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— Os editores

Diplomado presidente, Bolsonaro ouviu recado de Rosa Weber

Com presença de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Eunício Oliveira, do Senado, Jair Messias Bolsonaro foi diplomado ontem como presidente da República. A presidente do TSE, ministra Rosa Weber, fez de seu discurso um recado. “Democracia é exercício constante de diálogo e tolerância, de mútua compreensão das diferenças, de sopesamento pacífico de ideias distintas, sem que a vontade da maioria busque suprimir ou abafar a opinião dos grupos minoritários.” Aliados de Bolsonaro não gostaram. (Vídeo.) O futuro presidente, por sua vez, fez uma defesa da democracia direta. “O poder popular não precisa mais de intermediação”, afirmou. “Com humildade, coragem, fé e perseverança, e tendo fé em Deus para iluminar minhas decisões, me dedicarei dia e noite. Não mais à corrupção, não mais à violência, não mais à manipulação ideológica.” (Vídeo.) Bolsonaro se emocionou ao ouvir o Hino Nacional.

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Agora de manhã, a Polícia Federal cumpria mandados de busca e apreensão em casas no Rio de Aécio e Andréa Neves.

O PM Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, fazia saques altos no dia após grandes depósitos. A forma, de acordo com o Coaf, é típica de contas de passagem. O Ministério Público do Rio instaurou investigação criminal com base no relatório, que envolve os gabinetes de 22 deputados da Alerj. (Folha)

Aliás... Queiroz vive em uma casa simples na Taquara, Zona Oeste do Rio. (Globo)

O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, se manifestou ontem. “O senhor presidente eleito já esclareceu a parte que lhe cabe no episódio”, disse o juiz da Lava Jato. “O restante dos fatos deve ser esclarecido pelas demais pessoas envolvidas ou por apuração.” Moro foi dois passos além. “O ministro da Justiça não é uma pessoa para ficar interferindo em casos concretos.”

Mal assumiu, o interventor federal e futuro governador de Rondônia, Antonio Denarium, já foi desmentido pelo presidente Michel Temer. Denarium havia dito que planejava restringir a entrada de venezuelanos no país pelo estado. “Nossa política é de apoio aos refugiados desde o primeiro momento”, afirmou Temer. “Mandamos transmitir ao interventor essa notícia.” (Globo)

Pois é... Essas coisas podem mudar. O futuro chanceler, Ernesto Araújo, declarou que o Brasil deixará o Pacto Global para uma Migração Segura. Assinado ontem, o acordo internacional fala em valores, não estabelece obrigações. Não é suficiente para Araújo. “A imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a realidade e soberania de cada país”, afirmou no segundo de três tweets. “No caso dos venezuelanos que fogem, continuaremos a acolhê-los, mas o fundamental é trabalhar para a restauração da democracia na Venezuela.”

Theresa May, a premiê britânica, piscou, ontem. Esperando uma derrota acachapante para seu plano de saída negociada da União Europeia, ela suspendeu o voto que seria conduzido no Parlamento. No plano que propôs, a fronteira entre a Irlanda do Norte — que faz parte do Reino Unido — e a República da Irlanda continuaria funcionando como se estivesse na União. Contemporizar a relação nas duas partes da ilha irlandesa é o maior obstáculo das negociações. Além do problema local, a Irlanda do Norte serviria como sede para empresas britânicas que precisem do livre mercado. Seria um Brexit suave. Inúmeros parlamentares do Partido Conservador de May rejeitam o plano. Os do Partido Trabalhista rejeitam o Brexit. Mas a premiê tem uma data limite: 21 de janeiro. Neste dia, o Reino Unido deixa a União, com ou sem acordo. Seria o Brexit duro que ela tenta evitar.

Há várias opções na mesa. Uma é dissolver o Parlamento e convocar novas eleições. Outra é arrancar um acordo melhor dos líderes europeus — difícil conseguir. Uma terceira é propor um novo referendo, que poderia suspender o Brexit. Ela também pode ser desafiada por deputados de seu partido e perder o cargo. O tempo é escasso. (New York Times)

Aliás... A Corte de Justiça Europeia determinou que, se desejarem suspender o Brexit unilateralmente, os britânicos podem. Aí tudo continua como dantes. Foi uma derrota para May, que gostaria de fazer passar a impressão de só há duas opções: saída suave ou saída dura. Não. O governo de sua majestade pode também não sair.

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HealthTech

Desde a quinta-feira, quem atualizou seu Apple Watch de último modelo para o sistema 5.1.2 tem, no pulso, um eletrocardiograma. O típico eletro de consultórios e hospitais tem 10 eletrodos que avaliam simultaneamente, de dez pontos distintos do corpo, o padrão dos batimentos cardíacos. O do relógio é mais simples: tem dois eletrodos. Um no cristal que fica contra o pulso, o outro na coroa. Os eletros formais e o de Apple Watch de inúmeras pessoas foram testados, comparados por algoritmos de inteligência artificial, para conceber o app ECG. Assim, a partir de agora, um teste em larga escala jamais feito antes será iniciado. Nunca tantas pessoas ao mesmo tempo tiveram a capacidade de avaliar seus eletros no dia a dia. Muitos médicos temem um surto de falsos positivos — pouco capaz, o relógio poderia encontrar problemas onde não os há. A Apple aposta que não. Ao menos por enquanto, alguns pacientes já deram entrada em emergências americanas com o diagnóstico de fribrilação atrial — um dos tipos de arritmia. A FDA, autarquia americana que autoriza venda de remédios e equipamentos médicos, liberou o app para uso com o Apple Watch mas não o aprovou. Pode ser usado, mas não é oficialmente reconhecido para diagnóstico. E há uma condição: o uso só é liberado para quem tem mais de 22 anos.

Em vídeo: uma demonstração do app ECG funcionando.

Uma empresa brasileira chamada Hoobox Robotics, em parceria com a Intel, montou um kit de reconhecimento facial para cadeiras de rodas motorizada. Através de uma câmera inteligente, o software aprende até dez expressões que são convertidas em comandos diferentes. Tetraplégicos ou pessoas com esclerose lateral amiotrófica, que muitas vezes não conseguem mexer mais do que o rosto, ganham assim mobilidade. O kit é compatível com 95% das cadeiras no mercado e funciona não importa em que condições de luz. O equipamento já pode ser comprado — funciona por assinatura, R$ 300 ao mês. Veja.

O Skype agora pode ser utilizado por pessoas com deficiência auditiva. O sistema colocará legendas ao vivo, conforme o interlocutor fala — funciona a partir do Skype 8 para Android e iOS, Windows, Mac e Linux. Sim: inclui português. E faz tradução automática, para quem quiser.

Viver

Já são 40 mulheres que acusam João Teixeira de Faria, o João de Deus, de abuso sexual em Goiás. O email criado ontem pelo Ministério Público do estado — denuncias@mpgo.mp.br — começou a ser bombardeado com mensagens desde cedo. A força tarefa, que inicialmente contava com quatro promotores, passou para cinco e recebeu o apoio de duas psicólogas. Só eles têm acesso às mensagens. A promotora paulistana Gabriela Manssur, que milita na causa das mulheres, já foi procurada por mais de 200. As denúncias contra o líder espiritual vinham desde 2010 e, em 2012, ele chegou a ser julgado. Foi inocentado por falta de provas. Segundo seu advogado, Alberto Toron, João permanece negando as acusações.

A própria filha de João move contra ele uma ação de reparação por danos morais. Ela o acusa de estupro continuado. Nos autos do processo, que tramitam em segredo de justiça, O Antagonista apurou que ela classifica o pai como um homem bruto, cruel, violento. Ela pede R$ 50 milhões.

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Ruth de Aquino: “Damares Alves foi escolhida como a nova ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Gelei. Com todo o respeito pela fé de Damares, não dá certo enquadrar um país laico em um conjunto de crenças religiosas. No Brasil, enquanto aborto for considerado uma questão moral e policial, continuaremos matando, algemando e mutilando milhares de brasileiras. As ricas fazem abortos seguros. A maioria absoluta, mulheres pobres, faz abortos clandestinos. É hipocrisia e egoísmo fechar os olhos para essa realidade. Quando diz que deseja ‘um Brasil sem aborto’, Damares insulta o bom senso. Desculpe, ministra, não existe e não existirá país sem aborto. É louvável sua intenção de criar ou pressionar por políticas públicas de planejamento familiar, para reduzir o risco de gestações indesejadas, precoces ou frequentes demais. Já não era sem tempo. A educação sexual nas escolas também é importante e não pode ser circunscrita ao lar. Tem que mudar isso aí. Para Damares, ‘se a gravidez é um problema que dura só nove meses, o aborto é um problema que caminha a vida inteira com a mulher’. Discordo. Gravidez só é problema quando é indesejada. Caso contrário, é, sim, bênção. É injusto, ineficaz e criminoso submeter mulheres a risco de morte e prisão por abortar. Eu fiz aborto. Não me orgulho, nem me arrependo.” (Globo)

A cultura japonesa é uma que incentiva segurar o choro. Pesquisando para um livro sobre divórcio no país, o escritor Hiroki Terai descobriu que a maioria das mulheres não consegue chorar mesmo após a barra pesada. Fez disto um negócio: um espaço onde o choro é provocado com música e filmes, e das lágrimas vem o alívio. Seu público não é mais só feminino.

Uma pequena cidade californiana, na fronteira com o Arizona, republicana até o talo, está se entregando ao negócio da cannabis. O maior incentivador da mudança em Needles é Jeff Williams, o prefeito de 54 anos, que antes foi xerife e tinha uma política de tolerância zero com drogas. Mas a cidade é pequena, os empregos na ferrovia se foram, e com o declínio econômico começou o êxodo da população. No início houve resistência, principalmente das comunidades ligadas à igreja evangélica. Mas não houve qualquer aumento de criminalidade. “Esta é uma cidade politicamente conservadora”, diz o lugar-tenente do prefeito, Rick Daniels. “Mas temos um traço libertário.” Desde 2015, 81 negócios foram autorizados a operar no ramo — plantam, vendem, produzem óleos e comida. Uma fazenda recém-inaugurada pode ser tornar uma das principais fornecedoras de erva para o estado, onde ela é completamente legal. Ao todo, o novo ramo deve produzir 2.100 empregos. A população de Needles: cinco mil. (New York Times)

Cultura

Está no ar o primeiro teaser da nova temporada de Stranger Things. Programada para o meio do ano que vem, a série volta para o verão americano de 1985 e terá oito episódios.

Pois é: quem já viu o teaser, sabe. Não há uma única cena da nova temporada. No de Game of Thrones (veja), é igual. Um minuto de lobo, dragão, leão, entre gelo e fogo. Mídias sociais mudaram o negócio do entretenimento de massas. Teasers servem para que sejam espalhados o máximo possível. Animam o público quando ainda é muito antes da estreia. Aí vem um trailer de fato. E um segundo. O objetivo é incentivar conversa nas redes para criar expectativa e não permitir que ninguém esqueça. (Washington Post)

E... Outlander, a terceira temporada, estreia hoje na Netflix. Sem teaser, os episódios de fato. Para quem gosta de romance e viagens no tempo.

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