Relações EUA-China entram em estado de alerta

A estranha prisão de Meng Wanzhou, CFO da Huawei e filha do CEO fundador, teve forte impacto, ontem, nas relações entre China e Estados Unidos. Ela foi detida enquanto mudava de aviões, em Vancouver, no Canadá, a pedido do governo americano. A acusação formal é de que sua companhia fez negócios com o Irã, violando sanções americanas. O motivo real, explica o New York Times, é outro: um tiro de alerta americano para conter o avanço econômico global chinês, principalmente na indústria de tecnologia. O jornal também avalia que os chineses desconfiam que um braço nacionalista do governo Trump tenta sabotar um acordo comercial em andamento. “Prender alguém sem acusação clara é uma evidente violação de direitos humanos”, afirmou Geng Shuang, da chancelaria em Beijing.

De um editor de jornal chinês: “É evidente que os EUA estão empurrando a linha de batalha até a nossa porta. Podemos considerar completamente a prisão de Meng Wanzhou como uma declaração de guerra contra a China.” (Folha)

O valor das ações de companhias chinesas de tecnologia despencou, ontem. Além da Huawei, foi afetada também a concorrente ZTE.

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Nomeada ontem ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves se posicionou contra o aborto. “Nenhuma mulher quer abortar. As mulheres chegam ao aborto porque possivelmente não foi lhes dada outra opção” afirmou. “Essa pasta não vai lidar com o tema ‘aborto’. Essa pasta vai lidar com proteção à vida e não morte.” Damares, que é pastora, atua como assessora parlamentar do senador não reeleito Magno Malta.

As ambições da jornalista eleita deputada Joice Hasselmann, que tenta se impor como líder partidária na Câmara, explodiram ontem num bate-boca no grupo de WhatsApp batizado Bancada PSL 2019. O primeiro a reagir foi o major Olímpio, que está deixando a Câmara para assumir como senador. “Nenhum de nós pedimos articulador para nos representar, recebemos as orientações do presidente que deixou bem claro que não tem nada definido para liderança de nada.” Joice rebateu. “Nossa articulação oficial na Câmara e no Senado está abaixo da linha da miséria.” Foi quando Eduardo Bolsonaro se meteu na discussão. “O PSL está fora das articulações? Estou fazendo o que com o líder do PR, agora? Ocorre que não preciso e nem posso ficar falando o que ando fazendo por ordem do presidente. Se botar a cara publicamente, o Maia pode acelerar as pautas bombas do futuro governo.” Também a ele, Joice respondeu. “Você tem meu telefone, Eduardo. Quando quiser conversar como gente grande, sem mandar recadinhos pelo Twitter, ligue ou falemos olho no olho.” (Globo)

Pois é...quem se preocupe com a atuação intensa dos filhos de Bolsonaro. O maior foco nem é Eduardo, mas o vereador carioca Carlos. De longe o mais estourado. Enquanto isso, a bancada atua com ambiguidade. Parte opera para ajudar na eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara. Outra, liderada por Eduardo, vai contra. (Folha)

Nas movimentações financeiras de R$ 1,2 milhão por um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, consideradas fora de padrão pelo Coaf, está o depósito de um cheque de R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. (Estadão)

A Piauí que chega às bancas traz um longo perfil do novo vice-presidente, Hamilton Mourão. “Antes de Sérgio Moro ser apontado como futuro ministro da Justiça, perguntei quem ele achava que poderia ocupar o cargo. O general respondeu que o tributarista Ives Gandra da Silva Martins seria um ministro ‘muito bom’. ‘E Bebianno?’, acrescentei. Mourão fez uma careta simulando desdém e afirmou: ‘Sem comentários.’ Após um hiato, emendou: ‘Bebianno é o nosso Toffoli, pô.’ O texto é do repórter Fábio Victor. Mourão e Bolsonaro foram contemporâneos de Aman — ele se formou em 1975, o presidente em 77. Foram capitães juntos na Vila Militar carioca dos anos 1980 — mas só retomaram contato recentemente. Bolsonaro queria achar um vice de partido robusto — mas Mourão desde o início estava informado de que seria o plano B. Seu celular tocou às 6h30 do último dia do registro de chapa. “É você, tá okay?”, perguntou o capitão da reserva. “Tô pronto, vamos lá.” A conversa não durou um minuto. De corte liberal, ele operou nos bastidores da campanha conversando com os que chama ‘big shots’ do mercado financeiro. Seu trabalho era confirmar que a condução econômica seguiria a linha de Paulo Guedes.

Outro trecho: “Ídolo do Rincão estava inquieto naquela manhã de véspera do segundo turno. O vistoso cavalo aguardava sua vez. Seria montado pelo general da reserva Hamilton Mourão na primeira das cinco provas do torneio promovido pelo Centro Hípico do Exército, em São Cristóvão, Rio. O general passou sem percalços pelos sete primeiros obstáculos. Diante do último, um prosaico bloco de traves de 70 centímetros, Ídolo do Rincão refugou. O tranco levou o cavaleiro ao chão. A queda de Mourão sobre a areia produziu um barulho e comoção geral na plateia. A expressão do general era de dor, mas logo ele se ergueu do solo, o dorso sujo de terra, e seguiu para os bastidores da prova. Quando voltou para se juntar à audiência, já de camisa trocada e lata de cerveja na mão, estava macambúzio, mas se esforçou para parecer bem. ‘Rolei na hora e me protegi com o braço, proteção de queda de PQD [paraquedista].’ Formou-se também ali uma corrente de proteção para impedir que o ocorrido viesse a público. Não seria muito adequado, afinal, os brasileiros saberem que o provável vice-presidente havia caído do cavalo na véspera da eleição. Nem naquele sábado nem depois a notícia da queda atravessou os muros da Hípica do Exército.”

O ex-presidente Lula deu sua primeira entrevista de dentro da prisão para a BBC de Londres. As perguntas, formuladas pelo jornalista Kennedy Alencar, foram feitas e respondidas via carta. “Fui condenado por ter sido o presidente da República que mais fez pelos pobres”, afirmou. “Moro sabia que, se agisse de acordo com a lei, teria de me libertar e que eu seria eleito presidente. Então ele fez política, não Justiça, e isto o beneficiou.” O material será usado pela rede pública britânica em um documentário dividido em três partes e chamado What happened in Brazil? — O que aconteceu no Brasil? — a ser exibido a partir de 12 de janeiro.

O pânico de Michel Temer

Tony de Marco

 
Ampulheta

Cultura

Em São Paulo, uma das pedidas é a exposição que o Instituto Cervantes abre na terça-feira — 1975-1985: A Cultura Alternativa da Transição Democrática, com a efervescente cena liderada por Pedro Almodóvar naquele período da Espanha. A Cinemateca recebe uma Mostra de Cinema Polonês que exibirá de clássicos de Andrzej Wajda ao novíssimo Guerra Fria (trailer), de Pawel Pawlikowski. E, na segunda, Andréa Del Fuego lerá crônicas de Clarice Lispector para celebrar seu aniversário. Pedro Karp Vasquez emenda com uma palestra. No IMS.

Já no Rio, sábado, Adriana Varejão hasteará uma bandeira de 20 metros na Praça Mauá. Acontece às 17h. Tem mais artes visituais: a Casa Roberto Marinho abre seu acervo com Tomie Ohtake, Antonio Bandeira, Volpi, Pancetti, Anita Malfatti. Hoje, Adriana Calcanhotto canta no Imperator e, Gal Costa, no Vivo Rio. E também o IMS carioca celebra o aniversário de Clarice Lispector, segunda: é a atriz Clarice Niskier quem lê crônicas, selecionadas por Eucanaã Ferraz.

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Num lance rápido, um homem é atropelado, outro tenta socorrê-lo quando já é tarde. O moribundo, no pouco tempo que resta, lhe pede um beijo que, por piedade, o homem dá. Um repórter sensacionalista vê tudo — e o inferno toma a vida do homem que beijou. Beijo no Asfalto (trailer) é um dos textos mais conhecidos de Nelson Rodrigues e chega agora ao cinema dirigido por Murilo Benício num elenco que inclui Fernanda Montenegro, Stenio Garcia, Otavio Mülller e Débora Falabella. Está elogiadíssimo por toda crítica. Em O Ódio que você Semeia (trailer), uma moça de 17 e seu melhor amigo passeiam de carro à noite quando um carro de polícia os manda parar. São negros e americanos. O rapaz vai buscar uma escova — é abatido. E a menina, aluna brilhante de uma escola rica onde tem bolsa, de repente é trazida de volta à realidade do mundo. Para as crianças há Encantado (trailer), o desenho satírico que conta a história dum príncipe amaldiçoado no berço a encantar todas as mulheres. Aos 21 anos, porém, terá de escolher uma. E justamente a uma que não liga para ele. Esta semana estreia, ainda, Henfil (trailer), o documentário. Veja os outros lançamentos.

Os vídeos mais populares do YouTube em 2018.

Viver

A palavra do ano do Dicionário Collins, um dos mais célebres da língua inglesa, é single-use. Ou uso único. A expressão se refere a toda coisa de plástico que se usa uma única vez e joga fora. Neste 2018, várias cidades do mundo começaram a proibir canudos plásticos. Nos EUA, uma fábrica de canudos de papel teve de construir às pressas uma segunda planta. (Pois é: não é jabuticaba brasileira.) Uma pesquisa da ONU publicada em julho mostrou que, de 192 países, 127 haviam criado leis para limitar o uso de sacolas de compras plásticas. Mas o pior inimigo é invisível: são as microesferas de plástico rígido. Aparecem, principalmente, em produtos cosméticos, como esfoliantes e alguns xampus. Daquela lista da ONU, apenas oito países regulam seu uso. Diferentemente de canudos, sacolas e potes, as microesferas não são percebidas por ninguém. Parece exagero? Micropartículas de plástico foram encontradas em 90% das amostras de sal de cozinha numa pesquisa publicada pela National Geographic.

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A Aston Martin lançará, no final do ano que vem, um programa para converter o motor de seus modelos antigos, transformando-os em carros elétricos. Ainda não está claro quanto custará o processo — mas tem lógica: a empresa está de olho numa tendência que começa a aparecer na Europa. A partir de 2019, Londres não permitirá carros fabricados antes de 2005 em várias áreas. O problema é que poluem mais. Paris e Atenas proibirão que circulem nos centros veículos movidos a diesel a partir de 2025. Madri já impôs um limite do tipo no centro histórico. Com o aumento da popularidade dos carros elétricos, dado como certo na próxima década, o movimento vai se ampliar.

Veja: é a marca favorita de James Bond.

Ora, pois. Móveis que emulam trabalhar na cama.

Cotidiano Digital

Browsers, os programas que usamos para navegar pela web, se baseiam em alguns poucos motores. Pois a Microsoft decidiu que a próxima versão de seu Edge será construída em cima de Chromium, o motor do Google. Por um lado, o novo browser Microsoft vai rodar também em Macs e será compatível com extensões do Chrome. Por outro, a empresa de Bill Gates contribuirá para o motor em si — fazendo com que o próprio Chrome funcione melhor em Windows. A Fundação Mozilla, responsável pelo Firefox, é que não gostou. “Só reforça nossa importância como única escolha independente”, afirmou em comunicado oficial. “Nós não vamos permitir que a única visão da web que exista seja a do Google.”

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