Filho de Bolsonaro nos EUA: Embaixada em Jerusalém, ajuda contra Venezuela e Cuba

Eduardo Bolsonaro, terceiro filho do presidente eleito e aquele com convicções ideológicas mais fortes, deixou ontem a Casa Branca, após uma série de reuniões, vestindo boné da campanha eleitoral de Donald Trump para 2020. Na sede do Executivo americano, teve uma série de conversas. Ofereceu ajuda do Brasil aos EUA em sua política de pressão contra Venezuela e Cuba, segurando recursos que o país deve aos dois vizinhos. “Tudo aquilo que faz o povo passar fome”, explicou aos jornalistas, “a gente pretende congelar.” Segundo Eduardo, o chanceler Ernesto Araújo e o ministro da Justiça Sérgio Moro decidirão a forma de fazê-lo, de preferência montando uma investigação que exponha a corrupção dos dois regimes. Um caminho, segundo Eduardo, seria aproveitar-se da Lava Jato, fuçando os contratos que a Odebrecht tem com Havana e Caracas. (Globo)

A Jared Kushner, assessor e genro de Trump, Eduardo informou que o Brasil vai mesmo transferir a embaixada em Israel para Jerusalém. “A questão não é perguntar se vai”, disse, “a questão é perguntar quando será.” O filho do novo presidente informou aos jornalistas que não acredita em represália comercial do mundo árabe. “A maioria ali é sunita”, diz, “quem sabe nós apoiando políticas para frear o Irã a gente não consiga um apoio desses países”, sugeriu.

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Reinaldo Azevedo: “Olavo de Carvalho, polemista e prosélito de extrema-direita, influente no futuro governo, concedeu uma entrevista ao Estadão. Este singular pensador dá o que parece ser um conselho: ‘Para conversar com a China tem que falar grosso, porra. E não é isso que está acontecendo, eles estão dando tudo para a China. Estão entregando. É o entreguismo mais descarado que já vi na minha vida.’ Vocês já ouviram Bolsonaro a dizer que a China está ‘comprando o Brasil’. A inspiração está clara. Como resta evidente, não há números na afirmação, só a exposição da tese paranoica. O que seria um ‘toma-lá-dá-cá’ com a China? Uma relação comercial em que o Brasil obtém US$ 20 bilhões de saldo comercial num ano parece bastante amistosa, não é? Nada menos de 30% do superávit. Segundo se entende, há uma chance razoável de que esse superávit seja apenas uma pérfida e sórdida tramoia comunista para a China roubar e saquear o Brasil… Ninguém percebeu isso, claro!, só Olavo de Carvalho. Não fosse ele a fazer a advertência, estaríamos fritos. Olavo não passa de uma máquina de disparar ofensas, embora seu pensamento não resista aos fatos. Nem a uma calculadora.”

Então... O Brasil, que sediaria em novembro de 2019 a COP 25, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, se retirou oficialmente. O governo Michel Temer argumentou que restrições orçamentárias e a complexa transição de comando impedem que o país se ofereça como sede do evento. A candidatura, porém, foi lançada apenas dois meses atrás e tinha endosso de toda América Latina e Caribe, região onde a conferência ocorrerá. (Globo)

Seguindo o rito de comunicar pelo Twitter, Bolsonaro indicou Tarcísio Gomes para o ministério da Infraestrutura. Consultor legislativo da Câmara, formou-se engenheiro civil pelo Instituto Militar de Engenharia e trabalhou no Exército.

Aliás... O novo secretário de Governo, general Santos Cruz, terá também entre as atribuições articulação política. Há quem leia aí sinais de desprestígio de Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, informa o Painel. (Folha)

O Supremo volta a analisar, hoje, o indulto publicado em dezembro do ano passado pelo presidente Michel Temer. No texto, que sai sempre na época do Natal, o Planalto perdoava todos os condenados que tivessem cumprido um quinto da pena em crimes sem violência ou grave ameaça. A Procuradoria Geral da República enxergou, ali, um decreto que beneficiava presos por corrupção e peculato e o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu por liminar sua aplicação. Na época, o receio é de que muitos dos presos pela Lava Jato terminariam beneficiados. Os advogados da presidência afirmam que Barroso se excedeu, entrando em atribuições que pertencem à Presidência da República.

Cultura

Editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz publicou em seu blog um apelo aos leitores. As dificuldades financeiras das duas principais cadeias de livrarias do país, Cultura e Saraiva, custaram a quem produz livros 40% de seus rendimentos. “Peço que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva. Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro.”

Pois é... A Amazon brasileira se move para ampliar seu mercado. Hoje, representa 10% das vendas de livro. Mas, informa Lauro Jardim, está oferecendo às editoras o pagamento adiantado de recebíveis a boas taxas, a compra de exemplares devolvidos por outros livreiros e mesmo ajuda na avaliação de tiragens. (Globo)

Ann Hornaday, crítica do Washington Post: “Como mulher, ao longo do tempo fiquei desconfortável perante o olhar lascivo de Bertolucci sobre o corpo feminino. Talvez fosse possível, em 1972, ver em O Último Tango em Paris, como o fez Pauline Kael, uma obra-prima transgressora similar à Sagração da Primavera de Stravinsky. Uma geração depois, o espetáculo de Marlon Brando e Maria Schneider, que encarnaram dois estranhos numa série de encontros sexuais violentos, parece mais problemático, especialmente após Schneider o descrevê-lo como ‘humilhante, como um estupro’. Por mais que se orgulhasse de seus ideais da esquerda anti-fascista, Bertolucci pareceu desinteressado em explorar a política de gênero inerente a seus filmes, descartando as acusações da atriz como se fossem ‘uma incompreensão ridícula’. Como tantos de seus contemporâneos, os auteurs que criaram o cânon, ele se recusou a perceber como suas próprias fantasias e impulsos se tornaram parte da gramática do cinema, internalizados por homens e mulheres como o que passa por bonito, desejado e que deve ser estetizado.”

Viver

O Ministério da Saúde e a indústria alimentícia fecharam um acordo através do qual serão retirados, ao longo dos próximos quatro anos, 2% do açúcar que consta em biscoitos, bolos, produtos lácteos e achocolatados. É voluntário, mas ao todo representa 144 mil toneladas do ingrediente. A redução varia de produto para produto — a maior será nas rosquinhas. Hoje, a cada 100g, 75g são de açúcar. O objetivo é fazer com que caia para 28,2g. Segundo o governo, o brasileiro consome, em média, 50% mais açúcar do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. (Estadão)

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Depois de 12 empates seguidos, hoje vai ser decidido finalmente o destino do título mundial de xadrez. O atual campeão, o norueguês Magnus Carlsen e o desafiante, o ítalo-americano Fabiano Caruana vão disputar uma série de partidas de xadrez rápido para desempatar a disputa. Os jogos começam as 13h e podem ser acompanhados pelo tabuleiro dinâmico do site Chess.com ou por uma transmissão no Twitch, que descobrimos via dica de uma leitora, comentada em português pelos Grandes Mestres brasileiros Krikor Mekhitarian e Evandro Barbosa.

A Conmebol deverá decidir amanhã o destino da final da Copa Libertadores deste ano. O jogo ocorrerá em 8 ou 9 de dezembro e não será na Argentina — apesar de Boca Juniors e River Plate serem times de lá. É a punição ao River pela violência da torcida contra a equipe adversária.

Cotidiano Digital

A Suprema Corte americana está para decidir se ouvirá um processo de antitruste movido contra a Apple por um grupo de consumidores. Eles argumentam que a empresa de Cupertino só permite aos usuários de iPhone e iPad que comprem aplicativos na App Store ao mesmo passo que cobram uma comissão de 30% das software houses que vendem seus programas ali. Trata-se, segue o discurso, de um monopólio que puxa o preço artificialmente para cima. Os advogados da Apple não entram no mérito — apenas afirmam que a jurisprudência da Suprema Corte, consolidada faz décadas, estabelece que processos antitruste podem ser movidos pelos que correm riscos de negócio, não por terceiros. Assim, quem vende seus apps poderia processar. Consumidores finais, não. Os juízes estão cogitando derrubar a jurisprudência. Se o fizerem, o caso vai à frente e a Corte julgará se há um monopólio artificial ou não. Se decidir que sim, quem usa iOS poderá baixar apps de outras fontes.

Diga-se... Se a Corte decidir que ouvirá o caso, o impacto vai muito além da Apple. Google, Amazon, eBay, todas as empresas que oferecem um mercado na internet poderão ser processadas por antitruste. O negócio do Vale do Silício mudará radicalmente.

Aliás... O anúncio, por Donald Trump, de que podem aumentar as tarifas para importação de notebooks e smartphones vindos da China forçou para baixo, novamente, as ações da Apple. Ontem, no after market, Apple e Microsoft valiam, ambas, US$ 814 bilhões de dólares. Empatadas. Todos os olhos de Wall Street acompanham a corrida entre as duas.

Funcionários do Google publicaram, no Medium, uma carta aberta criticando Dragonfly, um app de busca que a companhia está desenvolvendo para a China. “A decisão de nossa empresa chega em um momento no qual o governo chinês está ampliando seus poderes de vigilância e mecanismos de controle da população”, escreveram. “A concessão de acesso imediato aos dados dos usuários, como exige a legislação local, tornará o Google cúmplice da opressão e dos abusos de direitos humanos. Dragonfly permitirá censura e desinformação governamental, e estes controles serão usados para silenciar os marginalizados.”

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