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Tudo indica que o governo Jair Bolsonaro seguirá o padrão adotado por Donald Trump em sua presidência: à imprensa que lhe agrada tudo, e guerra à que desagrada.

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— Os editores

Onyx e Guedes, principais novos ministros, se batem

Há incerteza sobre a condução da política econômica do futuro governo de Jair Bolsonaro. Ontem pela manhã, o economista Paulo Guedes, que assumirá a Fazenda, bateu boca com o deputado Onyx Lorenzoni, que tocará a Casa Civil e, portanto, a articulação entre Planalto e Congresso. “Está dizendo que não tem pressa na Previdência”, se queixou Guedes. “Aí o mercado cai. É político falando de economia. É a mesma coisa que eu sair falando de política.” Estava convicto. Mas à tarde, quando deixou a reunião de equipe que Bolsonaro realizou na casa do empresário Paulo Marinho, a convicção de Guedes diminuíra muito. “Do ponto de vista econômico, quanto mais rápido melhor. Agora, evidentemente, existe um cálculo político.” O próximo ministro recuava perante os repórteres ao lado de Lorenzoni. “O nosso Onyx, corretamente, não quer que de repente nossa vitória nas urnas se transforme numa confusão no Congresso.” Os sinais do momento são de que a reforma da Previdência não vai adiante neste ano. (Estadão)

Não é só com o coordenador político que Paulo Guedes está comprando briga. É também com a indústria brasileira. “Se o governo não der prioridade ao Mercosul”, fez publicar em nota a CNI, “o único ganhador é a China, que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul. Pequenas e médias empresas, que exportam mais para estes países, serão as mais afetadas.” Uma das apreensões da entidade é o projeto de extinguir o ministério da Indústria e Comércio e passar suas atribuições para a Fazenda. “Eles estão lá com arame farpado, lama, buraco, defendendo protecionismo, subsídio, coisas que prejudicam a indústria”, se queixou o economista. “Ao invés de lutar por redução de impostos, simplificação e uma integração competitiva com a indústria internacional.” Gudes não defende uma abertura abrupta da economia brasileira. “Mataria a indústria”, ele admite. Afirma que pretende primeiro diminuir juros, eliminar complexidade burocrática e reduzir impostos. (Estadão)

Francisco Leali: “Cotados para os dois postos mais poderosos abaixo do presidente, Guedes e Lorenzoni, se nos cargos já estivessem, teriam a primeira crise de governo. Ministro desautorizando ministro publicamente, ainda mais em se tratando de economia, é impensável num governo que preza pela estabilidade das suas contas. Quando isso já ocorreu no passado, o presidente apressou-se em por ordem no terreiro. Reza a cartilha do Planalto: ou os dois param de expor publicamente suas diferenças ou um tem que sair. Do contrário, instala-se o estado de um conspirando contra o outro. Por enquanto, o futuro presidente assiste e, publicamente, nada disse sobre as divergências. Ou não está sabendo, ou ainda não entendeu a relevância do caso, ou não quer perder ministro antes mesmo de o governo começar.” (Globo)

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Ciro Gomes: “O que aconteceu foi uma reação impensada, espécie de histeria coletiva a um conjunto muito grave de fatores que dão razão a uma fração importante dessa maioria que votou no Bolsonaro. O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje. E o Bolsonaro estava no lugar certo, na hora certa. Só o petismo fanático vai chamar os 60% do povo brasileiro de fascista. Eu não. Se eu puder, não quero mais fazer campanha para o PT. O Lula se corrompeu porque hoje está cercado de bajulador, com todo tipo de condescendências. Cadê os críticos? Quem disse a ele que não pode fazer o que ele fez? Que não pode fraudar a opinião pública do país, mentindo que era candidato? Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado. É muito engraçado o petismo ululante. É igual o bolsominion, rigorosamente a mesma coisa. Não declarei voto ao Haddad porque não quero mais fazer campanha com o PT. Não quero participar dessa aglutinação de esquerda. Isso sempre foi sinônimo oportunista de hegemonia petista. Quero fundar um novo campo, onde para ser de esquerda não tem de tapar o nariz com ladroeira, corrupção, falta de escrúpulo, oportunismo. Isso não é esquerda. É o velho caudilhismo populista sul-americano.” (Folha)

O PT começa a perder espaço rapidamente — e não apenas com Ciro Gomes. Junto ao PDT, PSB e PCdoB se reuniram ontem para discutir a formação de um bloco de oposição sem o Partido dos Trabalhadores. Juntas, as três siglas têm 69 parlamentares. É mais do que a soma das bancadas de PT e PSOL — que reúnem 65.

Aliás... Uma manifestação anti-Bolsonaro organizada por Povo Sem Medo, MTST, UNE e sindicatos ocupou o trecho em frente ao vão livre do Masp, por volta das 18h de ontem, e seguiu pela avenida Paulista até a Consolação, onde virou. Já eram umas 22h30, bem poucos ainda estavam na rua, quando alguém atirou uma garrafa contra a PM que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo. (Ponte)

Cultura

Em meio a crise das livrarias, a Saraiva anunciou esta semana o fechamento de 20 unidades no país. Segundo a rede, trata-se de uma adequação a um nova estratégia de negócios, mais enxuta e voltada para o digital, que inclui fechamentos, reformas e aberturas de novas lojas. Restarão ainda 84 unidades no Brasil. (Folha)

Enquanto isso... A Penguin Random House, maior grupo editorial do mundo, passará a ter o controle majoritário da Companhia das Letras. Em 2012, o grupo havia comprado participação de 45% na editora brasileira, e agora passa a ter 70%. O fundador da casa, Luiz Schwarcz, continuará como presidente do grupo — ele e a historiadora Lilia Moritz Schwarcz passam a ter 30% do controle acionário da empresa. O fundador da Companhia afirmou que, no acordo, a independência editorial da casa foi assegurada pelos sócios estrangeiros. (Folha)

John Green terá seu primeiro romance adaptado para uma minissérie. E o escritor anunciou ontem que Kristine Froseth e Charlie Plummer serão os protagonistas de Quem é você, Alasca?. Froseth participou recentemente do filme Sierra Burgess is a loser, da Netflix, e Plummer esteve no filme Todo o dinheiro do mundo. Produzida pelo serviço de vídeos sob demanda Hulu, a produção em oito capítulos ainda não tem previsão de estreia.

Já a série derivada de Game of Thrones na HBO escalou Naomi Watts como o primeiro nome no elenco de seu piloto. As informações são da Variety. Sua personagem deverá ser uma “socialite carismática que esconde um segredo sombrio”. A história da série se passará milhares de anos antes dos eventos de GOT, mostrando a decadência do mundo na Era dos Heróis até seu momento mais escuro.

Viver

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto estão sugerindo que o vírus da zika que circula no Brasil pode ter um ciclo silvestre. Ou pode estar prestes a estabelecer um. Os cientistas afirmaram ter detectado a presença do vírus em macacos que viviam em regiões próximas a centros urbanos. Ou seja, mesmo que sua propagação pareça estar sob controle nas cidades, o zika pode resistir nas matas, tal qual o vírus da febre-amarela — uma possibilidade que assombra os pesquisadores. (Globo)

Por falar... Estudos já mostraram que cães podem ser muito eficientes em detectar uma série de doenças humanas, além de alertar as pessoas com diabetes de que elas têm baixo nível de açúcar no sangue. Agora, especialistas dizem que os animais também parecem capazes de identificar indivíduos infectados com malária, mesmo que eles não apresentem sintomas. Segundo os pesquisadores, pessoas que estão infectadas com parasitas da doença produzem odores no hálito e na pele que são sinais específicos. E os cães foram capazes de senti-los ao cheirarem suas meias. Pois é.

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Um novo relatório da ONG WWF estima que as populações de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuíram cerca de 60% entre 1970 e 2014 no mundo todo. Nas regiões tropicais, como a América do Sul, a redução foi de 89%. Segundo o Relatório Planeta Vivo, a Amazônia já perdeu 20% de sua área. Se o desmatamento ultrapassar a marca de 25%, o ecossistema chegará a um “ponto de não retorno” e pode entrar em colapso, deixando de ser uma floresta. (Globo)

Enquanto isso... A má qualidade do ar matou quase 600 mil crianças de até 15 anos no mundo em 2016. Pois é. O cálculo é da Organização Mundial de Saúde, que constatou que mais de 90% dos jovens do mundo estão respirando ar tóxico, uma bomba-relógio de saúde pública para a próxima geração.

Cotidiano Digital

A Apple anunciou ontem, em Nova York, dois novos iPad Pros, totalmente redesenhados. A moldura ficou bem pequena e o botão Home se foi. Agora, reconhecem o rosto para abrir, como os iPhones X. O modelo que tinha 10,5 polegadas de tela foi a 11. O de 12,9 ficou com o mesmo tamanho de tela, mas o aparelho diminuiu. A câmera tem 12 megapixels e a entrada do fone de ouvido deixou de existir. Assim como a entrada lightning, tradicional, substituída por um USB-C. É exigência da União Europeia que as entradas dos aparelhos sejam padronizadas. Esta nova linha permite que se ligue um monitor externo para ampliar o espaço de tela, não apenas como espelho. Pode também ser ligado a uma câmera. Ficou mais fino e, segundo quem o pegou na mão, mais denso e sólido.

A empresa de Steve Jobs pôs nas ruas, também, o novo MacBook Air. Agora a tela tem resolução de retina, duas entradas USB-C e o computador destranca sem senha, pelo toque da digital. A moldura, negra, é bem mais fina do que no modelo anterior, o que permite ao computador ser menor sem parecer apertado ao digitar. Este traz uma novidade: é feito com alumínio 100% reciclado, um dos compromissos da companhia.

E há um novo Mac Mini na praça — o menor e mais barato dos Macs. Não via um upgrade desde 2014. Processador Quad-core Intel de 8ª geração, pode ir a 64Gb de RAM. Sairá, a partir de 7 de novembro, por US$ 799.

E o Google se expôs ao movimento #metoo. Até o fim da semana, pelo menos 200 engenheiras se levantarão e deixarão seus postos de trabalho em protesto. Sua queixa é a revelação, pelo New York Times, de que a empresa encobriu acusações de assédio, algumas muito graves, por parte de alguns executivos. Entre eles, Andy Rubin, o criador do Android. Rubin deixou a empresa após uma investigação interna ter considerado crível a acusação, por parte de uma funcionária, de ter sido chantageada a oferecer sexo oral. Não apenas a história foi abafada como, no processo, ele ainda levou um pacote de US$ 90 milhões. A insatisfação por parte dos funcionários é crescente e não apenas com a questão do assédio. A relação da companhia com a China, na qual ela é obrigada a ceder em inúmeros pontos delicados à ditadura de Beijing, já vem provocando desgaste entre executivos e funcionários.

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