. (New York Times)
Enquanto isso... Cientistas holandeses revelaram um potencial avanço médico que pode ajudar as pessoas que sofrem com a diabetes tipo 2 — que não produzem insulina suficiente para regular o nível de açúcar no sangue. Ao destruir a membrana mucosa no intestino delgado e causar o desenvolvimento de uma nova, os cientistas estabilizaram os níveis de açúcar no sangue dos pacientes. Mesmo um ano após o tratamento, a doença foi encontrada estável em 90% dos pacientes tratados.
Para alguns cientistas, Pando é considerado o maior e mais pesado organismo vivo do mundo. O que parece à primeira vista um grande bosque composto por árvores de álamo esconde um segredo: todas as árvores são, na verdade, uma só. Mas com 14 mil anos, e uma área que chega a 43 hectares nos EUA, Pando pode estar morrendo. Um estudo aponta que, nos últimos 40 anos, ele parou de crescer e teve seu tamanho reduzido. Algumas imagens aéreas do local mostram zonas em que não há mais árvores. Os álamos estão morrendo sem que uma nova geração de árvores surja. Isso porque a área concentrou um grande número de cervos e vacas que comem os brotos antes que eles consigam crescer.
Uma semana depois do início de vendas legais de cannabis no Canadá, o El País visitou uma loja de maconha em Montreal. A espera para entrar no estabelecimento levou mais de uma hora — no dia da legalização, foram mais de três. Muitas prateleiras já estão vazias, porque as vendas superaram as expectativas. E há atendimento personalizado: os funcionários fazem perguntas para dar as recomendações, dependendo da potência procurada, os hábitos de consumo e o orçamento.
O giroscópio do Hubble, o telescópio espacial da NASA, foi consertado. Como? Desligando-o e ligando-o novamente. Ok, foi um pouco mais complicado do que simplesmente apertar um botão, mas ainda assim, foi um boot que o fez voltar a funcionar. A agência fará novos testes e, em breve, o telescópio voltará ao trabalho.
E uma pequena ilha havaiana desapareceu após a passagem do furacão Walaka no Pacífico. A ilha de 11 acres, o equivalente a quatro campos de futebol, desempenhava um papel importante para a vida selvagem — o local era habitado por tartarugas-verdes, por exemplo, que são ameaçadas. Com ela, foram-se algumas importantes pesquisas científicas que estavam em andamento na região. (Globo)
Cotidiano Digital
Tim Cook, CEO da Apple, partiu para o ataque. Aproveitando-se da presença em Bruxelas, sede do Parlamento Europeu, fez um discurso de vinte e poucos minutos agressivo contra boa parte das empresas do Vale do Silício. “Nossas informações, do cotidiano ao mais pessoal, estão sendo transformadas em armas. Isto é espionagem e este arsenal de dados pessoais apenas enriquecem as companhias que os coletam.” Ele afirmou que a indústria tecnológica se tornou uma ameaça não só à privacidade mas também à própria democracia. “Esta crise é real”, disse. “Não é imaginária, exagerada, ou mesmo alucinada.” Assista em vídeo.
Hoje vai ao ar, na CNN, uma entrevista de Cook com a jornalista Christiane Amanpour. Ele fala sobre temas pessoais, como as razões que o levaram a deixar o armário, assumindo sua homossexualidade. Mas defende também, para o público americano, uma rigorosa lei federal de privacidade que regulamente a indústria.
Em tempo: diferentemente de concorrentes como Google e Facebook, a Apple vive de vender máquinas, não de oferecer produtos gratuitos em troca de dados. A disputa é, também, por que modelo vencerá no Vale.
