Moro e STF podem ser obstáculo para Bolsonaro

O presidente-eleito Jair Bolsonaro tem pela frente dois obstáculos se pretende enrijecer na política se segurança. Um é o Supremo. O outro, seu ministro da Justiça, Sérgio Moro. Segundo o colunista Lauro Jardim, Moro é terminantemente contra dois pontos chaves na visão bolsonarista. O primeiro é o excludente de ilicitude, que permitiria a policiais que matassem sem precisar responder pelo ato. E, o segundo, a criminalização dos sem-terra e dos sem-teto. (Globo)

Já o STF vai dar dor de cabeça se a política for de ampliar o encarceramento. O novo presidente vem discursando dizendo que superlotação de presídios não deveria ser obstáculo para prender mais. E que não deveria haver progressão de pena — a possibilidade de cumprir parte em regime não fechado. Seriam decisões inconstitucionais. O Supremo definiu que, se deseja encarcerar mais, o Estado precisa ampliar o número de vagas. Vai além e institui necessidade de indenização para presos obrigados a viver em ambientes insalubres. Os ministros vêm combatendo, também, o que consideram um excesso de prisões provisórias. Desejam que a maioria responda a seus processos em liberdade. (Globo)

Pois é... Enquanto isso, um grupo de parlamentares começa a articular uma Frente Anticorrupção, no Congresso Nacional. Eles, que incluem deputados e senadores de oposição formal ao futuro governo Bolsonaro, pretendem ser a base de Moro para aprovação do pacote anticorrupção, informa o Painel. É a prioridade do juiz no ministério. (Folha)

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Brian Winter, editor da Americas Quarterly: “Duas palavras explicam a decisão de Sérgio Moro arriscar tudo e aceitar o cargo de ministro da Justiça. Mani Pulite. A investigação da corrupção italiana pareceu uma nos anos 1990. Resultou em centenas de prisões e uma geração de políticos perdeu seu emprego. Mas, depois, a corrupção na Itália piorou. Há anos Moro vem falando da necessidade de garantir que a Lava Jato não termine como a Operação Mãos Limpas. Foi esta missão que o levou a aceitar o cargo. Mas aceita-lo reescreve a história da Lava Jato. O registro indicará que Moro mandou prender o principal adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Lula, e meses depois aceitou um ministério em seu governo. Moro concluiu que os benefícios de aceitar justificam os riscos. Porém é importante saber se ele aprendeu as lições corretas com a Mani Pulite. Antonio di Pietro, o mais famoso juiz da operação, também embarcou numa carreira política após anos garantindo que não o faria. Alguns historiadores defendem que a politização da Mani Pulite foi crucial para seu fracasso. Moro acredita, com razão, que sua biografia única e popularidade fazem dele a pessoa certa para garantir a longevidade da Lava Jato. Mas, se estiver errado, a história pode se repetir. Ou pior.”

José Roberto de Toledo: “Ao aceitar o cargo de superministro, Moro aceitou por tabela o de candidato à sucessão de Bolsonaro. Impensável que o futuro ex-juiz que sentencia como quem joga xadrez não tenha considerado o lance seguinte de sua carreira. Assim, o folhetim político se consolida como roteiro de novela ruim. O algoz do protagonista o tira de cena para assumir seu papel. Moro condena Lula para vir a ser eleito presidente no seu lugar. Para um capitão, Bolsonaro tem demonstrado habilidades de general, daqueles que ficam mexendo pecinhas num tabuleiro. Terceirizou a economia de tal forma que, qualquer fracasso, será de Paulo Guedes e só dele. Ao nomear Moro, repetiu a tática. Se o superministro colher bons resultados, serão de Bolsonaro. Se frustrar, a culpa não terá sido do presidente que deu tudo o que ele quis. Finalmente, a nomeação de Moro já colocou o PT em transe, como aquele jornalista que, após ter acertado uma única previsão na vida, fica repetindo o tempo ‘Eu te disse, eu te disse!’ Bolsonaro deu para o principal partido de oposição um brinquedo tão viciante para se distrair que é capaz de conseguir desviar o foco dele próprio. Bolsonaro está jogando com as brancas, tem uma peça de vantagem sobre os adversários e controla o tabuleiro de 2022.” (Piauí)

Elio Gaspari: “‘Isso já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato’, disse o general Mourão. O vice eleito referia-se à primeira sondagem para atrair o juiz Sergio Moro. O intermediário foi Paulo Guedes. Segundo Moro, ‘isso não tem uma semana’. Portanto, teria acontecido depois do dia 27 de outubro. Mourão falou em ‘semanas’. Quantas? Moro e Guedes prestariam um grande serviço à moralidade pública se esclarecessem a data precisa. Moro interferiu no processo eleitoral no dia 1º de outubro, quando liberou um trecho da colaboração do ex-ministro Antonio Palocci. Foram 11 páginas que ganharam a previsível repercussão, pois faltavam seis dias para o primeiro turno. O ‘contato’ teria ocorrido ‘durante a campanha’, o que é esquisito, mas seria jogo limpo. Se aconteceu antes da liberação do depoimento de Palocci, teriam sujado o jogo, e a conduta de Moro deveria ser analisada pelo Ministério Público e pelo Conselho Nacional de Justiça.” (Globo ou Folha)

A economia brasileira tem potencial de crescer mais de 3% no ano que vem, no cenário mais otimista. Isso se o novo governo conseguir aprovar as reformas, especialmente a da Previdência, e acelerar as privatizações. É o que dizem economistas ouvidos pelo Estadão. Segundo eles, a reforma da Previdência é o ‘calcanhar de Aquiles’ do presidente eleito, Jair Bolsonaro. O risco, de maneira geral, está na capacidade de ele obter apoio do Congresso e da sociedade para aprovar as medidas necessárias. O cenário mais ‘moderado’ prevê que o crescimento do PIB fique entre 2% e 2,5% no ano que vem.

Na semana passada, Bolsonaro se comprometeu a apoiar o acordo na área de jatos comerciais entre a norte-americana Boeing e a brasileira Embraer. Ele afirmou também que seu governo poderá vender áreas da Petrobrás e buscar parcerias para a empresa manter o calendário de investimentos. (Estadão)

Acontecem amanhã, nos EUA, as Eleições de Meio de Mandato — Midterms. O ex-presidente Barack Obama e o atual, Donald Trump, se engajaram pesado na campanha. Em jogo está a composição do Congresso: todas as 435 vagas para deputado federal e 35 das cem do Senado. Os eleitores escolherão também 39 dos 50 governadores. O Partido Democrata prevê ganhar maioria na Câmara e tem uma vaga chance de consegui-lo também no Senado.

Viver

Ontem foi o primeiro dia do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio. Os candidatos fizeram as provas de Ciências Humanas, Linguagens e Redação. No primeiro dia do exame, apareceram tópicos como feminismo, nazismo, escravidão, regime militar, crise de refugiados, entre outros. Na prova de Linguagens, uma pergunta abordava um dicionário criado somente para o vocabulário usado por travestis — a questão pedia que os candidatos decodificasse o que era dito. Segundo especialistas, a prova foi mais difícil e explorou temas mais atuais do que a edição anterior. (Globo)

Já a redação teve como tema a “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. A prova teve quatro textos motivadores – três deles eram reportagens publicadas em 2016 nos sites El País, BBC e Outras Palavras, e um quarto era um organograma com dados do IBGE. Extremamente atual diante do cenário de propagação de fake news nas redes sociais durante as eleições, o ministro da Educação garante: o tema foi escolhido há quatro meses.

Pois é. O exame completou 20 anos este ano — 10 do formato atual. O Globo trouxe algumas estatísticas curiosas sobre ele. A letra B, por exemplo, é a que mais apareceu no gabarito oficial dos últimos cinco anos, enquanto o geógrafo Milton Santos é o autor mais citado nas provas de humanidades.

Apesar dos avisos de perigo, a FDA, agência reguladora de tudo relacionado à saúde e alimentação nos EUA, aprovou na sexta-feira, um opioide sintético que é 10 vezes mais forte que o fentanil, um medicamento associado a dezenas de milhares de mortes por overdose nos últimos anos. O comitê consultivo do órgão expressou sua preocupação com possíveis desvios, abusos e mortes nos primeiros meses de sua disponibilidade no mercado, mas a FDA garantiu que seu uso só será permitido em hospitais, centros cirúrgicos e outros locais supervisionados por médicos. Ele não será receitado a pacientes para uso doméstico e nem estará disponível em farmácias de varejo. O medicamento provavelmente chegará ao mercado no início do ano que vem. (New York Times)

A Nasa encerrou a missão do telescópio Kepler, que há nove anos caçava planetas habitáveis. Desde março de 2009, quando foi lançado, ele descobriu 2.662 planetas com características variadas — alguns com potencial de abrigar vida — e registrou 530.506 estrelas e 61 supernovas. Agora, como já estava previsto, ele foi aposentado. Ficou sem combustível no espaço.

O que vai acontecer com ele agora? A Nasa explica, em vídeo.

Apenas cinco países detêm 70% das áreas naturais ainda intocadas do mundo, e uma ação internacional urgente é necessária para protegê-los. É o que dizem pesquisadores da Universidade de Queensland e da Wildlife Conservation Society, que produziram pela primeira vez um mapa global que define quais países são responsáveis pela natureza que ainda não foi tocada pela atividade industrial pesada. Entre eles, o Brasil.

Cultura

Discretamente, e sob pesadas críticas, entrou no ar, via Netflix, a sexta e última temporada de House of Cards.

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Completando 50 anos, o desenho animado dos Beatles, Yellow Submarine, ganhou uma luxuosa edição em história em quadrinhos. Ela terá adaptação de Bill Morrison, de Os Simpsons, e será lançada no Brasil pela editora Darkside. Veja imagens. (Globo)

Avatar, filme de James Cameron que bateu o recorde mundial de bilheteria em 2009, terá quatro sequências. Os títulos foram revelados na sexta-feira pela BBC News:  Avatar: The Way of Water, Avatar: The Seed Bearer, Avatar: The Tulkun Rider e Avatar: The Quest for Eywa. O segundo longa tem previsão de estreia em 18 de dezembro de 2020. As sequências virão em 2021, 2024 e 2025.

Enquanto isso... J.K. Rowling deixou os fãs animados ao revelar que está escrevendo bastante sobre o Rio de Janeiro. A expectativa é de que a sequência de Animais Fantásticos pode ser ambientada no Brasil. A autora chegou a trocar sua foto de capa no Twitter por uma imagem histórica do Rio nos anos 1930 — ela costuma usar o recurso para dar pistas aos seguidores sobre o que ela escreve no momento.

Cotidiano Digital

Enquanto a venda de computadores está em declínio no mundo todo, os computadores da Apple — os Macs — continuam tendo aumentos de venda. Ainda que modestos. Isto posto, parece estar havendo uma inflexão de estratégia na companhia. “O iPad não é apenas o tablet mais popular do mercado”, disse Tim Cook na semana passada. “É também o computador mais popular.” O tablet, para a empresa, é seu principal investimento de computação pessoal. E vende bem mais do que Macs. Além disso, com mais recursos modernos a exemplo do reconhecimento de rosto, que o MacBook Air não tem, e saindo por menos de US$ 1.000, ele se mostra como uma solução de computação portátil cada vez mais avançada — e interessante — para consumidores em busca de uma segunda máquina para viagens.

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