Oposição bate em Renan para fazer Tasso presidente do Senado

Renan Calheiros partiu ontem contra Tasso Jereissati, numa sequência de posts via Twitter. “Se tiver de ser candidato, serei”, disse o emedebista, que briga com o tucano pela presidência do Senado. “Se for contra Tasso, deverei ganhar no PSDB, no PDT, no Podemos, no DEM. Tasso continua patrimonialista, tudo que os brasileiros mostraram não querer mais.” Ele acusa Jereissati de defender os interesses empresariais da própria família, no Senado.

A reação tem motivo e nasce de um movimento dos irmãos Gomes para isolar o PT. Segundo o Painel, pelos cálculos de Ciro e Cid, o governo Bolsonaro conta de saída com 20 senadores e, a oposição, 15. Sobram 46, que preferem não se posicionar de imediato. Tasso seria um nome capaz de atrair votos do PSDB, PP e mesmo do DEM. Poriam assim, na presidência do Senado, um presidente da oposição não-petista. (Folha)

Talvez não de todo oposição. Em entrevista ontem à GloboNews, o senador eleito Flávio Bolsonaro se pôs contra a candidatura Renan. E citou a de Tasso — junto com Davi Alcolumbre (DEM), Alvaro Dias (Podemos) e Espiridião Amin (PP) como possíveis.

Pois é. Pelo menos um parlamentar, o senador Lasier Martins, está numa briga aberta contra Renan. Defende, conta José Fucs, o voto aberto para presidência da Casa. Seria mais difícil para Renan, com seus inúmeros processos, conseguir apoios declarados.

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Por falar em oposição... Presidente do PPS, Roberto Freire anunciou para janeiro um Congresso extraordinário do partido. Quer agregar numa só entidade sua sigla, a Rede, e os movimentos Agora, Acredite e Livres.

O deputado Onyx Lorenzoni, que assumirá a Casa Civil com Bolsonaro, anunciou que o Ministério do Trabalho será dividido em três pastas. A concessão de Cartas Sindicais, alvo constante de denúncias de corrupção, vai para o Ministério da Justiça. Políticas de geração de emprego e renda seguem para o Ministério da Cidadania. E a gestão do FGTS caberá ao Ministério da Economia. O ministro atual reagiu. “O desmembramento da pasta atenta contra o artigo 10 da Constituição”, afirmou em nota oficial. “Ela estabelece a participação dos trabalhadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais e previdenciários sejam objeto de deliberação.”

A segunda turma do Supremo avalia, hoje, mais um pedido de liberdade feito pela defesa do ex-presidente Lula. Os advogados argumentam que a indicação do juiz Sérgio Moro para ministro da Justiça é prova de que agiu com parcialidade. Lula está preso desde 7 de abril, condenado a 12 anos e um mês.

A quebra do sigilo bancário do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, revelou que ele fez apenas onze saques de suas contas entre 2007 e 2014. É indício, para a Polícia Federal, de que dispunha de recursos de uma conta de terceiro ou acesso a dinheiro em espécie. (Globo)

Uma senhora de 80 anos morreu ontem, na Marselha — ela havia sido atingida por uma granada de gás lacrimogênio pela polícia, durante protestos no sábado. As ruas continuavam cheias, ontem, em Paris e estudantes secundaristas se agregaram aos protestos. Pelo menos 100 escolas de ensino médio fecharam em toda França. A expectativa é de que o movimento vai aumentar.

Só no fim de semana, cem pessoas se feriram e 412 foram presas, na capital. São os gilets jaunes, coletes amarelos, que promovem as mais violentas manifestações na cidade desde os anos 1960. Carros foram destruídos, vidraças estilhaçadas. Estes coletes, tipicamente usados por operários que trabalham próximos ao trânsito, são de porte obrigatório por todos os motoristas na França. É parte do kit padrão de emergência. Assim como o 2013 brasileiro nasceu do aumento nas passagens de ônibus e rapidamente se alastrou, por lá os protestos se iniciaram com o aumento do gás e logo atraíram toda sorte de gente com dificuldades econômicas. Organizados pelas redes sociais, incluem pessoas de todos os espectros políticos e classes. 72% da população os apoiam. E parecem estar crescendo.

John Lichfield, do Guardian: “A França é uma República nascida da violência popular. A política vai para as ruas mais rápido aqui do que em qualquer outra democracia ocidental. Em 22 anos no país, assisti a protestos de operários, fazendeiros, professores, jovens dos subúrbios multirraciais, advogados e até policiais. Nunca vi o nível de destruição que tomou as ruas de Paris no sábado. Uma violência aleatória, de ódio puro, dirigida não só à polícia mas também aos símbolos da própria República, como o Arco do Triunfo. Como pode um movimento que se iniciou pacificamente há um mês se voltar com tamanho ódio contra todo o sistema político francês? Os mais radicais dos gilets jaunes se voltaram de forma niilista contra as instituições democráticas e símbolos de riqueza. Mas embora sejam principalmente brancos, os manifestantes não têm demonstrado sinais de racismo ou nacionalismo. Representam, isto sim, uma angústia econômica e social que vem tomando conta da França periférica.”

Galeria: O 20 Minutes selecionou imagens dos protestos.

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HealthTech

Para ler com calma: Nos anos 1980, Andrew Schwartz abriu o crânio de macacos enquanto moviam os braços. Percebeu que os neurônios ligavam e desligavam, um após o outro, como se fizessem ponto a ponto o desenho exato do movimento. É um ambiente altamente salino e úmido, o cérebro, que tende a rejeitar objetos externos. Demorou para desenvolver um implante capaz de monitorar estes desenhos. Em 2011, Schwartz fez um macaco amputado pegar um marshmallow com uma prótese, comer e depois lamber os dedos. O implante lia o desenho e o repassava para o braço robô. Foi neste mesmo ano que tentou pela primeira vez com uma pessoa. Um soldado. Ele ergueu a mão de fibra carbono e fez deslizar o dedo pelo rosto da namorada. “Baby”, ela respondeu, olhos marejados. Em fevereiro seguinte, uma moça que perdera quinze anos antes os movimentos para uma doença degenerativa recebeu o primeiro implante completo. Entre recuperação da cirurgia e treino, demorou seis meses. Ao final, foi capaz de trazer com a mão-robô um chocolate à boca. E o comeu. Em 2014, um tetraplégico sentiu a ponta dos dedos robôs como se fossem seus. Na New Yorker, Raffi Khatchadourian conta esta longa saga, um cientista e muitas décadas. Uma saga que está bem próxima do final.

Aos 39 anos, Eric Isakson, morador de San Francisco na Califórnia, não se sentia mal. Olhou para seu FitBit, o relógio que mede passos e frequência cardíaca, e viu que já queimara nove mil calorias no dia e que o coração batia 155 vezes por minuto. Eram ainda 11h e ele estava sentado. O aparelho tinha de estar com problema. Resetou. Deu o mesmo. Achou prudente, então, procurar um médico. Aquela tarde estava numa mesa de cirurgia, peito aberto para que um médico lhe alcançasse o coração. A tecnologia dos sensores ainda tem limitações, mas fabricantes de smartwatches como FitBit, Apple e Garmin, começam a investir em inteligência artificial. Com grandes bases de dados produzidos por usuários de seus aparelhos, o software aprende a interpretar com mais profundidade os resultados dos sensores. A expectativa é de que a nova geração de relógios comece a alertar para alguns problemas cardíacos, diagnosticar apneia do sono, asma e até algumas alergias.

Uma das principais startups de saúde encubadas no Cubo Itaú é a Medicinae Solutions. Foca num problema que devia ser simples e no dia a dia complica: a gestão financeira de clínicas, consultórios, hospitais. O sistema é gratuito, acelera o pagamento por planos de saúde, e se financia ao adiantar os recebimentos.

Cultura

Quem tem o app Arts & Culture do Google instalado (iOS e Android) pode visitar, agora, uma galeria virtual na qual estão todos os 37 quadros conhecidos do pintor holandês Johannes Vermeer. O aplicativo gera o museu pelo qual o usuário pode ‘passear’ e encontrar, cuidadosamente fotografados e digitalizados, cada um dos trabalhos. Veja como funciona em vídeo.

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Enquanto desenvolvia a orquestração da trilha de Tempos Modernos (íntegra, legendado), uma das obras primas de Charlie Chaplin, Edward Powell quase teve problemas de vista tantas as horas perante as notações. O arranjador David Raksin chegou a trabalhar vinte horas por dia e perdeu mais de dez quilos no processo. Dormia no estúdio. O motivo: o homem por trás do vagabundo Carlitos era um déspota perfeccionista. Tocava instrumentos, mas não escrevia música — e discutia cada nota ao fundo de cada cena. Arrancava o sangue dos artistas em busca do resultado excepcional. Não bastasse, exigia que seus músicos assinassem contratos cedendo todos os créditos a ele. Um novo livro, The Music of Charlie Chaplin (Amazon), entra em detalhes a respeito da importância das trilhas no trabalho do talvez maior dentre os diretores do cinema mudo.

Viver

A primeira viagem tripulada para Marte pode estar muito, muito perto. E, nos próximos anos, o número de voos para o planeta vizinho será intenso. Particularmente em 2020. É neste ano que chegará por ali mais uma sonda móvel da NASA, com o objetivo de buscar sinais de vida e coletar dados sobre o ambiente. Os americanos não estarão sozinhos. Outra sonda, projeto conjunto da Agência Espacial Europeia e da Rússia, também pretende encontrar vida enquanto analisa a composição da atmosfera e a incidência de terremotos. Não bastasse, também a China enviará sua missão. Que sequer é a última. Até os Emirados Árabes Unidos lançam sonda própria para estudo da atmosfera marciana. Todos, evidentemente, querem aferir as possibilidades de vida humana por lá. Em 2022, a SpaceX de Elon Musk envia uma nave cargueira ao Planeta Vermelho. Vai, deixará material para construção de uma base, e volta. Em 2024, se tudo seguir conforme os planos do bilionário fundador da Tesla, a mesma nave retorna. Com gente.

Neil deGrasse Tyson, astrônomo estrela que sucedeu a Carl Sagan na série Cosmos (trailer), é o novo acusado de comportamento sexual impróprio no rastro do movimento #metoo. As acusações foram publicadas pelo site religioso Patheos, que lista três mulheres que contam histórias distintas. Uma professora, que tem o sistema solar tatuado em seu corpo, diz que, durante uma festa, pediu para ser fotografada ao seu lado. Ele consentiu, daí segurou seu braço enquanto perguntava sobre a posição de cada um dos planetas pelo tronco. Outra mulher, que foi assistente de produção de Tyson na série, afirmou ter aceito tomar uma garrafa de vinho com ele em seu apartamento, uma noite. Lá, o astrônomo tirou a camisa ficando apenas de camiseta, dançou insinuante, então lhe mostrou um aperto de mão indígena no qual segurava seu braço e, posteriormente, comentou que tinha muita vontade de abraça-la — mas que não o faria pois poderia vir a querer mais. Ela se demitiu algum tempo depois. Uma terceira afirma que Tyson a estuprou após lhe oferecer algo misturado com água, em 1984, quando ambos faziam pós-graduação. Usando o Facebook, Tyson deu sua versão dos incidentes e pediu que uma investigação independente seja feita. A Fox e a NatGeo, que estão produzindo a segunda temporada do novo Cosmos, iniciaram este processo.

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