Sem cubanos, 28 milhões podem ficar sem médicos
O governo cubano decidiu que vai retirar, até o fim do ano, os 8,5 mil médicos que vêm trabalhando no país. A decisão se deve por conta do que Havana considera terem sido ‘declarações ameaçadoras e depreciativas’ do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, mais de 28 milhões de pessoas devem ficar sem atendimento por conta da briga. Dos municípios brasileiros, 1.575 só têm médicos cubanos. “É uma decisão hostil”, declarou o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes. “Uma decisão sem cabimento.”
Um estudo que simula cenários realizado pela Universidade Federal da Bahia em conjunto com o Imperial College, de Londres, e a Universidade de Stanford, no Vale do Silício, afirma que a interrupção do programa Mais Médicos e o teto de gastos na Saúde pode fazer com que até 50 mil pessoas morram precocemente. (Folha)
Via Twitter, Bolsonaro anunciou que Ernesto Araújo, diplomata de carreira, será o novo chanceler. Sem jamais ter ocupado uma embaixada o exterior, responsável por um blog ultra-conservador, Araújo foi indicado, segundo Patrícia Campos Mello, pelo escritor Olavo de Carvalho; de acordo com Merval Pereira, por André, filho do empresário Paulo Marinho.
Alon Feuerwerker: “O futuro chanceler é alguém 100% alinhado politicamente com o presidente eleito, e não há surpresa nisso. É natural que o Itamaraty implemente uma política externa coerente com a linha geral de governo. Bolsonaro elegeu-se prometendo condução econômica ultraliberal, dureza contra o crime, guerra total contra a oposição e política externa pró-ocidental. E até agora não há novidades. O risco maior do alinhamento bolsonarista com Washington é o parceiro deixar de entregar a mercadoria, se convier. Leopoldo Galtieri aprendeu a lição nas Malvinas, e pagou um preço alto. Ao invadir as ilhas, ele provavelmente esquecera que os americanos ‘não têm amigos nem inimigos, têm interesses’.”
Helio Gurovitz: “Em seus escritos, Araújo se revela devoto da mesma cartilha ideológica que encanta milhares de bolsonaristas. Seu mote é o combate ao pretenso ‘globalismo’ das instituições internacionais. Ela atribui os males planetários a espantalhos como a ONU, o Islã, o bilionário George Soros, o multiculturalismo ou o ‘marxismo cultural’. Como toda ideologia, os problemas surgem quando esbarra na realidade. Basta acompanhar a novela do Brexit no Reino Unido para entender que, na prática, a fantasia de resgate da soberania não passava de delírio. O mesmo vale para as tentativas de Trump para sair da Otan. Ou para Hungria e Polônia, cujos líderes atacam a União Europeia, mas sabem depender dela para o crescimento. Se prosperar, essa agenda nacionalista enfraquecerá, ou tornará irrelevantes, as instituições erguidas desde a Segunda Guerra para manter a paz mundial. Durante mais de sete décadas, apesar de todos os conflitos e desafios, o mundo se manteve em situação de equilíbrio relativo, integração comercial, crescimento econômico e redução da miséria. Araújo chegou jovem ao posto de chanceler, sem jamais ter recebido credenciais como embaixador fora do Brasil (sua promoção ao cargo de ministro de primeira classe é recente). Mas é um diplomata experiente, com competência comprovada como negociador. Qual será nossa relação com a China e Ásia, região que mais cresce no planeta? Qual será o futuro do acordo comercial do Mercosul com a UE ou com o Canadá? Qual será, por sinal, o futuro do próprio Mercosul? Haverá abertura unilateral a importações (como defendem os liberais), sem contrapartida no acesso de nossos produtos agrícolas a mercados estrangeiros? Que tipo de medida concreta a proximidade com o governo Trump poderá trazer a exportadores?Todas essas questões precisam ser enfrentadas dentro das instituições ‘globalistas’ que estão aí. A resposta a nenhuma delas trará ao Brasil o tipo de ‘grandeza’ almejada por Araújo ou Bolsonaro. Mas são essenciais se quiserem mesmo praticar uma política externa pragmática, baseada em nossos interesses — e não apenas em ideologia.”
O economista Roberto Campos Neto, executivo do banco Santander, foi indicado para comandar o Banco Central na gestão do presidente eleito Jair Bolsonaro. Ele é neto do economista Roberto Campos, expoente do pensamento liberal e defensor do Estado minimalista no país, que ocupou, entre outros cargos, o Ministério do Planejamento e Coordenação Econômica no governo Castelo Branco.
O atual dono do cargo, Ilan Goldfajn, elogiou a escolha. Disse que Campos é um “profissional experiente e reconhecido”, conhecedor do sistema financeiro e da economia nacional e internacional. Afirmou ainda que, a pedido do novo governo, permanecerá no cargo até que o Senado aprove o nome de Campos, nos próximos meses. (Globo)
O PCdoB e o PPL — Partido Pátria Livre — vão se fundir em dezembro, informa Lauro Jardim. Passam a ter dez deputados e escapam da cláusula de barreira. A sigla PCdoB permanece. (Globo)
O dono de um supermercado de Belo Horizonte revelou em depoimento ter servido de intermediário para o pagamento de propinas a Frederico Pacheco, primo do tucano Aécio Neves, e a um assessor do também senador Zezé Perrella. O dinheiro viria da JBS. (Globo)
A premiê britânica Theresa May apresentou ontem seu plano para que o Reino Unido deixe, enfim, a União Europeia como determinado pelo plebiscito do Brexit. Para evitar a volta de uma fronteira fechada entre Irlanda e Irlanda do Norte, May propõe que as regras da EU sejam mantidas até que um acordo bilateral possa ser costurado. Dentre seus ouvintes na Câmara dos Comuns, houve gente o suficiente rindo da proposta que May teve de interromper seu discurso. À ultra-direita, o deputado Jacob Rees-Mogg cogita propor um voto de desconfiança interno no Partido Conservador que poderia impor a May a perda de comando do bloco, e assim o cargo de primeira-ministra. À esquerda, os Trabalhistas, os Liberal-Democratas e o Partido Nacional Escocês começam a manobrar para convocação de novas eleições. O plano não agrada quem está na linha dura pró-Brexit, tampouco quem deseja se manter na União. (New York Times)
Cultura
Em São Paulo, evento que se tornou um dos destaques dentre as atividades do Dia da Consciência Negra, a Feira Preta chega à sua 17ª edição com shows de Elza Soares, Luedji Luna, Rincon Sapiência e Flavio Renegado. De volta ao Brasil, Azealia Banks faz show nesta sexta-feira no Tropical Butantã. No sábado, o mítico Herbie Hancock faz show no Credicard Hall.
No Rio, o Museu de Arte do Rio abre duas novas exposições nesta sexta-feira: Mulheres na Coleção MAR, curada por mulheres de todos os setores do museu, e A Pequena África e o MAR de Tia Lúcia, na biblioteca. O Festival WOW reúne mulheres das artes, culturas, ativistas e empreendedoras de sexta a domingo, entre o Armazém 1, Praça Mauá, Museu do Amanhã e MAR. E depois de São Paulo, Herbie Hancock também vai ao Rio, no Km de Vantagens Hall, na segunda-feira.
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Chegou aos cinemas o segundo filme da nova série de bruxos de J. K. Rowling, a criadora de Harry Potter. Passada nos EUA algumas décadas antes das aventuras nos livros, a história de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (trailer) volta a Newt Scamander, bruxo atrapalhado que aportou em Nova York com uma extensa coleção de animais bizarros. Desta vez, Scamander trabalhará com seu antigo professor em Hogwarts, Alvo Dumbledore. E o vilão é interpretado por Johnny Depp. Tem Cacá Diegues novo: O Grande Circo Místico (trailer), com Jesuíta Barbosa e Bruna Linzmeyer, mergulha no cotidiano de uma família circense e no amor entre uma aristocrata e um acrobata. E o doc Filme Paisagem (trailer) explora a obra do paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx. Veja as outras estreias.
O remake com atores da animação Dumbo ganhou um novo trailer. Dirigido por Tim Burton, o filme vai estrear em 29 de março de 2019.
O quadro icônico de uma piscina californiana, um homem nadando, o outro de fora observando, pintado em 1972 por David Hockney, foi vendido ontem, na Christie’s, por US$ 90,3 milhões. Bateu, assim, o recorde anterior de preço atingido pela obra de um artista vivo. Ballon Dog, uma escultura de Jeff Koons, havia sido vendida por US$ 58,4 milhões. (New York Times)
Viver
Foi inaugurada na última quarta-feira, em Campinas (SP), a primeira etapa do Projeto Sirius, um laboratório de luz síncrotron. A radiação funciona como um raio-x e será capaz de analisar diferentes materiais em escalas de átomos e moléculas. A estrutura, que é uma das mais modernas do mundo, pode revolucionar a pesquisa brasileira e internacional em várias áreas, como saúde, agricultura e exploração do petróleo. A primeira fase consiste na conclusão das obras civis e da montagem de dois dos três aceleradores de elétrons. O último, que é também o principal, deve ser entregue no final de 2019, quando a estação será aberta para os cientistas. As 13 estações de pesquisa estarão disponíveis até 2021. Veja como ele funciona. (Globo)
A BBC mostra, em vídeo, quem são as mentes por trás da maior e mais complexa infraestrutura científica do Brasil.
Por falar em ciência... Astrônomos espanhóis descobriram o segundo planeta mais próximo do Sistema Solar. Barnard b ou GJ 699 b fica a apenas 6 anos-luz, tem dimensões semelhantes à Terra e está a uma distância de sua estrela parecida daquela entre o nosso planeta e o Sol. Mas é praticamente improvável que reúna condições para a existência de vida. Viajar até ele com veículos espaciais levaria mais de 30 mil anos, mas graças à nova geração de telescópios que começará a funcionar em alguns anos esse poderá ser o primeiro exoplaneta dos arredores a oferecer imagens diretas.
Uma questão tem atormentado economistas e planejadores urbanos nos últimos anos: o conhecido amor pelas cidades dos millennials acabará quando eles tiverem filhos e precisarem de mais espaço? Nos EUA, alguns estudos dizem que sim — que eles ‘atingiram o ápice’ nas grandes cidades e acabarão indo para lugares mais afastados. Outros dizem que a geração é tanto urbana quanto suburbana. Agora, um novo estudo mostrou que eles continuam a inclinar-se para o urbano à medida que param de pagar aluguel e se tornam proprietários de casas. Segundo a pesquisa, eles são 21% mais propensos a comprar suas primeiras casas perto de centros urbanos do que a geração X.
Cotidiano Digital
Numa decisão surpreendente, a Sony anunciou que não participará da edição 2019 da E3, a maior conferência internacional de videogames. Não terá stand, não fará anúncios. Como um dos três grandes players do mundo de consoles, junto com Microsoft e Nintendo, a decisão é arriscada, mas pode custar caro ao próprio evento, que perde relevância.
Dois homens, um estudante de Direito de 21 anos e seu tio, um agricultor de 53, foram queimados vivos por uma multidão, no México. O assassinato foi transmitido via Facebook, num live. Os dois foram identificados como traficantes de órgãos de crianças por um boato disseminado via WhatsApp. Durante o linchamento, as pessoas gritavam ‘o povo, unido, jamais será vencido’.
